O duo “Gozi” é formado pelo violonista e cantor, Ozi Garofalo e pela cantora, Gisele Garof. Eles são artistas que se mostram influenciados por variadas correntes musicais, mas predomina o Rock de uma maneira geral e a MPB mais clássica como os dois pilares principais que alicerçam a sua criação.
Cercado sempre por grandes músicos, alguns inclusive
bem conhecidos no meio, a banda que lhes dá suporte nas gravações e nas
apresentações ao vivo, é sempre de alto nível para elevar a qualidade do trabalho. Entre tantos músicos de alto gabarito, é um luxo ter Ayrton Mugnaini Junior e Marcos Mamuth para tocar baixo e guitarra respectivamente e assim garantir o nível excelente do instrumental.
Neste CD homônimo, “Gozi”, nota-se claramente no conjunto de canções apresentadas, as boas referências que o duo possui na sua boa formação para construir a sua arte e dar o seu recado artístico, por conseguinte.
No tocante ao aparato gráfico que embala o disco, a capa apresenta como base uma foto do duo sob um cenário que sugere a ambientação rural, o que de imediato me levou a crer que a dita vertente oriunda do Rock Rural dos anos setenta tem igualmente peso na constituição do trabalho do “Gozi”.
Trata-se de uma foto em preto & branco, levemente envelhecida como efeito e que certamente traz o charme necessário para sugerir não apenas a tranquilidade da casa no campo, mas também o lado emocional, ao sugerir o aspecto familiar e por conseguinte, a ambientação aconchegante do lar, doce lar.
Na contracapa, há a descrição das músicas e muito interessante, a lista de todos os músicos que colaboraram com o duo e certamente que tantos instrumentistas talentosos precisam ser reverenciados.
Sobre as faixas do álbum, tenho mais algumas considerações importantes para registrar.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=7CGYd8NGrG4
“Eu Quero Mais”, a primeira faixa, é um Rock’n’ Roll com estrutura bem tradicional na linha cinquentista dos primórdios. A canção é bastante empolgante e apresenta uma letra bem-humorada e com um recado bem direto sobre o papel do sexo na vida das pessoas e tudo dito sem a intenção da galhofa e tampouco a se preocupar com amarras moralistas, ou seja, trata-se de uma abordagem realista e a buscar a naturalidade na sua proposta poética
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=nbb_rhqW5XY
“Três Doses a Menos” é mais um Rock com forte identidade Bluesy, mediante uma condução bastante ritmada o que certamente desperta no ouvinte a vontade de dançar. O piano dá um destaque todo especial para evocar a atmosfera de um cabaré, ou seja, torna a canção uma experiência sensorial mais acentuada.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=aiw2_4oJzug
A terceira faixa, “Apego” traz o sentido explícito do Country-Rock na sua formatação base. Gostei muito da atmosfera gerada com o ótimo apoio dos músicos convidados. Inclusive a se destacar a presença de Edvaldo Santana ao vocal, um tremendo artista que milita entre as vertentes do Blues e da MPB em sua trajetória.
O vocalize apresentado pela cantora Gisele é muito interessante e de imediato me fez recordar da música do grande e saudoso compositor e maestro italiano, Ennio Morricone, quando este compôs muitas trilhas para ótimos filmes do gênero “Western Spaguetti”, portanto, gostei muito dessa referência cinematográfica sutil ali usada.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=IBZu96rcu0U
Chega a quarta faixa e em “Luau”, o Gozi usa uma condução com intenção latino-americana bem balançada e além da batida e do bom apoio da percussão, há o destaque de uma voz masculina a solar, no caso, Rei Salles, cantor convidado que trouxe a sua boa colaboração.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=J4l0Hv-wPes
“O Caipira” entrega pelo seu título, a intenção Folk implícita da canção. É nítida a influência da moda de viola mais genuína, a destacar a raiz interiorana bem saborosa.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=uWXOGR288_Q
“Societá São Paulone”, é uma surpresa agradável, pois se trata de uma “tarantella” clássica, ou seja, é o Folk italiano empolgante, que dá vontade imediata de cantar e dançar juntamente.
Na sua letra, há uma divertida evocação das tradições italianas tão marcantes na cultura paulistana e claro, com direito a se exagerar no sotaque “italianado” do paulistano, no melhor estilo do português falado pelas ruas do bairro da Mooca, capisce belo?
Há também uma parte mais "Rock" dentro do arranjo e isso traz um brilho a mais, naturalmente.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=bxeDaBZxmlM
“Ode ao Álcool” é na verdade uma ode à confraternização e certamente a enaltecer o aspecto da amizade como um valor a ser cultivado. A questão do elemento do álcool ser uma espécie de desculpa para que as pessoas se reúnam socialmente, é tratada com muito bom humor na letra, inclusive a citar o malefício que tal bebida causa no organismo humano, naturalmente em tom de pilhéria.
