Claro e escuro; Yan & Yang, quente e frio... vivemos em meio a um mundo regido pela dualidade, onde os opostos convivem, às vezes não harmonicamente, mas a coexistir simplesmente, e nada podia ser mais antagônico aos tempos mais sombrios do regime autoritário que assolava o Brasil, do que uma luz multicolorida, kaleidoscópica, e que brilhava intensamente no panorama do dial de uma emissora de rádio paulistana entre os idos de 1975 e 1976. Estávamos a viver, apesar do antagonismo político em tom de cinza chumbo, uma Era de Desbunde pós Flower Power, que contrastava com a extrema repressão através de seu viés anti libertário.
Flores; cabelos compridos; cores e sons deviam incomodar os que queriam dominar pela força; aspereza e voz de comando.
Foi nesse contexto em torno de realidades antagônicas que vivia-se o ano de 1975 no Brasil, e uma inesperada luz apareceu de forma inusitada, dentro de uma estação de Rádio AM, controlada por padres católicos.
Nas ondas da Rádio América AM de São Paulo, uma obscura estação perdida no dial das emissoras paulistanas, foi que surgiu o programa : "Kaleidoscópio", um verdadeiro oásis cultural, a difundir Rock; MPB; Teatro; Literatura; Cinema, e qualquer manifestação artística coadunada com as forças aquarianas que estavam a ser duramente combalidas pela matiz cinza do baixo astral político que o Brasil vivia à época. O seu apresentador e produtor foi um rapaz chamado : Jaques Sobretudo Gersgorin, que logo ficou conhecido pela alcunha de : "Jaques Kaleidoscópio".
Extremamente carismático e antenado, cativava o ouvinte "Freak", ao levar informação; entrevistas transadas; música da melhor qualidade, e à medida que o programa pôs-se a ganhar audiência, a criar quadros fixos e noites especiais, dedicadas a um tema único. Quem não lembra-se da sua convidada, conhecida como "teacher", uma garota dona de uma voz sensual, que lia traduções de músicas internacionais ? Ainda lembro-me bem de : "In My Time of Dying", do Led Zeppelin, e "July Morning", do Uriah Heep, nessas noitadas elucidativas...
E quanto às históricas noites de sextas de Lua cheia, onde aconteciam os especiais de Blues ? Na base do boca a boca, artistas foram a divulgar e buscar a sua própria divulgação no programa. Passou a ser comum, atores que acabavam de encenar os seus espetáculos nos teatros da cidade, correrem à Rádio América e fazer a divulgação de suas peças. Músicos apareciam toda noite, e o Jaques lançou muito material até de quem não tinha disco formalmente gravado.
Foi lá que ouvi Maytrea e Silvelena (nossos amigos, Zé Brasil & Silvia Helena, líderes do Apokalypsis); Bendegó; Papa Poluição; Odair Cabeça de Poeta; Sindicato; Tuca; Luli & Lucina...
O Terço lançou o LP "Casa Encantada", e foi no Kaleidoscópio que ouvi o disco pela primeira vez.
O mesmo com "Revolver", do Walter Franco, e "Snegs", do Som Nosso de cada Dia. Foram muitas as noites dedicadas ao Rock Progressivo.
Inesquecíveis madrugadas embaladas pela nata do Prog Rock Italiano e o Krautrock germânico. A MPB de máxima qualidade também era bem representada... Jaques tocava material de Chico; Caetano & Gil, que as outras estações não tocavam, e uma série de novos artistas da safra da metade dos anos setenta, entre os quais, artistas talentosos tais como : Ednardo; Belchior; Fagner e tantos outros...
A abertura do programa em sua vinheta oficial, era um choque térmico para o ouvinte incauto e regular daquela emissora. Subitamente, após uma música qualquer da programação habitual da emissora, eis que à meia noite em ponto, surgia "Massavilha", do Som Nosso de Cada Dia, com seu solo de Mini Moog, absolutamente hipnótico, pilotado pelo saudoso Manito, para anunciando : chegou o som "alta mente / altamente" transado !
Um dos grandes méritos do Jaques à frente de seu programa, foi o tom de sua locução, quase que ao falar diretamente ao ouvinte, como se fosse o seu melhor amigo. Essa sensação de cumplicidade & fraternidade, tinha tudo a ver com o espírito Hippie de compartilhamento, sem mesquinharias, sem distanciamentos. E foi justamente por ter tido tal capacidade para transmitir essa energia, que coadunava-se perfeitamente com os ventos "Woodstockeanos" que ainda sopravam pela terra tupiniquim, que ele cativou os ouvintes, ao fazer deles, companheiros fraternais de uma jornada.
Quem ouviu o Kaleidoscópio pelas madrugadas setentistas e geladas, paulistanas, sentiu-se irmanado, integrado sob uma mesma vibração, e isso, convenhamos, representa uma sensação extremamente difícil para explicar-se aos jovens de hoje em dia, em termos semânticos. A semiótica tropeça na impossibilidade para passar-se a verdadeira sensação que tínhamos nessa experiência radiofônica.
Outro tema musical que foi muito usado como vinheta, tratou-se da canção : "House of the King", do Focus.
A gíria setentista, "Altamente", era usada pelo Jaques em profusão. Mais do que uma expressão, designou uma gama de sentimentos. "Altamente" era também, "Alta Mente", como teria dito Walter Franco em sua costumeira forma de brincar com a sonoridade e os múltiplos sentidos das palavras.
