sexta-feira, 5 de abril de 2013

Wesley Duke Lee, Um Artista Além de Seu Tempo - Por Luiz Domingues


Wesley Duke Lee foi filho de pai norteamericano e mãe brasileira, e esta, filha de portugueses. Nascido ma cidade de São Paulo, no ano de 1931, e batizado com nome de "gringo", como tantos aqui nascidos, oriundos de colônias estrangeiras na cidade. Com o desenho a constar no seu DNA (seu pai fora um exímio desenhista, e o avô, idem), desde pequeno demonstrara talento nato e dessa forma, foi participar de um curso livre de desenho, promovido pelo MASP (Museu de Arte de São Paulo), em 1951, ainda na sede antiga da Rua Sete de Abril, no centro da cidade. 
Já no ano seguinte, foi em busca de suas raízes yankees, ao deslocar-se para Nova York, onde estudou no Parson's Scholl of Design, e também no American Institute of Graphics Arts. Quando retornou ao Brasil, em 1960, Wesley já trazia como bagagem a influência recebida pelos primórdios da Pop Art, onde acompanhou diversos artistas dessa escola, de perto, tais como : Robert Rauschenberg; Jasper Johns e Cy Twombly, entre outros.

Em uma de suas primeiras manifestações nesse sentido, criou um dos primeiros "Happenings" de São Paulo, chamado : "O Grande Espetáculo das Artes". Logo a seguir, fundou com outros artistas plásticos, a "Rex Gallery & Sons", com a proposta de ser algo mais que uma galeria de arte tradicional, mas aberta à performances e criação de manifestos de vanguarda. 
Após um período vivido em Paris, onde estudou na "Academie de La Grande Chaumière", de volta à São Paulo, Wesley fundou o "Movimento Artístico Realismo Mágico", com alguns feitos computados no seu portfólio, como por exemplo, montar uma instalação na Bienal de Veneza. Quando o regime autoritário instaurou-se no Brasil, em 1964, Wesley foi preso, mas solto a seguir, continuou a criar obras muito críticas sobre a ditadura, para irritar os militares.
Foi voluntário em uma experiência ousada para a época, onde em uma clínica em São Paulo, tomava doses de LSD e pintava. Dessa experiência nasceram os seus trabalhos chamados como : "Lisérgica ! e "Da Formação de um Povo", onde criticava duramente o regime político em voga. Ainda nos anos sessenta, Wesley participou no MAC-USP, de um projeto denominado : "Phases", para seguir tal movimento que viera de Paris, e que teoricamente constituir-se-ia de uma fase nova do surrealismo.

Nos anos oitenta, Wesley voltou à América e ao buscar uma nova tendência, procurou no centro da empresa, Xerox, incorporar a sua arte às máquinas, quando trabalhou com copiadoras Polaroid, e nos incipientes computadores pessoais, a buscar novas alternativas nas artes gráficas. Já nessa época, consagrado e veterano, dizia-se influenciado pelo Dadaismo; Pop Art e publicidade. Em seus trabalhos, ele sempre deu importância à crítica sociopolítica, mas também gostava do erotismo.
Ao chegar em uma idade mais avançada, Wesley viu-se acometido pelo Mal de Alzheimer. Em 2006, realizou então, a sua última exposição individual em São Paulo.
Wesley deixou-nos em 2010, vítima de uma insuficiência respiratória. Talento brasuca; paulistano, com sangue Yankee e luso, Wesley Duke Lee deixou-nos um legado versado pela criatividade; senso crítico e apuro na busca de novas tendências, sem nunca abandonar as raízes, todavia.

Matéria publicada inicialmente no Site / Blog Orra Meu, em 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário