O conceito
de um pseudodocumentário, ou “Mockumentary” como falam os norte-americanos,
significa na prática um híbrido cinematográfico. É uma falso documentário,
portanto, ao confundir-se com um filme regular a conter dramaturgia e
certamente por pautar-se pelo humor. Há dois exemplos clássicos nessa
categoria, em termos de Rock Movies, a citar: “This is Spinal Tap” e “The
Rutles” , que são, ambos, hilários. Pois esta obra, “Electric Apricot: Quest
for Festeroo” é mais um mockumentary a revelar-se muito engraçado por explorar
os maneirismos inerentes aos bastidores de uma banda de Rock.
Neste caso
em específico, o retrato é o de uma banda underground, “Electric Apricot”
(“Damasco Elétrico”, em português), feita por um suposto documentarista (que na verdade seria
um estudante de cinema, iniciante), e cabe uma análise. Ocorre que tal banda é
fictícia, porém em termos, pois foi formada por músicos reais e segundo ponto,
apesar de não ser uma prioridade para os seus componentes, ela reuniu-se
algumas vezes, sazonalmente na vida real, para eventuais apresentações.
Sobre a
construção das personagens e do espectro da banda, é interessante notar que a
intenção foi situar a ambientação em meio a um tipo de mentalidade bem típica
dos primeiros anos de anos doo novo milênio, a abrigar uma fusão de influências e
algumas até antagônicas entre si, de uma forma surpreendente.
Isso por que a
base dessa banda e por conseguinte de seus membros, é marcada pelo apreço à
estética vintage, no entanto, percebe-se aquele caráter híbrido, à mercê da
predisposição em evocar-se com força os signos do movimento Hippie da década de
sessenta, no entanto com uma intenção de buscar adaptá-la aos tempos modernos e
por conseguinte, a incorporar elementos contemporâneos. Quem pensa dessa forma,
geralmente argumenta que não é saudável manter uma postura saudosista e
atrelada ao passado, portanto, a enfatizar que a oxigenação é necessária.
O
outro lado dessa moeda é que o suposto ecletismo proposto para arejar a
estética, nem sempre é feito com a devida propriedade e ao incorporar-se
qualquer nova ideia que pareça estar coadunada com os antigos valores, sem um
maior apuro, corre-se o risco de conspurcá-lo, ao ponto de tornar tal nova
configuração, algo muito equivocado. Não se chega a esse ponto no desenrolar da
história, mas as personagens e a banda em si, demonstram estar nesse limiar,
embora penda-se mais para o apreço ao conceito “vintage” genuíno, isto é, ainda
bem para o meu gosto pessoal.
Bem, outro
aspecto a ser comentado e nesse sentido, mais a reparar na parte
cinematográfica do que a musical, reside no fato da película ser absolutamente
tosca em vários quesitos, e isso é obviamente algo proposital. Nesse aspecto, a
fotografia mostra muitas variantes, a luz é precária em várias cenas e
sobretudo a edição, estabelece cortes amadorísticos para reforçar a ideia de ser um
documentário precário.
Ainda a falar sobre a edição, os cortes bruscos, sem
nenhum acabamento, denota tal intenção humorística e em certas casos, há até a
demarcação abrupta de uma cena para a outra, a simular uma filmagem caseira,
feita com uma única antiquada câmera VHS caseira, e assim editar-se cada cena mediante
a junção pura e simples de uma cena filmada, uma logo após a outra, sem passar o
"copião" bruto por uma ilha de edição, por mais simples que fosse.
Visto pelo
lado musical, é bom salientar que o mote adotado para a “Electric Apricot” é
retratar a banda como uma típica “Jam-Band”. Esse conceito, que nasceu nos anos
sessenta (em linhas gerais, visto que tal conceito na verdade, remete aos anos
trinta do século passado), a denotar um tipo de trabalho que oferece margem
para uma generosa dose de improviso na execução ao vivo de uma banda.
