“Nordic Dream” é o mais recente álbum do músico, compositor, produtor musical, webmaster, escritor e ativista cultural, Antonio Celso Barbieri. Criador inquieto, ele usou bem o tempo gerado pela quarentena sanitária decorrente da pandemia ao lançar obras em profusão e este CD “Nordic Dream”, é o seu mais recente fruto nascido de uma fase tão fértil e expressiva de sua parte.
No release oficial do álbum, o artista explana com muita lucidez o que o inspirou e motivou a criar a obra em si, e neste caso, o seu mergulho criativo foi direcionado às tradições nórdicas seculares, de onde buscou a fonte para compor.
Ante as geleiras e as tradições Vikings, principalmente a privilegiar na sua visão o paganismo que cultua a força da natureza, Barbieri se deixou levar por tal vibração ancestral e perpetrou uma obra multifacetada a expressar toda essa riqueza.
Ainda a recorrer ao release oficial da obra, acrescento que Barbieri destacou que especificamente para essa obra, ele fez uso de instrumentos virtuais, no caso, “Nordic Cello" e outro chamado “Nores”', para buscar mais proximidade com a essência nórdica, e neste caso eu acrescento que também pelo fato de que o artista sempre gostou de usar os recursos da tecnologia em torno das experimentações da música eletrônica em sua obra (“Nordic Dreams” é o seu 15º título de sua numerosa discografia).
Sobre a arte gráfica a denotar mais uma de suas habilidades, haja vista a sua atuação destacada como artista gráfico e webmaster, tenho a dizer que apreciei bastante a sua concepção. Na minha concepção, a geleira personificada na figura imponente da estilização de um Viking e respectivo elmo como sua base, mergulhado no mar gelado e sob o céu noturno, todo estrelado da Escandinávia a ilustrar tanta beleza, realmente impressiona.
Cabe, no entanto, acrescentar que na visão do próprio artista, opinião essa relatada-me diretamente, Barbieri explica que na arte de sua capa, ele está querendo dizer que, para ele, em termos de cultura nórdica, o viking é apenas a ponta do iceberg.
Agora a refletir a minha percepção sobre o aspecto musical desse álbum, devo salientar que Barbieri seguiu a sua linha mestra a usar instrumentos tradicionais e eletrônicos em perfeita sintonia. Ao mesclar docilidade e contundência, se mostrar épico e solene e igualmente profundamente respeitoso com a força das tradições místicas nórdicas, ele montou um belo mosaico representativo sobre a alma nórdica, sem, no entanto, deixar que o disco fosse confundido como algo pertencente ao campo da música Folk-Étnica e que tampouco possa ser rotulado como “World Music”, pois a abordagem é muito fora dessas nomeações genéricas, não tenho dúvida.
Acho conveniente acrescentar algumas impressões pontuais de minha parte sobre cada faixa:
Escute diretamente no YouTube através do seguinte link:
https://www.youtube.com/watch?v=T09EQd7MWPQ
“Always Alone” – Peça delicada, mostra beleza em sua melancolia reflexiva e implícita, sob o ponto de vista emocional. Gostei da influência do Rock Progressivo setentista expresso através dos sintetizadores de uma forma recôndita.
“Ceres, Vesta and Juno” - Bem rítmica, inclusive no uso inteligente da divisão e pausa como um belo recurso, passou-me uma ideia ritualística bem interessante.
“The Three Scandinavian Kingdoms” - gostei da incidência da percussão e do elemento Rock na sua composição, sutil, mas perceptível.
“The Easter Celebration” - Esta faixa tem um aspecto bastante salutar no sentido de se mostrar muito adequada para servir como trilha sonora de um filme com motivação militar.
“The Emotional Wheel” – Há um suspiro que soa como algo fantasmagórico que me chamou a atenção no arranjo desse tema, justamente por abrir campo para diversas interpretações.
Se produzido por um Ser humano, denota representar uma série de introspecções profundas, do âmago do Ser e isso por si só já me impressionou. Se por outro lado for a repetição mecânica do ruído de uma máquina industrial, ele (Barbieri) foi além, pois estabeleceu a simbiose entre a máquina e os humanos sob diversos aspectos. Impressionante metáfora, portanto.