O encerramento do programa, toda noite, revelava-se um momento extremamente mágico. Quase no bater das duas horas da manhã, com a Lua a brilhar; o frio a rasgar e o frio a cortar os ossos, Jaques colocava no ar, o trecho final da magistral obra de Mike Oldfield : "Tubular Bells"... quem conhece bem esse disco, sabe que trata-se de uma obra conceitual, que ocupa o LP inteiro, e no seu trecho final do "lado A" (do antigo disco de vinil), sob um "looping" hipnotizante, Oldfield passa a anunciar em tom de locução, a entrada de cada instrumento, ao executar a mesma frase musical (e que é belíssima !), um verdadeiro mantra, portanto.
Tal como o famoso "Bolero" de Ravel, a música hipnotiza, e conduz o ouvinte sob um transe, e a cada instrumento que entra, a estabelecer um crescente, a envolver ainda mais o ouvinte.
Espertamente, o Jaques usava essa trilha como encerramento, quase a estabelecer um ritual xamânico. Ao improvisar palavras com teor em torno da extrema positividade, e sob uma fala pausada e em tom intimista, deixava o ouvinte em um estado de percepção alterado, no padrão "Alfa".
Dessa forma, extasiados pela massa sonora advinda de duas horas de audição de sons incríveis, além das conversas super interessantes, nesse momento, o relaxamento extrasensorial que ocorria no desfecho, fazia-nos dormir como anjos de um paraíso Hippie, onde tudo era Paz & Amor, de fato.
O programa durou até 1976, na Rádio América, e depois migrou para a Rádio Excelsior, mas a despeito dessa estação ser muito maior e ser também a decantada : "A Máquina do Som", e identificada portanto com o público jovem desde os anos sessenta, na Excelsior, o élan foi perdido, a diluir-se, infelizmente.
Eu, Luiz Domingues em foto de 1975, quando fui ouvinte assíduo do programa : "Kaleidoscópio"
A minha experiência pessoal com o Kaleidoscópio também foi marcada pela extrema importância para a minha formação Rocker, e certamente foi um dos fatores que influenciou-me em minha decisão para vir a tornar-me um músico profissional e aspirar uma carreira artística.
E tudo começou quando em um dia de maio de 1975, um amigo "freak" da escola onde eu estudava na ocasião, abordou-me e disse-me que descobrira um programa de Rádio que só tocava altos sons, e era apresentado por um Hippie, com um padrão de conversação verdadeiramente incrível. Não acreditei em princípio, e tornou-se ainda mais estimulante e quiçá fantasioso, quando ele disse-me ser através de uma estação AM, "careta", que geralmente dedicava o seu espaço à música popularesca e programação religiosa. Mas, para a minha estupefação, fora uma verdade ! No dia seguinte, relatei para esse colega "freak", que tinha ouvido e estava boquiaberto com a descoberta. Dali em diante, passei apuros para acompanhar as entediantes aulas matinais da 7ª série...
Entre 1975 e 1976, estudei sob forte ação do sono, todos os dias, e tornou-se duro prestar atenção nas aulas de Educação Moral e Cívica, após ter passado a madrugada a ouvir a guitarra libertária de Jimi Hendrix. Em tempos de Internet e You Tube, atualmente isso soa como algo extremamente ingênuo, mas a verdade foi : em 1975, não tínhamos acesso a nada, tanto pela falta de tecnologia, quanto pela questão do regime totalitário a coibir; cercear e censurar tudo e todos.
Portanto, ter uma revista como a "Rock, a História e a Glória", a ser vendida nas bancas de jornais e revistas, e ouvir o Kaleidoscópio nas madrugadas, teve um valor extraordinário para nós, Rockers; Freakes & Hippies tupiniquins.
Passou muitos anos e o Jaques sumiu da mídia, em via de regra, todavia, quem viveu a época, lembrava-se com extremo carinho e nas rodas de conversas entre amigos que viveram tal experiência, sempre alguém relatava alguma vivência pessoal sobre o Kaleidoscópio, e o questionamento era levantado por alguém : por onde anda o Jaques ?
Assim que surgiu a Revista "Poeira Zine", em 2003, encantei-me pelo seu poder de resgate; pesquisa e sobretudo pela paixão com a qual o seu editor, Bento Araújo, escrevia as suas matérias. Identificava no seu estilo jornalístico, a mesma redação que lia na velha : "Rock, a História e a Glória". Tornei-me amigo do jornalista, Bento Araújo, e um entusiasta da sua revista. Claro, informalmente dei-lhe sugestões de pauta. Em uma dessas, falei sobre o programa radiofônico, Kaleidoscópio, e sobre a sua importância para a cena setentista, o impacto e a aura de alto astral que o envolvia. Passado o tempo, para a minha surpresa, recebi em um dia do final de 2005, o telefonema do Bento Araújo, para convidar-me a entrevistar o Jaques, em pessoa ! Sob um trabalho de investigação minucioso, ele, Bento, encontrara-o a viver em Pernambuco. E foi assim que encontramo-nos em um restaurante próximo à Avenida Paulista, em São Paulo, e mediante a liberdade que o Bento outorgou-me, munido de meu questionário básico, elaborado previamente, a entrevista transcorreu muito bem.
A matéria foi publicada na edição nº10 (Thin Lizzy, na capa), para a minha satisfação e orgulho.
Nesse mesmo dia, saí desse almoço e fui ao Teatro do Sesc Pompeia prestigiar o Língua de Trapo, que lançava o Box Set / CD, com toda a sua discografia reunida.
No camarim, disse ao meu velho amigo e companheiro de jornadas pregressas, Laert Sarrumor, que havia entrevistado o Jaques, e este autorizara-me a ceder-lhe o seu número de celular. Fã incondicional do Kaleidoscópio, nos anos setenta, como eu, o Laert vibrou e daí materializou-se uma entrevista do Jaques no programa : "Rádio Matraca", produzido e apresentado pelo próprio Laert, na emissora USP FM.
