O sentido da
boa música, expresso através de um artista influenciado por múltiplas tendências,
é perfeitamente apresentado no álbum: “Não Sou da Tribo”, obra do
multi-instrumentista; compositor e cantor, Davi Matz, um gaúcho nascido na
cidade de Pelotas e radicado em Joaçaba, no oeste de Santa Catarina, há muitos
anos.
Jovem (ele tem apenas 31 anos de idade, neste momento de 2019), é no entanto muito experiente na música, visto ter começado a sua carreira ainda no início da adolescência.
Da discoteca excelente de sua família, Davi cresceu a ouvir somente artistas bons, oriundos de diversos vertentes. De Simon & Garfunkel a Belchior, de Tarancón a Zé Geraldo, Milton Nascimento, Chico Buarque, Secos & Molhados e muito mais,
Matz pôs-se a formatar a sua musicalidade a ouvir música com qualidade indiscutível e concomitantemente a estudar muitos instrumentos.
Posteriormente veio o contato com o Samba e logo a seguir, o Rock e a sua raiz primordial do Blues. Não demorou muito e tomou gosto pela Folk-Music, e entenda-se o Folk pela amplitude do termo, ou seja, a abranger a música étnica e folclórica de diversas partes do Brasil e logo a ultrapassar as fronteiras e abraçar a América Latina e a seguir, o planeta inteiro.
Portanto, com essa riqueza toda a borbulhar em sua percepção cultural bem abrangente, aliado aos estudos em torno de muitos instrumentos musicais, somou-se o seu talento natural, e assim, a química explosiva a envolver tantos ingredientes bons, só poderia redundar em formar um artista preparado para dar o seu recado com qualidade e contundência.
Jovem (ele tem apenas 31 anos de idade, neste momento de 2019), é no entanto muito experiente na música, visto ter começado a sua carreira ainda no início da adolescência.
Da discoteca excelente de sua família, Davi cresceu a ouvir somente artistas bons, oriundos de diversos vertentes. De Simon & Garfunkel a Belchior, de Tarancón a Zé Geraldo, Milton Nascimento, Chico Buarque, Secos & Molhados e muito mais,
Matz pôs-se a formatar a sua musicalidade a ouvir música com qualidade indiscutível e concomitantemente a estudar muitos instrumentos.
Posteriormente veio o contato com o Samba e logo a seguir, o Rock e a sua raiz primordial do Blues. Não demorou muito e tomou gosto pela Folk-Music, e entenda-se o Folk pela amplitude do termo, ou seja, a abranger a música étnica e folclórica de diversas partes do Brasil e logo a ultrapassar as fronteiras e abraçar a América Latina e a seguir, o planeta inteiro.
Portanto, com essa riqueza toda a borbulhar em sua percepção cultural bem abrangente, aliado aos estudos em torno de muitos instrumentos musicais, somou-se o seu talento natural, e assim, a química explosiva a envolver tantos ingredientes bons, só poderia redundar em formar um artista preparado para dar o seu recado com qualidade e contundência.
O seu mais
recente álbum, não é o primeiro de sua carreira (anteriormente, ele já havia lançado: “Contos de Algum Tempo e Lugar”, em 2013, além de ter sido componente do grupo: “Trigo”).
Então, o seu novo trabalho, chama-se: “Não Sou da Tribo”, onde apresenta-nos uma coleção de canções bem melódicas, onde ele toca a maioria dos instrumentos de cordas e deixa apenas a bateria & percussão, além de outras pequenas intervenções para o convidado especial e também produtor de estúdio do disco, Artur Lunardi, atuar. Há igualmente a participação de mais dois músicos convidados, com menor participação, embora importantes, certamente, caso de Rodrigo Cerino e Ricardo Massucato.
Então, o seu novo trabalho, chama-se: “Não Sou da Tribo”, onde apresenta-nos uma coleção de canções bem melódicas, onde ele toca a maioria dos instrumentos de cordas e deixa apenas a bateria & percussão, além de outras pequenas intervenções para o convidado especial e também produtor de estúdio do disco, Artur Lunardi, atuar. Há igualmente a participação de mais dois músicos convidados, com menor participação, embora importantes, certamente, caso de Rodrigo Cerino e Ricardo Massucato.
