segunda-feira, 29 de abril de 2013

O Grito Primal de Lennon & Yoko - Por Luiz Domingues


Nos primórdios da psicanálise, surgiram diversas ideias e escolas de pensamento correlatas, a buscar novos meios de mapeamento da psique humana e as suas respectivas técnicas terapêuticas, adequadas, caso a caso. Entre tantas derivações, eis que surgiu a a técnica conhecida como a Psicologia Gestalt, que abriu campo para outros caminhos e estudos.
Algum tempo depois, veio a Gestalt Terapia, que influenciaria um jovem psicólogo norteamericano chamado : Arthur Janov. Todavia, foi a partir de uma experiência pessoal, realizada em seu consultório, que Janov teve o insight para desenvolver uma nova técnica.
Ao observar um paciente que exprimiu a sua dor através de gritos dilacerantes, Janov chegou à conclusão que muitos traumas poderiam ser eliminados pelo expurgo visceral e que essa experiência seria a liberação dos impulsos reprimidos durante toda uma vida, cuja fonte inicial, seriam as dores adquiridas e esquecidas durante o processo do nascimento de cada pessoa. E assim, Janov prosseguiu em suas experimentações, até decidir usar oficialmente a nova terapia, que batizou como, "Primal Scream", ou "Grito Primal", na tradução em português.
Porém, o grande avanço para Arthur Janov, deu-se quando recebeu em seu consultório um casal ultra famoso no mundo Pop dos anos sessenta : John Lennon & Yoko Ono. Desde que conhecera Yoko, Lennon abriu-se como sob um caleidoscópio, para absorver diversas ideias novas e isso ficou claro em suas composições para o repertório dos Beatles, no pós-1966, fase em que a banda empreendeu uma guinada artística em sua carreira, para tornar-se de fato, revolucionária. Claro, historiadores costumam atribuir essa fase psicodélica ao uso de drogas alucinógenas, o que é verdade em termos, contudo, havia outros elementos a ser considerados.
Um deles, e que a maioria das pessoas não gosta de admitir, foi a influência de Yoko Ono. Sei que isso é polêmico ao extremo, pois a maioria esmagadora das pessoas tem a opinião de que ela influenciou Lennon de uma forma negativa e por isso ela é responsabilizada pelo fim dos Beatles. Eu excluo-me dessa maioria, pois não acredito nessa teoria e ao ir além, acho que Yoko, ao contrário, o influenciou positivamente, quando o levou ao encontro da arte avantgarde e sobretudo, ao fazê-lo ganhar consciência de que ele representava uma figura mundialmente catalisadora da atenção da juventude e portanto, teria que adotar uma postura decisiva como um artista influenciador de ideias firmes no campo sóciopolítico. E assim, ao assumir essa conduta, as suas ideias expressas dentro da carreira dos Beatles, a partir daí, passou a serem muito mais incisivas e posteriormente, em carreira solo, ele avançou ainda mais ao lançar músicas mediante um teor político, muito intenso.
Em meio à essa abertura às novas ideias, Lennon & Yoko conheceram Janov e tornaram-se seus pacientes. Impressionados com a terapia, mergulharam nessa premissa com contundência, sem receio. Nessa fase, Lennon, mesmo ainda como integrante dos Beatles, lançara álbuns solo, absolutamente experimentais, com pouca ou nenhuma linearidade musical tradicional e causou furor, para dividir a opinião dos críticos e chocar os seus fãs.
Em discos como : "Two Virgins"; Life With the Lions"; e "Wedding Album", ele e Yoko já deram amostras de que a terapia do Grito Primal estava a influenciar-lhes fortemente. Contudo, como foram álbuns totalmente desprovidos de musicalidade tradicional, apesar do furor gerado, ainda assim ficaram longe do grande público mainstream.
Contudo, foi em 1970, quando enfim lançou o que considera-se o seu primeiro álbum oficial solo de estúdio, pós-Beatles, que o Grito Primal de Arthur Janov foi revelado ao mundo. Denominado : "Plastic Ono Band", tal álbum trouxe uma coleção de canções lindíssimas, ainda que dotadas de uma carga emocional sob intensa tristeza e com a sonoridade super simples, sem arranjos sofisticados, e muito pelo contrário, a soar bruto, in natura.
 
O disco inteiro, praticamente, apresenta canções cruas e viscerais de Lennon, para tocar em feridas pessoais. E o uso e abuso de gritos extraídos das suas entranhas, faz com que o ouvinte mergulhe junto, a buscar sensações muito perturbadoras, mesmo que toda essa dor expressa, tenha uma beleza estética incrível. 