Histórica entrevista de Jaques na USP FM, em visita ao programa : "Rádio Matraca", no ano de 2006, e onde ele comandou um bloco como uma mini edição do Kaleidoscópio, a emocionar-nos. Da esquerda para a direita : Luiz Domingues; Zé Brasil; Bento Araújo; Marcio Ortiz (o técnico de áudio da emissora). Sentados : Alcione Sana; Marcello Bittencourt (diretor da USP FM, na ocasião, e também um grande fã do Kaleidoscópio, nos anos setenta); o grande, Jaques Sobretudo Gersgorin e Laert Sarrumor. Foto : Grace Lagôa
Em abril de 2006, tive o prazer de participar dessa entrevista histórica, acompanhado do meu colega de banda na ocasião (Pedra), Rodrigo Hid; o jornalista Bento Araújo; da fotógrafa Grace Lagôa, e o Jaques, que estava a ser ciceroneado pelo Zé Brasil, líder do Apokalypsis, outro que trabalhou fortemente por esse resgate, também.
Alcione Sana e Laert a entrevistar o Jaques. Ao fundo, Zé Brasil e sua acompanhante, cujo nome não recordo-me, infelizmente. Foto : Grace Lagôa
Ao final, Laert Sarrumor, e sua coprodutora / apresentadora, Alcione Sana, emprestaram o microfone ao Jaques, que comandou uma micro edição do Kaleidoscópio, com direito a "Massavilha"; "House of the King" e "Tubular Bells", como trilha sonora, como nos velhos tempos.
Confraternização final após a entrevista e a mini edição do Kaleidoscópio, trinta anos depois... em pé, da esquerda para a direita : Luiz Domingues; Bento Araújo; Rodrigo Hid; Marcello Bittencourt; Zé Brasil & friend. Sentados : Laert Sarrumor; Alcione Sana; Jaques "Kaleidoscópio" e Marcio Ortiz. Foto : Grace Lagôa
Quando encerrou-se, o Zé Brasil fitou-me e com seus olhos marejados, disse-me que estava a passar um filme na sua mente, com 1975, ali, revivido. Cáspite... eu e Laert Sarrumor também estávamos extasiados, nessa mesma vibração !
Jaques "Kaleidoscópio" em foto de Toni de Gomes para a Revista Poeira Zine, clicada no dia da entrevista que realizei com ele, em outubro de 2005
Esse grande Jaques não havia perdido o seu traquejo... foi uma noite..."altamente" !!
Eis abaixo, o link para ouvir essa edição do programa, "Rádio Matraca, especial com o Jaques, na íntegra.
http://www.radio.usp.br/programa.php?id=20&edicao=060429
Bem, o Kaleidoscópio, na minha percepção pessoal, foi de suma importância na difusão contracultural no Brasil. Mais que um programa disposto a tocar altos e improváveis sons em uma emissora fora de esquadro para apreciadores da nata do Rock, como nós, marcou época, pela incrível demarcação de um alto astral, inigualável.
Foi na verdade, um farol a iluminar a escuridão de um mar revolto em meio a madrugada. .
Foi o nosso porto seguro, em uma época onde a informação fora escassa e o astral reinante, antagônico. Se o Kaleidoscópio espalhava o colorido fraternal da cultura hippie, embalado pelos mais belos sons, foi mais do que necessário em termos de resistência, em contraste com aquela atmosfera cinza que o Brasil enfrentava.
Foto : Toni de Gomes
Jaques teve a perspicácia de ser esse homem no farol para uma geração que sonhou com a fraternidade aquariana em meio ao caos opositor. Sou-lhe eternamente grato pela sua atuação com o Kaleidoscópio, e muito orgulho-me em ter tido nesse episódio da minha vida, ali entre 1975 e 1976, um pilar forte para que eu confirmasse todas as minhas convicções culturais / contraculturais, e ser o que sou.
Alcione Sana; Marcello Bittencourt; Jaques Kaleidoscópio e Laert Sarrumor. Ao fundo, Zé Brasil. Foto : Grace Lagôa
Grato por tudo, amigo Jaques Sobretudo Gersgorin, popular "Jaques Kaleidoscópio".
O trecho final de Tubular Bells, de Mike Oldfield, trilha usada pelo Jaques para fazer os ouvintes viajar através das portas da percepção......
A charge usada como ilustração desta minha matéria, é de autoria de José Nogueira, e foi publicada originalmente no Site : "A Barata", para ilustrar uma matéria escrita pelo seu editor, Luiz "Barata" Cichetto sobre o programa Kaleidoscópio, e sim, o Luiz "Barata" também é um grande fã desse histórico programa setentista.
Foto : Toni de Gomes
Matéria publicada inicialmente no Blog Limonada Hippie em 2012
Foi nesse contexto em torno de realidades antagônicas que vivia-se o ano de 1975 no Brasil, e uma inesperada luz apareceu de forma inusitada, dentro de uma estação de Rádio AM, controlada por padres católicos.
Nas ondas da Rádio América AM de São Paulo, uma obscura estação perdida no dial das emissoras paulistanas, foi que surgiu o programa : "Kaleidoscópio", um verdadeiro oásis cultural, a difundir Rock; MPB; Teatro; Literatura; Cinema, e qualquer manifestação artística coadunada com as forças aquarianas que estavam a ser duramente combalidas pela matiz cinza do baixo astral político que o Brasil vivia à época. O seu apresentador e produtor foi um rapaz chamado : Jaques Sobretudo Gersgorin, que logo ficou conhecido pela alcunha de : "Jaques Kaleidoscópio".
