Vivemos
tempos difíceis em termos de educação; cultura e cidadania, em meio aos seus múltiplos
desdobramentos. As razões
para que tenhamos chegado nesse estágio triste, são muitas.
Superpopulação
a gerar desafios incalculáveis para a sociedade em ter que gerir infraestrutura para atender tal demanda, explica de forma generalizada a questão, e
tal repercussão chega na óbvia conclusão de que a educação não consegue dar
conta, tanto em termos de pedagogia escolar, quanto no âmbito da educação familiar, dentro do Lar. Com o
colapso generalizado que presenciamos, torna-se inevitável a comparação com tempos remotos, onde
o grau de educação e tolerância social, era maior.
De fato,
basta andarmos pelas ruas; lermos as notícias na mídia; ou presenciarmos o bombardeio advindo através do
jornalismo televisivo / radiofônico ou pela Internet, para verificarmos que
vivemos tempos de uma inversão total de valores. É
impressionante observarmos que a truculência atual dos jovens, mesmo em tenra
idade, vem a reboque do desrespeito absoluto às pessoas mais velhas; seja
dentro do seio familiar, seja nas relações educacionais formais, e no âmbito
geral da sociedade, a esbarrar na absoluta falta de comprometimento com regras
básicas de convívio social.
A absoluta
decadência da educação formal pública, acompanha a escalada da invasão da
subcultura e da anticultura, perpetrada por marqueteiros que defendem
interesses escusos no amplo domínio da difusão cultural, isso é um fato,
portanto, anexa-se como adendo triste, certamente. Agora, se o
panorama é tétrico e qualquer pessoa de bem não pode compactuar com a ideia de
jovens a agredir; humilhar e ameaçar professores em sala de aula, muitas
vezes armados dentro do ambiente escolar, por outro lado, eu penso que
radicalismos da parte do pensamento da extrema direita, a clamar por volta de opressão sob cunho
medieval, não é o melhor caminho para colocar o mundo em “ordem”.
Devemos
caminhar para a frente e não para trás, a grosso modo. Trazer de
volta uma educação espartana, baseada no medo; na ameaça de punição; na
aniquilação absoluta do senso crítico, a gerar cidadãos meramente obedientes e
facilmente manipulados pelos poderosos de plantão, para servir-lhes como
funcionários operacionais e consumidores a gerar dinheiro, sistematicamente,
não é aceitável. Não quero
viver na Idade Média, tampouco na Antiguidade, isto é, quero um mundo contemporâneo, do
século XXI, a viver a revolução tecnológica total e a pensar na construção de
um mundo que equalize as suas demandas pelo conceito da sustentabilidade racional.
Portanto, creio que devamos pensar em um ponto de equilíbrio na questão educacional, onde
possamos estancar a decadência total, perpetrada pela mentalidade imposta pelos artífices da anticultura, porém, sem necessariamente reatar com valores antiquados e decorrentes
de metodologia baseada na extinção do senso crítico do ser humano, ao reverte-lo em um ser apático e bovino.
Entre o
petulante presunçoso que ameaça o professor com uma faca, na sala de aulas, e o
professor carrasco que impõe respeito pela tortura psicológica e / ou física,
propriamente dita, a nossa obrigação é buscar um ponto de equilíbrio para a aplicação da pedagogia
moderna. A resposta é
a confiança mútua para ser estabelecida.
E nesse
contexto, todos temos que colaborar. O
governo, com a boa vontade política para investir maciçamente na educação; os
difusores culturais no sentido em rever a sua estratégia vergonhosa para manter
o monopólio despótico da cultura e pior que isso, a incentivar a anticultura de massa a visar apenas o seu lucro
fácil, sem medir o estrago educacional que estão a gerar com tal atitude; e a
sociedade em geral, ao buscar dias melhores, e amenizar assim por conseguinte, a convivência social que
nesse caos, tende a explodir, tamanha a pressão crescente que faz com a
situação atual seja semelhante ao efeito causado por uma ampola de nitroglicerina a ser colocada na
boca acesa de um fogão.
Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica, em 2015
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