Paulista da cidade de
Assis, Antonio Peticov é reconhecidamente um dos mais criativos artistas
plásticos brasileiros. A sua atuação
é multifacetada, com atuações destacadas como pintor; gravurista; escultor, e
desenhista, e por ostentar como um grande mérito extra o fato de ser um autodidata.
Segundo
consta em sua biografia, Peticov iniciou a sua carreira aos doze anos de idade, ao ter
como base, livros e revistas, de onde inspirou-se; motivou-se e estudou por
conta, ao visar vir a tornar-se um artista, igualmente. Em
princípio, escolas estilísticas tais como o surrealismo; dadaísmo e experimentalismo fascinaram-lhe fortemente,
e por esse caminho colocou-se a desenvolver a sua criação ao final dos anos cinquenta, e início
dos sessenta.
Entretanto, sua
antena estava sempre aberta a captar as novidades e claro que a efervescência
dos anos sessenta, tratou por arrebatar-lhe por completo. Com o Rock a pegar-lhe em cheio, a Art-Pop e a psicodelia fluíram de uma forma intensa e já a
partir da metade daquela década, para fazer com que Peticov, voasse em sua criação.
Ele de fato mergulhou
de cabeça na experiência do Flower Power, Peticov foi um dos primeiros artistas
a abraçar a causa hippie em São Paulo, por ligar-se ("turn on; tune in and drop out" !) em artistas que também
estavam a engajar-se em tais ideias e estética, para que ele viesse a tornar-se um quase ativista,
pode afirmar-se.
A sua ligação
com os Mutantes, que davam os seus primeiros passos para o sucesso, foi importante
para ambos, como impulso artístico para uma cena que lutava contra o
tradicional atraso tupiniquim para absorver as ideias vanguardistas.
Ele também
ligou-se nos tropicalistas, naturalmente, e essa associação salutar de certa
forma foi uma continuação lógica da semana de 1922. Já a mostrar-se como uma
referência, as suas ilustrações incríveis extrapolavam o mundo das galerias de
arte e exposições, e convites para criar cartazes e cenários para shows não paravam de chegar ao
seu atelier.
Em 1967,
ele apareceu em pessoa em uma cena de um filme do diretor, Walter Hugo Khouri (“As
Amorosas”), em meio a uma apresentação dos Mutantes, através de uma cena filmada em uma casa noturna que localizava-se na
Galeria Metrópole. Em tal cena, o espírito Flower Power foi um verdadeiro
desbunde, sob um absoluto rompante de vanguarda.
Peticov abriu logo a seguir, uma
loja de posters com o objetivo de decorar ambientes, a grande mania que arrebatou São Paulo e o Brasil na época,
mas antenado 100 % na contracultura. Por ter tido um problema com os sócios, infelizmente, isso o
tirou do negócio a seguir, mas a sua fama construída já havia feito da loja,
“Poster Shop”, na rua Augusta, um dos endereços considerados mais avançados da cidade. Ele foi embora para
para Londres em 1969, e fixou residência em Milão, a seguir. A barra pesara no Brasil com o endurecimento do governo autoritário, ao tornar o ambiente hostil
para um artista livre e avantgarde como ele apresentava-se.
Nos anos
oitenta, Peticov foi morar em Nova York. Nessa época, ele realizou inúmeras
exposições individuais pela Europa e Estados Unidos, e após um longo período, veio a estabelecer novamente o
seu atelier em São Paulo, em 1999.
O irmão mais
novo de Peticov, André, também é um grande artista plástico e ligado em Rock e
contracultura das décadas de sessenta e setenta. Este foi aliás, um dos primeiros, senão o
primeiro a prover projeções psicodélicas em shows de Rock, na cidade de São Paulo.
Capas de discos antológicos do Rock Brasileiro, de bandas como : O Terço e Apokalypsis, também enriquecem o seu currículo que já mostrava-se muito recheado.
Tive o
prazer de conhecer ambos, Antonio e André Peticov, no início dos anos 2000, quando eu fui membro da
Patrulha do Espaço. Compareci juntamente com Rolando
Castello Junior, certa vez em 2001, ao atelier de Antonio Peticov, e fiquei muito
impressionado com tudo o que vi.
Já sabia que
ele era um grande artista e ligado nos ideais aquarianos do Flower Power
sessentista, por ler a respeito; ouvir pessoas a comentar e claro, pela imagem
dele no filme do Khouri. No entanto, confesso
que o meu conceito sobre ele, aumentou em 100 % ao conhecer o seu atelier; as suas obras em
plena execução e um pequeno exército de pupilos a trabalhar sob a sua supervisão,
e a todo vapor.
Alto-falantes instalados no atelier tocavam clássicos do Rock das décadas de 1960 & 1970 e todo mundo
trabalhava com uma energia incrível sob tal ambientação tão auspiciosa. No livro : “A
Divina Comédia dos Mutantes”, a biografia da banda, assinada por Carlos Calado,
Antonio Peticov é citado muitas vezes, inclusive com a menção àquela história que é uma
verdadeira lenda urbana sobre Peticov e Arnaldo Baptista, a respeito de um
foguete interplanetário. Leia no livro, não vou contar aqui para não estragar a surpresa. Hilário.
Recomendo a visita ao seu site oficial, recheado de informações e ilustrações de suas obras :
Recomendo a visita ao seu site oficial, recheado de informações e ilustrações de suas obras :
http://www.art-bonobo.com/peticov/antoniopeticov.html
Para quem
mora em São Paulo ou vem à capital paulista para passear, a recomendação é visitar uma instalação
sensacional que orna a parte interna da Estação República do Metrô, onde
Peticov homenageou o literato, Oswald de Andrade e o manifesto antropofágico, criado por tal artista inquietante. Denominado :
“Momento Antropofágico com Oswald de Andrade”, trata-se de uma enorme e
belíssima instalação permanente, a fazer uso da técnica da anamorfose, sob um resultado
impressionante.
Antonio é
ainda jovem e deverá brindar-nos com muita arte incrível, nos próximos anos, certamente.
Matéria publicada inicialmente no Site / Blog Orra Meu, em 2014.
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