terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Filme: Jailhouse Rock (Prisioneiro do Rock) - Por Luiz Domingues

Este é terceiro filme protagonizado por Elvis Presley; foi lançado em 1957, e mostra-se memorável por diversos aspectos. Não é o meu predileto da filmografia de Elvis, pois já deixei claro que o que mais gosto é “King Creole”, lançado em 1958, opinião essa, formada mais pela musicalidade expressa em tal película. No entanto, “Jailhouse Rock” (Prisioneiro do Rock”, em português), é sensacional, quase no mesmo patamar e em minha avaliação, fica um pouco abaixo de “King Creole”, apenas por conta da trilha sonora, menos bluesy. 
Por outro lado, este tem o trunfo da música que dá título ao filme, mediante a sua antológica cena em específico, a mostrar uma coreografia sensacional, mas sobre isso eu comento ao longo desta resenha, no momento oportuno. Antes de avançar, devo também deixar claro que a filmografia total de Elvis Presley tornou-se longa e nesse bojo, a maior parte das obras tem um aspecto popularesco, portanto, são poucos os trabalhos que ele realizou que realmente demonstram méritos cinematográficos além da sua intenção comercial, isso é público e notório.
Enfim, sobre “Jailhouse Rock”, o primeiro aspecto positivo desse filme é sobre atuação de Elvis como ator, que melhorou bastante, em relação ao primeiro, “Love me Tender” e o segundo, “Loving You”. Certamente mais habituado a enfrentar as câmeras e sobretudo, por ter ouvido muitos conselhos da parte dos diretores com os quais trabalhou (e sem contar também com a opiniões da parte de atores profissionais e alguns bem experientes, com os quais contracenou).
O segundo aspecto e ainda a repercutir a atuação de Elvis em si, destaca-se pela característica da personagem por ele defendida, naturalmente em concordância com o teor do roteiro e argumento central da história. No entanto, tal característica oportunizou a possibilidade de que Elvis revelasse enfim uma substância para ser considerado um ator, propriamente dito, daí em diante. Não vou exagerar ao ponto em afirmar que trata-se de uma tremenda atuação da parte dele, todavia, foi nítida a sua melhora para atuar e assim angariar um mínimo de desenvoltura, ao ponto para dar prosseguimento em tal tática adotada pelo seu empresário, o famoso, “Colonel” Tom Parker, ao continuar a usar o cinema como um importante elo para a expansão da sua carreira musical. 
Curiosamente, ao longo dos anos sessenta, o cinema viria a obscurecer a sua trajetória musical, até que ele mesmo desse um basta na estratégia defendida por seu empresário e enfim voltasse a focar mais na música, quando protagonizou o espetacular especial para a TV, “Come Back’ 1968”, quando de fato, “voltou“, para a música e dali em diante, ele protagonizou apenas mais alguns filmes, até 1969, mas certamente por conta de obrigações contratuais, pois a sua carreira musical voltou com tudo, inclusive a marcar a nova fase, a bordo de um novo visual, com o uso do figurino clássico dos macacões estilizados etc e tal.
Bem, ainda a falar sobre a personagem que ele interpretou em “Jailhouse Rock”, a sua construção foi feita no sentido em destacar a impetuosidade, presunção, arrogância e agressividade, ou seja, a revelar características negativas, porém viscerais. Não chegou ao ponto de demarcar a personagem como um vilão, propriamente dito, apesar de tantas nuances detestáveis, observadas em seu caráter. Mesmo que por uma via torta, tais características impetuosas, ajudaram-no a buscar nas entranhas, uma força Rocker mais proeminente, e que fora muito mais difícil de ser alcançada através de personagens mais dóceis, onde tal bom mocismo inibira-lhe a possibilidade da explosão Rock’n’Roll. De fato, em muitos filmes posteriores, principalmente os que ele protagonizaria nos anos sessenta, tal docilidade o atrapalhou novamente, mas em Jailhouse Rock, isso foi bem contido e ótimo, fez bem ao filme.
Como um quarto aspecto, destaca-se a trilha sonora. Como já alertei, “King Creole” contém uma trilha mais interessante ao evocar o Blues de New Orleans, no entanto, em “Jailhouse Rock”, a música é igualmente boa. Além da faixa homônima, que é um dos maiores clássicos do repertório de Elvis Presley e extrapola facilmente tal fronteira, ao poder ser considerado um dos maiores clássicos da história do Rock, sem nenhum exagero de minha parte. Há a presença de algumas baladas, logicamente, algo recorrente em todos os filmes de Elvis para dar vazão ao romantismo e reforçar a sua imagem pessoal como galã. Entretanto, há por mencionar-se que tais baladas executadas nesta película, foram geralmente influenciadas pela Country Music, portanto há um grande valor em tal cancioneiro, ainda que a intenção penda para o Pop comercial, logicamente.