O álbum traz
em sua essência, uma docilidade, inclusive pelo teor das letras, a buscar na
poesia um elo forte, no entanto, há uma maior acidez em alguns pontos, quando
Matz usou um discurso mais incisivo ao tecer críticas em nível social, e aliás, o
próprio título do álbum (e que dá nome a uma canção, igualmente), sugere tal teor,
pois “Eu Não Sou da Tribo” remonta a uma reflexão sobre a crescente massificação que
observamos sob diversos parâmetros na sociedade e mesmo em questões pueris, é
muito assustador verificar o quanto a formação de opinião pode manipular as
pessoas e nesses termos, eu concordo inteiramente com Matz e dessa forma, não ser um membro da
tribo é a escolha mais saudável.
A respeito
da capa, a ilustração é bonita em sua simplicidade. Um escaravelho repousado
por um fundo de cor indefinida, entre o marrom claro e o âmbar e a conter duas faixas, com dizeres, feitas por uma máquina de
escrever em fitas, com a presença de relevo, algo bem típico dos anos 1970, a nomear o disco e o nome do
artista.
O escaravelho, segundo a explicação que o próprio artista concedeu-me em uma conversa informal que tivemos, foi a sua opção para denotar a ideia de um inseto resistente, que mostra-se alheio em relação a histeria coletiva imposta à massa e ao mesmo tempo, mostra-se pacífico e discreto, sem propensão a incomodar os seres humanos ou quaisquer outros seres, ou seja, não foi a toa que tal criatura teve um significado cultural e místico importante na história do antigo Egito, por exemplo.
O disco foi lançado apenas em formato virtual, inicialmente, mas o artista pretende lançá-lo em plataforma física, em breve. Sobre as canções, vale a pena destacar as seguintes observações:
O escaravelho, segundo a explicação que o próprio artista concedeu-me em uma conversa informal que tivemos, foi a sua opção para denotar a ideia de um inseto resistente, que mostra-se alheio em relação a histeria coletiva imposta à massa e ao mesmo tempo, mostra-se pacífico e discreto, sem propensão a incomodar os seres humanos ou quaisquer outros seres, ou seja, não foi a toa que tal criatura teve um significado cultural e místico importante na história do antigo Egito, por exemplo.
O disco foi lançado apenas em formato virtual, inicialmente, mas o artista pretende lançá-lo em plataforma física, em breve. Sobre as canções, vale a pena destacar as seguintes observações:
Ouça abaixo, na íntegra, o álbum : "Não Sou da Tribo", enquanto continua a ler a resenha:
1) Gipsy
Lady
Uma balada
Bluesy, com um bom trabalho de cordas. Apresenta um certo teor Soft-Rock a
lembrar levemente tal escola do início dos anos 1970. Matz fala sobre o amor
nessa canção, mas com classe, sem recorrer a clichês e pieguices, ou seja, um
grande mérito em meu entendimento.
2) Noites
Quentes de Dezembro (Folk Song)
Essa canção traz
um arranjo de cordas muito bom. São dedilhados a observar uma harmonia bem elaborada
e a contar com intervenções a imprimir um colorido melódico deveras bonito, incluso
com o violoncelo e alguns efeitos com vozes e gaita (executada por Artur Lunardi).
Nesta faixa, o outro convidado, Ricardo Massucato, tocou o baixo.
3) O Blues
de Uma Cidade
Com bastante
sentido acústico em seu início, a canção ganha uma roupagem mais elétrica em seu
decorrer e lembrou-me bastante o som do grande, Luiz Melodia, com maior
urbanidade e também pela letra com teor mais forte. Gostei do solo de guitarra e da boa condução do baixo
& bateria. Sobre a letra, destaco um trecho, onde Matz denuncia a dispersão
cultural dos tempos atuais:
“Escrevo uma
canção e nenhuma tribo urbana me entende / Eu já não ligo / É aquela velha
história, cada um no seu mundinho que se prende ao próprio umbigo”
4) Rock de
Fim de Mundo
Eis um Rock
com a roupagem clássica do gênero e a mostrar um vigor bem convincente. Matz
mais uma vez tece críticas à manipulação imposta à população em geral, via
redes sociais da internet. Um detalhe importante, nesta faixa, Matz tocou todos os
instrumentos, incluso a bateria.
5)
Forasteiro
Uma canção
Folk muito bem engendrada, com ótima atuação de Matz a pilotar violões
(inclusive o sempre bonito, Dobro, para fazer uso do slide), guitarra e violoncelo.
