quarta-feira, 4 de julho de 2012

Filme : The Wrong Man (O Homem Errado) - Por Luiz Domingues



Em uma sociedade agressiva como a em que vivemos, múltiplos são os perigos que rodeia-nos. Violência; selvageria no trânsito; golpistas por todos os lados e descaso do poder público, normalmente figuram entre as principais preocupações do homem comum.


E entre tantas possibilidades perigosas, existe uma em que dificilmente levamos em conta, mas que pode acontecer para qualquer um de nós, quando menos espera-se. Pois é, e se você, leitor, for um dia confundido com um bandido, e uma testemunha afirmar categoricamente que o viu a praticar um crime, qual seria a sua reação ?


Esse lidar com o imponderável em cada segundo, em cada esquina, sempre fascinou o diretor britânico, Alfred Hitchcock, em toda a sua carreira. No entanto, em meio a sua filmografia, ele nunca tratou o tema de uma maneira tão explícita, como em : "The Wrong Man" ("O Homem Errado", em português), lançado em 1956. Nesta obra, o velho Al tratou da história de um homem honesto, pai de família honrado e que sob uma infeliz coincidência, foi confundido com um assaltante.


Atônito com a acusação, é preso e aguarda o julgamento, sob angústia e profunda perplexidade. O filme mostra a sua saga infernal em obter provas de que vem a ser mera vítima de uma infeliz semelhança, mas claro, provar isso às autoridades acostumadas a lidar com bandidos dissimulados, não é nada fácil.

Baseado em uma história verídica e publicada em livro ("The True History of Christopher Emmanuel Balestrero", de Maxwell Anderson), Hitchcock também abriu um precedente nesse caso, pois geralmente ele gostava de adaptar romances policiais de ficção. O excelente ator, Henry Fonda, vive : "Manny Balestrero". Trata-se de um pai de família honesto, esforçado e trabalhador, que ganha a vida como músico, a tocar em um pequeno combo de Jazz, toda noite em um nigth-club.

Nesse ponto, a vida real de Balestrero foi generosa como inspiração, pois certamente a ideia de um músico de vida noturna, mas que tem responsabilidade familiar exemplar, mostra-se como uma bela dicotomia.


Manny vive com a esposa, Rose Balestrero (Vera Miles), junto aos dois filhos do casal. Além deles, também mora na mesma residência, a mãe italiana de Manny, identificada no filme apenas como : "Mamma Balestrero (Esther Minciotti). O catolicismo da família é exaltado por Hitchcock, sutilmente em tomadas ágeis, a mostrar o desespero que mescla-se à fé, em forma de velas acesas promessas, súplicas ?); crucifixos, altares com estátuas de santos católicos e Jesus Cristo etc. Somente Deus poderia ajudar a família Balestrero ?


Entra em cena a figura do advogado, Frank O'Connor (Anthony Quayle) e auxiliado pela esposa de Balestrero, saem em campo desesperadamente à cata de provas, a buscar um álibi salvador. A família, contudo, tem parcos recursos e a esposa entra em profunda depressão, por não enxergar perspectiva real para salvar o seu marido de uma certeira condenação.


Um fato inusitado ocorre durante o julgamento, que por conta disso é anulado e esse tempo para que ocorresse um novo julgamento propiciou uma reviravolta, quando o verdadeiro assaltante foi preso a roubar uma mercearia e a vítima do primeiro assalto que acusara inicialmente Balestrero, sob uma acusação equivocada, refaz o seu testemunho. Finalmente Manny Balestrero é inocentado, mas o prejuízo moral é incalculável, com a família a mostrar-se em frangalhos. A esposa de Balestrero está internada, sob estado catatônico, de uma forma desoladora.


Se fosse ficção, teria sido um final dramático, que Hitchcock não hesitaria em usar pura e simplesmente, mas como tratou-se de uma história real, ele deixou uma informação adicional nos caracteres, onde anunciou que após dois anos, Rose Balestrero teve alta e a família pode enfim retomar a sua vida normal.

"The Wrong Man" é um impressionante filme sobre a injustiça. O sentimento de quem o assiste resume-se em um nó na garganta, a produzir concomitantemente, um aperto no estômago. Assim como o filme, "Saboteur", que eu comentei no Blog anteriormente, este também não é citado normalmente entre os mais famosos, nas listas elaboradas por críticos e fãs de Hitchcock.

Contudo, igualmente em relação a um outro grande trabalho seu, "Saboteur", trata-se de um belíssimo trabalho do mestre, apesar dessa dose de esquecimento da parte de críticos profissionais e fãs em geral de sua filmografia.


Resenha publicada inicialmente para uma comunidade "Alfred Hitchcock" da extinta Rede Social, Orkut, em 2010, sob um tópico aberto por eu mesmo, Luiz Domingues, a enfocar esse filme em específico, e a cobrar explicações dos membros, sobre o porquê do filme não ter o reconhecimento em pé de igualdade com os demais, mais badalados da filmografia dele, Alfred Hitchcock. Em tempo, nenhum membro da comunidade, conseguiu justificar essa falta de entusiasmo por um grande filme, em realidade.

2 comentários:

  1. Muito bom esse filme do mestre Hitchcock ,boa lembrança... gostaria de reve-lo novamente.

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    1. Obrigado, Kim !

      Esse também não é muito badalado, mas eu adoro. A injustiça contra Balestrero revolta e faz pensar.

      Valeu por comentar !!

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