Em termos
de Rock, tal conceito foi principalmente propagado pelo grande, “Grateful
Dead”, uma das maiores bandas do Rock norte-americano nos anos sessenta e que ao
longo dos anos, ganhou uma aura muito especial, a tornar-se uma das mais
cultuadas de todos os tempos.
Em tese, a “Electric Apricot” apresenta-se no
filme como uma Jam-Band, a seguir tal tradição e tanto foi assim, que
explicita-se inclusive ao ponto em dar vazão
a um tipo de idolatria explícita em favor do falecido e saudoso guitarrista do
Grateful Dead, Jerry Garcia, da parte do guitarrista do Electric Apricot, o que
aliás, repercute com ótimas piadas ao longo do filme.
Muito bem,
feitas as considerações iniciais, o comentário sobre o desenrolar da história é
bem simples, pois a opção foi pelo tipo de abordagem ao estilo de um
documentário tradicional. Portanto, em meio a falsa noção da dramaturgia ali
presente, os conflitos e as partes engraçadas são retratadas como uma
retratação da vida real das personagens e nesses termos, a pensar no cotidiano
de uma banda de Rock a atuar no patamar underground da música, portanto, a
suscitar todo o tipo de situação que qualquer grupo de Rock passa normalmente e
nessas circunstâncias, e assim denotar a baixa estatura desse grupo dentro do
conceito do show business, é evidente que a precariedade generalizada gera
piadas e muitas delas, são ótimas.
Nesses
termos, o desenrolar é bem simples, a mostrar o cotidiano dos componentes em
meio a ensaios e apresentações em pequenas casas noturnas, em um primeiro
instante. Posteriormente a mostrar a gravação em estúdio do material e os esforços
para a banda participar de um festival com maior porte, o “Festeroo”, que é
anunciado no título do próprio filme. Somente isso, não há nada a mais, no
entanto, é através dessa simplicidade que um conjunto de situações muito
engraçadas acontece e eis aí um grande mérito desse “Mockumentary”, pois as
piadas são múltiplas a satirizar o Rock em múltiplos aspectos.
Nesse campo, há
uma riqueza no repertório de galhofas geradas, pois as menções ao Rock vintage
e também a citar tempos mais modernos, mostra-se muito interessante. É também
centrado na questão cultural como um todo, a esbarrar certamente nos aspectos
contraculturais, no que tange às lembranças sessenta-setentistas e a incluir
a visão então moderna, advinda dos anos noventa, a dar conta que “raves” de
música eletrônica seriam celebrações psicodélicas a resgatar valores
sessentistas, o que é um conceito bastante discutível em meu entender, mas que
eu sei que é defendido por neo-hippies, ou seja, algo bem próximo do que as
personagens que formam o Electric Apricot no filme, representam como representação
da mentalidade e modus operandi desses artistas.
Sobre o som
do Electric Apricot, além das características de uma Jam Band a la Grateful
Dead, há uma interessante amálgama de estilos vintage a serem observados. É
certamente um som que tem bastante influência do Country-Rock, Blues-Rock e do
Folk em uma primeira instância. Passa tranquilamente pelo Acid Rock e igualmente
pela psicodelia sessentista e esbarra no Hard-Rock; Southern Rock e também em
experimentalismos, portanto, é rico em estilos variados.
Ao longo do filme,
para reforçar as piadas, a banda toca e canta mal propositalmente em vários trechos, entretanto
há lampejos de uma execução boa, até agradável, em outros, visto que trata-se
de um grupo formado por músicos verdadeiros e com bom nível técnico.
Um outro
mérito do filme, uma série de músicos reais aparece a interagir diretamente com
o pessoal do Electric Apricot e também a prestar depoimentos, para reforçar a
ideia em tratar-se de um documentário real.