Em "God", Lennon desfila um caldeirão de insatisfações, incluso com os ex-companheiros dos Beatles e foi natural que houvesse mágoas naquele momento mediante cicatrizes abertas. É dessa música que extraiu-se a frase : "O Sonho Acabou", quando os detratores da Era Hippie usaram-na à exaustão, fora de contexto, pois não fora o foco de Lennon na música, para destruir, de fato, a ameaça civil que agigantava-se e nesses termos, o retumbante estardalhaço que o Festival de Woodstock proporcionou, deve ter sido a gota d'água para a reação usar os seus meios para destruit tudo. Outras faixas tais quais :  "Well, Well, Well"; "Isolation"; "Remember"; "I Found Out", também contribuem com essa carga forte em forma de catarse. Em "Love", Lennon demonstra que só confiava em Yoko naquele instante, e "Working Class Hero", já mostrou o crítico sóciopolítico mordaz que viria ainda mais forte nos discos posteriores de sua carreira solo.
Já em relação à música, "Mother", Lennon expôs ao mundo a sua dor por ter sido abandonado pelo seu pai e por falta de condições financeiras da mãe, ter sido entregue a uma tia, para ser criado. Nesse aspecto, sim, o Grito Primal proposto pelo Doutor Arthur Janov, foi expresso de forma contundente e certamente que impressiona a sua força dramática.
Foi até surpreendente que uma música com esse teor tão triste e a conter esses berros assustadores e carregados pela expressão da  dor, pudesse ter feito sucesso radiofônico, como música Pop e isso de fato aconteceu entre 1970 e 1971. E assim, o disco inteiro tem essa conotação em termos de catarse pessoal de Lennon. Particularmente, acho-o belíssimo e é um de meus prediletos da carreira solo dele.
Claro, com a propaganda mastodôntica gerada de uma forma espontânea, por Lennon & Yoko, o Dr. Arthur Janov com a sua terapia do "Primal Scream" ficou mundialmente famoso. Janov tornou-se como uma espécie de persona Pop também, solicitado para entrevistas na mídia mainstream e a receber pedidos para agendar consultas de outras pessoas famosas (e também de futuros famosos, pois o hoje celebrado, Steve Jobs, que na época era apenas um hippie universitário e nerd a falar sobre computadores no campus da universidade, esteve entre eles).
E o lado ruim da fama deu-se quando muitos terapeutas passaram a adotar a "Primal Scream", sem orientação direta de Janov e as autoridades que controlam a prática da psicologia, atacaram, ao não reconhecer a técnica oficialmente, e assim a tecer críticas pesadas, e por em dúvida a sua eficácia. Passada a "moda", o grito primal pôs-se a cair em esquecimento, mas Janov continua firme e forte, com 89 anos de idade (em 2013), a trabalhar normalmente em seu consultório localizado na Califórnia.
Janov escreveu muitos livros para abordar a técnica por ele desenvolvida e mesmo sem a força adquirida naquela época, com Lennon & Yoko a divulgar as suas ideias, é um profissional convicto de que a sua ferramenta terapêutica é eficaz. O único senão, é que após tanto tempo a praticá-la, a sua voz sofreu danos, com as cordas vocais a esmorecer. Todavia, mesmo sem a potência de outrora, Janov ainda acredita na força libertadora do grito e se conhecesse o Brasil e nossa cultura, certamente ficaria encantado com a expressão popular : "matando cachorro a grito"...

Matéria publicada inicialmente no Blog Limonada Hippie em 2013. 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Escuridão Vergonhosa - Por Luiz Domingues



