quinta-feira, 30 de maio de 2013

Eduardo Prado, um Monarquista contra o Imperialismo - Por Luiz Domingues


Em 1889, quando um levante militar destituiu o Imperador Pedro II e proclamou-se a República, nem todo mundo gostou dessa mudança abrupta de regime. Tirante os magnatas da agricultura e amigos do Imperador, notadamente entusiastas do escravatura, houve setores da intelectualidade a declarar-se como simpatizante da monarquia, ao contrário do que se crê comumente, por não enxergar tal vertente sociopolítica como retrógrada por natureza.

Mesmo por que, no espectro filosófico que embasou os primeiros tempos da República, o comando foi regido por parte dos militares e estes mostravam-se influenciados pela corrente de pensamento positivista, à época. Tal corrente filosófica, contava com muitos detratores, exatamente por ter o contorno de uma "quase seita", portanto, o positivismo de Auguste Comte causara náuseas em muitos intelectuais, com o mesmo ímpeto que empolgava outros tantos.

Eduardo Prado foi um entre os quais que abominou as ideias histriônicas de Augusto Comte, e fechado com a concepção da monarquia, tornou-se um crítico feroz do modelo republicano então adotado, pelo qual considerava uma mera ditadura militarista. E também nessa linha de pensamento, Prado acusava o regime de imitar descaradamente ícones norteamericanos, a começar pela própria idealização da bandeira nacional aos padrões republicanos e principalmente pelo teor do texto da Constituição.
Para ir além, Eduardo Prado alinhavou uma série enorme de evidências sobre a suposta política imperialista praticada pelos Estados Unidos da América, ao interferir, desde o século XIX, na geopolítica de todos os países latinoamericanos, Brasil incluso, é claro. Segundo os seus estudos, o objetivo em favor de seu domínio estratégico, revelava-se claro e para tanto, os americanos usavam de uma manobra de mão dupla. Nos meandros, atuavam com contundência para desestabilizar governos considerados hostis e às claras, negavam qualquer interferência, para usar de diplomacia.
Tais estudos que Prado realizou, teve como base o chamado : "período Monroe". Entre 1823 e 1892, a política do presidente James Monroe (1815-1825), preconizou o esforço para integrar todos os países americanos, quando na verdade o objetivo seria controlar cada país, e cuidar para que os seus governantes fossem fiéis ao interesses de Washington.
Os entusiastas das ideias de Prado costumavam ironizar, ao afirmar que Theodore Roosevelt (presidente norteamericano, entre 1901 e 1909), seguia à risca a política Monroe, pois falava manso com os latinoamericanos, todavia com um porrete em mãos...

Eduardo Prado lançou o impressionante livro : "A Ilusão Americana" em 1890. Em 1893, o livro foi proibido e as suas cópias, confiscadas.
Pior que isso, o Marechal Floriano Peixoto desejava prender Eduardo Prado, que só safou-se da prisão política, por conta de uma fuga desesperada, sertão afora, até conseguir chegar a uma embarcação e parar em algum recanto da Europa.
Filho de uma família rica e tradicional paulistana, cujos membros dão nome à várias ruas da capital paulista, hoje em dia (ele, incluso), Eduardo Prado foi muito contundente em suas convicções e não absteve-se em exprimir as suas opiniões fortes e perigosas, mesmo com a possibilidade real em manter uma vida tranquila, sem sobressaltos, devida à condição socioeconômica avantajada em que nascera. Ao concordar ou não com a argumentação, o livro, "A Ilusão Americana" impressiona pelo arrolamento de inúmeros fatos ocorridos durante o século XIX, praticamente inteiro.
Eduardo da Silva Prado nasceu em São Paulo, em 1860 e morreu jovem, em 1891. Foi advogado; jornalista e escreveu muitos livros, tratados e estudos.
Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e também foi amigo pessoal de vários intelectuais importantes, entre os quais, o escritor português, Eça de Queiroz. E quanto ao título desta matéria, a brincadeira com o suposto antagonismo proposto, nunca foi tão "moderno" na política brasileira.
Isso por que a política é uma configuração organizacional na sociedade, sob a extrema ação volátil, portanto, alianças as mais improváveis ocorrem o tempo todo dentro do mesmo cenário e assim, nada mais causa espanto. Portanto, "é tudo da Lei, como vovó já dizia" (na verdade, foi Aleister Crowley quem disse...), pela boca do Raul Seixas... 
Matéria publicada inicialmente no Site / Blog Orra Meu, em 2013

Um comentário:

  1. Olá Luiz. Na 3ª foto, de cima para baixo, quem aparece é o Eduardo Prado?

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