domingo, 26 de julho de 2015

CD O Voo do Marimbondo / Vento Motivo - Por Luiz Domingues



Ao escutar o quarto trabalho da banda paulistana, Vento Motivo, denominado, “O Voo do Marimbondo”, tenho boas novas a relatar. O primeiro ponto é a qualidade musical óbvia, advinda da parte de seus quatro componentes.
Bem, é quase uma obviedade afirmar-se que Fernando Ceah (Vocal e Guitarra); Kim Kehl (Guitarra, Violões e Backing Vocals); Marcião Gonçalves (Baixo, Guitarra e Backing Vocals), e Binho (Bateria e Percussão), figuras tarimbadas na cena Rocker brasileira, não pudessem apresentar algo que não fosse versado pela ótima qualidade. Todavia, eu, Luiz Domingues, estou inserido no mercado da música há trinta e nove anos (1976 / 2015), e por isso, sei bem que para estabelecer-se a “liga”, um conjunto musical precisa mais que reunir bons instrumentistas / cantores em seu bojo. Mais que isso, na história da música e do Rock em específico, nem toda banda formada por grandes músicos deu certo.
É preciso haver uma química, e que muitas vezes passa por imponderáveis razões para ser inteiramente compreendida. Todavia, não é o caso desse disco e dessa formação atual do Vento Motivo.


Sob uma segunda constatação, o disco não reúne apenas um apanhado de boas canções, mas sobretudo, posso afirmar que são muito bem arranjadas.
Eu gostei bastante das soluções encontradas pelos seus componentes, que souberam dar brilhantismo extra à proposta Pop que a banda certamente propõe-se a compor e apresentar.

Terceiro ponto, os músicos convidados que atuaram no álbum, vieram com contribuições pontuais ao melhor estilo de uma contribuição efetiva, para enriquecer ainda mais o resultado sonoro final.

Quarto aspecto, eu sou muito suspeito para falar sobre o artista plástico/ multi-músico e Web Designer, Diogo Oliveira, que foi o responsável pela ilustração da capa, pela evidente ligação artística que eu tenho com ele, que já assinou capa de disco de banda minha, mas como não elogiar uma ilustração fantástica dessas ?
Quinta constatação : as letras das canções são absolutamente excelentes !


Todas de autoria de Fernando Ceah, com exceção de uma escrita pelo baterista, Binho, são na verdade poemas a contar com muita inspiração e profundidade, para destoar completamente (ainda bem !), da vergonhosa mixórdia que assola o panorama artístico atual, de 2015, no mundo da música mainstream do Brasil, e quiçá do planeta inteiro, a revelar-se em um substrato vergonhoso em prol da subcultura de massa, perpetrada propositalmente pelos marqueteiros e seus malditos asseclas, os famigerados : “formadores de opinião”.
Portanto, o CD "O Voo do Marimbondo" trata-se de um trabalho dotado de muita qualidade artística, cercado por predicados. A primeira canção, chamada, “1º de abril”, remeteu-me à Jovem Guarda, mas ao contrário da ingenuidade extrema daquela escola musical Pop dos anos sessenta, e sua inerente aproximação com o brega popularesco, o som proposto pelo Vento Motivo contém muito maior vigor musical e poético. É muito positiva a intervenção melodiosa do trompete, executada pelo músico convidado, Paulo Roberto Pizzulin, ao trazer-me de imediato a lembrança da ótima música prodizida por um artista do quilate de Burt Bacharah. O outro convidado nessa faixa, André Knobl, faz um belo solo de sax. E em algumas intervenções de ambos a tocar juntos, oferece ao ouvinte um certo sabor da Soul Music e que logicamente muito agradou-me.Por brincardo com a questão da mentira, Ceah escreveu uma letra que chega a ser desconcertante em alguns aspectos.
Um exemplo de mega sinceridade consta na expressão : “Mas se todos vão, eu volto louco pela contramão / Procurando em qual bifurcação eu perdi a acidez/ Pra jogar em tanto açúcar”...