Extremamente carismático e antenado, cativava o ouvinte "Freak", ao levar informação; entrevistas transadas; música da melhor qualidade, e à medida que o programa pôs-se a ganhar audiência, a criar quadros fixos e noites especiais, dedicadas a um tema único. Quem não lembra-se da sua convidada, conhecida como "teacher", uma garota dona de uma voz sensual, que lia traduções de músicas internacionais ? Ainda lembro-me bem de : "In My Time of Dying", do Led Zeppelin, e "July Morning", do Uriah Heep, nessas noitadas elucidativas...
E quanto às históricas noites de sextas de Lua cheia, onde aconteciam os especiais de Blues ? Na base do boca a boca, artistas foram a divulgar e buscar a sua própria divulgação no programa. Passou a ser comum, atores que acabavam de encenar os seus espetáculos nos teatros da cidade, correrem à Rádio América e fazer a divulgação de suas peças. Músicos apareciam toda noite, e o Jaques lançou muito material até de quem não tinha disco formalmente gravado.
Foi lá que ouvi Maytrea e Silvelena (nossos amigos, Zé Brasil & Silvia Helena, líderes do Apokalypsis); Bendegó; Papa Poluição; Odair Cabeça de Poeta; Sindicato; Tuca; Luli & Lucina...
O Terço lançou o LP "Casa Encantada", e foi no Kaleidoscópio que ouvi o disco pela primeira vez.
O mesmo com "Revolver", do Walter Franco, e "Snegs", do Som Nosso de cada Dia. Foram muitas as noites dedicadas ao Rock Progressivo.
Inesquecíveis madrugadas embaladas pela nata do Prog Rock Italiano e o Krautrock germânico. A MPB de máxima qualidade também era bem representada... Jaques tocava material de Chico; Caetano & Gil, que as outras estações não tocavam, e uma série de novos artistas da safra da metade dos anos setenta, entre os quais, artistas talentosos tais como : Ednardo; Belchior; Fagner e tantos outros...
A abertura do programa em sua vinheta oficial, era um choque térmico para o ouvinte incauto e regular daquela emissora. Subitamente, após uma música qualquer da programação habitual da emissora, eis que à meia noite em ponto, surgia "Massavilha", do Som Nosso de Cada Dia, com seu solo de Mini Moog, absolutamente hipnótico, pilotado pelo saudoso Manito, para anunciando : chegou o som "alta mente / altamente" transado !
Um dos grandes méritos do Jaques à frente de seu programa, foi o tom de sua locução, quase que ao falar diretamente ao ouvinte, como se fosse o seu melhor amigo. Essa sensação de cumplicidade & fraternidade, tinha tudo a ver com o espírito Hippie de compartilhamento, sem mesquinharias, sem distanciamentos. E foi justamente por ter tido tal capacidade para transmitir essa energia, que coadunava-se perfeitamente com os ventos "Woodstockeanos" que ainda sopravam pela terra tupiniquim, que ele cativou os ouvintes, ao fazer deles, companheiros fraternais de uma jornada.
Quem ouviu o Kaleidoscópio pelas madrugadas setentistas e geladas, paulistanas, sentiu-se irmanado, integrado sob uma mesma vibração, e isso, convenhamos, representa uma sensação extremamente difícil para explicar-se aos jovens de hoje em dia, em termos semânticos. A semiótica tropeça na impossibilidade para passar-se a verdadeira sensação que tínhamos nessa experiência radiofônica.
Outro tema musical que foi muito usado como vinheta, tratou-se da canção : "House of the King", do Focus.
A gíria setentista, "Altamente", era usada pelo Jaques em profusão. Mais do que uma expressão, designou uma gama de sentimentos. "Altamente" era também, "Alta Mente", como teria dito Walter Franco em sua costumeira forma de brincar com a sonoridade e os múltiplos sentidos das palavras.
O encerramento do programa, toda noite, revelava-se um momento extremamente mágico. Quase no bater das duas horas da manhã, com a Lua a brilhar; o frio a rasgar e o frio a cortar os ossos, Jaques colocava no ar, o trecho final da magistral obra de Mike Oldfield : "Tubular Bells"... quem conhece bem esse disco, sabe que trata-se de uma obra conceitual, que ocupa o LP inteiro, e no seu trecho final do "lado A" (do antigo disco de vinil), sob um "looping" hipnotizante, Oldfield passa a anunciar em tom de locução, a entrada de cada instrumento, ao executar a mesma frase musical (e que é belíssima !), um verdadeiro mantra, portanto.
Tal como o famoso "Bolero" de Ravel, a música hipnotiza, e conduz o ouvinte sob um transe, e a cada instrumento que entra, a estabelecer um crescente, a envolver ainda mais o ouvinte.
Espertamente, o Jaques usava essa trilha como encerramento, quase a estabelecer um ritual xamânico. Ao improvisar palavras com teor em torno da extrema positividade, e sob uma fala pausada e em tom intimista, deixava o ouvinte em um estado de percepção alterado, no padrão "Alfa".
Dessa forma, extasiados pela massa sonora advinda de duas horas de audição de sons incríveis, além das conversas super interessantes, nesse momento, o relaxamento extrasensorial que ocorria no desfecho, fazia-nos dormir como anjos de um paraíso Hippie, onde tudo era Paz & Amor, de fato.
O programa durou até 1976, na Rádio América, e depois migrou para a Rádio Excelsior, mas a despeito dessa estação ser muito maior e ser também a decantada : "A Máquina do Som", e identificada portanto com o público jovem desde os anos sessenta, na Excelsior, o élan foi perdido, a diluir-se, infelizmente.
