terça-feira, 30 de julho de 2024

Filme: Electric Apricot: Quest For Festeroo - Por Luiz Domingues

O conceito de um pseudodocumentário, ou “Mockumentary” como falam os norte-americanos, significa na prática um híbrido cinematográfico. É uma falso documentário, portanto, ao confundir-se com um filme regular a conter dramaturgia e certamente por pautar-se pelo humor. Há dois exemplos clássicos nessa categoria, em termos de Rock Movies, a citar: “This is Spinal Tap” e “The Rutles” , que são, ambos, hilários. Pois esta obra, “Electric Apricot: Quest for Festeroo” é mais um mockumentary a revelar-se muito engraçado por explorar os maneirismos inerentes aos bastidores de uma banda de Rock. 
 
Neste caso em específico, o retrato é o de uma banda underground, “Electric Apricot” (“Damasco Elétrico”, em português), feita por um suposto documentarista (que na verdade seria um estudante de cinema, iniciante), e cabe uma análise. Ocorre que tal banda é fictícia, porém em termos, pois foi formada por músicos reais e segundo ponto, apesar de não ser uma prioridade para os seus componentes, ela reuniu-se algumas vezes, sazonalmente na vida real, para eventuais apresentações.
Sobre a construção das personagens e do espectro da banda, é interessante notar que a intenção foi situar a ambientação em meio a um tipo de mentalidade bem típica dos primeiros anos de anos doo novo milênio, a abrigar uma fusão de influências e algumas até antagônicas entre si, de uma forma surpreendente. 
 
Isso por que a base dessa banda e por conseguinte de seus membros, é marcada pelo apreço à estética vintage, no entanto, percebe-se aquele caráter híbrido, à mercê da predisposição em evocar-se com força os signos do movimento Hippie da década de sessenta, no entanto com uma intenção de buscar adaptá-la aos tempos modernos e por conseguinte, a incorporar elementos contemporâneos. Quem pensa dessa forma, geralmente argumenta que não é saudável manter uma postura saudosista e atrelada ao passado, portanto, a enfatizar que a oxigenação é necessária. 
O outro lado dessa moeda é que o suposto ecletismo proposto para arejar a estética, nem sempre é feito com a devida propriedade e ao incorporar-se qualquer nova ideia que pareça estar coadunada com os antigos valores, sem um maior apuro, corre-se o risco de conspurcá-lo, ao ponto de tornar tal nova configuração, algo muito equivocado. Não se chega a esse ponto no desenrolar da história, mas as personagens e a banda em si, demonstram estar nesse limiar, embora penda-se mais para o apreço ao conceito “vintage” genuíno, isto é, ainda bem para o meu gosto pessoal. 
 
Bem, outro aspecto a ser comentado e nesse sentido, mais a reparar na parte cinematográfica do que a musical, reside no fato da película ser absolutamente tosca em vários quesitos, e isso é obviamente algo proposital. Nesse aspecto, a fotografia mostra muitas variantes, a luz é precária em várias cenas e sobretudo a edição, estabelece cortes amadorísticos para reforçar a ideia de ser um documentário precário.
Ainda a falar sobre a edição, os cortes bruscos, sem nenhum acabamento, denota tal intenção humorística e em certas casos, há até a demarcação abrupta de uma cena para a outra, a simular uma filmagem caseira, feita com uma única antiquada câmera VHS caseira, e assim editar-se cada cena mediante a junção pura e simples de uma cena filmada, uma logo após a outra, sem passar o "copião" bruto por uma ilha de edição, por mais simples que fosse.
 
Visto pelo lado musical, é bom salientar que o mote adotado para a “Electric Apricot” é retratar a banda como uma típica “Jam-Band”. Esse conceito, que nasceu nos anos sessenta (em linhas gerais, visto que tal conceito na verdade, remete aos anos trinta do século passado), a denotar um tipo de trabalho que oferece margem para uma generosa dose de improviso na execução ao vivo de uma banda.
O grande "Grateful Dead", ícone do Rock norte-americano sessentista e amplamente citado nesse filme
 
Em termos de Rock, tal conceito foi principalmente propagado pelo grande, “Grateful Dead”, uma das maiores bandas do Rock norte-americano nos anos sessenta e que ao longo dos anos, ganhou uma aura muito especial, a tornar-se uma das mais cultuadas de todos os tempos. 
 
Em tese, a “Electric Apricot” apresenta-se no filme como uma Jam-Band, a seguir tal tradição e tanto foi assim, que explicita-se inclusive ao ponto em dar  vazão a um tipo de idolatria explícita em favor do falecido e saudoso guitarrista do Grateful Dead, Jerry Garcia, da parte do guitarrista do Electric Apricot, o que aliás, repercute com ótimas piadas ao longo do filme.
 