Sabemos que um dos fatores básicos da cidadania, é a iluminação pública estabelecida com qualidade. Fator primordial para garantir a segurança, uma boa iluminação inibe as ações de criminosos; propicia melhor orientação no trânsito; auxilia pessoas a buscar endereços com clareza e confere um aspecto de ordem à urbe.
Em um país sob dimensões continentais como é o Brasil, e a considerar-se o potencial energético natural, via hidroelétricas ou pela captação por fontes mais modernas e ecológicas, tais como energia solar e eólica, é inadmissível que haja deficiência dessa monta, por via de regra. Tirante eventuais "Black-outs" generalizados, é notória a precariedade do serviço de iluminação pública adequada nas cidades brasileiras.
Se olharmos o mapa mundi noturno pelo Google, verificamos que nos Estados Unidos, a visão noturna vista do espaço, mostra um país quase que completamente inteiro iluminado, com um brilho incrível. Na Europa, o mesmo fenômeno ocorre nos países do oeste, com diferença significativa em relação aos países do leste, no entanto, infelizmente. Na Ásia, o Japão impressiona pelo brilho intenso enquanto China e Coréia do Sul começam a ter o mesmo padrão, a diferenciar-se de outros países mais pobres. No Oriente Médio, dá para ver um ponto de luz mais forte, onde supõe-se ser Dubai e outros menores, a demonstrar a presença de outras cidades ricas, além de Israel, naturalmente. Na Oceania, a Austrália destaca-se, certamente. Na África, e nas Américas, Central e do Sul, infelizmente o panorama é inverso. São pequenos pontos de luz, em meio às trevas quase predominantes...
No caso específico do Brasil, somente São Paulo e Rio de Janeiro apresentam manchas iluminadas significativas. Em segunda instância, vê-se claramente as principais capitais estaduais, mas bem mais apagadas, e no continente, só Buenos Aires tem aspecto semelhante, fora a Cidade do México (embora na América do Norte), e vizinha do super iluminado Estados Unidos da América.  São Paulo é considerada uma das maiores manchas de luz do planeta, mais pelo seu tamanho descomunal, ao fazer com que essa extensão territorial urbana imensa, gere luz suficiente para ser vista do espaço. Contudo, além dos bairros nobres, e as grandes avenidas que os servem, a iluminação paulistana deixa muito a desejar
Se na Av. Paulista, verifica-se iluminação de primeiro mundo e isso ocorra em outras avenidas tais como a Rebouças; Faria Lima; Luiz Carlos Berrini, e outras poucas, na periferia, a situação é muito diferente, com absoluta precariedade. O mesmo ocorre no Rio de Janeiro, com poucas vias realmente iluminadas, como deveria ser, circunscritas ao bairros nobres da zona sul, e assim relegar-se os bairros suburbanos, à escuridão.
Infelizmente, o mesmo padrão segue nas outras capitais e cidades interioranas de grande; médio e pequeno porte. Descaso; má vontade política; corrupção... bem, estamos cansados de saber a razão. Tornar esse serviço público essencial, padronizado, é viável, tecnicamente a falar.
Colocar toda a fiação no subterrâneo, é caro, mas o custo / benefício dessa operação vale a pena, na ponta do lápis. Trocar as velhas lâmpadas de vapor de mercúrio, pelas de sódio ou mesmo de vapor metálico, em toda a parte e não só nos bairros nobres, faz-se mister. Um serviço rápido de manutenção, para não deixar pontos escuros por mais de um dia, quando danificadas, é obviamente um direito do cidadão e obrigação do estado.
O uso de baterias nos semáforos, para evitar o caos no trânsito em momentos de interrupção de energia, é uma medida óbvia. Enfim, investir em iluminação pública com alto padrão, é muito importante para o crescimento da qualidade de vida do cidadão.
Está na hora dos senhores prefeitos (iluminação pública é atribuição municipal, portanto, cobre de seu prefeito !), mudar o discurso padronizado e carcomido, para apresentar metas nesse setor. E também não adianta ficar com raiva dos argentinos, quando ironizam as nossas cidades, ao apelidá-las como "boites", de tão escuras que são, pois eles falam mal com razão, infelizmente...
Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica, em 2013

sábado, 20 de abril de 2013

CD A Estação da Luz / A Estação da Luz - Por Luiz Domingues


Quem conhece-me bem, sabe que a minha trajetória musical nem sempre permeou-se pelo som que eu realmente desejei fazer. Porém, sem divagações, apenas abro esse preâmbulo para esclarecer que eu iniciei a minha carreira em 1976, portanto, no início de um declínio acentuado para a estética artística que gostava e daí, atravessei os anos oitenta e noventa, a realizar o melhor que podia, entretanto a viver em meio à estéticas antagônicas e de certa forma hostis ás que realmente amo. Em 1997, resolvi dar uma guinada na carreira e fundei uma banda 100% calcada na estética sessenta / setenta e fui atrás do meu sonho, mesmo cônscio de que seria um trabalho anacrônico e a ser combatido em muitos círculos. Desse esforço, essa banda culminou em fundir-se à outra que já mantinha um nome solidificado na história do Rock brasileiro e com esse material retrô a apresentar muita qualidade, gravamos cinco discos e fizemos inúmeros shows.
Ao excursionarmos pelo interior de São Paulo e pelos três estados do Sul, principalmente, conhecemos muitos jovens que encantavam-se por essa estética resgatada. Foram ecos concretos a ligar-nos aos ventos "Woodstockeanos", alimentados por jovens que nasceram muitos anos depois dessa Era Aquariana do Rock. Nesses termos, conhecemos jovens músicos e muitas vezes, tivemos o prazer em ter os nossos shows abertos por bandas jovens, dessa característica. Entre tantas (muito boas, inclusive), conhecemos uma que era oriunda de São José Rio Preto / SP, em 2001,  que abriu o nosso show em Mirassol / SP, uma cidade vizinha, e chamava-se : "Hare".
Lembro-me em ter ficado muito impressionado com esse trio, que tinha um som bastante influenciado por Power-Trios clássicos tais como : "Cream"; "West, Bruce and Laing"; "Jimi Hendrix Experience" entre outros. Mediante um visual fortemente coadunado com as tradições Rockers sessenta / setentistas, esses rapazes vibravam nessa egrégora, e eu fiquei muito contente por conhecê-los e também em tornar-me amigo principalmente do baterista, Junior Muelas.
Em outras ocasiões, encontramo-nos com o "Hare" novamente, mas a banda passara por uma turbulência e assim encerrou atividades. Rapidamente, o baterista, Junior Muelas, uniu-se à outros músicos e formou uma nova banda, chamada : "Freak". Acompanhei os esforços iniciais do "Freak", que chegou a gravar uma fita demo, com algumas músicas.