Eu, Luiz Domingues em foto de 1975, quando fui ouvinte assíduo do programa : "Kaleidoscópio"
A minha experiência pessoal com o Kaleidoscópio também foi marcada pela extrema importância para a minha formação Rocker, e certamente foi um dos fatores que influenciou-me em minha decisão para vir a tornar-me um músico profissional e aspirar uma carreira artística.
E tudo começou quando em um dia de maio de 1975, um amigo "freak" da escola onde eu estudava na ocasião, abordou-me e disse-me que descobrira um programa de Rádio que só tocava altos sons, e era apresentado por um Hippie, com um padrão de conversação verdadeiramente incrível. Não acreditei em princípio, e tornou-se ainda mais estimulante e quiçá fantasioso, quando ele disse-me ser através de uma estação AM, "careta", que geralmente dedicava o seu espaço à música popularesca e programação religiosa. Mas, para a minha estupefação, fora uma verdade ! No dia seguinte, relatei para esse colega "freak", que tinha ouvido e estava boquiaberto com a descoberta. Dali em diante, passei apuros para acompanhar as entediantes aulas matinais da 7ª série...
Entre 1975 e 1976, estudei sob forte ação do sono, todos os dias, e tornou-se duro prestar atenção nas aulas de Educação Moral e Cívica, após ter passado a madrugada a ouvir a guitarra libertária de Jimi Hendrix. Em tempos de Internet e You Tube, atualmente isso soa como algo extremamente ingênuo, mas a verdade foi : em 1975, não tínhamos acesso a nada, tanto pela falta de tecnologia, quanto pela questão do regime totalitário a coibir; cercear e censurar tudo e todos.
Portanto, ter uma revista como a "Rock, a História e a Glória", a ser vendida nas bancas de jornais e revistas, e ouvir o Kaleidoscópio nas madrugadas, teve um valor extraordinário para nós, Rockers; Freakes & Hippies tupiniquins.
Passou muitos anos e o Jaques sumiu da mídia, em via de regra, todavia, quem viveu a época, lembrava-se com extremo carinho e nas rodas de conversas entre amigos que viveram tal experiência, sempre alguém relatava alguma vivência pessoal sobre o Kaleidoscópio, e o questionamento era levantado por alguém : por onde anda o Jaques ?
Assim que surgiu a Revista "Poeira Zine", em 2003, encantei-me pelo seu poder de resgate; pesquisa e sobretudo pela paixão com a qual o seu editor, Bento Araújo, escrevia as suas matérias. Identificava no seu estilo jornalístico, a mesma redação que lia na velha : "Rock, a História e a Glória". Tornei-me amigo do jornalista, Bento Araújo, e um entusiasta da sua revista. Claro, informalmente dei-lhe sugestões de pauta. Em uma dessas, falei sobre o programa radiofônico, Kaleidoscópio, e sobre a sua importância para a cena setentista, o impacto e a aura de alto astral que o envolvia. Passado o tempo, para a minha surpresa, recebi em um dia do final de 2005, o telefonema do Bento Araújo, para convidar-me a entrevistar o Jaques, em pessoa ! Sob um trabalho de investigação minucioso, ele, Bento, encontrara-o a viver em Pernambuco. E foi assim que encontramo-nos em um restaurante próximo à Avenida Paulista, em São Paulo, e mediante a liberdade que o Bento outorgou-me, munido de meu questionário básico, elaborado previamente, a entrevista transcorreu muito bem.
A matéria foi publicada na edição nº10 (Thin Lizzy, na capa), para a minha satisfação e orgulho.
Nesse mesmo dia, saí desse almoço e fui ao Teatro do Sesc Pompeia prestigiar o Língua de Trapo, que lançava o Box Set / CD, com toda a sua discografia reunida.
No camarim, disse ao meu velho amigo e companheiro de jornadas pregressas, Laert Sarrumor, que havia entrevistado o Jaques, e este autorizara-me a ceder-lhe o seu número de celular. Fã incondicional do Kaleidoscópio, nos anos setenta, como eu, o Laert vibrou e daí materializou-se uma entrevista do Jaques no programa : "Rádio Matraca", produzido e apresentado pelo próprio Laert, na emissora USP FM.
Histórica entrevista de Jaques na USP FM, em visita ao programa : "Rádio Matraca", no ano de 2006, e onde ele comandou um bloco como uma mini edição do Kaleidoscópio, a emocionar-nos. Da esquerda para a direita : Luiz Domingues; Zé Brasil; Bento Araújo; Marcio Ortiz (o técnico de áudio da emissora). Sentados : Alcione Sana; Marcello Bittencourt (diretor da USP FM, na ocasião, e também um grande fã do Kaleidoscópio, nos anos setenta); o grande, Jaques Sobretudo Gersgorin e Laert Sarrumor. Foto : Grace Lagôa
Em abril de 2006, tive o prazer de participar dessa entrevista histórica, acompanhado do meu colega de banda na ocasião (Pedra), Rodrigo Hid; o jornalista Bento Araújo; da fotógrafa Grace Lagôa, e o Jaques, que estava a ser ciceroneado pelo Zé Brasil, líder do Apokalypsis, outro que trabalhou fortemente por esse resgate, também.
Alcione Sana e Laert a entrevistar o Jaques. Ao fundo, Zé Brasil e sua acompanhante, cujo nome não recordo-me, infelizmente. Foto : Grace Lagôa
Ao final, Laert Sarrumor, e sua coprodutora / apresentadora, Alcione Sana, emprestaram o microfone ao Jaques, que comandou uma micro edição do Kaleidoscópio, com direito a "Massavilha"; "House of the King" e "Tubular Bells", como trilha sonora, como nos velhos tempos.