Sobre a história, trata-se de um mote simples, mas que surpreende (como já antecipei vagamente ao mencionar a personagem que Elvis defendeu), pois investe em um tipo de abordagem não usual, ao apresentar como protagonista, um quase anti-herói, digamos assim. Nesses termos, a história inicia-se com o jovem, Vince Everett (interpretado por Elvis Presley), a receber o pagamento por conta de sua jornada de trabalho na construção civil. Para relaxar e com dinheiro no bolso, ele vai a um bar e ao defender uma mulher estranha, da agressão que esta sofrera de um outro homem, Vince briga com esse elemento e ele morre, de forma dolosa (ou seja, ainda que sem tal intenção deliberada, apesar das vias de fato). Preso, Vince é condenado e chega ao presídio com rebeldia, não disposto a dobrar-se às regras do cárcere. 
Uma vez em sua cela, conhece o seu companheiro de infortúnio, Hunk Houghton (interpretado por Mickey Shaughnessy), um veterano cantor de Country Music, que cometera um equívoco ao participar de um assalto a um banco, que o condenara. Na cela, apesar de uma certa animosidade entre ambos, Vince/Elvis impressiona-se com Hunk ao vê-lo cantar e tocar violão e demonstra vontade de aprender a tocar, igualmente. Uma rápida cena a mostrar Hunk como um improvisado professor, mostra Vince a aprender os rudimentos do violão e com dificuldades pra montar um acorde simples de Sol maior, mas claro, logo ele aprende e solta a voz a cantar baladas com teor Country na cela e assim desperta a atenção de Hunk para o talento nato do rapaz, e claro, Vince é Elvis, pois nesse aspecto, é difícil desassociar a imagem do ator em relação à personagem...
Vince e Hunk, com outros detentos que eram músicos, organizam um show no presídio e este é transmitido pela TV. Por conta disso, uma enxurrada de cartas chega à instituição, a mostrar um conteúdo elogioso à apresentação e por causa dessa manifestação surge a ideia entre ambos para firmar-se um contrato de cooperação mútua, para quando ambos deixassem a prisão e buscassem dar vazão à carreira artística.
Bem, o tempo passa e através de um princípio de rebelião ocorrida no refeitório do presídio, Vince soca vários guardas penitenciários e é duramente punido pelo diretor da instituição, através da aplicação de chibatadas, algo chocante para os dias atuais, mas que deduzo ter sido encarado com normalidade aos padrões da justiça penal norte-americana daquela época. Hunk tentou subornar os guardas para abafar o caso, mas não evitou que Vince fosse punido.
Alguns meses depois, Vince encerra a sua pena e munido de um violão, busca emprego como cantor em uma casa noturna, mas é maltratado pelo dono do estabelecimento, que recusa-se a dar-lhe chance como cantor e no máximo, oferece-lhe vaga como garçom. Chateado, ele bebe e ao seu lado no balcão, está uma bela moça, Peggy Van Alden (interpretada por Judy Tyler), que ele paquera acintosamente, mas ela o rejeita, ao perceber que ele mostra-se embriagado e sobretudo por ser inconveniente na abordagem, bastante agressiva. Para a sua sorte, essa moça é uma produtora musical e que atende os interesses de um cantor já famoso, chamado, Mickey Alba. 
Ele então é movido por um arroubo de impulsividade e invade o palco à revelia e inicia a cantar e tocar o seu violão, acompanhado de um grupo de músicos ali presentes. Sensacional, tais músicos eram da sua banda na vida real, embora não haja nenhuma menção ao fato e tampouco eles tenham falas, embora não apareçam apenas nesta cena, mas ao longo do filme inteiro. Trata-se de Dominic Joseph ”DJ” Fontana (bateria), Scotty Moore (guitarra), e Bill Black (contrabaixo acústico), que foram músicos extraordinários. Há a inserção de um pianista, interpretado por Mike Stoller, a passar por si mesmo e que vem a ser um dos compositores da trilha sonora do filme, ao lado de Jerry Leiber. Aliás, essa dupla é uma das mais celebradas da história do Rock, Pop e R’n’B, registre-se com todos os méritos.
