Chegou às minhas mãos o CD de um jovem
guitarrista paulistano, a revelar o eu trabalho mais recente em estúdio,
e por conta de tal descoberta, a me despertar a atenção, de imediato.
Trata-se de Stringbreaker & the
Stuffbreakers, trabalho de Guilherme Spilack, guitarrista técnico, criativo e
influenciado pelas melhores referências do Rock Clássico.
Ao lado do baixista, Robinho Tavares e
do baterista, Sergio Ciccone, Spilack gravou um disco com dez
temas instrumentais, sob agradável audição
para ouvidos como os meus, mega simpáticos às sonoridades de cunho sessenta-setentistas. A despeito dessa ótima prerrogativa em prol do Classic Rock, nem sempre foi essa a orientação de Spilack, entretanto.
A sua escola primordial fora o
Heavy-Metal, quando ele atuou com a banda "Reviolence" a atuar nesse mundo metálico, além
de participações em bandas tributo do Iron Maiden e da carreira solo do vocalista britânico, Bruce
Dickinson.
Entretanto, ao demonstrar ecletismo, Spilack nos mostra
neste trabalho que enfoco, um outro lado seu, plenamente identificado com a sonoridade
clássica das décadas de sessenta e setenta. Nas dez faixas do disco, o "groove" que
apresenta é muito grande.
A sua guitarra sai do lugar-comum em torno do
virtuosismo puro e simples (e típico de guitarristas de Heavy-Metal, a mostrar via de regra
a técnica em sentido desconectado com o sentido cultural em si), mas ao contrário de outros colegas de sua geração, ele segue a trabalhar a favor da música, com
sentido e propósito.
Outro ponto forte é a noção melódica
excelente, para produzir solos que ficam
na memória, com poder semelhante ao de refrães memorizados e cantados por todos,
tamanho o seu poder de identificação imediata. E assim configura-se o trabalho, faixa por faixa, onde Spilack e os seus
companheiros envolvem o ouvinte, para prender-lhe a atenção, e isso tem um mérito
extraordinário ao considerar-se constituir-se de um trabalho de música instrumental, onde a
tendência natural é agradar apenas uma faixa restrita de pessoas e
invariavelmente formada por músicos em sua maioria.
Sobre as influências que eu detectei e claro que se leva em conta a minha percepção pessoal e idiossincrática em via de regra,
são as melhores possíveis na minha avaliação. Nesse sentido, eu sempre ouço
música, mesmo que seja moderníssima e a buscar a inovação absoluta, a imaginar
alguma influência antiga, nem que seja subliminar e inconsciente da parte do
artista que a concebeu.
A minha base de influências no Rock,
fica mesmo entre as décadas de cinquenta e setenta, portanto, tudo o que falarei
a seguir, segue tal percepção de minha parte.
Por exemplo, em: “Groove Party”,
Spilack & Cia. conseguiram fazer com que o Southern Rock soasse forte, com
o som dos Allman Brothers Band a lhe fornecer as cartas na mesa desse poker sonoro.
“Mad Middle Pickup” fez-me pensar em como
seria Johnny Winter e Joe Walsh a tocarem juntos... Spilack teve essa proeza ao demonstrar na prática, tal efeito explosivo.
Se mostra absolutamente adorável
o Blues roots de: “Travel at the Southern Lands”.
“75’S spring”, mostrou o lado "funkeado"
do Jazz-Rock mais sólido, ao reverenciar Jeff Beck e de
fato, a primavera de 1975, foi pródiga e embalada por tais petardos desse grande
mestre.
Jimi Hendrix aparece em manifestação
mediúnica, digamos assim, na inspiração para a música: “Grooveria Paulistana”
“Doida” é puro Led Zeppelin, com Jimmy
Page a indicar o caminho para Spilack, mediante uma luminária acesa, montanha acima.
O Folk britânico e europeu de uma maneira mais abrangente, mostra a sua
face em “Rainy Afternoon in Gonçalves”. Neste caso, Guilherme também tira o chapéu para Roy
Harper, com certeza!