Confraternização final após a entrevista e a mini edição do Kaleidoscópio, trinta anos depois... em pé, da esquerda para a direita : Luiz Domingues; Bento Araújo; Rodrigo Hid; Marcello Bittencourt; Zé Brasil & friend. Sentados : Laert Sarrumor; Alcione Sana; Jaques "Kaleidoscópio" e Marcio Ortiz. Foto : Grace Lagôa
Quando encerrou-se, o Zé Brasil fitou-me e com seus olhos marejados, disse-me que estava a passar um filme na sua mente, com 1975, ali, revivido. Cáspite... eu e Laert Sarrumor também estávamos extasiados, nessa mesma vibração !
Jaques "Kaleidoscópio" em foto de Toni de Gomes para a Revista Poeira Zine, clicada no dia da entrevista que realizei com ele, em outubro de 2005
Esse grande Jaques não havia perdido o seu traquejo... foi uma noite..."altamente" !!
Eis abaixo, o link para ouvir essa edição do programa, "Rádio Matraca, especial com o Jaques, na íntegra.
http://www.radio.usp.br/programa.php?id=20&edicao=060429
Bem, o Kaleidoscópio, na minha percepção pessoal, foi de suma importância na difusão contracultural no Brasil. Mais que um programa disposto a tocar altos e improváveis sons em uma emissora fora de esquadro para apreciadores da nata do Rock, como nós, marcou época, pela incrível demarcação de um alto astral, inigualável.
Foi na verdade, um farol a iluminar a escuridão de um mar revolto em meio a madrugada. .
Foi o nosso porto seguro, em uma época onde a informação fora escassa e o astral reinante, antagônico. Se o Kaleidoscópio espalhava o colorido fraternal da cultura hippie, embalado pelos mais belos sons, foi mais do que necessário em termos de resistência, em contraste com aquela atmosfera cinza que o Brasil enfrentava.
Foto : Toni de Gomes
Jaques teve a perspicácia de ser esse homem no farol para uma geração que sonhou com a fraternidade aquariana em meio ao caos opositor. Sou-lhe eternamente grato pela sua atuação com o Kaleidoscópio, e muito orgulho-me em ter tido nesse episódio da minha vida, ali entre 1975 e 1976, um pilar forte para que eu confirmasse todas as minhas convicções culturais / contraculturais, e ser o que sou.
Alcione Sana; Marcello Bittencourt; Jaques Kaleidoscópio e Laert Sarrumor. Ao fundo, Zé Brasil. Foto : Grace Lagôa
Grato por tudo, amigo Jaques Sobretudo Gersgorin, popular "Jaques Kaleidoscópio".
A charge usada como ilustração desta minha matéria, é de autoria de José Nogueira, e foi publicada originalmente no Site : "A Barata", para ilustrar uma matéria escrita pelo seu editor, Luiz "Barata" Cichetto sobre o programa Kaleidoscópio, e sim, o Luiz "Barata" também é um grande fã desse histórico programa setentista.
Foto : Toni de Gomes
Matéria publicada inicialmente no Blog Limonada Hippie em 2012
Infelizmente não acompanhei esse programa de rádio e através de seu texto "altamente" poético e apaixonante senti uma vibe incrível, um bálsamo no coração. Incrível como sentimentos são contagiosos.
ResponderExcluirQue maravilha para mim saber de alguém que não viveu a emoção de ouvir o Kaleidoscópio na época, tenha sentido a vibe, através da minha descrição via texto.
ExcluirIsso muito gratifica-me como cronista.
O grande barato é resgatar tal sentimento e resgatá-lo. É a minha determinação, que vai muito além do mero registro nostálgico.
Grato por ler e comentar !!
Tambem rebobinou um filme aqui na minha cabeça, Luiz. Trilha sonora e imagens voando juntas "nas asas da grauna", como dizia o Jacques !
ResponderExcluirFantástica matéria .
Sidnei, nossas lembranças setentistas são iguais, sei disso, e já conversamos a respeito em redes sociais, e até pessoalmente.
ExcluirNas "Asas da Graúna", muito bem lembrado e de fato, o Jaques tinha uma ligação forte com o Henfil, outro ícone setentista que tínhamos.
Maravilha que tenha gostado...altamente !!
Adorei o texto: traz lembranças a quem viveu a época e é bem explicativo pra quem não viveu. O programa Kaleidoscópio não conheci, só a Máquina do Som.
ResponderExcluirOi, Laila !
ExcluirMuito bom receber sua visita em meu Blog !!
Fico muito feliz que minha matéria tenha lhe dado um bom apanhado do que representou o Kaleidoscópio para nós que o acompanhamos à época.
Visite sempre o meu Blog que está à sua disposição !
Luiz, foi como estivesse eu num "self safari". Estar vivendo uma situação onde o personagem da historia são boas lembranças e recordações de um passado conhecido é arrepiante. E, em nome dessa sensação que voce Luiz Domingues me disponibilizou, muitos muito obrigado. Sou seu fã. Altamente, Bjaqs.
ResponderExcluirMas que honra e prazer ter um comentário do grande Jaques em meu Blog !
ResponderExcluirMeu caro, este texto e a repercussão decorrente é mérito inteiramente seu. A importância que o Kaleidoscópio teve na vida de toda uma geração, é inestimável.
Foi falado numa rede social que a grande sacada do programa era o astral que você soube captar e repassar aos ouvintes, como ninguém, e eu concordo com tal colocação. Se a trilha sonora era de altíssimo padrão, porque ali no meio da década de setenta isso era um padrão, havia todo um astral de finzinho de Era Hippie que chegara com atraso no Brasil, e esse astral contracultural, pleno de desbunde, era o grande barato do programa.
