Que os campeonatos estaduais perderam muito de seu interesse e charme, não resta nenhuma dúvida. Os cariocas argumentam que o estadual do Rio é o mais charmoso do Brasil e isso é questionável demais, pois sem clássicos no Maracanã e com times pequenos insípidos que não exercem a mínima resistência, ao fazer das respectivas Taças Guanabara e Rio, quadrangulares previsíveis, sentencia-se a finalíssima à enésima repetição.
Francamente, creio que referem-se ao passado dos anos quarenta, quando falam em charme.
O Paulistão é sem dúvida alguma o mais competitivo, por ter uma série de equipes médias e até algumas pequenas que atrapalham demais a vida dos grandes, quando muitas vezes surpreendem, ao suplantá-los rumo ao título.
Todavia, nem mesmo o fato dele ser competitivo ao extremo, exime-o por estar esvaziado e sem o élan do passado. O motivo ? Na verdade são muitos. Se o Rio padece pela falta do Maracanã, por aqui a briga de bastidores minou o Morumbi, ao relegá-lo a poucos clássicos onde o São Paulo FC, seu proprietário, tem o mando e nada mais. Palestra Itália em reforma, Pacaembu a carecer de uma boa, e Itaquera em construção, também contribuem. A questão principal entretanto, nem é a falta de palcos preparados, mas o calendário inchado, a ocupar um pedaço das férias dos jogadores, é o pior de tudo. Isso sem contar o fato do campeonato conviver com a fase mais chuvosa do ano, onde em determinados jogos, não há a menor condição para praticar-se futebol profissional ao nível da série A.
E se começa em janeiro para acabar em maio, não há espaço para uma preparação mínima, com pré-temporada, amistosos e até a possibilidade da realização de torneios de verão, como parte dessa preparação. Sem dourar a pílula, existem os interesses da TV que vende seu pacote do famigerado "pay-per-view" e a Federação tem a sua necessidade em colocar diversas vagas para equipes interioranas participar e assim, enfrentar os grandes com a possibilidade em obter “a renda do ano”, quando os recebem em seus estádios interioranos. Eu, particularmente, sou um defensor contumaz da fórmula dos pontos corridos, por considerar a mais justa forma para conduzir-se um campeonato. Vence o mais regular e cada jogo assume uma importância vital, ao conferir emoção desde a primeira rodada. Mas no caso dos estaduais, com esse calendário prejudicado pela escassez de datas, é inadmissível ocupar quase o primeiro semestre inteiro, sem contar que atrapalha e muito, equipes que estão na disputa da Taça Libertadores da América e na Copa do Brasil, com muito maior importância para elas.
Qual a solução se a Federação não abre mão de um campeonato longo, com vinte equipes ? Essa fórmula tresloucada em que todos enfrentam-se em um turno único e entediante, onde a classificação para um octagonal final quase sempre recai para os grandes e mais um ou outro interiorano, é um fracasso no quesito emoção. Talvez a solução fosse mudar essa fórmula de disputa, ao adotar o esquema igual ao da Copa do Mundo. Com oito grupos formados por quatro equipes, poder-se-ia dar ao luxo em ter turno e returno, dentro de cada grupo, onde consumir-se-iam, seis datas. Dessa forma, cada grande da capital, poderia ser colocado como cabeça de chave, para ir jogar contra dois pequenos e um médio em seus estádios e recebê-los na capital. Assim, nenhum pequeno deixaria de ver ao menos um enfrentamento contra um grande clube, em suas cidades interioranas.
Com dois classificados em cada grupo, haveria as oitavas-de-final, com mais dois jogos. Claro, com a grande possibilidade de mais equipes pequenas e médias enfrentarem um eventual segundo grande. Nas quartas-de-final, mais dois jogos para definir os classificados. Semi-final com mais dois e a grande final também nesses termos. Dessa forma, em em quatorze datas (hoje em dia, só o turno inicial consome, dezenove !), o campeonato seria resolvido. O campeonato poderia ser iniciado em fevereiro, para dar maior tempo à pré-temporada, sem jogos nos dias de Libertadores e Copa do Brasil, para não prejudicar ninguém e encerrar-se-ia antes do início do Campeonato Brasileiro, ao dar tempo para que todos tivessem um respiro, quiçá para uma intertemporada.
Para efeito de rebaixamento, um novo chaveamento seria composto com os desclassificados e a campanha anterior continuaria a contar no cômputo geral, para não prejudicar os que tiveram desempenho melhor. Politicamente a falar, seria até mais vantajoso para a Federação, pois ao invés de vinte clubes, passaria a englobar trinta e dois, ao fornecer mais doze vagas aos pequenos e portanto, a agradar os dirigentes interioranos que sentir-se-iam ainda mais prestigiados. O argumento contrário, de que poderiam haver poucos clássicos, também não procede, pois no mínimo, haverão dois enfrentamentos com cada rival no campeonato brasileiro e com possibilidade de mais encontros na Copa do Brasil; Taça Libertadores da América e Copa Sulamericana. Sendo assim, é até bom que hajam poucos clássicos no estadual, para não causar uma overdose durante o ano, coisa costumeira no estadual do Rio, com aquela fórmula que adotam. Fica registrada a ideia. O que acha, o amigo leitor e entusiasta do ludopédio ?
