No ano de 1955, o então já consagrado pintor, Cândido Portinari, recebeu uma encomenda irrecusável do governo brasileiro. O objetivo do governo brasileiro fora presentear a ONU, ao enviar tal obra com grande monta para enriquecer a sua sede, em Nova York.
Sendo assim, mesmo advertido pelos médicos que já estava com a saúde fortemente comprometida pela intoxicação através de tintas, por conta da ação perpetrada por anos a fio do trabalho em atelier, Portinari trabalhou duro por quatro anos para entregar a obra.
Usou como atelier um estúdio da TV Tupi do Rio, na velha sede da Urca. Além da exposição tóxica às tintas, teve que suportar um forte calor no galpão, por quatro anos. Tratou-se de uma instalação sob grande proporção (somados em uma superfície com 280 metros quadrados, ou seja, maior que o trabalho de Michelangelo para a Capela Sistina), com o tema : "Guerra e Paz". Por incrível que pareça, o artista nunca conseguiu ver a obra por inteira, por falta de espaço físico condizente no velho estúdio da TV Tupi. Dessa forma, um grupo de intelectuais inconformados com essa disparidade, liderou um movimento para que as peças fossem exibidas ao público em geral, antes de ser enviadas à sede da ONU. E dessa maneira, usou-se o palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, para uma rápida exposição da obra montada por inteiro. Os jornais da época publicaram notas efusivas, ao mencionar o grande fluxo do público que compareceu ao teatro nos poucos dias de exposição, ao destacar o fato de que não tratou-se de uma audiência formada apenas por intelectuais e artistas, mas sim a conter pessoas simples do povo, para reforçar a fama que Portinari alcançara, ao atingir as camadas mais simples do povo brasileiro.
O envio da obra foi lento, como seria por esperar-se, tamanho o volume dos dois painéis. Portanto, a inauguração oficial no saguão de entrada da sede da ONU, só ocorreu em 6 de setembro de 1957.
E um fato curioso e podemos dizer, lamentável, ocorreu nessa cerimônia. Por ser simpatizante de uma ideologia de esquerda, Portinari não foi convidado para a cerimônia oficial ! Em plena era Macharthista nos Estados Unidos, as autoridades da ONU, resolveram não convidar o próprio artista para a inauguração de sua obra no salão nobre.
Matéria publicada inicialmente no Site / Blog Orra Meu e republicado no Blog Pedro da Veiga, ambas em 2012.
Pois é, isso que dá querer agradar os EUA! Na minha opinião eles deveriam ter exposto a obra no Brasil e deveria ter permanecido sempre aqui em homenagem ao povo brasileiro!
ResponderExcluirAcho que você tem razão num ponto : Passados tantos anos, bem que a ONU poderia ter a iniciativa de devolver o presente e os painéis ficarem alojados definitivamente no Brasil.
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