Todavia, os ventos não sopraram favoravelmente e a banda não teve a continuidade que esperávamos. Já passava da metade da década inicial do novo século e o Junior Muelas contou-me que estava com um novo projeto. Seria uma banda a apresentar uma formação maior, com uma abrangência sonora em torno de um horizonte mais largo, ao envolver também a psicodelia sessentista e a flertar com o Rock Progressivo.
Batizada como : "A Estação da Luz", mergulhava fundo no sonho hippie perdido, a evocar sonoridades e estética visual / comportamental, fidedigna à época que os influenciava.
Mesmo sem conhecer o trabalho, já encantei-me com a perspectiva, pela estética, mas sobretudo por também por saber que Junior Muelas havia arregimentado um time de primeira qualidade. A começar por ele mesmo, que era / é um exímio baterista, ao contar com o baixo de Sandro Delgado (Ex- Hare) e a guitarra de Christiano Carvalho, dois excelentes instrumentistas, a qualidade estava assegurada.
Mas a banda foi além, pois haveria igualmente a presença de Alberto Sabella, um tecladista à moda antiga, ou seja, um verdadeiro piloto dos teclados, capaz de compor; arranjar e executar com maestria, diversos teclados, com timbres retrô fidedignos, mesmo por que, ao contrário dos tecladistas modernos, ele raramente usava simuladores, mas dava-se ao luxo para tocar em teclados genuinamente vintage. Isso sem contar o fato de que era / é um multi-instrumentista, com domínio perfeito de bateria e baixo, também. O percussionista, Daniel Verlotta, também foi incorporado e ficou responsável pelo molho extra, ao proporcionar tal swing através das congas & afins
Para os vocais, Muelas recrutou um casal. Renata Ortunho e Fernando Martins comandariam as vozes, fora os demais que contribuiriam (e bem), com os backing vocais.
Lembro-me de Muelas a dizer-me que mediante tal dupla de cantores, tinham em mãos um verdadeiro, "Jefferson Airplane", ao estabelecer uma alusão à presença de Grace Slick e Marty Balin, o casal de vocalistas dessa grande banda psicodélica norteamericana. Algum tempo depois, fiquei a saber que já encontravam-se a gravar uma primeira demo-tape e logo a seguir, saiu o seu primeiro vídeoclip oficial. 

Fiquei encantado com a estética que simulava os antigos promos do programa germânico, "Beat Club", com a banda a tocar e no Chroma Key, a presença de cores ultra psicodélicas. Tratou-se da música "Par Perfeito", que trouxe a influência clara dos "Beatles", "Mutantes", "Jefferson Airplane", "Iron Butterfly" e outras referências sessentistas adoráveis. A banda passou por uma reformulação a seguir. Saiu o baixista Sandro Delgado e ele foi substituído por Vagner Siqueira (ex-Freak). Vagner é um excepcional baixista e encaixou-se como uma luva na banda.
Saíram também o vocalista, Fernando Martins e o percussionista Daniel Verlotta e dessa forma, a banda optou por não substituí-los, ao tornar-se doravante, um quinteto. Mais enxuta, não perdeu qualidade, de forma alguma, pois Renata Ortunho garantiu-se como frontwoman, e a rapaziada segurou a incumbência dos backing vocais, com muito valor. Em 2009, a minha então banda, "Pedra", foi tocar em dois shows no interior de São Paulo e tivemos o prazer em dividir ambos, com "A Estação da Luz".

Foram duas agradáveis noites, uma em São José do Rio Preto e outra em Ribeirão Preto, cidades do interior de São Paulo. Foi como estar em 1968, e dividir a noite com o "Grateful Dead" no Fillmore West, tamanha a vibração positiva que estabelecemos no palco; coxia e camarim.
Shows e mais shows pelo interior de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, sedimentou a banda, contudo, um dos seus grandes momentos aconteceu em Santa Catarina, onde fizeram enorme sucesso no Festival Psicodália.
O grande público mainstream talvez não saiba, mas esse festival anual reúne no interior de Santa Catarina, um enorme público formado por jovens sedentos por som 1960 / 1970 e muitas bandas dessas características apresentam-se lá, perante até quinze mil neo-hippies, a evocar Woodstock, em pleno século XXI.
Em 2012, finalmente saiu o primeiro CD oficial da banda. Com o apoio do selo carioca, "Som Interior" (da gravadora Renaissance, orientado pelo farejador de talentos, Claudio Fonzi), o disco pode ser adquirido nos shows da banda, em seu site e lojas especializadas do circuito São Paulo / Rio, principalmente.  