É um luxo portanto, ver na tela
artistas como Bob Weir (do Grateful Dead), Warren Haynes, Matt Abts, Mike Gordon, e outros, além
de atores de ofício como Seth Green (interpreta um assistente de estúdio), Sam
Maccarone (encarna o bartender que fala mal de Jerry Garcia), Matt Stone
(interpreta outro técnico de estúdio), entre outros e também pela presença do
Hippie-Mor, "Wavy Gravy", uma emblemática personalidade que é conhecida do
imaginário norte-americano, desde a sua aparição performática no documentário
oficial sobre o Festival de Woodstock em 1969.
Na
inexistência de uma história dramatúrgica propriamente dita, é mais fácil
arrolar algumas cenas em específico: A fixação do guitarrista, Steven Allan
Gordon (interpretado por Bryan Kehoe), que é conhecido pelo apelido, “Gordo” (“gordo” por conta de “Gordon” e
também para fazer menção à palavra existente nos idiomas espanhol e português,
em alusão ao fato dele ser uma pessoa obesa), pelo guitarrista do Grateful
Dead, Jerry Garcia permeia o filme inteiro.
Em uma específica cena onde ele é
alertado pelos companheiros que um garçom de uma casa noturna onde haviam
tocado, falava acintosamente mal de Garcia, faz com que ele volte ao salão e
sem dizer absolutamente nada, esmurre e nocauteie o caluniador incauto. Em seus
depoimentos, “Gordo” mostra-se um alienado em potencial, apenas a falar sobre o
Grateful Dead/Jerry Garcia, guitarras e lançar odes à maconha, inclusive em
cena em que ele exalta a plantação hidropônica de tal erva.
O empresário
da banda a perder a chave do seu carro velho e pedir apoio em uma estrada, é um
retrato da precariedade em que esta banda opera. Isso fica patente igualmente
nos shows realizados em casas noturnas inexpressivas. O som da banda fica muito
ruim em algumas cenas em que mostra-se shows ao vivo, com distorções oriundas
de um equipamento de quinta categoria, algo bastante atípico até para o padrão
underground dos Estados Unidos, mas como piada, é claro que funciona muito bem.
Depoimentos bizarros de pessoas comuns são muito engraçados. Uma “tortilla” com
a face de Jerry Garcia, recomendada pelo “Gordo” parece uma piada das
“Organizações Tabajara”, a criação do pessoal da “Casseta & Planeta”,
adaptada ao universo do Rock.
O baixista
da banda, Steven Hampton Trouzdale, também conhecido pelo apelido, “Aiwass”
(interpretado por Adam Gates), fala coisas desconexas enquanto mostra a sua
residência bizarra, instalada em cima de uma árvore e também toca uma espécie
de “baixolão” com uma ressonância ridícula e que não afina adequadamente.
E o
tecladista, Herschell Tambor Brillstien, sem apelido (interpretado por Jonathan
Korty), é o membro mais esotérico do grupo. Ele a fazer Hatha Yoga, cantarolar
mantras e entrar em estado meditativo em ambientes e situações inusitadas, é
hilário.
E finalmente, para apresentar os protagonistas, a figura do baterista,
Lapland Miclovich, apelidado como “Lapdog”, é interpretado por Les Claypool.
Figura exótica, é o “professor Pardal” da banda, a criar artefatos esquisitos e
até com teor erótico para fumar-se maconha. Les Claypool é o baixista e
vocalista da banda, Primus, na vida real e foi o idealizador do documentário e
o seu próprio diretor, ou seja, o mentor dessa loucura toda.
Nos shows, a
banda toca longas versões bem ao estilo de uma Jam-Band e é hilária a cena em
que finalmente dão fim à uma canção, mas o seu final é prolongado às raias do
exagero. A banda resolve gravar e os trabalhos iniciam-se dentro do padrão
normal da metodologia tradicional de gravação. Ou seja, com a morosidade
inicial para equalizar o som da bateria e essa particularidade que todo músico
enfrenta é retratada de uma forma engraçada.
