sexta-feira, 26 de abril de 2013

Escuridão Vergonhosa - Por Luiz Domingues



Sabemos que um dos fatores básicos da cidadania, é a iluminação pública estabelecida com qualidade. Fator primordial para garantir a segurança, uma boa iluminação inibe as ações de criminosos; propicia melhor orientação no trânsito; auxilia pessoas a buscar endereços com clareza e confere um aspecto de ordem à urbe.
Em um país sob dimensões continentais como é o Brasil, e a considerar-se o potencial energético natural, via hidroelétricas ou pela captação por fontes mais modernas e ecológicas, tais como energia solar e eólica, é inadmissível que haja deficiência dessa monta, por via de regra. Tirante eventuais "Black-outs" generalizados, é notória a precariedade do serviço de iluminação pública adequada nas cidades brasileiras.
Se olharmos o mapa mundi noturno pelo Google, verificamos que nos Estados Unidos, a visão noturna vista do espaço, mostra um país quase que completamente inteiro iluminado, com um brilho incrível. Na Europa, o mesmo fenômeno ocorre nos países do oeste, com diferença significativa em relação aos países do leste, no entanto, infelizmente. Na Ásia, o Japão impressiona pelo brilho intenso enquanto China e Coréia do Sul começam a ter o mesmo padrão, a diferenciar-se de outros países mais pobres. No Oriente Médio, dá para ver um ponto de luz mais forte, onde supõe-se ser Dubai e outros menores, a demonstrar a presença de outras cidades ricas, além de Israel, naturalmente. Na Oceania, a Austrália destaca-se, certamente. Na África, e nas Américas, Central e do Sul, infelizmente o panorama é inverso. São pequenos pontos de luz, em meio às trevas quase predominantes...
No caso específico do Brasil, somente São Paulo e Rio de Janeiro apresentam manchas iluminadas significativas. Em segunda instância, vê-se claramente as principais capitais estaduais, mas bem mais apagadas, e no continente, só Buenos Aires tem aspecto semelhante, fora a Cidade do México (embora na América do Norte), e vizinha do super iluminado Estados Unidos da América.  São Paulo é considerada uma das maiores manchas de luz do planeta, mais pelo seu tamanho descomunal, ao fazer com que essa extensão territorial urbana imensa, gere luz suficiente para ser vista do espaço. Contudo, além dos bairros nobres, e as grandes avenidas que os servem, a iluminação paulistana deixa muito a desejar
Se na Av. Paulista, verifica-se iluminação de primeiro mundo e isso ocorra em outras avenidas tais como a Rebouças; Faria Lima; Luiz Carlos Berrini, e outras poucas, na periferia, a situação é muito diferente, com absoluta precariedade. O mesmo ocorre no Rio de Janeiro, com poucas vias realmente iluminadas, como deveria ser, circunscritas ao bairros nobres da zona sul, e assim relegar-se os bairros suburbanos, à escuridão.
Infelizmente, o mesmo padrão segue nas outras capitais e cidades interioranas de grande; médio e pequeno porte. Descaso; má vontade política; corrupção... bem, estamos cansados de saber a razão. Tornar esse serviço público essencial, padronizado, é viável, tecnicamente a falar.
Colocar toda a fiação no subterrâneo, é caro, mas o custo / benefício dessa operação vale a pena, na ponta do lápis. Trocar as velhas lâmpadas de vapor de mercúrio, pelas de sódio ou mesmo de vapor metálico, em toda a parte e não só nos bairros nobres, faz-se mister. Um serviço rápido de manutenção, para não deixar pontos escuros por mais de um dia, quando danificadas, é obviamente um direito do cidadão e obrigação do estado.
O uso de baterias nos semáforos, para evitar o caos no trânsito em momentos de interrupção de energia, é uma medida óbvia. Enfim, investir em iluminação pública com alto padrão, é muito importante para o crescimento da qualidade de vida do cidadão.
Está na hora dos senhores prefeitos (iluminação pública é atribuição municipal, portanto, cobre de seu prefeito !), mudar o discurso padronizado e carcomido, para apresentar metas nesse setor. E também não adianta ficar com raiva dos argentinos, quando ironizam as nossas cidades, ao apelidá-las como "boites", de tão escuras que são, pois eles falam mal com razão, infelizmente...
Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica, em 2013

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