Sou músico e escrevo matérias para diversos Blogs. Aqui neste meu primeiro Blog, reúno a minha produção geral e divulgo as minhas atividades musicais. Não escrevo apenas sobre música, é preciso salientar ao leitor, pois abordo diversos assuntos variados. Como músico, iniciei a minha carreira em 1976, e já toquei em diversas bandas. Atualmente, estou a trabalhar com Os Kurandeiros.
sábado, 24 de novembro de 2012
Filme : Colossus, The Forbin Project - Por Luiz Domingues
A imaginação de escritores como Julio Verne e H.G. Wells, que escreviam em tempos remotos a projetar o futuro, foi inacreditavelmente avançada para a época em que conceberam as suas histórias fantásticas. Já no século XX, outros tantos autores e produtores de cinema, deram asas à imaginação, ao criar exercícios de futurismo que muitas vezes transformaram-se em realidade, alguns anos depois. Até nos desenhos animados e nas séries de TV, esse exercício em prever inovações tecnológicas incríveis, tornou-se parte do imaginário das pessoas.
E nesse contexto, a ideia do computador, foi tida como algo muito assustadora e distante das pessoas, antes do final da década de setenta, quando os primeiros e rudimentares modelos de computadores destinados ao uso caseiro, pelo cidadão comum, começaram a chegar timidamente no mercado. Antes disso, o computador era algo idealizado como uma máquina gigantesca, só cabível em experimentos nas universidades; Nasa e demais agências espaciais ou de uso secreto de forças militares. No imaginário popular, o computador era algo assustador, só acessado por super técnicos, cientistas e com funções destinadas à incompreensíveis equações da matemática e da física. E também eram assustadores, pois ninguém sabia ao certo o grau de periculosidade desses monstruosos equipamentos. Graças à paranoia da guerra fria e alimentado fartamente pela literatura e cinema Sci-Fi, e também nas tramas de espionagem, ficamos todos com medo da palavra, "computador", ao pensarmos em máquinas super inteligentes que dominariam o homem, como o "Hal-9000" que assolou no clássico de Stanley Kubrick, "2001". Outros exemplos de filmes com esse tipo de motivação e também em séries de TV, já haviam provocado-nos o medo por tais monstrengos tecnológicos, que eram enormes e ocupavam galpões cheios de cientistas e militares a lidar com tais máquinas, nos filmes. E foi nesse contexto que em 1970, foi lançado : "Colossus, The Forbin Project", que no Brasil recebeu o nome : "Colossus 1980" (inventaram "1980", para dar uma ideia de "futuro"). Sob direção de Joseph Sargent, a história gira em torno de um super computador criado pelo cientista, Dr. Forbin (interpretado por Eric Bareden), que o idealizou a visar centralizar todos os comandos estratégicos do governo norteamericano. A ideia básica seria contar com um cérebro eletrônico super inteligente e não humano, e assim, que o controle das armas nucleares ficasse isento de emoções humanas, ao fornecer mais segurança à todos, pois há anos a guerra fria alimentara a ideia de que a qualquer momento, o presidente norteamericano ou o soviético, poderia apertar o botão vermelho a deflagrar a aniquilação total da humanidade. "Colossus" é então, o grande computador norteamericano. Instalado em uma montanha no Colorado, está rodeado por cientistas, técnicos e militares. O presidente norteamericano faz contato permanente e mostra-se preocupado com a ideia do super computador assumir as funções estratégicas de defesa. Interpretado pelo ator, Gordon Pinsent, esse fictício presidente é quase um sósia do ex-presidente John F. Kennedy, uma interessante alegoria usada pelo diretor do filme para evocar a crise dos mísseis em Cuba, no ano de 1962. Tudo parecia ir bem, mas subitamente, Colossus estabelece comunicação com o computador soviético, que tem o mesmo poderio e importância estratégica. Pois assim, Colossus passa então a fazer cálculos matemáticos