Matéria publicada inicialmente no Blog Futebol Apaixonante, do jornalista Thomas Lagôa, no início de 2012.
Todavia, nem mesmo o fato dele ser competitivo ao extremo, exime-o por estar esvaziado e sem o élan do passado. O motivo ? Na verdade são muitos. Se o Rio padece pela falta do Maracanã, por aqui a briga de bastidores minou o Morumbi, ao relegá-lo a poucos clássicos onde o São Paulo FC, seu proprietário, tem o mando e nada mais. Palestra Itália em reforma, Pacaembu a carecer de uma boa, e Itaquera em construção, também contribuem. A questão principal entretanto, nem é a falta de palcos preparados, mas o calendário inchado, a ocupar um pedaço das férias dos jogadores, é o pior de tudo. Isso sem contar o fato do campeonato conviver com a fase mais chuvosa do ano, onde em determinados jogos, não há a menor condição para praticar-se futebol profissional ao nível da série A.
E se começa em janeiro para acabar em maio, não há espaço para uma preparação mínima, com pré-temporada, amistosos e até a possibilidade da realização de torneios de verão, como parte dessa preparação. Sem dourar a pílula, existem os interesses da TV que vende seu pacote do famigerado "pay-per-view" e a Federação tem a sua necessidade em colocar diversas vagas para equipes interioranas participar e assim, enfrentar os grandes com a possibilidade em obter “a renda do ano”, quando os recebem em seus estádios interioranos. Eu, particularmente, sou um defensor contumaz da fórmula dos pontos corridos, por considerar a mais justa forma para conduzir-se um campeonato. Vence o mais regular e cada jogo assume uma importância vital, ao conferir emoção desde a primeira rodada. Mas no caso dos estaduais, com esse calendário prejudicado pela escassez de datas, é inadmissível ocupar quase o primeiro semestre inteiro, sem contar que atrapalha e muito, equipes que estão na disputa da Taça Libertadores da América e na Copa do Brasil, com muito maior importância para elas.
Qual a solução se a Federação não abre mão de um campeonato longo, com vinte equipes ? Essa fórmula tresloucada em que todos enfrentam-se em um turno único e entediante, onde a classificação para um octagonal final quase sempre recai para os grandes e mais um ou outro interiorano, é um fracasso no quesito emoção. Talvez a solução fosse mudar essa fórmula de disputa, ao adotar o esquema igual ao da Copa do Mundo. Com oito grupos formados por quatro equipes, poder-se-ia dar ao luxo em ter turno e returno, dentro de cada grupo, onde consumir-se-iam, seis datas. Dessa forma, cada grande da capital, poderia ser colocado como cabeça de chave, para ir jogar contra dois pequenos e um médio em seus estádios e recebê-los na capital. Assim, nenhum pequeno deixaria de ver ao menos um enfrentamento contra um grande clube, em suas cidades interioranas.
Com dois classificados em cada grupo, haveria as oitavas-de-final, com mais dois jogos. Claro, com a grande possibilidade de mais equipes pequenas e médias enfrentarem um eventual segundo grande. Nas quartas-de-final, mais dois jogos para definir os classificados. Semi-final com mais dois e a grande final também nesses termos. Dessa forma, em em quatorze datas (hoje em dia, só o turno inicial consome, dezenove !), o campeonato seria resolvido. O campeonato poderia ser iniciado em fevereiro, para dar maior tempo à pré-temporada, sem jogos nos dias de Libertadores e Copa do Brasil, para não prejudicar ninguém e encerrar-se-ia antes do início do Campeonato Brasileiro, ao dar tempo para que todos tivessem um respiro, quiçá para uma intertemporada.
Para efeito de rebaixamento, um novo chaveamento seria composto com os desclassificados e a campanha anterior continuaria a contar no cômputo geral, para não prejudicar os que tiveram desempenho melhor. Politicamente a falar, seria até mais vantajoso para a Federação, pois ao invés de vinte clubes, passaria a englobar trinta e dois, ao fornecer mais doze vagas aos pequenos e portanto, a agradar os dirigentes interioranos que sentir-se-iam ainda mais prestigiados. O argumento contrário, de que poderiam haver poucos clássicos, também não procede, pois no mínimo, haverão dois enfrentamentos com cada rival no campeonato brasileiro e com possibilidade de mais encontros na Copa do Brasil; Taça Libertadores da América e Copa Sulamericana. Sendo assim, é até bom que hajam poucos clássicos no estadual, para não causar uma overdose durante o ano, coisa costumeira no estadual do Rio, com aquela fórmula que adotam. Fica registrada a ideia. O que acha, o amigo leitor e entusiasta do ludopédio ?
Matéria publicada inicialmente no Blog Futebol Apaixonante, do jornalista Thomas Lagôa, no início de 2012.
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