Com capa muito caprichada e qualidade sonora muito boa, "A Estação da Luz" apresenta nove faixas sob muita inspiração, com absoluta fidedignidade no tocante aos timbres vintage; arranjos elaborados; harmonias vocais sofisticadas e performance instrumental de cada membro, excelente. Logo na primeira faixa, a banda demonstra ter influências muito nobres. É claro na música "Desconforto", a influência do "Som Imaginário", "Som Nosso de Cada Dia" e "Mutantes". A condução do piano elétrico de Sabella é magnífica. Os vocais ultra sessentistas, lembram Marcos Valle em sua fase Soul e o solo de Christiano Carvalho, apesar de curto, é de rasgar o verbo.

A seguir, ouvimos "O Fim". Trata-se de uma "Beatle song", com uma belíssima melodia. Sabella e Carvalho fazem um belo trabalho em termos de contraponto entre os teclados e a guitarra. Sobra sentimento em uma canção que apresenta uma vocalização final que gruda na mente de qualquer ouvinte, e lembra muito o trabalho de bandas internacionais como : "Small Faces"; "The Associaton"; "The Kinks", além do "Uriah Heep".


A terceira faixa, "Siga o Sol", é bem setentista. Tem uma nítida influência do trabalho dos "Mutantes" na sua fase Prog-Rock, além de "O Terço"; "A Bolha" etc. A linha de baixo de Vagner Siqueira chama a atenção pela sua beleza, além da vocalização de Renata Ortunho. Gosto muito do caráter quase a sugerir um mantra, em um "looping" hipnótico, sob o som do órgão Hammond, a lembrar o "Pink Floyd".
"Desespero" fala sobre desencontros sentimentais, envolta sob uma harmonia belíssima, cujo teor mostra-se melancólico. O peso dos teclados exerce uma dramaticidade que lembra-me muito o estilo do Ken Hensley e o slide mesclado ao wah-wah, que Carvalho criou, ficou incrível.

 "Esperto ao Contrário", certamente tem influência dos "Mutantes". Com clima de Vaudeville, é cantada por Sabella em sua parte "A". Os teclados passeiam por timbres dignos do som de Billy Preston e a condução de Muelas à bateria, é sensacional.

A sexta faixa, "Tempo Estranho", é uma verdadeira ode ao Rock Brasileiro dos anos sessenta e setenta. A letra da música é toda costurada para enumerar o nome de várias bandas dessas décadas e a sonoridade, além de trazer a influência óbvia dos "Mutantes", tem bastante do "Clube da Esquina", também. Gosto muito da participação do Carvalho, com dedilhados limpos, mesclados ao uso de caixa Leslie em outros momentos.
"Reta Tangente", é mais uma bonita balada com sabor sessentista. É como pegar um disco antigo da Gal Costa e suspirar ao constatar como ela era legal; total; fatal...

O solo de Carvalho, lembra George Harrison em seus melhores momentos, além do órgão Hammond dar um peso incrível à canção, em seu momento mais agudo.

"Canção para um amigo", apresenta uma melodia muito elaborada, sob a ação de um piano elétrico lúgubre, ao estilo do "Led Zeppelin" em "No Quarter". Timbres de Moog e Theremin, trazem elementos psicodélicos muito interessantes, e na parte mais pesada da música, a harmonia lembrou-me o "Procol Harum", incluso o ótimo uso de clavinete, na parte final.
Encerra o disco, a ótima "Par Perfeito". Com um mellotron que lembra bastante os "Beatles" em "Strawberry Fields Forever", a música parece ser uma balada, mas logo a seguir seu ritmo muda, e com muita vibração, a banda entra em uma jam, com destaque para a cozinha espetacular de Muelas e Siqueira. O refrão pesado, que lembra o "Deep Purple" em seus melhores momentos, cresce e emociona. Ao observar o vídeo dessa música no You Tube, percebi a presença de vários comentários efusivos, e um que se não foi irônico, talvez tenha sido infeliz em sua formulação. O sujeito dizia algo do tipo : -"faltou o Lennon, mas não era mesmo Strawberry Fields Forever"...
Ao aproveitar o mesmo gancho, a proposta d'A Estação da Luz é ser mesmo uma banda retrô, sem preocupações com os modismos do mainstream. Se por um lado é uma aposta arriscadíssima e a revelar-se como um "haraquiri" mercadológico, por outro, eu vejo com extrema simpatia que exista uma banda dessas no panorama artístico, pois o que se vê no mainstream é tenebroso e anacronismo à parte, o pessoal d'A Estação da Luz dá um show de musicalidade; inspiração; execução e nos timbres em que investem, ao passar como um rolo compressor sobre qualquer banda moderninha, dessas que a crítica adora "hypar".
Recomendo a audição desse trabalho e certamente assisti-los ao vivo, pois a competência dessa turma, é de 100%.