A seguir, na canção, “Segunda –Feira Será”, impressionou-me a linha de baixo construída por Marcião Gonçalves. 
Conheço-o há muitos anos, é meu amigo, eu sei, mas preciso dizer : quase todo guitarrista toca baixo, pela semelhança entre os instrumentos que são oriundos da mesma família das cordas. Quando o conheci, era um exímio guitarrista e um dia, por volta de 2004, ele disse-me que migrara para o baixo. Certo, pensei, ele vai tocar "licks" de guitarra no baixo, como quase todo o guitarrista que arrisca-se no bólido das quatro cordas, mas não, Marcião, desenvolveu-se como baixista de uma forma impressionante e de fato, é como se tivesse dentro de seu cérebro, uma chave de "liga e desliga", pois quando toca baixo, raciocina como um baixista e não como um guitarrista a tocar baixo. Nesses termos, ele constrói linhas de extremo bom gosto, com poder melódico e swing típico de um grande baixista, caso do que fez no disco inteiro, mas muito realçado nesta faixa que estou a citar.


Uma inusitada e bonita inserção de música de raiz, com a participação do violeiro, Noel Andrade, aparece ao final da canção, para conceder-lhe um colorido todo especial. “Segunda-Feira será dia de lutar pela vida”, um dos versos da música, faz com que pensemos que o condicionamento cultural em que fomos submetidos por séculos, enraizou a ideia tola de que qualquer ação positiva que estabelecemos pela nossa sobrevivência, só pode começar nesse dia em específico, e que é inexoravelmente carregado por energia de desânimo, decorrente em face pela dura labuta da vida...    
Genial é portanto ao seu final, ouvir-se o toque padrão dos despertadores digitais... a segunda-feira começa assim para a maioria das pessoas deste planeta...


A próxima faixa, “Mary Jane”, é um Rock que lembrou de certa forma a fúria sonora dos Stooges de Iggy Pop. Andamento rápido e raivoso, com uma letra quase desesperada em tom de pesadelo descrito. Uma declamação no meio da música e um inspirado baixo com leve efeito de flanger, chamaram-me a atenção, também.
Sobre : “O Barco e o Porto”, tenho a dizer que o guitarrista, Kim Kehl destaca-se com as suas intervenções orientadas pelo bom gosto. E a letra é um caso à parte : “Joguei uma garrafa ao mar, com a frase mais linda de se escrever/ Se o barco naufragar, as marés é que vão te dizer”, diz um verso criado por Ceah... ou seja, dá para ser romântico, e escrever poesia, sem cair na pieguice.
Em “A História Atual dos Talentos”, digo que o guitarrista, Kim Kehl brilha muito. As suas intervenções com solos e contra-solos sob inspiração da escola Country-Rock, caiu como uma luva para essa canção. Consta também, a participação muito rica do ótimo violinista, Cássio Poleto, ao fornecer mais signos em torno da cultura caipira dos norte-americanos, além de contar com uma letra muito boa, a traçar um paralelo entre o mercantilismo do mundo e o ser humano. 

“Quanto custa você ? / Qual o valor do teu piscar ? / Qual o saldo do seu ser ? / “Tem troco para o que sou ? / Você tem garantia ? / Quanto vale a sua palavra ? / O que acontece se eu quebrar ? / Quanto invisto pra te agradar" ?...


Em sua construção poética, é quase como que Ceah quisesse criar um “Procon” para resolver conflitos que todo ser humano enfrenta e nem sempre consegue resolver, nem mesmo quando desabafa, deitado em divãs psicanalíticos.


“Clareia” é uma balada dotada de extrema qualidade. Eu gostei muito da intervenção de baixo e guitarra juntos em um micro solo bastante melódico. Contém igualmente uma bela harmonia a sustentá-la.


“Porta-Aviões e Barcos de Papel”, trata-se de uma balada bastante densa. 
É muito boa a participação do meu amigo, Rodrigo Hid, aos teclados, a configurar-se como um outro convidado do Vento Motivo para esse álbum. Com aquele timbre muito próximo de um órgão “Farfisa” que ele estabeleceu, deu portanto um toque psicodélico à música. Muito boa apresenta-se também, a linha de baixo de Marcião e da bateria de Binho, também. Gostei muito do solo ao estilo dos Rolling Stones, feito pela guitarra do Kim, a evocar, Mick Taylor, exilado na rua principal, se o leitor permite-me um excesso de euforia de minha parte, como ouvinte e resenhista.