aleatórios e os técnicos ficam perplexos por essa reação espontânea da máquina. O presidente fica atônito e pressiona o Dr. Forbin, ao cobrar-lhe uma explicação. O super computador soviético chama-se, "Guardian" e o único consolo para os norteamericanos é que o presidente e os cientistas soviéticos também estão apavorados com essa reação dos dois computadores. Sob um esforço conjunto, os dois presidentes conversam por vídeo conferência (mais futurismo para a época...), e combinam desligar cada respectivo computador, para efeito de segurança. O ator, Leonid Rostoff, interpretou o presidente soviético. Entretanto, Colossus parece estar a tomar conta da situação e antes que os técnicos tomem uma providência, ele envia um míssil que destrói um enorme poço petrolífero soviético, em Sayon Siberski. O computador soviético revida automaticamente e envia um míssil, que destrói a cidade de Henderson, no Texas. Os dois presidentes ficam arrasados e mesmo sabedores que nenhum dos dois tem culpa direta, lamentam a destruição e sobretudo, a perda de vidas humanas. Dr. Forbin viaja emergencialmente à Roma para buscar uma solução com outros cientistas europeus, mas Colossus sabe exatamente o que ele quer fazer e exige a sua presença imediatamente de volta ao Colorado, e para tanto, ameaça enviar outros mísseis e arrasar outras cidades soviéticas. Sem escolha, Forbin retorna imediatamente à base no Colorado e Colossus comunica que uniu-se ao Guardian, e agora eles dominam o mundo, completamente. Colossus controla Forbin e todos os funcionários do complexo, ao vigiá-los diuturnamente. Para ironizar, Forbin em uma cena debochada, circula nu pelas dependências do complexo, ao usar apenas um relógio de punho. Em conversas reservadas, Colossus revela que tomou o controle ao unir-se ao Guardian, porque os humanos são inconstantes; volúveis e portanto sujeitos à decisões tresloucadas, motivadas por emoções mesquinhas (cáspite ! Falou alguma mentira ?). Dessa forma, ele, máquina, tomou essa decisão com o seu similar, Guardian, para preservar o planeta da destruição iminente, se dependesse do controle dos humanos, tão instáveis. Claro, os humanos estão apavorados e conspiram contra Colossus. Mas a tecnologia fez da criatura, uma entidade mais poderosa que o criador, e dessa maneira, o super computador instaura o poder, pelo terror. Tentativas de sabotagens são punidas com a morte, sumariamente. Finalmente os humanos percebem que não há escapatória, a não ser obedecer o grande ditador eletrônico. Um momento de descontração no filme ocorre quando o Dr. Forbin inventa um ardil para poder falar com a cientista, Cleo (Susan Clark). O cientista diz à Colossus, que tem sentimentos em relação à Dra. e pede permissão para realizar um jantar romântico com ela. Claro, Colossus observa tudo pelas câmeras e de nada adiantam as tentativas de comunicação por sussurros disfarçadas de chamegos do casal enquanto dançam, o que chega a ser ridículo no filme. Pior ainda, quando já estão nus, na cama, pedem a Colossus que desligue as câmeras e apague a luz, pois humanos fazem sexo e sentem-se constrangidos em ser vistos... (bem, aí o exercício de futurologia falhou feio, pois não imaginaram que existiria a Webcam !). Entretanto, nada que combinam dá certo e a verdade é uma só : Colossus e Guardian são os supremos comandantes do planeta Terra e ao estabelecer normas de conduta aos humanos, através de um comunicado transmitido ao vivo pela TV para toda a humanidade, inicia-se a ditadura dos computadores. A cena final carrega na emoção, mas é melancólica como expressão do fracasso da humanidade. Colossus trava duro diálogo com Forbin, e afirma-lhe de forma surpreendente : -"com o tempo, você vai considerar-me não só com respeito e admiração, mas com amor"...
O close no rosto fechado de Forbin, aproxima-se sob o efeito do "zoom", e ele diz com os dentes cerrados : -"nunca"...
