Já faz tempo que eu me convenci que o regime democrático é o melhor sistema político do mundo, não por ser perfeito (longe disso), mas por ser o menos ruim, entre os outros, péssimos.
No bombardeio de artigos que a mídia publicou sobre os vinte anos da queda do muro de Berlim, completados em 2009, chamou-me a atenção a entrevista com o filósofo, Francis Fukuyama, nipo-americano, que nessa mesma ocasião do evento da queda do muro de Berlim (1989), cunhou a bombástica frase: "A queda do muro representa o fim da história". Trata-se de uma afirmação também bem falaciosa e tendenciosa, mas também a suscitar uma reflexão.
Desta feita, ele, Fukuyama, veio com a seguinte consideração: "A democracia é a nossa única alternativa". Será? Não consigo pensar em uma democracia plena no Brasil, com a existência dessa anomalia chamada: "voto obrigatório".
Pois mostra-se algo inacreditável que o voto obrigatório seja ainda uma regra inquestionável, neste país A principal discrepância nesse sistema é a óbvia manipulação por parte dos partidos políticos, a gerar consequências constrangedoras para um país que deveria, pelas suas riquezas naturais e potencialidades inerentes, estar a caminhar economicamente para o primeiro mundo. E talvez esteja justamente aí, um dos motivos pelos quais tal desenvolvimento do qual esperamos, nunca concretize-se, de fato.
Como pode ser considerado normal, o fato de que o voto consciente de um cidadão bem informado e formado, educacional e culturalmente a falar, seja esmagado impiedosamente por milhares de votos perpetrados por incautos, que só votam por serem obrigados, literalmente, por temerem sanções, as mais estapafúrdias?
Esses milhares, talvez milhões de pessoas, que são obrigadas a votar e o fazem sem consciência sociopolítica alguma, usam o seu poder pessoal que é legítimo sob uma análise macro, mas sob critério de escolha baseado em motivos fúteis e dessa forma inconsequente, portanto, nessa somatória ao ter o peso igual ao do voto do cidadão consciente, tende a esmagar, no coletivo, o voto solitário de quem foi à urna com propósito sério de eleger um representante pelo qual depositava a sua esperança de gerir a máquina estatal ou legislar com planos bons para o bem geral da coletividade. Isso é realmente "democrático?
Tal distorção abominável, já está a demorar em demasia para ser corrigida no sistema eleitoral e certamente prejudica a consolidação de uma democracia plena. Temos um sistema de votação e apuração moderno pelo aspecto da tecnologia empregada, mas esbarramos nesse conceito atrasado, no qual o direito é confundido com dever e pior, para dar margem à manipulação dos inescrupulosos.
Portanto, se não temos um sistema político mais avançado que o da democracia, por enquanto, que ao menos o exerçamos com um critério mais apurado de qualidade, pois estamos fartos de eleger pessoas desqualificadas para os cargos dos poderes executivo e legislativo. Quem não tem consciência, que fique em casa a aproveitar o seu churrasco dominical e assim a deixar as urnas para quem realmente enxerga no voto, o exercício de seus ideais para o gerenciamento dos municípios, estados e a federação.
Portanto, chega de parlamento formado por ex-jogadores de futebol, comunicadores de massa, religiosos e/ou artistas popularescos a serem eleitos por pessoas que votam pela "obrigação" e nada mais.
Matéria publicada com exclusividade para o Blog Pedro da Veiga, em 2011. Ilustrações tiradas da Internet e fotoformatação produzida por Pedro da Veiga.
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