Muito bem, feitas as considerações iniciais, o comentário sobre o desenrolar da história é bem simples, pois a opção foi pelo tipo de abordagem ao estilo de um documentário tradicional. Portanto, em meio a falsa noção da dramaturgia ali presente, os conflitos e as partes engraçadas são retratadas como uma retratação da vida real das personagens e nesses termos, a pensar no cotidiano de uma banda de Rock a atuar no patamar underground da música, portanto, a suscitar todo o tipo de situação que qualquer grupo de Rock passa normalmente e nessas circunstâncias, e assim denotar a baixa estatura desse grupo dentro do conceito do show business, é evidente que a precariedade generalizada gera piadas e muitas delas, são ótimas.
Nesses termos, o desenrolar é bem simples, a mostrar o cotidiano dos componentes em meio a ensaios e apresentações em pequenas casas noturnas, em um primeiro instante. Posteriormente a mostrar a gravação em estúdio do material e os esforços para a banda participar de um festival com maior porte, o “Festeroo”, que é anunciado no título do próprio filme. Somente isso, não há nada a mais, no entanto, é através dessa simplicidade que um conjunto de situações muito engraçadas acontece e eis aí um grande mérito desse “Mockumentary”, pois as piadas são múltiplas a satirizar o Rock em múltiplos aspectos. 
Nesse campo, há uma riqueza no repertório de galhofas geradas, pois as menções ao Rock vintage e também a citar tempos mais modernos, mostra-se muito interessante. É também centrado na questão cultural como um todo, a esbarrar certamente nos aspectos contraculturais, no que tange às lembranças sessenta-setentistas e a incluir a visão então moderna, advinda dos anos noventa, a dar conta que “raves” de música eletrônica seriam celebrações psicodélicas a resgatar valores sessentistas, o que é um conceito bastante discutível em meu entender, mas que eu sei que é defendido por neo-hippies, ou seja, algo bem próximo do que as personagens que formam o Electric Apricot no filme, representam como representação da mentalidade e modus operandi desses artistas.
 
Sobre o som do Electric Apricot, além das características de uma Jam Band a la Grateful Dead, há uma interessante amálgama de estilos vintage a serem observados. É certamente um som que tem bastante influência do Country-Rock, Blues-Rock e do Folk em uma primeira instância. Passa tranquilamente pelo Acid Rock e igualmente pela psicodelia sessentista e esbarra no Hard-Rock; Southern Rock e também em experimentalismos, portanto, é rico em estilos variados. 
Ao longo do filme, para reforçar as piadas, a banda toca e canta mal propositalmente em vários trechos, entretanto há lampejos de uma execução boa, até agradável, em outros, visto que trata-se de um grupo formado por músicos verdadeiros e com bom nível técnico.
 
Um outro mérito do filme, uma série de músicos reais aparece a interagir diretamente com o pessoal do Electric Apricot e também a prestar depoimentos, para reforçar a ideia em tratar-se de um documentário real. 
 
É um luxo portanto, ver na tela artistas como Bob Weir (do Grateful Dead), Warren Haynes, Matt Abts, Mike Gordon, e outros, além de atores de ofício como Seth Green (interpreta um assistente de estúdio), Sam Maccarone (encarna o bartender que fala mal de Jerry Garcia), Matt Stone (interpreta outro técnico de estúdio), entre outros e também pela presença do Hippie-Mor, "Wavy Gravy", uma emblemática personalidade que é conhecida do imaginário norte-americano, desde a sua aparição performática no documentário oficial sobre o Festival de Woodstock em 1969.
Na inexistência de uma história dramatúrgica propriamente dita, é mais fácil arrolar algumas cenas em específico: A fixação do guitarrista, Steven Allan Gordon (interpretado por Bryan Kehoe), que é conhecido pelo apelido, “Gordo” (“gordo” por conta de “Gordon” e também para fazer menção à palavra existente nos idiomas espanhol e português, em alusão ao fato dele ser uma pessoa obesa), pelo guitarrista do Grateful Dead, Jerry Garcia permeia o filme inteiro. 
 
Em uma específica cena onde ele é alertado pelos companheiros que um garçom de uma casa noturna onde haviam tocado, falava acintosamente mal de Garcia, faz com que ele volte ao salão e sem dizer absolutamente nada, esmurre e nocauteie o caluniador incauto. Em seus depoimentos, “Gordo” mostra-se um alienado em potencial, apenas a falar sobre o Grateful Dead/Jerry Garcia, guitarras e lançar odes à maconha, inclusive em cena em que ele exalta a plantação hidropônica de tal erva.
 