E, tenho dúvidas se mesmo com essas condições ideais, teria dado certo com outro apresentador e nesse sentido, o comentário na rede social foi cirúrgico : de fato, concordo com o que foi dito, ou seja, o mérito do Jaques foi total para esse sucesso.
E como acréscimo, te digo que o legado foi muito grande, e uma quantidade de enorme de pessoas tem no Kaleidoscópio, uma influência gigantesca em sua formação pessoal, incluso eu mesmo, naturalmente.
Você é meu fã ? Caramba, Jaques...se uma vidente tivesse me dito que isso aconteceria no futuro, lá nos idos de 1975, eu não acreditaria !!
Tremenda realização para mim, ouvir um elogio vindo de você, que tanto me influenciou positivamente na década de setenta.
Altamente !!
Abração, mestre !!
Este programa me tronou contribuiu enormemente para a minha formação musical de ouvinte de roque.., sendo estudante do colegial, ficava acordado ate meia noite com meu radinho de pilha para ouvir o programa ..ótimos tempos, no outro dia comentava o programa com meus amigos ,,outra gíria usada pelo Jacques era Altamente e numas, realmente o final era com tubular bells ou as vezes terminava também com kraftwerk Kometenmelodie 2 o disco autoban > E hoje graças a Deus e ao Jacques tenho todos esses discos que ele tocava na minha coleção..ahh pelo meu amior ao radinhi de oilha , deois troquei por um radio philco transglobe e ingrssei no curso de engenharia eletrônica...Vejam como um bom programa pode influenciar na vida de uma pessoa..
ResponderExcluirQue satisfação eu tive em ler seu comentário, caro Edison Tadeu !!
ExcluirO que relatou é muito semelhante ao que eu também vivi naqueles anos, ouvindo o Kaleidoscópio pelas madrugadas avante e sonhando com um mundo melhor.
A trilha sonora clássica do encerramento do programa era mesmo o "Tubullar Bells" do Mike Oldfield, mas você tem razão, às vezes usava-se o Kraftwerk que citou, além do Focus ("House of the King").
Achei o máximo você afirmar que isso transformou a sua vida. Saiba, que mudou a minha, também !!
Bem, o Blog é seu, visite-o sempre. Garimpando, tem muitas matérias guardadas no arquivo, sobre múltiplos assuntos relacionados à esse assunto e época.
Grande abraço !!
Inacreditável poder voltar no tempo e relembrar minha juventude com toda a inquietude nos marcava. Parabéns!
ResponderExcluirOlá, Oscar !
ExcluirAntes de mais nada, agradeço-lhe pela visita ao meu Blog. Sobre o que observou, fiquei muito feliz por saber que a matéria despertou-lhe tamanha nostalgia. Certamente que compartilhamos das mesmas lembranças e muito bem observado por você, com a inquietude que moveu-nos para frente.
Visite sempre o meu Blog, e inclusive, já aviso-lhe que existem outras matérias com o mesmo teor, a abordar ícones da contracultura e cultura em geral das décadas de cinquenta; sessenta e setenta, principalmente.
Grato por ter lido, comentado e elogiado !
Um grande abraço !
Nossa que maravilha encontrar o Jacques e o kaleidoscopio novamente, e como se fosse!
ResponderExcluirChegar de madrugada ligar o radinho, muitas vzs ficávamos na rua eu e amigos ouvindo debaixo de um frio muita neblina me lembro bem disso.abs
Olá, amigo!
ExcluirEstou feliz por saber que visitou o meu Blog e apreciou a matéria. E também muito contente por encontrar mais um amigo que viveu intensamente a mesmo experiência mágica que eu tive ao ter sido um ouvinte assíduo do Kaleidoscópio, que certamente mudou a minha vida.
Exatamente isso, frio de rachar, alta madrugada e muitas vezes a escutar entre amigos, dentro de um carro sob neblina, também passei por tal experiência e certamente que a vibração era de um astral altíssimo.
Grato pela sua visita e fica a dica: há muitas matérias correlatas a trazer lembranças sobre as décadas de 1960 & 1970, sob a ótica da contracultura & afins. Basta procurar no arquivo. Ficarei honrado com mais visitas de sua parte.
Abraço, amigo!
rapaiz! naqueles duros anos 70, era muito legal curtir o kaleidoscopio.
ResponderExcluirBem chapado, curtia aquele som até dormir. Às vezes, tava muito louco, ligava o rádio e já pegava no sono. Por influência dele, comprei muitos discos. E chamava os amigos para ouvirem. Valeu! Salve, Jacques!
Olá, amigo!
ExcluirFiquei contente por saber que veio ao meu Blog atraído por essa matéria! Compartilhamos das mesmas lembranças boas, certamente, identifiquei-me de imediato com tudo o que você descreveu em sua manifestação.
Visite sempre o Blog, tenho mais matérias a relembrar fatos e assuntos com o mesmo teor, a abordar aspectos da contracultura; movimento Hippie, as décadas de 1960 & 1970, Rock e afins.
Valeu, viva o Kaleidoscópio!
Cara que loko, comentei a pouco tempo com um amigo sobre KALEIDOSCÓPIO.
ResponderExcluironde ouvi pela primeira vez, Pink Floyd: The Piper at the Gates of Dawn.
Pensei ser o ultimo dinossauro de ter escutado programa maravilhoso, muita saudades...! Valeu muito Jacques. Obrigado.
Olá, amigo!
ExcluirSensacional a sua participação com reminiscências que são tão parecidas com as minhas e de diversas pessoas que aqui se manifestaram, igualmente. De fato, o Kaleidoscópio representou tudo isso que você mencionou com propriedade. tivemos acesso a uma série de sons e artistas incríveis, abrimos a mente em meio às divagações mais profundas e sob tal astral altamente, a nossa alta mente entrou em funcionamento, a vibrar intensamente.