“The Aurora Borealis” – Bastante rica, ritmicamente a falar, esse tema me lembrou o estilo do saudoso tecladista e compositor grego, Vangelis, de certa forma.
“From Nothern Ancient Times” – Gostei muito do uso de sinos grandiosos para se emular um clima grandiloquente e também do ar orquestral do arranjo como um todo.
“The Viking Pagan Mind” – Destaque para a boa interpretação ao piano da parte do artista.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=rtwEGQIiMqY
“It’s Good to Be Alive” – Tema extremamente vibrante, passou-me a ideia de uma celebração da vida e não por acaso o seu título sinaliza nessa direção.
“Just a Friendly Clan Meeting” – Faixa de curta duração, mostra em sua melodia, um trunfo vigoroso.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=oqUUceBShAI
“Nordic Dream” – A faixa que dá nome ao álbum é bela pelo seu caráter épico, por trazer uma abordagem complexa em sua constituição sonora. Pelo aspecto da imagem proposta pelo artista, apesar do nome, não se trata de uma ode à cultura nórdica como um todo, mas sim à força da liderança viking em meio às suas planificações pela construção de uma civilização que suprisse os seus anseios, conforme Barbieri assinalou no release oficial do álbum.
“Running Down Hill” – Essa música soou-me enigmática e soturna (no bom sentido, logicamente), ao denotar, na minha visão (bem-entendido), uma abordagem impressionista em essência.
“The Soft and the Hard Feelings” – Tema bastante percussivo, muito interessante.
“The Viking Prophecy” – Tema executado ao piano, se mostra introspectivo e expressivo.
“The Secrets of the Golden Crown” – Gostei da construção dessa linha ao piano, a privilegiar notas longas que ressoam e assim valorizaram a introdução de percussão com farta influência oriental.
Em suma, o novo álbum de Antonio Celso Barbieri, “Nordic Dream”, é rico em diversificação sonora, também pela mescla de instrumentos tradicionais com recursos eletrônicos e até virtuais, propõe reflexão sobre o papel da cultura pagã nórdica como elemento fundamental para a formação da cultura geral Anglo-Saxã, mas com clara importância para a todas as culturas europeias e a abranger o mundo, por conseguinte.
Mais um dado importante: é preciso salientar que a se mostrar coerente, como em todos os seus discos anteriores, Barbieri usa o recurso de buscar o acesso profundo em seu “Eu” interior e nesse esforço, a sua autoanálise empreendida através do seu encontro com o próprio micro-cosmo, há sempre uma amálgama perfeita também com o macro-cosmo da realidade externa a abordar a sua visão sociopolítica do mundo.
Antes de encerrar a resenha, faço o convite ao leitor para que conheça a matéria longa que eu escrevi e publiquei no meu Blog 2, para repercutir a persona de Antonio Celso Barbieri, como um empreendedor cultural eclético e dinâmico. Eis abaixo o link para acessar a matéria:
http://blogdoluizdomingues2.blogspot.com/2022/03/antonio-celso-barbieri-um-visionario.html
Para escutar o CD “Nordic Dream” na íntegra, acesse o site de Antonio Celso Barbieri, através do link descrito abaixo:
“Nordic Dream” foi inteiramente gravado no estúdio Raw Vibe de Londres, UK. Lançado em 2022.
Composições, arranjo, arte de capa e produção geral de Antonio Celso Barbieri.
Antonio Celso Barbieri toca todos instrumentos, além da programação de sons eletrônicos e virtuais.
Para conhecer também o seu site “Memórias do Rock Brasileiro”, acesse:
Resenha muito realista da obra do Antonio Celso Barbieri. Particularmente eu apreciei muito esse novo trabalho dele e tive sensações muito parecidas com as suas ao ouvi-lo. Barbieri sempre nos fazendo pensar com profundidade e apurando nossos sentidos.
ResponderExcluirEstou muito feliz por saber que a resenha foi do seu inteiro agrado. Sei de antemão o quanto você admira o artista e super empreendedor cultural, Antonio Celso Barbieri, portanto, é uma alegria saber que pensamos igual a respeito dele.
ExcluirExato, a sua música nos faz apurar através dos sentidos o grande mergulho complexo que ele propões sempre como reflexão, gostei da sua colocação muito acertada em minha opinião.
Eu apreciei muito a sua rica participação no Blog. Grande abraço, amiga Jani!