O empresário da banda a perder a chave do seu carro velho e pedir apoio em uma estrada, é um retrato da precariedade em que esta banda opera. Isso fica patente igualmente nos shows realizados em casas noturnas inexpressivas. O som da banda fica muito ruim em algumas cenas em que mostra-se shows ao vivo, com distorções oriundas de um equipamento de quinta categoria, algo bastante atípico até para o padrão underground dos Estados Unidos, mas como piada, é claro que funciona muito bem. Depoimentos bizarros de pessoas comuns são muito engraçados. Uma “tortilla” com a face de Jerry Garcia, recomendada pelo “Gordo” parece uma piada das “Organizações Tabajara”, a criação do pessoal da “Casseta & Planeta”, adaptada ao universo do Rock.
O baixista da banda, Steven Hampton Trouzdale, também conhecido pelo apelido, “Aiwass” (interpretado por Adam Gates), fala coisas desconexas enquanto mostra a sua residência bizarra, instalada em cima de uma árvore e também toca uma espécie de “baixolão” com uma ressonância ridícula e que não afina adequadamente. 
 
E o tecladista, Herschell Tambor Brillstien, sem apelido (interpretado por Jonathan Korty), é o membro mais esotérico do grupo. Ele a fazer Hatha Yoga, cantarolar mantras e entrar em estado meditativo em ambientes e situações inusitadas, é hilário. 
E finalmente, para apresentar os protagonistas, a figura do baterista, Lapland Miclovich, apelidado como “Lapdog”, é interpretado por Les Claypool. Figura exótica, é o “professor Pardal” da banda, a criar artefatos esquisitos e até com teor erótico para fumar-se maconha. Les Claypool é o baixista e vocalista da banda, Primus, na vida real e foi o idealizador do documentário e o seu próprio diretor, ou seja, o mentor dessa loucura toda.
 
Nos shows, a banda toca longas versões bem ao estilo de uma Jam-Band e é hilária a cena em que finalmente dão fim à uma canção, mas o seu final é prolongado às raias do exagero. A banda resolve gravar e os trabalhos iniciam-se dentro do padrão normal da metodologia tradicional de gravação. Ou seja, com a morosidade inicial para equalizar o som da bateria e essa particularidade que todo músico enfrenta é retratada de uma forma engraçada. 
 
O baixista chega ao estúdio com uma nova namorada que é absolutamente mal-humorada e permanece ao seu lado até em momentos inoportunos, como o ato da gravação e em discussões travadas por motivações técnicas entre os músicos e os técnicos envolvidos no processo, eis que a taciturna namorada só comunica-se com ele mediante cochichos a denotar estar a emitir opiniões descabidas. Bem, é óbvio que a alusão à figura de Yoko Ono é total.
 
E mais uma ironia, a personagem da namorada, chama-se, Mai Pang (interpretada por Gabby La La), portanto é uma referência à secretária de John Lennon, May Pang, que aliás foi sua namorada por um breve período entre 1973 e 1974, quando ele e Yoko estiveram separados. 
Sean Lennon e Les Claypool, membros da banda: "The Claypool Lennon Delirium", na vida real
 
E há por registrar-se que o diretor do filme (e intérprete do baterista, Lapland), teve uma banda na vida real com o filho de Lennon & Yoko, Sean Lennon, chamada: “The Claypool Lennon Delirium”. Há também a presença da fotógrafa loura, interpretada por Sirena Irwin e ouso dizer por dedução, é possível que tenha sido uma alusão à Linda Eastman McCartney.
 
Ainda nesse processo de gravação, os diálogos travados são hilários. E também as expressões faciais, principalmente em momentos de audição do material gravado em cada etapa, e quem for músico, haverá de lembrar-se de ter vivido tal tipo de situação, certamente. O técnico de som faz um depoimento sobre uma pintura a conter a imagem de elementais da natureza e isso dá a medida da piada sobre o apreço do Hippies ou Neo-Hippies pelo esoterismo, misticismo, ufologia & afins. 
 
As conversas entre os técnicos assistentes a divagar sobre o posicionamento de microfones para captar as peças da bateria, também são muito engraçadas, pela maneira como foi retratada, a satirizar  o delírio que geralmente observa-se  em ouvir-se opiniões supostamente gabaritadas, como se todo mundo nesse meio, fosse  expert em engenharia acústica e acredite, isso acontece muito entre técnicos de gravação.. 
 
E o delírio vai além, com o baixista a falar sobre as maravilhas da culinária vegetariana e o acidente improvável com o tecladista zen, que ao mudar o posicionamento do instrumento, corta a sua mão de uma maneira absurda. Tem também a cena do produtor a despedir o assistente de estúdio, de uma forma humilhante para o rapaz, mas com um tom de humorismo televisivo. 
Os componentes da banda brigam no estúdio. Um clássico dentro da história de todo grupo de Rock, eu diria, com raras, talvez inexistentes exceções observadas. Surge a presença de um “terapeuta” de grupo de Rock, ao estilo de um terapeuta de casais. São hilárias as cenas a mostrar as sessões de terapia, uma verdadeira “DR” (discussão da relação), bisonha. O terapeuta irrita-se em uma cena a seguir e abandona a banda, mas volta e protagoniza cenas ridículas, como por exemplo, uma em que o baterista toca um instrumento de percussão e ele dança completamente desengonçado. O cigarro de maconha que o tecladista fuma sozinho, é descomunal e lembra bem o tipo de artefato semelhante visto em filmes da dupla freak, "Cheech & Chong”.
 