A crítica não levou o filme a sério à época. No New York Times, disseram que o filme serviu para mostrar que no fundo, se um míssil atingisse um alvo, serviria apenas para o presidente exclamar : -"que droga, você estragou o meu domingo no Golf "... E claro, acharam-no inferior ao "Dr. Strangelove" ("Doutor Fantastico", em português), de Stanley Kubrick, o que sou obrigado a concordar, obviamente. Para o público, o filme não causou grande comoção também. Em uma época onde o gênero Sci-Fi estava em alta novamente, com lançamentos próximos, tais como : "2001" e "Planet of the Apes", para ficar só em dois exemplos, realmente "Colossus, The Forbin Project", ficou aquém. Mas de forma alguma é um filme ruim. Ele prende a atenção, o que é um mérito, visto que a ação tenderia a ser monótona, com o protagonista a mostrar-se uma máquina sem forma definida e identificada como uma voz robótica e monocórdica. As metáforas são interessantes em relação ao poderio bélico das super nações da época da guerra fria, e a sensação de impotência diante de um domínio total. Em termos tecnológicos, o futurismo imaginado por Joseph Sargent, soa ingênuo com apenas quarenta e dois anos passados (1970 / 2012), em vista do que temos hoje em dia a ser operado por crianças de três anos de idade, mas também observemos o filtro histórico, como ressalva a não desabonar a obra. O filme foi baseado em um livro chamado : "Colossus", de Dennis Felthan Jones, escrito em 1966. O romance de Felthan Jones teve duas sequências, mas desconheço que tenham sido adaptadas para o cinema. Rumores dão conta de que o diretor, Ron Howard planeja um remake, com a participação do ator, Will Smith, que estaria envolvido na produção. Smith é reconhecido amplamente por gostar de Sci-Fi, e certamente deve ser fã do original de 1970. "Colossus, The Forbin Project" recebeu o nome "Colossus - 1980" no Brasil, para fazer uma alusão ao fato de que seria futurista e a sua ação desenvolvida dez anos depois do que vivia-se em 1970, mas quem o vê hoje em dia, não precisa nem de trinta segundos para ter a certeza de que era 1970, mesmo. Gosto da trilha incidental (assinada pelo compositor e produtor musical, Michel Colombier), com ruídos de sonoplastia típicos do final dos anos sessenta, muito usados em séries de TV daquela época. São sonoridades dos primórdios dos sintetizadores e que bandas de Rock que usavam elementos experimentais, utilizavam bastante, como o Pink Floyd da fase imediatamente após a saída de Syd Barrett (ponto da carreira do Pink Floyd, onde os críticos destacam que a psicodelia que praticavam anteriormente, estaria a mudar para o estilo "Space Rock", em uma alusão às sonoridades espaciais de filmes de Sci-Fi), além de Soft Machine; Tangerine Dream, e outras tantas, principalmente as bandas alemãs, oriundas da corrente do Krautrock. Charlton Heston seria o ator que os produtores desejavam, mas com a carreira em alta, o cachet que ele pediu ficou inviável para o orçamento modesto que dispunham, daí terem fechado com Eric Bareden, para interpretar o Dr. Forbin. "Colossus, The Forbin Project", foi um filme bastante exibido na grade da TV aberta brasileira, nos anos setenta. Tempo bom onde as sessões de cinema eram fartas na grade da TV, que hoje em dia destina pouco tempo para o cinema. Nos anos noventa, teve exibições em canais de TV a cabo, de onde tirei a minha cópia, para a minha coleção. Faz tempo que não sei de uma exibição por aí. Portanto, quem leu e interessou-se, esteja convidado a procurar na Internet ou locadoras. Para finalizar, apesar da guerra fria não ser mais a paranoia a atormentar-nos diariamente, recomendo o filme como diversão e reflexão sobre o tempo onde a humanidade tinha pesadelos com dois homens que poderiam apertar um botão vermelho, um de cada lado do mundo e daí, eu jamais teria escrito esta matéria, e você nunca a teria lido... boom !
Pra variar dá vontade de sair e procurar uma locadora as 4 da madrugada pra ver o filme já!!! Mas me fez lembrar de uma música do Arrigo Barnabé que a Cassia Eller também gravou e que se chama "O Dedo de Deus
ResponderExcluirSerá que quem criou o céu
É quem vai destruir a terra?