Nesta canção, Ozi Garofalo comanda a voz solo com contundência, pois se trata de um Rock mais acelerado.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=ByM1sYihc_8
“Vampira” é um Blues-Rock que tem no seu arranjo a proposta de mudança de condução rítmica, ao se tornar acelerada em sua parte final, para dar mais a ênfase à letra e abrir espaço para ótimos solos, de guitarra, piano, baixo e bateria. E ao final, o Blues-Rock balançado, no limiar do R'n'B, volta na sua constituição para dar encerramento bem dançante para a canção.
https://www.youtube.com/watch?v=RJiigYqsviU
“Ponte Aérea” é a nona faixa. Ela se inicia a insinuar se tratar de uma canção Soft-Rock, mas logo muda o panorama ao atingir um padrão de Pop-Rock ao estilo "AOR". No refrão, com a incidência do dueto vocal, há uma influência Country-Rock bem interessante o que fez recordar do som de Linda Ronstadt nos anos setenta.
É ótimo o solo de guitarra, é preciso salientar. Um breve interlúdio usa o Reggae como referência e o sonoro palavrão cantado, não machuca o ouvido pois ficou nítida a intenção de enfatizar uma ideia em formato de interjeição.
E para encerrar, volta-se ao início com nova quebra rítmica e desta feita a trazer subliminarmente um elemento mais brasileiro, a insinuar o samba.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=cgRZc0MZuZQ
“Maroto” (Gozi) fecha o disco. Nesta faixa, o balanço alcançado pelo arranjo é muito grande a evocar tradições boas do R’n’B e da Soul Music, portanto, empolga não apenas pela instrumentalização bem rica, mas também pela linha melódica e bons backing vocals.
O uso do Wha-Wha na guitarra foi providencial para garantir a atmosfera Black Music muito dançante e bastante enriquecida musicalmente, portanto a se configurar como algo contido na boa cartilha do gênero. E assim, com clima de final de anos sessenta/início dos anos setenta, o disco se encerra da melhor maneira possível na minha avaliação.
Em suma, o trabalho do duo, “Gozi” é multifacetado e amparado por ótimas referências estilísticas, bem engendrado e executado, a se valorizar o bom gosto, inclusive, mediante as escolhas que fizeram ao se cercarem de amigos talentosos para lhes fornecer o apoio como banda.
Por dedução, eis mais um trabalho que eu recomendo, certamente.
Gravado no estúdio do Meneka, entre 2017 e 2020.
Técnico de áudio, mixagem e masterização: Márcio Menechi
Capa: criação e lay-out final: Ozi Garofalo
Fotos: Vanderberg Cruz e Neide Sakai (ambos in memoriam)
Composições e produção geral: Ozi Garofalo
O Gozi tem em sua formação fixa, a dupla:
Ozi Garofalo: Violão e Voz
Gisele Garof: Voz
Músicos convidados:
Ayrton Mugnaini Junior: Baixo
Cristiana Costa: Teclados
Carlão Semprini: Bateria
Marcos Mamuth: Guitarra
Carlão Freitas: Gaita
Rafael Lima: Percussão
Márcio Menechini: Guitarra
Edvaldo Santana: Voz
Rei Salles: Vocal
Bráu Mendonça: Violão
Rosangela Alves: Voz
Para conhecer melhor o trabalho do Gozi, acesse:
Página oficial no Facebook
https://www.facebook.com/gozibanda/about/?ref=page_internal
Canal no YouTube:
https://www.youtube.com/user/ozigarofalo
Spotify:
https://open.spotify.com/artist/6wUoBnFKo6uYZvgkh4RWB9?si=kltmXpRMRMaoMgbGTG40pw&nd=1
Deezer:
https://www.deezer.com/us/album/193515872
Instagram:
https://www.instagram.com/gozioficial/
Baita banda a banda Gozi, predominam as vertentes do Rock de uma maneira geral e a MPB mais clássica como os dois pilares principais que alicerçam a sua criação.Prabéns Luiz Domingues por ser um elo de apoio para diversas bandas, à você se devem muitos agradecimentos por tudo qeu representou e continua representando para com a música brasileira, muitas bandas estão fazendo sucessos graças a você um iterlocutor e porta voz para o surgimento de muitas bandas bandas bem como na área lierária e artística afins.
ResponderExcluirOlá, Claudiomir!
ExcluirEm primeiro lugar, quero lhe agradecer pelo prestígio que forneceu ao Blog, ao empreender a sua visita e ainda mais por ter lido com atenção a resenha sobre esse trabalho do grupo Gozi.
Sobre a banda, apresentada através do seu CD de estreia, homônimo, você observou bem, tal grupo mescla o Rock e a MPB com bastante desenvoltura e merece todo o nosso apoio pelo seu esforço de fazer um bom trabalho e contribuir por conseguinte, com a cena artística nacional.
Grato pelo elogio pessoal que teceu ao reconhecer a minha preocupação de usar o espaço deste Blog para divulgar ao máximo os artistas, normalmente tão carentes de oportunidades nas esferas maiores de comunicação.
O meu blog é naturalmente muito humilde, no entanto, aqui eu garanto o reconhecimento do esforço empreendido pelos artistas independentes.
Visite sempre o Blog, a casa é sua!
Abraço,
Luiz Domingues