Oriundo da cidade de Manaus, o quinteto Nicotines lançou o seu EP chamado: “A Mil Por Hora” em 2015, com apoio de um velho amigo meu, o ativista cultural, Luiz Cichetto, popular “Barata”, através de sua revista que editava na ocasião, “Gatos & Alfaces”, da qual, inclusive, eu tive o prazer de ser colaborador por um bom tempo.
Banda muito valorosa, se lançou ao mercado a praticar um trabalho fortemente versado por escolas mais antigas do Rock, a denotar que as influências dos seus componentes são muito boas, a formatar uma base sólida para compor o seu trabalho.
O alicerce mais proeminente é o Hard-Rock, mas é nítido como a banda tem outras tendências representadas no âmago de seu trabalho, a mostrar o Rock’n’ Roll tradicional, Blues-Rock, Pop-Rock e Acid-Rock como adendos.
Um outro aspecto interessante no trabalho do Nicotines, se dá em relação às letras que escrevem. Reflexões sobre o papel do Rock na sociedade e do comportamento dos Rockers, suscita uma interessante reflexão em forma de autoanálise, ou sejam a se tratar de algo bastante incomum e deveras criativo, eu posso afirmar.
Isso sem contar as citações ao próprio Rock Brasileiro, com bom humor em algumas circunstâncias e certamente a denotar uma reverência aos grandes ídolos que ajudaram a construir a história do gênero em nosso país.
Aliás, na contracapa do álbum, a banda fez uma bonita dedicatória para três astros do Rock brasileiro que haviam falecido com proximidade na mesma ocasião de seu lançamento, nas personas de Celso Blues Boy, Percy Weiss e Helcio Aguirra, a reforçar a ideia de que o Nicotines mira o Rock nacional com muita admiração.
Além de tudo isso, o Nicotines mostra boa técnica na parte musical e o áudio do disco está caprichado, portanto, é uma experiência positiva ouvir o trabalho da banda através do seu EP, “A Mil Por Hora”.
Sobre a parte gráfica, a ilustração frontal da capa do EP, mostra uma imagem bastante icônica para o universo do Rock de uma maneira geral, ou seja, a mostrar a figura de um motociclista a carregar consigo uma guitarra Gibson, modelo SG e a digerir na pista reta de uma estrada em direção a uma tempestade com raios e trovões que se vislumbra adiante no horizonte.
Na contracapa, se vê o mesmo cenário, mas desta feita sem a presença do motociclista e assim, sobre o asfalto da estrada, há a descrição das canções que compõem o álbum, além do emblema da Rota 174, que vem a ser a rodovia que liga os estados do Amazonas e Roraima, portanto emblemática para os rapazes do Nicotines, como bons manauaras que são.
São cinco canções que formam o bojo do EP “A Mil Por Hora” e sobre as quais, tenho alguns apontamentos.
A primeira música do disco, é: “A Mil por Hora”, canção homônima ao título do álbum. Com uma pegada forte em torno do seu riff primordial, se trata de um Hard-Rock vigoroso, com a participação forte das guitarras.
A priori, ela soa mais ao estilo oitentista do gênero, mas as referências setentistas estão implícitas a formatar uma boa mistura e isso se faz valer com a influência do Blues-Rock bem no seu final, com uma resolução de encerramento bem clássica nesse sentido.
“Rock Brasileiro” é bastante acelerada no seu andamento. O baixo se destaca com uma condução muito boa, mediante um ótimo timbre.
Nessa letra em específico, como sugere o seu título, o assunto é o Rock Brasileiro e nessa reflexão há dois aspectos a serem salientados: primeiro pelo aspecto da falta de apoio que se observa comumente para os artistas nacionais.
Nesse sentido, a crítica é ácida, mas ao mesmo tempo muito certeira, pois quem milita no Rock nacional, sabe bem o quanto é duro lutar contra tantas adversidades.
E sob uma segunda instância, as diversas citações que a letra menciona, mostram o outro lado, a revelar o respeito e admiração pelos muitos artistas do Rock nacional que lutaram e ainda lutam para manter uma cena mínima em atividade, com todas as dificuldades inerentes que enfrentam. E certamente que o Nicotines se soma a esse esforço hercúleo.
“Rosa Junkie” é uma balada com forte teor Bluesy. Em seu início apresenta um bom trabalho com violões e apoio de teclados. A música avança e com o advento todo da banda, a eletricidade chega para dar mais consistência, porém sem perder a essência da balada. É bem interessante o solo da guitarra a se mostrar melódico.
“Óculos Rayban Preto Vintage”. Tem uma instrumentação muito boa. A levada da guitarra base é o fio condutor da música. Uma salutar intervenção da guitarra solo logo adiante, atua bem ao trazer um diferencial. Mais um solo com apoio de Wah-Wah acontece para encerrar o tema em grande estilo.
“O Velho Rockstar” tem pegada forte, de Hard-Rock, embora a construção do riff primordial remonte ao Blues-Rock. O tema é muito bem executado, todos os componentes tocam com muita garra e isso certamente fez a diferença na captura da gravação que fizeram.
Em sua porção poética, a letra mais uma vez faz referências a muitos astros do Rock, mas desta feita a citar nomes internacionais e também a tecer uma crítica, neste caso, sobre o comportamento de certas pessoas que idolatram artistas, mas sem muita noção da realidade, portanto com uma visão alienada sobre a cena.
No cômputo geral, o trabalho apresentado pelo Nicotines através de seu EP “A Mil Por Hora” mostra qualidade musical, também uma interessante abordagem no quesito das letras a fugir do lugar-comum em termos de mensagem e mediante uma boa resolução de áudio em sua apresentação.
Ouça o EP “A Mil Por Hora” do Nicotines, na íntegra, abaixo:
Eis o link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=9R2Hz7bcn2A
Formação do Nicotines neste trabalho:
Sandro Nine: Voz
Gustavo Kawati: Guitarra
David Henrique: Guitarra
Alderlan Moreira: Baixo
Lauro Henrique: Bateria
Gravado no estúdio LS Brazil
Produção: Ygor Lopes
Trabalho gráfico idealizado por Lauro Henrique
Arte gráfica por conta de Eduardo Molotiesvki (Tudo Pelos Ares)
Arte final de Valdenor Marques
Para conhecer melhor o trabalho do Nicotines, acesse:
Contato direto com a banda:
Página no Facebook:
https://www.facebook.com/Nicotines-1512374429022788/?ref=page_internal
Soundcloud:
https://soundcloud.com/nicotinesoficial
Show! Estimo sucessos contínuos ao grupo de Rock amazonense Nicotines e bem como à você Mestre Luiz Domingues!
ResponderExcluirMuito grato pelo seu apoio ao Blog e sobretudo sobre o trabalho da banda agraciada com essa resenha que você leu!
ExcluirO Rock Brasileiro agradece toda a força de sua parte!
Grande abraço!