sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Por que tiram a camiseta na hora do gol? - Por Luiz Domingues


Existe um sem número de ocorrências abomináveis no futebol profissional e que atrapalham muito a condução do referido esporte, enquanto atração de massa e também em relação à sua credibilidade enquanto um negócio que movimenta receitas milionárias. 

Uma delas é versada pelo mau hábito de vários jogadores em arrancar as suas respectivas camisetas para comemorar os seus gols. E por que isso é inaceitável?
Desde o início dos anos oitenta, os clubes começaram a alugar os seus respectivos uniformes para empresas, e assim a gerar uma renda extra que passou a auxiliá-los para que pudessem manter as contas em dia, visto que anteriormente estes só contavam com a renda das bilheterias dos jogos, basicamente (em tempos antigos, houve a questão do passe dos jogadores, também e por outro lado, o merchandising costumava ser super mal explorado). 
 
Dessa forma, chegou-se à conclusão de que os patrocinadores ganhariam muito com a exposição de suas marcas, por conta da exibição dos jogos na TV, e muitas fotos obtidas em meio às páginas dos jornais e revistas.
Todavia, criou-se uma “moda” entre os boleiros: pois o sujeito faz o gol e para extravasar a sua alegria, comemora a tirar a sua camiseta. Ora, no momento máximo da partida, quando a exposição da marca que ajuda a bancar os salários astronômicos de alguns desses jogadores, deveria ser exaltada, eles simplesmente jogam fora essa possibilidade, para deixar o clube em uma situação constrangedora perante o seu patrocinador.
A FIFA lançou então uma recomendação, ao orientar os árbitros a punir tal procedimento com o cartão amarelo, mas isso parece ter criado outra situação entre os boleiros. Não é de hoje que sabemos que existe uma malandragem implícita entre eles, jogadores, e a questão dos cartões amarelos acumulados que revertem em suspensão automática é manipulada ao seu bel-prazer. 
 
Portanto, mesmo advertidos por seus técnicos e dirigentes para não fazer isso de forma alguma, também por esse aspecto da suspensão, eles não tomam conhecimento e parecem não importar-se com a punição, o que convenhamos, muitas vezes é considerada interessante, na medida em que eles possam exercer uma oportunidade para angariar folgas forçadas, e assim a desfalcar o time em um momento em que deveriam estar em campo.
E mais um fator: um cidadão comum arruma emprego em uma empresa, e ao tomar conhecimento do regimento interno, é avisado que em hipótese alguma poderá trabalhar sem usar o uniforme a conter o emblema da instituição. Então, ele senta-se na sua mesa de trabalho e a primeira atitude que empreende, é tirar o uniforme...
Claro que esse hipotético trabalhador recebe a advertência de um superior, mas não envergonhado em ter transgredido a norma, reincide. E depois dessa segunda oportunidade, repete, repete e repete a insubordinação. O que fazer com um sujeito desses?
E aqui não cabe nenhuma contra-argumentação sobre a validade moral da norma. Não é o caso, pois não fere nenhuma questão ética, tampouco é algo invasivo que ofenda a dignidade do funcionário, portanto, se não gosta de usar uniforme, basta buscar outro tipo de colocação no mercado.

Como torcedor e espectador de futebol, fico inconsolável quando vejo o gol do meu time acontecer, e o energúmeno sai a correr, para jogar a camiseta do clube no chão, mesmo ao ter conhecimento amplamente que será punido com um cartão amarelo por tal ato.
Ainda bem que eu não sou técnico de futebol, pois seria um sofrimento lidar com esse tipo de gente que simplesmente não é capaz de respeitar uma norma de conduta tão simples. Na hora de renovar um contrato, os jogadores querem valorizar-se ao máximo como profissionais, ao estabelecer pedidas estratosféricas, que chegam a humilhar a grande massa que os idolatra, pois verdadeiramente, trata-se de um patamar cifras indecentes, se comparadas ao que o trabalhador comum ganha na média, porém, dentro das suas atribuições, na contrapartida eles agem como amadores da pior espécie, nessa e em inúmeras outras questões.
Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica, em 2014

2 comentários:

  1. Luiz, você tem toda a razão, esses jogadores de futebol não têm o mínimo de respeito, mas ganham salários exorbitantes, o que nos deixa até perplexos!
    não respeitam normas, acham que são donos da verdade, pois ganham muito dinheiro!!!!!
    Muito bom seu texto e muito reflexivo!
    Avise-me sempre que tiver novo post,amigo!
    Ótimo final de semana!
    hhtp://www.elianedelacerda.com

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  2. Exatamente, Elyane !

    A matéria traça um paralelo entre o comportamento amadorístico e os salários exorbitantes, portanto incompatíveis com tamanha demonstração de irresponsabilidade deles para com seus empregadores diretos, e sobretudo com os patrocinadores, que injetam dinheiro pesado nos clubes para que eles possam bancar verdadeiras fortunas como "salários".

    Grato pela participação, sempre luzidia !

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