Mesmo tendo um futuro delineado como herdeiro e possível executivo da indústria gerida pela família, desde cedo interessou-se por cultura; literatura, cinema e música, principalmente.
Influenciado fortemente pelos escritores e poetas da geração Beat, assim que chegou à idade adulta, caiu na estrada como sugeria Kerouac em seus textos, e respaldado pelo bolso cheio, ficou anos a perambular por países exóticos da Ásia, quando absorveu cultura e afins.
Mas também cometeu abusos nessa vida libertária ou sob libertinagem, a depender da sua compreensão sobre como pensavam e agiam os beatnicks e por conta disso, ainda muito jovem, adquiriu uma lastimável dependência do álcool e drogas, sobretudo as com teor anfetamínico. Dessa maneira, foi parar em uma clínica de reabilitação, localizada em Zurique, na Suíça, onde submeteu-se a um tratamento baseado na terapia da sonoterapia, que segundo ficou registrado, curou-o dos vícios.
Contudo, nenhum percalço pessoal advindo de suas perturbações físicas e mentais, mudou os seus interesses primordiais e de novo apto para a vida social, voltou à Ásia, onde teve a oportunidade para morar em Nova Déli; na India e Pattaya, na Tailândia.
Em 1972, a sua produção e direção em "Siddhartha" (adaptação do romance escrito por Hermann Hesse) para o cinema, fez sucesso no circuito cinéfilo de arte, no entanto, esta incursão não havia sido a sua primeira experiência no mundo da sétima arte. Isso por que em 1966, lançara : "Chappaqua", um dilacerante filme lisérgico, baseado em suas experiências pessoais com as drogas e principalmente em relação à sua internação.
O filme centra-se nessa internação e as crises de abstinência, os chamados "cold turkeys", onde Rooks usou e abusou da lisergia, ao criar cenas muito perturbadoras.
A história segue o personagem, Russell Harwick (interpretado pelo próprio Conrad Rooks), que é internado à revelia e chega amarrado e em crise, em uma clínica de Paris.
Daí em diante, realidade e alucinação misturam-se, com cenas de intensa lisergia vividas na localidade de Chappaqua, a intercalar-se ao tratamento vivido em Paris. Cabe lembrar que Chappaqua é uma pequena localidade pertencente ao Estado de Nova York e era uma antiga aldeia indígena.
Figuras louquíssimas aparecem. Ravi Shankar como "Sun God", a tocar a sua cítara maravilhosa; o grande escritor Beat em pessoa, William Burroughs (a interpretar : "Opium Jones"), que dispensa comentários; O grande músico jazzista, Ornette Coleman, como "Peyote Eater"; o guru indiano, Swami Satchidananda, a interpretar : "The Guru" e o poeta Beat, Allen Ginsberg, como, "Messiah", além do ator Jean-Louis Barrault, a dar vida para o personagem, "Doutor Benoit", entre outras participações.
Conrad Rooks misturou as suas influências dentro de um grande caldeirão, pois a percepção dele sobre o mundo das drogas, mantém várias conotações paralelas no filme. Quer pelo viés da Beat Generation, quer pelo emergente movimento Hippie que borbulhava à época de seu lançamento do filme.
Foi o encontro entre o libertário pensamento da cerca do não enquadramento no sistema, e consequente "cair na estrada" da vida regado à jazz e anfetaminas, ao mesclar-se à lisergia com pretensão em torno da expansão das fronteiras da mente, ao culminar no enfoque místico e espiritualizado através da milenar cultura indiana e devidamente induzida pela cítara mágica de Ravi Shankar a ressoar em suas ragas.
O filme ganhou o premio do júri do Festival de Veneza em 1966, além de ter tornado-se um item cultuado entre colecionadores e apreciadores da contracultura.
A ideia original de Conrad Rooks para a trilha sonora, foi usar o jazz de Ornette Coleman. Isso foi encomendado ao grande artista, pois de fato, Ornette compôs uma bela suíte chamada : "Suite Chappaqua", mas Rooks optou posteriormente em não utilizá-la na edição final, onde predominou o som da cítara de Ravi Shankar. A banda de Rock "The Fugs", também aparece no filme. Tratava-se de uma banda cujo trabalho era calcado fortemente no deboche, através de suas letras. Inclusive, existem relatórios da CIA, onde The Fugs é tão citado quanto o The Doors, no quesito "periculosidade" ao sistema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário