Que as redes sociais da internet ganharam um papel mobilizador sem precedentes na história, não resta nenhuma dúvida. Tal como uma epidemia incontrolável, insuflaram-se diversas nações árabes recentemente, a promover a derrocada de alguns tiranos e assim possibilitar ventos de liberdade inimagináveis para povos oprimidos por regimes ditatoriais fechados, e invariavelmente amparados por fundamentalismo religioso, essa foi a versão que a mídia oficializou, mas naturalmente que há controvérsia .
Mas não parou por aí essa avalanche com manifestações. Questão mais recente é o fenômeno do: "Occupy Wall Street".
Insatisfeitos pela demora em ver soluções concretas para o fim da crise econômica, milhares de pessoas marcharam sobre o famoso quadrilátero nova-iorquino, templo da especulação e local em que a palavra "Greed" (ganância) é pronunciada como uma verdade absoluta (não é à toa que o personagem, Gordon Gekko, interpretado pelo ator, Michael Douglas, usava esse bordão como um verdadeiro mantra: "Greed is Good", ganância é boa... em meio ao filme: "Wall Street" de Oliver Stone).
E como epidemia, espalhou-se por diversas capitais mundiais, em uma demonstração clara de que o capitalismo que se esgota nos seus anseios como um sistema altamente predatório e baseado na segregação mais injusta.
Recentemente eu li uma entrevista de um sociólogo, publicada no jornal, Folha de São Paulo, a alertar para uma bolha socioeconômica que está a se inflar rapidamente pela China. Segundo a sua visão nada imparcial, seria a bolha do consumismo desenfreado e motivado pela ascensão econômica, daquele milenar país asiático. A preocupação é que estoure, pois segundo palavras desse estudioso, não há equilíbrio financeiro que segure as expectativas geradas por mais de um bilhão de pessoas que desejam viver como norte-americanos e europeus, mas tem recursos naturais, muito menores, ao gerar um colapso que nem o dinheiro consertaria.
Como diria o autor, Leo Huberman, em seu clássico: "História da Riqueza do Homem", a culpa é da cupidez de lucros. ou a trocar em miúdos, os capitalistas escancaram que são exclusivistas por natureza e querem que os comunistas só dividam a miséria entre si.
Ironias à parte, é preciso ficarmos atentos aos próximos acontecimentos, pois da mesma forma que várias nações árabes foram induzidas a insuflaram-se e estimuladas a derrubaram ditadores tidos como déspotas, o movimento "Occupy Wall Street" sinaliza ser bem mais autêntico em seus anseios, ao contrário do que certos órgãos de imprensa tentam nos fazer crer, ao acusar-lhe de ser meramente uma manifestação isolada da parte de baderneiros e decididamente ingênuos que sonham com um mundo mais solidário.
A verdade é que a insatisfação com o sistema está no limite do tolerável e a ideia de que a "ganância é boa", parece estar a ficar fora do esquadro do século XXI, tal como tantas outras ideias que ficaram para trás, registradas nos livros de história.
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