Será que quem criou a luz (da sombra)
É quem vai destruir a terra? (com a bomba)
Porque pra bomba explodir
Será que é homem?
Será que é mulher?
Será que aperta a hora que quiser?
Como será o dedo da mão de quem vai apertar o botão?
Como será o dedo da mão de quem vai apertar o botão?
Será que ele faz a unha pro dedo ficar bonito?
Antes de apertar o botão?
Antes de afundar o Japão?
E a gente vivia isso mesmo na guerra fria apostando em quem apertaria o botão primeiro, os americanos ou soviéticos????
Sil:
ExcluirFico muito contente que tenha curtido a matéria, despertando-lhe a vontade de assistir o filme.
O que realmente é mais interessante nesse filme, visto hoje em dia, é a perspectiva terrível da impotência do homum comum no período da guerra fria.
A ideia de a qualquer momento um mandatário desses, apertar o famigerado botão vermelho, era de embrulhar o estômago.
Gostei da letra da música. Nem sabia que existia, nunca ouvi. Mas gostei de seu teor, que exprime bem esse medo que tínhamos.
Assista o filme, pois vai gostar !
Oi, Luiz
ResponderExcluirAdorei a matéria.
Lembro do filme, mas nunca o assisti. E dá vontade mesmo de assisti-lo. Ainda mais que sou amante da tecnologia.
Eu já me divertia com a tecnologia rudimentar do seriado Perdidos no Espaço que foi feito anos antes, e que tinha um robô humanóide! E também com Jornada nas Estrelas, em que dizem que houve a ideia precursora do celular. Só faltam inventar o teletransporte.
E vou atrás do filme!
Oi, Janete !
ResponderExcluirQue legal saber que gostou da matéria.
Pois é, o rítmo dos avanços da tecnologia acelerou tanto nos últimos anos, que é inevitável que os exercícios de futurologia caiam no ridículo quase instanteamente.
Também adoro essa perspectiva Sci-Fi de séries sessentistas como Lost in Space, Star Trek e outras.
E não descarto a possibilidade de inventarem o teletransporte e o túnel do tempo, logo mais...
Quanto ao filme "Colossus, The Forbin Project", creio que vale muito a pena assisti-lo. É o retrato de uma época movida à paranoia da guerra fria.
Obrigado por ler e comentar !!
É LU, o pessoal daquela época não acertou tudo, mas sabiam das coisas.
ResponderExcluirEu lembro de ter visto este filme. Não vivemos mais a paranoia do botão vermelho, mas temos muitas outras para substituí-lo "à larga".
E quanto ao ..."porque os humanos são inconstantes, volúveis e portanto sujeitos à decisões tresloucadas, motivadas por emoções mesquinhas (caramba ! Falou alguma mentira ??)..." Uau, na mosca! Um super beijo pra ti.
Fala, Lourdes !
ResponderExcluirNaturalmente o exercício de futurologia dos produtores do filme falhou em alguns aspectos. Mas como disse na matéria, isso não é culpa deles, pois era a imaginação doi homem comum de 1970 e a tecnologia avançou numa velocidade estonteante, tornando obsoletas, coisas que naquela época pareciam distantes.
Verdade, a paranoia da guerra fria encerrou-se, mas outras nos assolam desde então...
Que legal que gostou da minha constatação final. Realmente, o ser humano é muito contraditório.
Obrigado por ler e comentar !!
Estou super entusiasmada com esse filme, preciso assisti-lo! Tem ainda mais a ver com a ideia da matéria do Limonada, sobre o controle do homem pela máquina, que nesse caso é uma ferramenta utilizada pelo governo. Sem dúvida ainda mais genial do que a ideia de Kubrick! To vendo que entrará na minha lista de melhores filmes!
ResponderExcluirUm abraço!!
Oi, Fernanda !
ExcluirExatamente, esse filme tem tudo a ver com a sua matéria publicada neste ano de 2019 no LH e você tem de arrumar um jeito para vê-lo o quanto antes, pois vai acrescentar muito em suas pesquisas sobre o assunto.
Passei-lhe pelo Facebook um link, espero que tenha dado certo para assisti-lo no You Tube.
Abração !