Bem, de volta à cena, enquanto canta, Vince (Elvis), é atrapalhado por um homem da plateia, que estridente e inconveniente, emite gargalhadas descomunais em conversa travada com a sua interlocutora. Irritado e irascível, Vince sai do palco e quebra o violão na mesa do espectador, ao imitar com deboche a sua risada irritante e obviamente perde a última chance em ser contratado pela casa. No entanto, Peggy, ao perceber que ele realmente tinha muito talento musical, vai atrás dele e o convence a gravar uma fita demo em estúdio e isso ocorre posteriormente, quando ele grava com a mesma banda do bar (ou seja, o seu super grupo da vida real), a canção: “Don’t Leave me Now”. O executivo da gravadora, no entanto, não anima-se em princípio com a gravação. Finalmente ele decide mostrar a fita ao seu superior, mas a solução dada pela gravadora não é boa para Vince e tampouco para Peggy.
Uma cena mais a focar no drama, mostra Peggy a tentar domesticar o rapaz, quando o convida a conhecer a sua família que estava a promover uma reunião com amigos. Deslocado, Vince sente-se ofendido quando as pessoas ao saber que ele era um cantor, perguntam-lhe o que ele pensava sobre o "Progressive Jazz" e com parcos recursos intelectuais e culturais, ele sente-se ofendido com a pergunta, por não fazer nem ideia sobre o que essas pessoas falavam e sai de forma intempestiva da festa, por sentir-se humilhado por tal pergunta que interpretara como uma provocação. Peggy vai atrás dele e é surpreendida com a atitude do rapaz, que a beija a força. Apesar da moral usual da época, não há o esperado tapa no rosto como retaliação da parte de Peggy, mas ela o repreende e arrogante, ele apenas responde-lhe que seguira o seu instinto, a demarcar o seu machismo.
Somente quando visitam uma loja de discos, Vince e Peggy tomam consciência de que a música, ”Don’t Leave me Now”, fora gravada e já estava disponibilizada em disco por outro artista, Mickey Alba, que era assistido por Peggy, anteriormente. Enlouquecido, Vince invade o gabinete do produtor da gravadora e o esbofeteia, mas contém a sua raiva, com medo em machucá-lo mais ainda e voltar para a cadeia. Surpreendente sem dúvida, para um filme de Elvis Presley com esse tipo de cena perpetrada por uma personagem defendida por ele, contudo ocorreu e como já salientei, revela-se um diferencial na filmografia do Rei do Rock, como ator.
Peggy também sentiu-se traída e dessa forma, propõe criar uma gravadora própria e investir na carreira de Vince. Criam então a “Lauren Records” e contratam o advogado, Dr Shores (interpretado por Vaughn Taylor), para ajudá-la a gerir o negócio. Vince grava a canção, “Treat me Nice” e Peggy convence um amigo Disc-Jóquei (Teddy Talbot, interpretado por Dean Jones), a executar a canção em uma emissora, após várias tentativas com outras emissoras que recusaram a música. Para esquentar o drama romântico, Vince fica enciumado quando percebe que Teddy nutria outro interesse por Peggy, ao descobrir que este a convidara para um jantar.
A música estoura e nessa trajetória meteórica de sucesso, Vince exacerba o seu lado arrogante ao destratar subalternos e mostrar-se ainda mais impetuoso. De novo uma abordagem ousada ao tratar-se de um filme com Elvis Presley, visto que a tendência normal de sua filmografia fora de atribuir-lhe papéis a caracterizar personagens sob a intenção de se produzir empatia com o público e neste caso, Vince é um retrato fiel de muitos (para não dizer sobre todos), artistas que deixam a soberba dominá-los quando tornam-se famosos. Bem, nesse ínterim, Hunk deixa a prisão em liberdade condicional e procura Vince, para buscar o cumprimento do contrato que houvera sido celebrado em uma cela. Então, Vince, vai filmar um “promo” (o conceito pré-histórico do vídeoclip) e promete encaixar Hunk nessa oportunidade na televisão.
Vem então a cena mais sensacional do filme, que contém uma beleza plástica incrível, ao mostrar a performance de Vince/Elvis a cantar: “Jailhouse Rock”, a canção que dá nome ao filme. Ao fazer referência à prisão, tal cena mostra Vince a interpretá-la uniformizado como um presidiário, e acompanhado por um corpo de bailarinos. Além da obviedade em torno da força dessa música, que é um dos Rocks mais sensacionais de todos os tempos, há um destaque enorme para a coreografia. Segundo consta nos anais sobre a produção desse filme, a ideia inicial da produção fora produzir uma coreografia ao estilo tradicional dos musicais hollywoodianos, a relembrar o estilo de Fred Astaire e Gene Kelly. 