A faixa seguinte, trata de lealdade, ética, devoção... e mais uma série de valores muito exaltados na filosofia que dá sentido às lutas marciais em geral, mas neste caso, a tratar sobre o universo do Karate. “Karate-Do" (A Liga da Justiça), fala especificamente desse universo marcado por rígidos valores, a dar substância e sentido maior ao uso da força física por parte de tais seguidores dessa luta.
“Se combato um inimigo, é para fazer mais um amigo”, talvez soe ingênuo sob uma primeira audição, mas se o ouvinte mantiver a paciência para entender o contexto dessa letra, creio que poderá apreciá-la em sua plenitude. Uma boa idei no arranjo, foi a inclusão de gritos e gemidos típicos de praticantes dessa arte marcial, a trazer-lhe o aspecto mais humanizado.


“A Despedida do Poeta” é uma balada bastante dramática. Muito boa a intervenção de Rodrigo Hid ao piano e sobretudo, a performance de Kim Kehl a usar o efeito do “Ebow” na guitarra, a reforçar a sua eloquência enquanto canção bastante emocional.
Lembra o trabalho do compositor, Cazuza, em certos aspectos, a interpretação do Ceah, e a letra é um tanto quanto melancólica : “Toda vez que eu inventei o amor, eu criei a minha dor”...


Em “A Lei que Vale”, o clima é de desabafo e existe uma carga de Rock oitentista bem forte nessa composição. Não é a minha predileção, mas eu apreciei o bom solo do Kim Kehl.


A última canção do disco, é “Vem Sol, Vai Chuva”, que mostra-se  bastante melódica.
Gostei muito de uma inserção ao estilo Funk-Rock (e aproveito para desabafar, no sentido de que acho um fardo viver em um mundo onde toda vez que cito o Funk, tenho que explicar que não trata-se daquela manifestação que vemos por aí, mas sim o “verdadeiro Funk”, que vem da raiz nobre do Soul e do R’n’B, e que foi imortalizado por James Brown e tantos outros artistas geniais). Com um baixo absolutamente brilhante, Marcião Gonçalves parece estar a tocar com a Sly and the Family Stone no palco da Soul Train, na Philadelphia...
Muito boa também a inclusão de um clavinete, bem ao estilo de Stevie Wonder, pilotado muito bem pelo Rodrigo Hid. E revela-se  absolutamente adorável o seu final, quando uma vinheta construída em torno da melodia e da letra da canção, traz uma criança a cantarolar em ritmo de uma cantiga de roda...”Vem Sol...Vai Chuva”. 

Sobre a capa, já elogiei o artista plástico, Diogo Oliveira, mas cabe acrescentar que a ilustração mostra uma visão com triplo alcance visual.
É como se estivéssemos em um avião, a olharmos para baixo, e verificarmos a presença de um outro avião (na verdade, um caça militar em ação de guerra), a sobrevoar a pista de um porta-aviões. Nas asas do caça, as figuras de dois marimbondos, estilizados como logotipo a conter divisões militares. Tudo em preto e branco, mas com um brilho e contraste impressionantes, a realçar tessituras. Dá para ver o movimento do mar, em ranhuras muito elucidativas. Uma ilustração brilhante em minha opinião.
O encarte é recheado por informações; contém todas as letras e muitas fotos promocionais da banda, a posar na região do cais do porto, na cidade de Santos, e assim reforçar a ideia dos porta aviões e barcos de papel, nome de uma canção; a ligação desse álbum com voo sobre o mar, e a própria ilustração da capa.

Boa produção de áudio, com a mixagem a seguir o padrão radiofônico Pop. Particularmente gosto mais do conceito Rocker, e livre, fora das regras do mercado, ou seja, com a voz do cantor principal mais próxima dos instrumentos, mas eu entendo a opção da banda e claro que imagino que pelo teor das letras, a preocupação com a inteligibilidade deve ter determinado isso, também.


