Na cultura popular brasileira de uma forma geral, a quarta-feira é geralmente associada a feijoada; promoções de frutas & legumes nos supermercados; ingressos de cinema mais baratos, e claro, a rodada de meio de semana dos campeonatos de futebol. Mas de uns anos para cá, criou-se um outro hábito, que motivado por uma série de fatores alheios a vontade geral, tornou as noites de quarta, verdadeiras noites de horror, graças aos berros aterrorizantes; insultos e impropérios descabidos em um ambiente social ideal.
Os fatos são os seguintes : em primeiro lugar, uma rede de TV poderosa, detém o monopólio das transmissões esportivas, há anos. E dessa forma, manipula o espetáculo futebolístico ao seu bel prazer. Portanto, dentro de suas prerrogativas contratuais, mantém o horário das rodadas noturnas de quarta-feira, dentro de seus interesses comerciais, conforme a grade que lhe convém.
Posto isso, as partidas começam no estapafúrdio horário de 22:00 hs, ou seja, após a "novela das oito", que na verdade, começa às nove, em mais um descalabro perpetrado pela poderosa emissora. E daí, com transmissões a começar em pleno horário da Lei de Silêncio, como dizer ao cidadão comum, o torcedor apaixonado, que ele não pode extravasar as suas emoções em grande profusão ?
Sendo assim, com comportamento similar ao das arquibancadas dos estádios, as pessoas berram de suas casas; comemoram os gols de seu times e os de outras partidas que interessa-lhes em termos de classificação ou gols sofridos por times rivais que odeiam. Em grandes cidades, onde a existência de muitos condomínios é gigantesca, os prédios tornam-se verdadeiros campos de batalha verbal.
É muito comum as pessoas marcarem bem as janelas, ao saber quem é torcedor de qual time e daí, a cada gol; cada jogada polêmica; cada resultado sacramentado, o troglodita vai à janela e solta o verbo, em plenos pulmões, a xingar; ofender e provocar...
Como se o berro aterrorizante e o teor das ofensas dirigidas, fossem endereçadas diretamente ao seu desconhecido desafeto (aliás, isso por si só, já seria um absurdo), por não levar em consideração que dentro de um condomínio residencial, existe pessoas a querer descansar após um dia extenuante de trabalho ou estudos (ou ambos !); idosos; pessoas doentes; crianças, animais de estimação que enlouquecem com o barulho infernal...
Isso sem contar o foguetório... o que tem na consciência um cidadão que estoura um rojão na sua janela, a meia-noite de uma quarta-feira que não é "reveillon" (e mesmo que o fosse...) ? Tenho visto em vários edifícios, avisos nos elevadores, com a comunicação expressa de seus respectivos síndicos, a alertar moradores no sentido de não extrapolar em suas manifestações nos jogos de quarta-feira, inclusive ao ameaçar-lhes com multas pecuniárias bem desagradáveis aos seus respectivos bolsos.
Chegamos em um ponto onde não é necessário mais ver pela TV, nem ouvir a tradicional transmissão radiofônica para saber dos resultados da rodada, pois os berros alucinados avisam-nos a cada gol que sai...
Matéria publicada inicialmente no Blog Futebol Apaixonante, do jornalista, Thomas Lagôa, em 2012.
Pois é, eles deveriam interfonar ou ligar para o tal torcedor adversário e berrar diretamente no ouvido dele ao invés de incomodar aqueles que não estão participando dessa batalha verbal!
ResponderExcluirHa ha ha...seria mesmo o ideal ao invés dessa gritaria que inferniza a vizinhança toda, gostando ou não de futebol...
Excluir