Um blues denso ao extremo, a evocar
Jimi Hendrix em seus momentos mais soturnos, nos é brindado em “The Inspiration
Blues”.
Gosto do sabor Pop, quase
imperceptível, mas muito bem colocado de um violão batido na faixa: “Under Two
Color Sky”. Marca registrada de um mestre carismático como Peter Frampton, e
que Spilack soube explorar com galhardia.
A faixa escolhida por Guilherme
Spilack para encerrar o CD, foi estratégica. “Taking Road Back Home” é um tema
grandiloquente, com um solo dramático e que muito fez com que eu me recordasse do saudoso
Mick Ronson.
O áudio do CD é bastante agradável,
a respeitar a intenção do artista em buscar timbragens vintage, mas com a
inerente modernidade da era digital.
Sobre a capa, a achei simples, mas
bastante criativa em seu lay-out, obra assinada por Débora Born. As fotos são
de Renato Ciccone.
Abaixo, ouça uma amostragem do álbum postada no YouTube:
Em suma, um trabalho muito inspirado,
que nos oferta a esperança que o Rock possa trilhar caminhos melhores doravante, com
jovens a buscar beberem em fontes nobres, novamente.
E uma ótima nova, que eu soube através do próprio Guilherme: a sua intenção é que o Stuffbreakers seja uma banda doravante, para seguir carreira e portanto, ele não trata esse trabalho como solo. Melhor ainda, em suma.
Cabe registrar que eu fiz uso abusivamente de citações a estabelecer associação de ideias com inúmeros artistas do passado na história do Rock, mas neste caso, além de saber que o artista em si concorda com a minha linha de raciocínio, a minha intenção foi enaltecer a boa fonte em que o jovem Guilherme Spilack busca inspiração, mas em essência, é óbvio que ele tem a sua própria identidade como artista e aliás, esse talento é notório.
Jovens talentosos como Guilherme Spilack (e seus
companheiros), nos traz de volta essa empolgação de se acreditar que dias
melhores virão para quem ama o Rock, verdadeiramente.
Para conhecer melhor esse trabalho, contato na página do Facebook:
https://www.facebook.com/StringBreakerRock
Muito interessante, quero ouvir e fico feliz por termos jovens talentos no rock.
ResponderExcluirRecomendo esse trabalho, amiga Jani !
ExcluirUm trabalho bem tocado; inspirado e com ótimas influências.
Grato por ler e comentar !
Excelente, super talentoso.
ResponderExcluirBem observado, Kim !
ExcluirO Guilherme é um talento jovem e a intenção do trabalho, com tais referências, é muito nobre.
Grato por ler e comentar !
Grande Guitar Man ! Sonoridade calcada muito em Hendrix, Vaughan e demais guitas setentistas. Adoro essa sonoridade e timbre de guitarra ... os anos 70 foram insuperáveis. Valeu a dica Luiz !
ResponderExcluirPor aí, JJ !
ExcluirO jovem Spilack tem as melhores influências possíveis. Timbres matadores bem anos 70, é marca registrada desse jovem talento.
Eu que lhe agradeço por ler, ouvir o trabalho dele e comentar !!
Ouvi algumas músicas e curti o som.
ResponderExcluirGrande dica Luiz. Resenha perfeita!
Ótimo que tenha apreciado o trabalho desse jovem guitarrista promissor.
ExcluirGrato pela leitura, apreciação do trabalho citado, e elogio à resenha !
O Guilherme faz realmente um excelente trabalho, além de ser gente finíssima! Parabéns pela resenha, Luiz! Grande abraço!
ResponderExcluirMas que maravilha a sua participação, amigo Ricoy !
ExcluirSim, você conhece bem o trabalho do Guilherme e como bom professor de guitarra que é, sabe do valor do jovem talento.
Grato pela visita e leitura no Blog, além do elogio, é claro !
Abração !