Gravado nos estúdios Curumim, de propriedade do próprio, Fernando Ceah, e com boa produção de Carlos Perren, um profissional bastante competente e extremamente acessível no trato pessoal.
Gostei bastante dos timbres dos instrumentos, principalmente o baixo, e não é por que eu seja baixista, pois quem conhece-me, sabe bem que não escuto música a prestar atenção nesse instrumento em específico. Mas realmente o brilho e o peso do baixo, ficaram excelentes, só a realçar ainda mais a performance matadora de Marcião Gonçalves. Luizinho Mazzei cuidou da mixagem e Lampadinha, fez a masterização. Fotos a cargo de Marco Estrella.
Lançado pelo selo próprio, Curumim, a banda vem a divulgá-lo com bastante empenho e a obter bons resultados. Recomendo esse trabalho, certamente e reforço a ideia de que se o Rock brasileiro parece morto, na verdade, nos subterrâneos fora do patamar  mainstream, ele vive e muito bem, através de dúzias de artistas criativos, caso do Vento Motivo.
E se tais artistas, como o Vento Motivo entre eles, não estão fortes na mídia mainstream, é por pura opção dos poderosos que a dominam, e a manipulam há décadas, para assim impedir que vários artistas talentosos tenham acesso, por conta de seus outros interesses escusos. Só por isso.


Conheça melhor esse trabalho, ao visitar o Site oficial da banda :


www.ventomotivo.com.br  

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Kim Kehl & Os Kurandeiros - 26/7/2015 - Domingo / 21 H. - Casa Amarela - Osasco / SP

Kim Kehl & Os Kurandeiros
 
26 de julho de 2015
 
Domingo - 21 h.
 
Casa Amarela
 
Rua Mario Menin, 90
 
Centro
 
Osasco - SP
 
KK & K :
 
Kim Kehl - Guitarra e Voz 
Carlinhos Machado - Bateria e Voz 
Luiz Domingues - Baixo

domingo, 19 de julho de 2015

Multas Pecuniárias Já ! - Por Luiz Domingues


Faz pouco tempo, ao assistir um debate desses, típicos de mesa redonda de futebol, observei a postura de um jornalista a defender enfaticamente a perda de pontos em qualquer competição onde estiver, da parte de clubes que não cumpram as suas obrigações trabalhistas. A sua tese, fora formulada no sentido de que responsabilizar o clube na justiça comum, ou mesmo de dirigentes. civilmente, a falar, não “causaria impacto” entre os torcedores comuns, que só sensibilizar-se-iam se o seu seu clube do coração fosse punido esportivamente, com perda de pontos, e por consequência, perder posições na tabela do campeonato onde estivesse a disputar. Essa foi uma das opiniões mais bizarras que eu já ouvi.
Não sou advogado, portanto nada entendo da matéria jurídica, mas mesmo como leigo, parece-me absurda a ideia de que qualquer questão de ordem burocrática perpetrada por um clube, tenha punição esportiva, sob qualquer alegação. No caso das obrigações trabalhistas, o que tem a ver a inadimplência com o âmbito esportivo ?
Por quê o clube deva ser punido com perdas de pontos, se deixar de pagar os seus funcionários em dia ? Ora, essa insanidade equivale a dizer que uma empresa que passa por dificuldades, e deixa de honrar o seu compromisso com os seus funcionários, deva ser punida com a proibição de vender os seus produtos, para que o consumidor comum saiba que ela está em débito. Bizarro pensar em uma hipótese onde alguém que está em dificuldade financeira, seja punido com o impedimento de trabalhar, onde evidentemente que será estrangulado até o colapso total, e por conseguinte, piorar muito o que já estava ruim !


Segundo ponto : de que adianta o torcedor comum frustrar-se em ver o seu clube ser prejudicado na pontuação, em relação ao mal feito e / ou incompetência dos seus dirigentes ? O que isso muda, efetivamente, para que a situação financeira melhore, e o clube honre os seus compromissos trabalhistas ? 