Todavia, é preciso observar que esses dois atores & dançarinos, exímios, por sinal, ostentavam estilos diferentes de dança entre si. Astaire era mais veterano e Kelly tinha mais modernidade jazzística, digamos. Elvis, no contraponto, era um Rocker rebelde e desenvolvera a sua performance pessoal que tornara-se muito marcante, embora ainda fosse o início de sua carreira em tese, portanto, quando Elvis tomou conhecimento do que planejavam para essa cena, quis interferir. 
Dessa forma, o que estabeleceu-se na cena, foi um híbrido entre o estilo de dança clássico dos musicais cinquentistas, a la Gene Kelly, e ao mesmo tempo, com liberdade para Elvis estabelecer a sua movimentação pessoal, ao seu estilo. Nessa simbiose, o que vê-se é um resultado espetacular. A sincronia perfeita dos movimentos dos bailarinos com a performance típica do Elvis (ainda que a interpretar, Vince), ficou tão famosa que essa cena foi usada posteriormente como um “promo” de fato, do Elvis e imortalizou-se. 
Outra curiosidade sobre a cena, a performance de Elvis em si, chama a atenção por conta de dois movimentos e essas posturas não foram criticadas somente pela sua atuação neste filme, mas sobretudo pelo contexto de sua atuação ao vivo, e mais proeminente desde 1956. Ou seja, duas reclamações foram observadas pelos críticos e também pelo público conservador em geral: os movimentos pélvicos (“Elvis, The Pelvis”, tornou-se o seu apelido pejorativo nessa época), e os movimentos com a perna dura, a insinuar um tipo de locomoção a imitar pessoas com paralisia em seu andar, amparadas por muletas e/ou bengalas. Bem, não vou entrar no mérito sobre tal visão da sociedade norte-americana à época, mas fica aqui o registro. Outra curiosidade, Gene Kelly, em pessoa, assistiu a filmagem e impressionado, aplaudiu com entusiasmo assim que o diretor deu o seu grito para cortar a ação da filmagem.
O filme segue, com Hunk a filmar um número acompanhado de uma banda. Ele está a filmar uma balada “Country-Rock”. No entanto, de uma forma bem desrespeitosa, é interrompida pelo diretor da TV, sob a alegação que tal número seria ultrapassado e logicamente que ele fica muito frustrado e humilhado com tal tratamento. Para piorar as coisas, Vince alega à Hunk, que consultara um advogado e que o contrato que ambos haviam firmado na prisão, não tem validade, portanto, o que pode oferecer-lhe é uma porcentagem ínfima para que ele torne-se uma espécie de mordomo pessoal seu. Humilhado, mas sem outra alternativa melhor no momento, Hunk aceita a contragosto tal situação. 
Mais famoso ainda, Vince torna-se insuportável e Peggy afasta-se dele. Surge então o convite para ele estrelar filmes, quando fecha contrato com a Climax Studios. Ora que interessante, uma metalinguagem, visto que Vince (personagem) e o Elvis real confundem-se nesse ponto do filme. Vince é instruído a passar um tempo com a atriz, Sherry Wilson (interpretada por Jennifer Holden), para ambientar-se com ela e tais cenas mostram a atriz como uma pessoa entediada e arrogante pelo seu status. No entanto, ao filmar uma cena de tal filme, Vince é cobrado pelo diretor a dar realismo à cena e então, beija tal atriz, verdadeiramente. O diretor grita o “corta”, várias vezes, mas o casal não para, entusiasmado pelo contato sensual verdadeiro, ali estabelecido. Sherry passa a namorar Vince, doravante.
Vem a parte final do filme, quando Hunk deixa o seu ressentimento de lado e toma uma atitude dura para tirar Vince de sua atitude em torno da soberba. Ao perceber que Vince e Peggy amam-se, verdadeiramente, ele resolve fazer com que Vince desperte e para tal, provoca uma briga e bate firme em Vince, que em princípio não quer lutar por respeito à Hunk, tanto pela idade mais avançada, quanto pela gratidão por conta do que o veterano proporcionara-lhe nos tempos em que dividiram uma cela na prisão. Mas Hunk exagera e desfere-lhe um soco muito forte na garganta. Vince acusa o golpe e desesperado, Hunk chama a ambulância. Dramático, Vince corre o risco em perder a voz, atingido em suas cordas vocais. Hunk e Peggy o visitam no hospital e mesmo sem falar, Vince sinaliza que perdoa Hunk pela agressão, ao dar a entender que a intenção, por incrível que parecesse, fora boa.