Visite sempre o meu Blog, fiquei muito feliz por sua manifestação. Tenho outras matérias com assuntos correlatos, que tenho certeza, você haverá por apreciar.
Forte abraço!
Quem ouviu não esquece mais. Som Nosso, Milton Dylan. Anos duros sem liberdade sem nada. E pensar que agora um bando de idiotas querem os milicos, ou melhor querem os milicianos.
ResponderExcluirOlá, Simão!
ExcluirPerfeito, embalados por esses sons que mencionou, a respirar o ar da aspiração pela liberdade, pela arte, pela beleza e sobretudo a sonhar com a possibilidade da fraternidade total entre os homens, a vivermos como irmãos. Vivíamos também anos cinzentos por conta dos opositores aos nossos ideais, e como você observou, e com tristeza observamos novamente nuvens cinzentas, na atualidade, como você destacou.
Cabe a nós que buscamos a alta mente, de forma altamente, resgatar essa vibração boa que o kaleidoscópio tanto nos propiciou.
Grato pela sua visita ao meu blog! Tenho mais matérias com teor correlato, procure no arquivo, leia e interaja!
Abração, amigo!
Grandes e boas lembranças das noites de 1975, Rádio América/SP.
ResponderExcluirTinha eu 18 anos e o rock progressivo me atirou contra a parede, me acertou na cabeça e fiquei chapado. Uma volta no tempo e não esquecer de saudar hoje esse fenomenal Jaques Gersgorin. Além das boas lembranças musicais dos amigos, mais essas : Dolcissima Maria PFM https://www.youtube.com/watch?v=QbfLCTvtF5Y
Beatles em uma Jam session cantando The house of rising sun do Animals : https://www.youtube.com/watch?v=3y0KLW8GhA4 Supertramp - School https://www.youtube.com/watch?v=xaGwEe1VqwQ
Olá, Carlos!
ExcluirAntes de mais nada, quero agradecer pela sua vista e interação com o Blog, sobretudo ao trazer a sua lembrança pessoal e engrandecer o debate sobre o grande Kalidoscópio. A rigor, tudo o que você observou com tanta precisão e emoção, eu e todos os que aqui se manifestaram, vivemos, igualmente. Portanto, eu fico muito feliz por saber que tantos anos depois, a nossa confraria está unida, firme e forte e a vibrar na mesmo energia que o Jaques nos propiciava naquelas noites mágicas de 1975 e 1976, principalmente.
Grato pela menção às canções, com links, de fato, todas elas tiveram muito a ver com essa atmosfera, altamente/ alta mente.
Tenho mais matérias com abordagem sobre signos sessenta-setentistas e correlatas ao Kaleidoscópio. Ficarei feliz se você ler esse material todo, igualmente e se possível, manifestar-se, para trazer as suas impressões, e assim, enriquecer a nossa memória.
Forte abraço!
Isso era uma aula sobre rock em particular para poucos
ResponderExcluirOI LUIZ! EM 1975 COM 17 ANOS A PALAVRA FUSION OU JAZZ ROCK ENTROU NO MEU OUVIDO ATRAVÉS DO PROGRAMA KALEIDOSCÓPIO.FIQUEI VIDRADO POR CHIC COREA TOCANDO NITE SPRITE.MAS O PROGRAMA TINHA O MELHOR DE TUDO DE MPB A ROCK CHUCRUTE (TANGERINE DREAM) E ATÉ MÚSICA CLASSICA. JUVENAL BISPO
ResponderExcluirCaraca!!! esta matéria me fez viajar no tempo, aos 2 anos ( 75/76) em que conduzi as pickups, nos bailinhos de garagem,(na Vila Alpina e região) onde só rolava rock&roll, dançar colado nos meus bailes, só com balada rocker, haha Quantas noites, só consegui dormir, depois dos sinos de Tubular Bells, se calarem.Gratidão pela matéria!!!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluiremocionada demais com o conteudo deste blog, que é fruto de muita andança, busca, aventura, vontade, pesquisa, contato, alianças... Fui ouvinte do Kaleidoscopio com 12 anos! varava noites curtindo e viajando com a melhor programação de sons prog, hard, mpb alternativa, contracultura já apresentada. Sou filha de mãe musicista e tanto o Jacques como meu irmão foram meus mentores para formar minha cabeça musicalmente. Meu irmão tb era um pesquisador de equipamentos de som vintage, aprendi com ele a pilotar gravadores de rolo, fazer mixagens para gravar fiitas k7, e qdo. me tornei musicista, tudo o que ouvi no Kaleidoscopio, somado ao que minha mãe tocava e ouvia e ao que meu irmão me apresentava, me transformaram num ser destampado e com a alma e cabeça repletos de sons e imagens sem fronteiras nem limites! E qual não foi minha emoção MOR qdo. prestes a ver os senhores de terno entrarem no palco do Espaço das Américas poucos anos atrás, vejo sentado na fileira detrás da minha uma entidade com a qual, após 5 segundos de olhos nos olhos e algumas palavras, se constelou para mim como o Jacques Sobretudo Gersgorin! ali, tão ou muuuuuuito mais ansioso do que euzinha para ver o impecavelmente genial King Crimson. Bem, ao final daquela noite, só pude dizer com muita certeza; "agora o mundo pode acabar". Gratidão ao Luiz pelo blog, ao Jacques por alimentar-me de imagens sonoras e sons imagéticos e ao Universo por me proporcionar estar atenta e cruzar com ele e seu Kaleidoscópio em minha jornada na Terra! Gratidão Gratidão Gratidão.....................
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