Terceiro ponto : a quem mais interessa o fato de um clube estar inadimplente com seus funcionários, a não ser a justiça trabalhista e a receita federal ? Nesses termos, é absolutamente abominável a ideia de que qualquer punição jurídica cabível, saia desse campo. 

Quarta questão : se as obrigações financeiras dos clubes jamais poderiam gerar sanções esportivas desse porte, o que dizer então de erros meramente burocráticos sofrerem essas mesmas punições ? Tal situação abominável existe há anos, sem que uma única voz surja entre os jornalistas setorizados a questionar esse estado de coisas, e pelo contrário, quando o assunto vem à baila, ouvimos opiniões esdrúxulas como a do jornalista que citei no início.
Veja : se um funcionário do clube; da federação estadual, ou mesmo da confederação brasileira, erra um dado na ficha cadastral de um atleta, por um simples deslize de digitação, você  acha justo que o clube seja punido com perda de pontos em um campeonato ?
Esse dispositivo amoral, já provocou situações abomináveis.
Alguém recorda-se do "caso Sandro Hiroshi" ? Por haver uma falha na ficha de tal atleta, em relação à sua data de nascimento, o clube em que ele atuava foi severamente punido e com a perda de pontos, teve um enorme prejuízo. Ao ir além, não fica apenas no prejuízo esportivo. Se com tal perda de pontos, deixa-se de conquistar um campeonato, ou perde-se uma vaga na Taça Libertadores da América, ou mesmo, se deixa de evitar uma queda para a segunda divisão, automaticamente a receita do clube com patrocinadores; cotas de televisão e venda de ingressos / merchandising, cai brutalmente. E quem ressarce o clube com tais perdas ?
O último caso abominável nesse sentido, ocorreu em 2013. O campeonato brasileiro terminou, e de forma inacreditável, um jogador foi acusado em ter entrado em campo de forma irregular por conta de uma suspensão por cartões amarelos. Trata-se de uma das páginas mais tristes da história do futebol brasileiro, pois ficou clara a intenção em usar-se de uma brecha jurídica para mudar o resultado final do campeonato, e assim determinar que o clube atingido por isso, tivesse perdido pontos e assim, ao trocar de posição na tabela, este caiu para a segunda divisão, para salvar um clube mais tradicional, em sofrer tal situação. Pelo imbróglio meramente burocrático por parte de uma confusão gerada entre funcionários, na calada da noite, a punição para tal jogador foi aumentada para dois jogos. Se soubessem disso, os dirigentes do clube jamais teriam aprovado a ideia de que ele participasse do último jogo, mas ninguém avisou, e o treinador o relacionou para a última partida. No último jogo do campeonato, bastava um empate para esse time somar um ponto e salvar-se matematicamente do rebaixamento. O jogo terminou em 1 x 1, e o clube salvou-se. Tal jogador entrou em campo no segundo tempo e jogou por menos de quinze minutos, apenas. Quem em sã consciência, arriscaria relacionar um atleta em impedimento disciplinar, com o clube na beira do abismo ?


Portanto, graças a esse estado de coisas no futebol profissional, uma injustiça enorme foi gerada, ao empurrar tal clube na segunda divisão, injustamente, e abalado por tal situação, eis que não recuperou-se, e uma vez na segunda divisão, ao ter a sua receita drasticamente reduzida, esse clube entrou em crise profunda, a despencar para a terceira divisão, com investimentos ainda menores, portanto, tornou-se muito difícil fortalecer-se para voltar à primeira divisão. Dessa maneira, é inadmissível que tal estado de regras permaneça no futebol profissional.
Resultados esportivos conquistados dentro das quatro linhas, devem ser respeitados, sem máculas. Qualquer erro de ordem burocrática, só deveria sofrer punição pecuniária. Qualquer malfeito financeiro, só pode sofrer investigação das instituições cabíveis : Justiça Comum; Justiça Trabalhista; Receita Federal / Polícia Federal; Polícia Civil e Ministério Público. Dentro desses parâmetros, que eventuais malfeitos sejam investigados; julgados e se considerados culpados, que sejam eventualmente punidos dentro das sanções previstas em Lei, com responsabilidade fiscal e civil de envolvidos, mas jamais com perdas esportivas para o clube. Nada justifica a sanção esportiva. O que conquista-se dentro das quatro linhas do campo, é irretocável.