Para conhecer melhor o trabalho d"A Estação da Luz, visite o site oficial da banda :

http://www.aestacaodaluz.com.br/

Página da banda no Facebook :

https://www.facebook.com/A-Esta%C3%A7%C3%A3o-da-Luz-151771108176177/

Disco disponível em várias plataformas digitais : Spotify; Deezer; Claro Música; Apple; Onerpm etc

quarta-feira, 17 de abril de 2013

TV Record, Padrão de Excelência nas Décadas de 1950 e 1960 - Por Luiz Domingues

A TV Record de São Paulo, foi fundada oficialmente em 27 de setembro de 1953, e teve como o seu patrono, o empresário, Paulo Machado de Carvalho.
Foi a terceira emissora de TV criada na praça de São Paulo, para tornar-se a nova concorrente das duas emissoras já existentes na ocasião : TV Tupi (1950) e TV Paulista (1952). Entrou no mercado com muita determinação, ao desejar empreender uma atuação de TV com qualidade, com programação bastante eclética e apuro técnico de ótimo padrão, ao considerar-se os investimentos iniciais com equipamentos de ponta para os padrões da época, fora as instalações físicas das quais dispunha e pela contratação de técnicos e artistas com alto gabarito profissional. Se por um lado, a TV Tupi já estava sedimentada e apoiada pelo poder de fogo dos Diários Associados, controlados pelo empresário, Assis Chateaubriand, a outra concorrente, a TV Paulista, mantinha-se com parcos recursos, todavia, esforçava-se ao máximo, ao usar de muita criatividade e na base do improviso, tinha uma interessante grade, com boas atrações.
Portanto, a TV Record entrou no ar, sob uma certa pressão, por saber que precisava trabalhar firme, para vencer os seus concorrentes, e claro, isso fora o início de uma disputa sadia, para  engrandecer a TV brasileira, que nessa época, apenas engatinhava. No dia da sua inauguração, o primeiro programa exibido foi um musical, conduzido por Sandra Amaral e Hélio Ansaldo.
Talvez tenha sido um prenúncio do quanto a música seria bem tratada nessa emissora, nos anos vindouros.
Mas os esportes também revelar-se-iam muito importantes nessa emissora. Sem dúvida, por conta de uma pessoa dotada de espírito esportivo, Paulo Machado de Carvalho, como dono e mentor, não poderia ser diferente e para quem não sabe, ele seria, anos depois, o chefe da delegação brasileira nas vitoriosas campanhas realizadas nas Copas do Mundo de futebol, em 1958 e 1962, e a sua biografia já foi enfocada, em um outro texto de minha autoria, basta procurar no arquivo deste meu Blog.
Na primeira foto, José Geraldo de Almeida. Em relação à segunda, trata-se do grande locutor esportivo, Raul Tabajara, e esta foto foi um oferecimento de seu filho, Emílio, que gentilmente cedeu-me esse material de seu acervo familiar

Segundo consta na história da TV brasileira, a primeira "Mesa Redonda", protagonizada por jornalistas esportivos, para analisar o futebol, foi criada na TV Record, em 1954, com a liderança de José Geraldo de Almeida e Raul Tabajara.
Na linha infantil, os palhaços, Arrelia (interpretado pelo grande, Waldemar Seyssel), e Pimentinha (Walter Seyssel, sobrinho de Waldemar), colocaram o seu famoso :"Circo do Arrelia" no ar, para alegrar as crianças nas manhãs de domingo.
O humorista, Manoel de Nóbrega, trouxe o seu programa radiofônico, "Praça da Alegria", para conquistar um enorme sucesso na linha do humor popular.  

Ainda nos anos cinquenta e a atravessar pelos anos sessenta, tornou-se praxe da TV Record, apresentar artistas internacionais de destaque e transmitir ao vivo os seus shows. Esse padrão de qualidade musical tornou-se a marca registrada da simpática emissora e entre tantos astros, destacaram-se : Charles Aznavour; Louis Armstrong; Bill Halley and His Comets; Ray Charles; Nat King Cole; Marlene Dietrich, Sarah Vaughan etc.
Um programa que também fez história, foi o "Show do Dia 7", apresentado pelo jornalista, Blota Junior, e tratava-se de uma revista diversificada, a conter música; sketches de humor e teatro; entrevistas com personalidades e outras variedades, apresentado uma vez por mês, com pompa e circunstância, sempre no dia 7, em uma agenda móvel, a fim de privilegiar o número que a estação usava no dial televisivo, em São Paulo.

Houve época onde as manhãs de domingo mobilizavam a cidade inteira. Foi a fase da Grande Gincana Record, uma espécie de reality show pré-histórico, com equipes formadas pelos bairros da cidade, a enfrentar-se em torno de uma série de provas. Outro programa que mexia com os brios cívicos da criançada e adolescentes, foi o Festival de fanfarras escolares, onde os colégios públicos e particulares esmeravam-se para causar boa impressão, em desfiles transmitidos ao vivo, direto do Vale do Anhangabaú.