Bem, o grande momento do filme ocorre quando a banda dirige-se ao festival “Festeroo”. Tal festival existe de fato, mas é bem menor do que aparenta ser no filme. O guitarrista, “Gordo” enlouquece de vez, ao achar estar a falar com o espírito de Jerry Garcia e absorto nas drogas & bebida, some da presença dos demais, ao ser encontrado muitas horas depois, desacordado e inteiramente nu, deitado em um matagal. O astral neo-hippie da plateia é bem agradável, mas a tal pluralidade do conceito psicodélico pós anos noventa, que permeia o ambiente, paira no ar, haja vista a presença da música eletrônica em ritmo de “rave”, entre as atrações. 
 
O Govt Mule, banda derivada do histórico, The Allman Brothers Band, vai tocar e os membros do Electric Apricot conversam com Wayne Haynes e Matt Abts, mas “Gordo” passa do ponto e Wayne fica confuso com as falas do guitarrista do Electric Apricot. O folclórico, "Wavy Gravy" está ali presente com a sua animação hippie habitual, para garantir a loucura generalizada e com direito a falas (desconexas, como seria por esperar-se de sua pessoa).
Chega a hora da banda subir ao palco. O show começa com um certo nervosismo, visto que “Gordo” estava atrasado e os outros três iniciaram a apresentação sem a presença do seu guitarrista, que entra no palco transtornado, a denotar estar sob o efeito da lisergia, ainda. No entanto, o som viajante da banda cativa os hippies ali presentes (apesar dos vocais desafinados em alguns momentos), incluso com muitos veteranos, certamente egressos de Woodstock. Ao final, "Gordo" está eufórico com a história de ter conversado com Jerry Garcia, em seu delírio pessoal, logicamente.
 
Sucesso e missão cumprida, a banda entra em seu motor home e parte. No caminho, uma batida policial no meio da noite, realizada em uma estrada deserta, surpreende-os. No início, o policial conversa com o motorista daquele instante, que fora o baterista, Lapdog. Uma abordagem educada, para começar, mas o tom sobe ao perceber que aquele carro está lotado por músicos doidos que não falam nada compreensível naquela altura da madrugada. 
 
Corte brusco e vê-se o policial a correr atrás do guitarrista, “Gordo” para algemá-lo de uma forma ridícula. O filme encerra com uma tarja a explicar que aquela batida fora uma armação de alguém do festival que avisara a polícia. E que o cão farejador achara a maconha escondida em uma alto-falante de uma caixa do equipamento da banda. 
 
E também acrescenta que “Gordo” criara um site para enaltecer a figura de Jerry Garcia. O documentarista que aparece ao final, mostra uma descoberta misteriosa. Em uma foto ampliada e extraída durante o festival, a figura de Jerry Garcia estava presente perto do ônibus da banda. Ora, será que “Gordo” teve razão e não foi apenas um delírio de sua parte? Uma piada boa, gerada a evocar o estilo de Rod Serling, eu diria, em termos de um mistério paranormal não explicado.
Enfim, trata-se de uma sátira divertida, com piadas a utilizar diferentes ícones da cultura Rocker, Pop e Contracultural, portanto, altamente recomendável para os apreciadores desses ícones citados.
 
Ainda a citar mais atores profissionais ou participantes especiais do filme: Jason McHugh (como Smilin’ Don Kleinfeld, como o empresário), Diam Bachar (como Skip Holmes, o técnico assistente e despedido do estúdio de gravação) e Lawrence Brooke, como o narrador da história e seu suposto documentarista, entre outros.
 
A trilha sonora, além do som do Electric Apricot, contém material do Grateful Dead, Bob Weir, Govt Mule e mais alguns artistas. 
 
Escrito e dirigido por Les Claypool, foi lançado em 2007, diretamente em um circuito de festivais alternativos. Em 2008, ganhou a sua versão em DVD. Que eu saiba, se passou em canais de TV a cabo, foi bem pouco e na Internet, está disponível para ser assistido na íntegra e gratuitamente, no YouTube, no entanto é preciso estabelecer o login, pois quem o postou alegou que é necessário ser maior de idade para poder assisti-lo, devido ao palavreado usado e certamente por conta das menções às drogas. 
 
Esta resenha foi escrita para fazer parte do livro: "Luz: Câmera & Rock'n' Roll, em seu volume III e está disponível para a leitura a partir da página 233.

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