E para ir além, é importantíssimo que tal padrão de moralidade seja rígido, para não dar mais margem de dúvida para a credibilidade do futebol profissional. Ao contrário do que tal jornalista pregou na TV, o torcedor precisa saber que o seu clube, se for campeão, foi por merecimento esportivo, e se caiu para uma divisão inferior, foi por absoluta incompetência, e que nenhuma falcatrua baseada em brecha jurídica, possa fornecer uma brecha extra futebol para concretizar tal situação. Isso sim é que tira a credibilidade na lisura das competições. Portanto, multas pecuniárias já, e chega dessa artimanha em retirar-se pontos dos clubes por questões burocráticas. 

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Kim Kehl & Os Kurandeiros - 18/7/2015 - Sábado / 21 h. - A Pimenta Verde Bar - Vila Olímpia - São Paulo / SP

Kim Kehl & Os Kurandeiros

Dia 18 de julho de 2015

Sábado  -  19:00 horas

A Pimenta Verde Bar

Rua Alvorada, 457

Vila Olímpia

São Paulo  -  SP

Happymenta comemorando o aniversário de Kim Kehl, em apresentação acústica !

KK & K :

Kim Kehl - Violão, Dobro e Voz 
Carlinhos Machado - Bateria e Voz
Luiz Domingues - Baixo

sábado, 11 de julho de 2015

CD Stringbreaker & The Stuffbreakers/Sringbreaker & The Stuffbreakers - Por Luiz Domingues

Chegou às minhas mãos o CD de um jovem guitarrista paulistano, a revelar o eu trabalho mais recente em estúdio, e por conta de tal descoberta, a me despertar a atenção, de imediato. 
 
Trata-se de Stringbreaker & the Stuffbreakers, trabalho de Guilherme Spilack, guitarrista técnico, criativo e influenciado pelas melhores referências do Rock Clássico.
Ao lado do baixista, Robinho Tavares e do baterista, Sergio Ciccone, Spilack gravou um disco com dez temas instrumentais, sob agradável audição para ouvidos como os meus, mega simpáticos às sonoridades de cunho sessenta-setentistas. A despeito dessa ótima prerrogativa em prol do Classic Rock, nem sempre foi essa a orientação de Spilack, entretanto.
A sua escola primordial fora o Heavy-Metal, quando ele atuou com a banda "Reviolence" a atuar nesse mundo metálico, além de participações em bandas tributo do Iron Maiden e da carreira solo do vocalista britânico, Bruce Dickinson. 
 
Entretanto, ao demonstrar ecletismo, Spilack nos mostra neste trabalho que enfoco, um outro lado seu, plenamente identificado com a sonoridade clássica das décadas de sessenta e setenta. Nas dez faixas do disco, o "groove" que apresenta é muito grande. 
 
A sua guitarra sai do lugar-comum em torno do virtuosismo puro e simples (e típico de guitarristas de Heavy-Metal, a mostrar via de regra a técnica em sentido desconectado com o sentido cultural em si), mas ao contrário de outros colegas de sua geração, ele segue a trabalhar a favor da música, com sentido e propósito.
Outro ponto forte é a noção melódica excelente, para produzir solos que ficam na memória, com poder semelhante ao de refrães memorizados e cantados por todos, tamanho o seu poder de identificação imediata. E assim configura-se o trabalho, faixa por faixa, onde Spilack e os seus companheiros envolvem o ouvinte, para prender-lhe a atenção, e isso tem um mérito extraordinário ao  considerar-se constituir-se de um trabalho de música instrumental, onde a tendência natural é agradar apenas uma faixa restrita de pessoas e invariavelmente formada por músicos em sua maioria.