Um comunicador que veio do rádio, chamado : Abelardo Barbosa, iniciou uma bela trajetória quando estreou o seu programa : "A Hora do Chacrinha", na emissora paulista.
Outro programa infantil que teve enorme sucesso nos anos sessenta, foi "Pullman Jr.", obviamente patrocinado por essa indústria panificadora. A linha de desenhos animados estrangeiros, que a emissora exibia, foi a da melhor safra de sua época, ao popularizar em larga escala as produções dos estúdios Hanna-Barbera, norteamericano.
Com a condução da então mocinha, Cidinha Campos, e de Durval de Souza, esse programa durou dezesseis anos no ar, para encantar as crianças e formar uma geração de consumidores de pães e bolos e a inevitável mania para colecionar os talheres de plástico coloridos que vinham encartados nas suas respectivas embalagens (quem foi criança na década de sessenta, sabe do que falo...).

Tudo isso foi muito marcante, todavia, foi no campo da música que a Record teve os seus melhores momentos, nessas décadas de ouro de sua história. Muitos programas sensacionais foram criados e entraram para a história, não só da televisão brasileira, mas da música, igualmente.
Por exemplo, "O Fino da Bossa", onde a nata da MPB apresentou-se e como se não bastasse tais aparições sensacionais, o casal de apresentadores foi formado por Elis Regina e Jair Rodrigues.

E muitos outros programas surgiram : "Essa Noite se Improvisa"; "Alianças para o Sucesso"; "Caras e Coroas"; "Guerra é Guerra"; "Show em Si... Monal"; "Corte Rayol Show", "A Hora do Bolinha" etc. Outro programa, a centrar o foco na Velha Guarda da MPB, chamou-se : "Bossaudade". Com Elizete Cardoso e Ciro Monteiro como apresentadores, foi um espaço muito importante para artistas veteranos, ao atingir um público mais velho.
E o contraponto foi um estouro, ao gerar-se até um movimento estético / comportamental. Para extrapolar as expectativas mais otimistas de seus produtores, a "Jovem Guarda" tornou-se um fenômeno, que trouxe um glamour enorme e abriu o caminho para outras plataformas de receitas possíveis, quando o incipiente marketing começou a ser exercido como agente agregador.
Como se não bastasse esse frenesi nas ditas "jovens tardes de domingo", a TV Record mergulhou forte no universo dos festivais de MPB.
A repercussão histórica de seus festivais, revelou ao grande público, artistas que instantaneamente tornaram-se ídolos da nova MPB, e tal sucesso retumbante inspirou outras emissoras a criar os seus respectivos festivais, e quem ganhou com isso, foi a música popular brasileira.  

No campo da polêmica, a TV Record criou o sinistro, "Quem Tem Medo da Verdade" (?), para combater o "Pinga-Fogo", da concorrente, TV Tupi.
Extremamente tenso e polêmico, tal programa teve o objetivo em sabatinar personalidades de diversas áreas da sociedade, mas geralmente ao centrar os seus esforços em artistas populares, sob uma fórmula de inquisição agressiva. Entrou para a história, como uma espécie de julgamento moral, muito pesado, portanto polêmico. Artistas tais como : "Zé do Caixão"; Grande Otelo; Roberto Carlos, e outras personalidades, foram "julgadas" sob um clima tenso, e até mal educado, para causar um desconforto, mas que agradava o público, exatamente por isso.

Na linha de filmes e séries internacionais, a Record chegou em um ponto em que deteve as melhores opções do mercado.


A grades, vespertina e noturna, foram recheadas das melhores produções internacionais, e houve um momento onde a TV Record inovou, ao trazer atores internacionais para entrevistas, a fim de promover séries de sucesso. Causou furor, por exemplo, quando o ator, Jonathan Harris, que interpretava o sensacional, "Dr. Smith", da série, "Lost in Space" ("Perdidos no Espaço"), sentou-se no famoso sofá da entrevistadora, Hebe Camargo, e conheceu nessa ocasião, o seu dublador brasileiro, o saudoso e genial ator, Borges de Barros.
Outro programa na linha do humorismo e que entrou para a história, foi : "A Família Trapo". Tal atração seguiu a linha de uma encenação teatral ao vivo, ao mostrar a vida de uma família completamente maluca. Com texto escrito por Jô Soares e Carlos Alberto de Nóbrega, foi hilário e marcou época.
No campo da dramaturgia, a Record também teve atuação de destaque, embora nunca tenha sido o seu carro chefe. Entre pequenas produções ao estilo "sitcom", encenações teatrais adaptadas e novelas, propriamente ditas, a TV Record teve a sua colaboração, também.