O baixista chega ao estúdio com
uma nova namorada que é absolutamente mal-humorada e permanece ao seu lado até
em momentos inoportunos, como o ato da gravação e em discussões travadas por
motivações técnicas entre os músicos e os técnicos envolvidos no processo, eis
que a taciturna namorada só comunica-se com ele mediante cochichos a denotar
estar a emitir opiniões descabidas. Bem, é óbvio que a alusão à figura de Yoko
Ono é total.
E mais uma ironia, a personagem da namorada, chama-se, Mai Pang
(interpretada por Gabby La La), portanto é uma referência à secretária de John
Lennon, May Pang, que aliás foi sua namorada por um breve período entre 1973 e
1974, quando ele e Yoko estiveram separados.
E há por registrar-se que o
diretor do filme (e intérprete do baterista, Lapland), teve uma banda na vida
real com o filho de Lennon & Yoko, Sean Lennon, chamada: “The Claypool
Lennon Delirium”. Há também a presença da fotógrafa loura, interpretada por
Sirena Irwin e ouso dizer por dedução, é possível que tenha sido uma alusão à
Linda Eastman McCartney.
Ainda nesse
processo de gravação, os diálogos travados são hilários. E também as expressões
faciais, principalmente em momentos de audição do material gravado em cada
etapa, e quem for músico, haverá de lembrar-se de ter vivido tal tipo de
situação, certamente. O técnico de som faz um depoimento sobre uma pintura a
conter a imagem de elementais da natureza e isso dá a medida da piada sobre o
apreço do Hippies ou Neo-Hippies pelo esoterismo, misticismo, ufologia &
afins.
As conversas entre os técnicos assistentes a divagar sobre o posicionamento
de microfones para captar as peças da bateria, também são muito engraçadas, pela maneira como foi retratada, a satirizar o delírio que geralmente observa-se em ouvir-se opiniões supostamente gabaritadas, como se todo mundo nesse meio, fosse expert em engenharia acústica e acredite, isso acontece muito entre técnicos de gravação..
E o delírio vai
além, com o baixista a falar sobre as maravilhas da culinária vegetariana e o
acidente improvável com o tecladista zen, que ao mudar o posicionamento do
instrumento, corta a sua mão de uma maneira absurda. Tem também a cena do
produtor a despedir o assistente de estúdio, de uma forma humilhante para o
rapaz, mas com um tom de humorismo televisivo.
Os
componentes da banda brigam no estúdio. Um clássico dentro da história de todo
grupo de Rock, eu diria, com raras, talvez inexistentes exceções observadas.
Surge a presença de um “terapeuta” de grupo de Rock, ao estilo de um terapeuta
de casais. São hilárias as cenas a mostrar as sessões de terapia, uma
verdadeira “DR” (discussão da relação), bisonha. O terapeuta irrita-se em uma
cena a seguir e abandona a banda, mas volta e protagoniza cenas ridículas, como
por exemplo, uma em que o baterista toca um instrumento de percussão e ele dança
completamente desengonçado. O cigarro de maconha que o tecladista fuma sozinho,
é descomunal e lembra bem o tipo de artefato semelhante visto em filmes da
dupla freak, "Cheech & Chong”.
Bem, o
grande momento do filme ocorre quando a banda dirige-se ao festival “Festeroo”.
Tal festival existe de fato, mas é bem menor do que aparenta ser no filme. O
guitarrista, “Gordo” enlouquece de vez, ao achar estar a falar com o espírito
de Jerry Garcia e absorto nas drogas & bebida, some da presença dos demais, ao
ser encontrado muitas horas depois, desacordado e inteiramente nu, deitado em
um matagal. O astral neo-hippie da plateia é bem agradável, mas a tal
pluralidade do conceito psicodélico pós anos noventa, que permeia o ambiente,
paira no ar, haja vista a presença da música eletrônica em ritmo de “rave”, entre as
atrações.
O Govt Mule, banda derivada do histórico, The Allman Brothers Band,
vai tocar e os membros do Electric Apricot conversam com Wayne Haynes e Matt
Abts, mas “Gordo” passa do ponto e Wayne fica confuso com as falas do
guitarrista do Electric Apricot. O folclórico, "Wavy Gravy" está ali presente com a sua
animação hippie habitual, para garantir a loucura generalizada e com direito a
falas (desconexas, como seria por esperar-se de sua pessoa).
Chega a hora
da banda subir ao palco. O show começa com um certo nervosismo, visto que
“Gordo” estava atrasado e os outros três iniciaram a apresentação sem a
presença do seu guitarrista, que entra no palco transtornado, a denotar estar
sob o efeito da lisergia, ainda. No entanto, o som viajante da banda cativa os
hippies ali presentes (apesar dos vocais desafinados em alguns momentos),
incluso com muitos veteranos, certamente egressos de Woodstock. Ao final, "Gordo"
está eufórico com a história de ter conversado com Jerry Garcia, em seu delírio
pessoal, logicamente.
Sucesso e
missão cumprida, a banda entra em seu motor home e parte. No caminho, uma
batida policial no meio da noite, realizada em uma estrada deserta,
surpreende-os. No início, o policial conversa com o motorista daquele instante,
que fora o baterista, Lapdog. Uma abordagem educada, para começar, mas o tom
sobe ao perceber que aquele carro está lotado por músicos doidos que não falam
nada compreensível naquela altura da madrugada.
Corte brusco e vê-se o policial
a correr atrás do guitarrista, “Gordo” para algemá-lo de uma forma ridícula. O
filme encerra com uma tarja a explicar que aquela batida fora uma armação de
alguém do festival que avisara a polícia. E que o cão farejador achara a
maconha escondida em uma alto-falante de uma caixa do equipamento da banda.
E
também acrescenta que “Gordo” criara um site para enaltecer a figura de Jerry
Garcia. O documentarista que aparece ao final, mostra uma descoberta
misteriosa. Em uma foto ampliada e extraída durante o festival, a figura de
Jerry Garcia estava presente perto do ônibus da banda. Ora, será que “Gordo”
teve razão e não foi apenas um delírio de sua parte? Uma piada boa, gerada a evocar o estilo de Rod Serling, eu diria, em termos de um mistério paranormal não explicado.
Enfim,
trata-se de uma sátira divertida, com piadas a utilizar diferentes ícones da
cultura Rocker, Pop e Contracultural, portanto, altamente recomendável para os
apreciadores desses ícones citados.
Ainda a
citar mais atores profissionais ou participantes especiais do filme: Jason
McHugh (como Smilin’ Don Kleinfeld, como o empresário), Diam Bachar (como Skip
Holmes, o técnico assistente e despedido do estúdio de gravação) e Lawrence
Brooke, como o narrador da história e seu suposto documentarista, entre outros.
A trilha
sonora, além do som do Electric Apricot, contém material do Grateful Dead, Bob
Weir, Govt Mule e mais alguns artistas.
Escrito e
dirigido por Les Claypool, foi lançado em 2007, diretamente em um circuito de
festivais alternativos. Em 2008, ganhou a sua versão em DVD. Que eu saiba, se
passou em canais de TV a cabo, foi bem pouco e na Internet, está disponível
para ser assistido na íntegra e gratuitamente, no YouTube, no entanto é preciso
estabelecer o login, pois quem o postou alegou que é necessário ser maior de
idade para poder assisti-lo, devido ao palavreado usado e certamente por conta
das menções às drogas.
Esta resenha foi escrita para fazer parte do livro: "Luz: Câmera & Rock'n' Roll, em seu volume III e está disponível para a leitura a partir da página 233.
Nenhum comentário:
Postar um comentário