Sobre as influências que eu detectei e claro que se leva em conta a minha percepção pessoal e idiossincrática em via de regra, são as melhores possíveis na minha avaliação. Nesse sentido, eu sempre ouço música, mesmo que seja moderníssima e a buscar a inovação absoluta, a imaginar alguma influência antiga, nem que seja subliminar e inconsciente da parte do artista que a concebeu. 
A minha base de influências no Rock, fica mesmo entre as décadas  de cinquenta e setenta, portanto, tudo o que falarei a seguir, segue tal percepção de minha parte. 
 
Por exemplo, em: “Groove Party”, Spilack & Cia. conseguiram fazer com que o Southern Rock soasse forte, com o som dos Allman Brothers Band a lhe fornecer as cartas na mesa desse poker sonoro.

 “Mad Middle Pickup” fez-me pensar em como seria Johnny Winter e Joe Walsh a tocarem juntos... Spilack teve essa proeza ao demonstrar na prática, tal efeito explosivo.
Se mostra absolutamente adorável o Blues roots de: “Travel at the Southern Lands”.

“75’S spring”, mostrou o lado "funkeado" do Jazz-Rock mais sólido, ao reverenciar Jeff Beck e de fato, a primavera de 1975, foi pródiga e embalada por tais petardos desse grande mestre.
Jimi Hendrix aparece em manifestação mediúnica, digamos assim, na inspiração para a música: “Grooveria Paulistana”

“Doida” é puro Led Zeppelin, com Jimmy Page a indicar o caminho para Spilack, mediante uma luminária acesa, montanha acima.

O Folk britânico e europeu de uma maneira mais abrangente, mostra a sua face em “Rainy Afternoon in Gonçalves”. Neste caso, Guilherme também tira o chapéu para Roy Harper, com certeza!
Um blues denso ao extremo, a evocar Jimi Hendrix em seus momentos mais soturnos, nos é brindado em “The Inspiration Blues”.
 
Gosto do sabor Pop, quase imperceptível, mas muito bem colocado de um violão batido na faixa: “Under Two Color Sky”. Marca registrada de um mestre carismático como Peter Frampton, e que Spilack soube explorar com galhardia.

A faixa escolhida por Guilherme Spilack para encerrar o CD, foi estratégica. “Taking Road Back Home” é um tema grandiloquente, com um solo dramático e que muito fez com que eu me recordasse do saudoso Mick Ronson.
O áudio do CD é bastante agradável, a respeitar a intenção do artista em buscar timbragens vintage, mas com a inerente modernidade da era digital. 
 
Sobre a capa, a achei simples, mas bastante criativa em seu lay-out, obra assinada por Débora Born. As fotos são de Renato Ciccone.

Abaixo, ouça uma amostragem do álbum postada no YouTube:
Spilack em pessoa cuidou da produção toda, incluso o áudio, ao operar em seu estúdio particular (SpilackTAG Estúdio), com exceção da captura de bateria, feita em um estúdio diferente, o Estúdio Tool Box 68. 
 
Em suma, um trabalho muito inspirado, que nos oferta a esperança que o Rock possa trilhar caminhos melhores doravante, com jovens a buscar beberem em fontes nobres, novamente.
E uma ótima nova, que eu soube através do próprio Guilherme: a sua intenção é que o Stuffbreakers seja uma banda doravante, para seguir carreira e portanto, ele não trata esse trabalho como solo. Melhor ainda, em suma. 
 
Cabe registrar que eu fiz uso abusivamente de citações a estabelecer associação de ideias com inúmeros artistas do passado na história do Rock, mas neste caso, além de saber que o artista em si concorda com a minha linha de raciocínio, a minha intenção foi enaltecer a boa fonte em que o jovem Guilherme Spilack busca inspiração, mas em essência, é óbvio que ele tem a sua própria identidade como artista e aliás, esse talento é notório. 
 
Jovens talentosos como Guilherme Spilack (e seus companheiros), nos traz de volta essa empolgação de se acreditar que dias melhores virão para quem ama o Rock, verdadeiramente.  
Para conhecer melhor esse trabalho, contato na página do Facebook:
https://www.facebook.com/StringBreakerRock