Contudo, os anos de ouro da TV Record estavam por encerrar-se. Vítima de um incêndio |(jamais explicado adequadamente, inclusive), a TV Record obteve um prejuízo muito além do financeiro.
O início dos anos setenta marcou os primeiros anos em termos de dificuldade financeira e decadência artística. Com a ascensão meteórica da TV Globo, e a sedimentação da TV Bandeirantes, a TV Record já não conseguia manter o padrão de excelência dos anos anteriores e modestamente, pôs-se a cair. Já sem a possibilidade para manter uma grade de programas musicais com aquela qualidade de outrora, já não conseguia manter um departamento de jornalismo e esportes competitivo. Tampouco conseguia comprar as melhores séries e desenhos animados internacionais e a sua dramaturgia não pôde mais acompanhar o nível da TV Globo, e nem mesmo da TV Tupi.
Arrastou-se, portanto e assim viveu com lampejos de criatividade, para contentar-se em ser a quarta, às vezes quinta emissora no ranking de audiência, ao perder muitas vezes para emissoras com menor porte como a TV Gazeta, e também para a estatal, TV Cultura. Nos anos oitenta, boatos sobre sua precariedade financeira deram a entender que a empresa poderia fechar as suas portas em qualquer instante. Sem saída, a família, Machado de Carvalho, não teve outra alternativa, portanto, no início dos anos noventa, teve que vender a emissora para um grupo religioso que a domina desde então. Entretanto, os anos de ouro da emissora ficaram mesmo nas décadas de 1950 e 1960, sob a condução de Paulo Machado de Carvalho, sem dúvida, como emissora laica, sem vínculos religiosos.

Resta-me acrescentar que eu tenho algumas ligações pessoais com a TV Record. Em 1970, eu tinha dez de idade e o meu pai conheceu uma pessoa envolvida na produção de shows e dramaturgia da TV Record. Segundo essa senhora, a emissora estava a procurar crianças da minha faixa etária, para participar do programa do ator / cantor / comediante, Moacyr Franco.
Foi ao final do ano de 1970, e lá fui eu participar do programa : "Moacyr Franco Show," gravado no palco do Teatro Paramount. Eu participaria de um sketche de humor, onde ele, Moacyr interpretava um de seus personagens famosos, o mendigo ("hey, você aí : me dá um dinheiro aí"...). Um grupo de crianças precisava interpretar os seus muitos filhos, e a atuação revelou-se bem simples, com as crianças apenas a precisar fingir euforia, ao receber presentes de natal do pai, e depois ficarem tristes, quando o dono da loja retirava-lhes os respectivos embrulhos, por alegar que o pai não poderia pagar por eles.
Foi na verdade uma sketch bem "chaplineana", pois o elemento da tristeza pela dificuldade sócio / financeira, fez-se presente, para emocionar, ou pelo menos, tentar provocar tal reação ao telespectador e também ao espectador ao vivo no teatro, durante a gravação do programa. Nessa atuação, eu estive acompanhado de um primo meu, pois o meu pai culminou em providenciar uma vaga para mais um menino. O pessoal da produção gostou de nós dois, como "atores", e convidou-nos para atuar em mais uma edição do programa, na semana seguinte. O meu primo adoeceu, e perdeu a chance, mas eu fui.
Desta feita, participaríamos de um número musical. A ideia foi cantar junto com o Moacyr Franco, em volta de um piano.  A canção, só fomos aprender quinze minutos antes do programa iniciar-se. Foi uma balada melodramática com sabor bem popularesco, ao estilo do Moacyr (reconheço que ele canta bem, mas o seu espectro sempre foi o popularesco, na base do forte apelo às camadas mais simples da população).
Foi muito constrangedor para a maioria das crianças, meninos e meninas perdidos (eu incluso), sem saber o que fazer diante de uma canção que não conhecíamos. Mas, a contrapartida foi que eu adorei conhecer os bastidores do teatro, com a coxia cheia de figurantes; dançarinas e técnicos em frenesi; ao parecer uma balbúrdia, com tudo sendo improvisado longe dos olhos da plateia. Apesar dessa atuação apagada (confesso, sem conhecer a música, fingi estar a cantar na maior parte do tempo e mal consegui sorrir para os meus pais que estavam alojados em um camarote bem perto do palco, tamanho o meu constrangimento...), recebi o convite para fazer um teste, para atuar como ator mirim em uma novela que entraria no ar, em 1971.


Seria uma adaptação do texto : "O Príncipe e o Mendigo", e os então jovens atores, Kadu Moliterno e Nádia Lippi, seriam os protagonistas. Cheguei a receber um script para decorar, mas desisti da empreitada, pois atuar como ator, definitivamente não seria a minha vocação, nem que eu desejasse isso e além do mais, nunca foi o caso.

Muitos anos depois, eu tive novos contatos com a TV Record, entretanto, por atuar na minha área, a música. Entre 1984 e 1986, participei de programas, ao atuar com duas bandas onde eu fui componente naquela década : A Chave do Sol e Língua de Trapo.
Lembro-me de atuações em programas femininos vespertinos, ao empreender as indefectíveis "dublagens" e uma atuação especial, em um programa chamado : "Frente Jovem", gravado no Palácio das Convenções do Anhembi, onde A Chave do Sol atuou junto aos Engenheiros do Hawaí; Hanoi-Hanoi, e pasmem... Menudo...todavia, essa história eu conto posteriormente, na plataforma correta (está publicada com detalhes nos meus Blogs 2 e 3). Em suma, a TV Record teve a sua importância fundamental na história da TV brasileira e fez muito pela cultura, em seus anos de ouro.


Matéria publicada inicialmente no Site / Blog Orra Meu, em 2013