6) Não Sou
da Tribo
Trata-se de
um reggae, não exatamente clássico e aí há mais um mérito, pois é visível como
Matz impôs o seu jeito para interpretar tal escola jamaicana. Com
personalidade, imprimiu o seu estilo pessoal e certamente que isso é um diferencial
importante. Rodrigo Cerino participa com apoio vocal. Gostei da linha do baixo,
assim como as intervenções ao violino.
7) Vento e
Vela
Eis mais uma boa canção
Folk, com muito colorido proporcionado pelo arranjo, a valorizar bastante o
trabalho das cordas. Há uma condução de percussão bastante enriquecedora da
parte de Artur Lunardi, ao utilizar o Djemb, um instrumento muito peculiar da
cultura afro.
8) Segredo
Gostei dessa
canção, a apresentar um certo sabor dos anos sessenta. Destaco o uso de efeito a la
caixa Leslie, na guitarra, o que sempre enriquece qualquer arranjo. A condução de baixo & bateria
é bem simples, mas muito eficaz, a denotar uma verdade implícita, além de bons
vocais de apoio. O timbre do baixo, com pouco sustain no apoio, reforçou a
ideia de lembrar os anos 1960.
9) Oke Aro (Vem
das Matas)
Talvez a
canção com maior sentido étnico dentro deste álbum, a pensar-se no universo
abrangente do que engloba as diversas matizes da música Folk, e assim, provavelmente algum
musicólogo mais exigente insista em classificá-la como: “World Music”, mas não
importa, visto que o que realmente interessa é salientar a sua beleza
melódica. Mais uma vez o arranjo de
cordas sobressai-se a valorizar a sua rica melodia, principalmente no inspirado
uso do violoncelo.
10) Veranico
Eis aqui um
Folk com forte teor country & western, dessa forma a mostrar-se vibrante,
com ritmo contagiante, pronto para provocar a vontade do ouvinte em deixar a introspecção
alcançada pela escuta das faixas anteriores e cair na dança, sem nenhum receio.
Baixo acústico, em concomitância com a levada de bumbo e caixa a lembrar ou insinuar o som do "Washboard",
mostra-se muito interessante. Trata-se na verdade de uma canção que só contém um defeito: é curta demais, pois quando acaba,
deixa uma vontade implícita para ouvir-se mais, porém, ao pensar-se como estratégia mercadológica,
também é uma boa ideia deixar o ouvinte com esse desejo recôndito.
11) Areia e
Pampa
Um belo tema
instrumental a mostrar uma beleza muito grande. Aqui, Matz mostra a sua
criatividade ao violão, na verdade a usar mais de um no arranjo para esta faixa, em sobreposição.
É uma canção com forte teor relaxante, para provocar no ouvinte, a possibilidade de voar,
divagar, ir longe na sua própria epifania.
Gravado no
estúdio JMS de Joaçaba-SC, teve produção de áudio da parte de Artur Lunardi
Capa
(criação e lay-out): Davi Matz e Artur Lunardi
Davi Matz: Voz,
Violões, Dobro, Violino & Viola, Violoncelo, Guitarra, Baixo e Bateria
Músicos convidados:
Artur Lunardi: Bateria, Percussão, Gaita, Guitarra, Efeitos e Backing Vocals
Ricardo
Massucato: Baixo em “Noites Quentes de Dezembro (Folk Song)”
Rodrigo
Cerino: Vocal em “Não Sou da Tribo”
O álbum está disponível também na plataforma One RPM:
https://www.onerpm.com/login/login
O álbum está disponível também na plataforma One RPM:
https://www.onerpm.com/login/login
Para
conhecer melhor o trabalho do artista, acesse o seu Canal de You Tube:
Eis aqui, um trabalho que eu recomendo. “Não Sou da Tribo” é um álbum que proporciona uma audição muito prazerosa pela qualidade de suas canções, traz poesia e momentos de reflexão interessantes, sem ser panfletário e/ou rancoroso e muito pelo contrário, faz a sua reflexão crítica da sociedade em alguns momentos, com classe, sem apelações. E por ser jovem, Davi Matz é um artista que ainda vai brilhar muito e ajudar-nos a construir uma nova Era na música brasileira, assim espero e acredito.
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