Sempre existiu alguma pessoa que exagerou no volume do Hi-Fi caseiro, para causar incômodo na vizinhança.
Claro, não trata-se de uma regra geral, mas mesmo em proporção muito menor, sempre houve a figura do vizinho petulante que pouco a importar-se com os demais, gostava de colocar o volume sob um patamar acima do aceitável e assim obrigar todos a ouvir as suas músicas prediletas.
Em uma segunda fase dessa mobilidade de tecnologia de áudio, tornou-se uma tendência entre os norteamericanos, andar, literalmente, com rádio / gravadores mastodônticos alojados sobre os ombros, cena usual em filmes norteamericanos policiais da década de setenta, principalmente os versados pela estética do "Blaxpoitation".
Na década de oitenta, o Walk-Man tornou-se companheiro dos yuppies e cocotas em geral, durante as caminhadas pelas ruas, porém com a devida discrição em ser usados com fones e dessa forma, teoricamente, não incomodar ninguém. Com a entrada da telefonia celular e consequente e rápida sofisticação de tais aparelhos, outra possibilidade abriu-se, com o advento dos aplicativos e daí, começou a Era marcada pela vontade para fotografar; filmar e ouvir música, o tempo todo pelas ruas.
O que deveria ter sido uma distração lúdica, veio a tornar-se um tormento generalizado em lugares públicos.
Em lugares públicos fechados; meios de transporte e praticamente em toda a parte, o silêncio tornou-se raro e a mistura de sons e zoeira provocada por muitas pessoas ao abusar do volume, tornaram o ato de sair às ruas, um momento neurótico a mais no ambiente urbano, já para lá de poluído e tenso.
Em recente pesquisa realizada pelo Metrô de São Paulo, os números são alarmantes, pois a somatória de centenas de pessoas a ouvir música com volume alto, chega em um patamar de decibéis absurdo, para causar danos à audição, além do aspecto do elemento psicológico altamente nocivo, decorrente de tal costume.
Segundo relatos, há ocorrências de discussões entre passageiros, por conta do volume abusivo e até "batalhas sonoras", perpetradas por gangues, pasmem...
O que há de concreto, é que o Metrô de São Paulo abriu marcação pesada sobre pessoas que abusam desse artifício, o mesmo a acontecer em diversos estabelecimentos comerciais, que buscam coibir tal abuso. Uma determinação é certa : em uma sociedade plural como a em que vivemos, existem pessoas oriundas de diversas camadas sociais e com estrato cultural diferenciado, a conviver juntas.
Nesse caso, o bom senso aconselha a observar-se a regra em estabelecermos a nossa liberdade, até o limite onde começa a do vizinho.
Isso vale para todas as circunstâncias da vida, não só para a emissão de ruídos.
Portanto, para quem não abre mão de ouvir a sua música predileta em um volume ensurdecedor, é de bom alvitre, que use portanto, o bom e velho fone de ouvido...
Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica, em 2013.
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