Cena final, Hunk está em casa e vai fazer um teste para saber se poderá cantar doravante. Acompanhado por Mike Stoller ao piano, ele canta a balada : “Young and Beautiful”, com dificuldade em seu início. Peggy; Hunk e os rapazes da banda estão a ouvir em outra sala e demonstram em seus respectivos semblantes, sinais de expectativa. Então, Vince recobra paulatinamente a sua potência, e com a banda a participar doravante, solta a voz. Hunk mostra-se aliviado e no enquadramento final, Vince e Peggy terminam abraçados.
Bem, final feliz, certamente, mas como observei, o filme mostrou vários pontos não usuais, para torná-lo uma obra diferenciada na filmografia de Elvis Presley. É sem dúvida, um dos seus melhores filmes, mas por uma questão extraordinária, tornou-se também um tormento para Elvis. Ocorre que a atriz, Judd Tyler, que interpretou Peggy, o par romântico de Vince/Elvis, foi vítima de um acidente automobilístico e veio a falecer juntamente com o seu marido da vida real, poucos dias após o filme ter sido concluído, ou seja, ela não teve a oportunidade em assistir o filme finalizado. Elvis ficou arrasado e recusou-se a participar da avant-prèmiere da obra, e nunca mais quis assistir esse filme. Jovem e muito linda, Judd fora um atriz de teatro que mal começara a brilhar no cinema, no entanto, a fatalidade ceifou-lhe a oportunidade em construir uma bela carreira no cinema e ter tornado-se portanto, muito mais famosa, no futuro. Uma grande pena.
Outras canções não mencionadas que são ouvidas na trilha: “One More Day” (interpretada por Hunk/Mickey), “I Want to be Free”, “You’re So Square/Baby, I Don’t Care”(esta é sensacional!).
A crítica à época, foi dura, por considerar que a abordagem da personagem, Vince. Teria sido uma apologia ao mau comportamento. Faz sentido em certo aspecto, na medida em que realmente o perfil da personagem não pode ser considerado louvável em termos mais humanistas, digamos. No entanto, visto pelo distanciamento histórico já bem avantajado (1957-2019), releva-se o fato da mentalidade da época ter sido outra, completamente diferente no seio da sociedade, mesmo em termos de cultura norte-americana puritana. O preconceito contra o Rock’n’Roll, então atribuído a um tipo de degeneração da juventude branca em aderir aos valores propagados pelo público negro, teve um peso extraordinário na sociedade de então, portanto a revelar-se como um fator extra e de certa forma, preponderante.
Mas o sucesso popular, foi imediato, com Elvis no auge de sua popularidade como cantor e já a estrelar o seu terceiro filme. Outro fator, desta feita técnico, a fotografia desse filme é excelente, embora a utilizar o preto e branco como recurso e muito bem explorar fator do contraste.
Foi escrito por Nedric Young, produzido por Pandro S. Berman e roteirizado por Guy Trosper. Coreografia por Alex Romero. Naturalmente que o empresário de Elvis, o “Colonel Tom Parker”, tem creditada a sua participação na produção, igualmente. Com direção de Richard Thorpe, o filme foi lançado em novembro de 1957.

Tal obra foi exibida fartamente pela grade da TV tradicional, aberta, por muitos anos sob fartas reprises; idem em relação às emissoras de TV a cabo e foi lançado em versão VHS, DVD e Blue-Ray, ao longo dos anos. Atualmente, (escrevi em 2019), tem sido difícil achar um portal de internet a exibi-lo na íntegra, de uma forma gratuita. Há uma cópia no portal polonês, “CDA. PL”, mas há o inconveniente estilo polonês de dublagem, com um locutor único a narrar monocordicamente a fala de todos os personagens e sob um volume muito alto, que impossibilita a tentativa de ouvir-se o áudio em inglês, original. No entanto, é melhor que nada, para quem nunca assistiu essa obra e eu garanto, é um filme que preciso ser visto. 

Esta resenha foi preparada para fazer parte do livro: "Luz; Câmera & Rock'n' Roll". em seu volume III e está disponível para a leitura a partir da página 187

Nenhum comentário:

Postar um comentário