Após o
advento do “Human-Be-In”, e do festival de Monterey Pop, eventos fortes que
definitivamente marcaram o "verão do amor" em 1967 (verão no hemisfério norte do
planeta, bem entendido), multiplicou-se de uma forma geométrica a profusão de
filmes, documentários e até animações a buscar retratar o movimento hippie, a
extrapolar inclusive as fronteiras da música e de outras áreas da atuação
artística e cultural, todavia a enfocar sobretudo, a repercussão sócio/comportamental
que o movimento gerou, espontaneamente e é bom frisar, de uma maneira
avassaladora.
Dessa forma,
em meio a tantas peças audiovisuais interessantes, produzidas com tal teor, entre
a metade dos anos sessenta e a metade dos anos setenta, uma delas foi: “You
Are What You Eat”, lançada em 1968, ou seja, em meio ao furacão dos
acontecimentos ainda em curso e portanto, a capturá-lo sob o frescor de sua força
popular. Dirigido por Barry Feinstein, teve entre alguns produtores associados,
a figura de Michael Butler, ou seja, o produtor da peça teatral, “Hair” que
estrearia nesse mesmo ano de 1968, e que seria um fenômeno contracultural a difundir
o ideário Hippie, dali em diante.
Sobre “You
Are What You Eat”, ele foi anunciado como um semi-documentário, a denotar ser
uma peça híbrida a não apenas documentar fatos como uma revista audiovisual
comum, mas a interpretar, embora não haja nenhum dramaturgia envolvida, ou
seja, a passar uma impressão interpretativa ao espectador, por mais sutil que
seja tal prerrogativa, observo.
Trata-se na prática, de uma colagem de imagens e situações a mostrar o fenômeno hippie que invadira as ruas, através de muitas personagens anônimas e outras, pelo contrário, bem conhecidas, pelo bem (muitos artistas da música), ou até pelo mal, caso do drugdealer (traficante de drogas), conhecido pelo sugestivo apelido de : “Super Spade”, todavia, até aí cabe a ressalva de que se eu descarto a ideia em fazer apologia às drogas, certamente, não posso deixar de registrar que tal persona, apesar de exercer tal função apócrifa, foi também uma figura folclórica no famoso quadrante, Haight/Ashbury, o epicentro do movimento Hippie na cidade de San Francisco/Califórnia.
Impressiona ver a euforia espontânea dos jovens (e alguns não tão jovens assim, misturados), pelas ruas, a cantar, dançar e brincar, ou seja, verdadeiramente a viver um sonho lúdico.
Trata-se na prática, de uma colagem de imagens e situações a mostrar o fenômeno hippie que invadira as ruas, através de muitas personagens anônimas e outras, pelo contrário, bem conhecidas, pelo bem (muitos artistas da música), ou até pelo mal, caso do drugdealer (traficante de drogas), conhecido pelo sugestivo apelido de : “Super Spade”, todavia, até aí cabe a ressalva de que se eu descarto a ideia em fazer apologia às drogas, certamente, não posso deixar de registrar que tal persona, apesar de exercer tal função apócrifa, foi também uma figura folclórica no famoso quadrante, Haight/Ashbury, o epicentro do movimento Hippie na cidade de San Francisco/Califórnia.
Impressiona ver a euforia espontânea dos jovens (e alguns não tão jovens assim, misturados), pelas ruas, a cantar, dançar e brincar, ou seja, verdadeiramente a viver um sonho lúdico.
Mescla-se com cenas em casas noturnas sob uma vibração
absolutamente psicodélica, ao som de bandas de Rock, em meio a uma explosão de
luzes e bolhas multicoloridas projetadas pelas paredes. São muitas as cenas
também capturadas em contato com a natureza, tais como praias, montanhas e no
deserto rochoso da Califórnia, onde mostra-se uma incrível cena com músicos a
produzir um som primitivo, eminentemente percussivo, a sugerir algo tribal, mas
certamente que a celebração ali fora apenas algo a produzir uma euforia natural
e de forma alguma ligada a qualquer orientação religiosa; seita; organização
secreta e que tais.
Mostra-se interessante o contraponto, onde algumas cenas pinçadas de shows realizados pelos Beatles, em 1965, foram inseridas. Aquela histeria, com jovens a berrar freneticamente, enquanto outros corriam para chegar próximos ao palco e eram contidos por policiais atônitos, certamente foi anexada ali para marcar uma alegoria, talvez a criticar a massificação imposta pelo sistema, possivelmente. Há um “frame”, inclusive, onde destacou-se uma garota a chamar pelo nome do baterista, Ringo Starr, quase como uma súplica desesperada.
Mostra-se interessante o contraponto, onde algumas cenas pinçadas de shows realizados pelos Beatles, em 1965, foram inseridas. Aquela histeria, com jovens a berrar freneticamente, enquanto outros corriam para chegar próximos ao palco e eram contidos por policiais atônitos, certamente foi anexada ali para marcar uma alegoria, talvez a criticar a massificação imposta pelo sistema, possivelmente. Há um “frame”, inclusive, onde destacou-se uma garota a chamar pelo nome do baterista, Ringo Starr, quase como uma súplica desesperada.
O cantor,
Tiny Tin, canta, e a sua figura que era bem caricata, normalmente, acentua-se pelo
gestual e sobretudo pela sua insistência em cantar em falsete (recurso usado por cantores a imitar cantoras, ao forçar cantar com um registro agudo, feminino), a deixar a sua
performance bastante indigesta, mas convenhamos, esteve acompanhado por uma
banda espetacular, simplesmente com muitos membros da “The Band”, a acompanhá-lo.
Outras participações musicais são excelentes, tanto como aparições efetivas, quanto a soar simplesmente como trilha sonora. Casos de David Crosby, Peter Yarrow (do trio Folk, Peter; Paul & Mary e coprodutor desse filme), Paul Butterfield, Eleanor Barooshian, Harpes Bizarre, John Simon e uma eletrizante participação de Frank Zappa, a tocar junto com a ótima banda, The Electric Flag.
Ainda a falar dos aspectos musicais, a intervenção do sintetizador, Mini Moog, foi uma das primeiras a registrar-se, ao demonstrar um campo sonoro inteiramente novo e considerado como algo “futurista”, na ocasião, portanto a despertar um interesse a mais para tal peça audiovisual.
Há também o lado mais pesado, com hippies fora do controle a demonstrar estar sob alucinação total, porém a revelar o aspecto da dita, “Bad Trip” e também os debochados de plantão, mas aí é questão de índole pessoal, e não seria possível cobrar um comportamento padrão para todo mundo, aliás, como em qualquer circunstância em âmbito social.
E mais um aspecto, o lado esotérico que o movimento deflagrou, a revelar-se através de vários signos inerentes, tal como a meditação transcendental. Mais festivais de Rock ao ar livre são mostrados, com típicas dançarinas colocadas em plataformas suspensas e muitos freaks a ostentar pinturas psicodélicas, feitas in loco, pelo corpo todo e isso chocava fortemente a sociedade tradicional da época (tanto quanto o advento dos cabelos longos por parte dos rapazes), isso eu asseguro, por lembrar-me das opiniões dos adultos que cercavam-me em 1968, e apesar de ter tido apenas oito anos de idade na ocasião, eu simpatizava fortemente com os hippies, em contraponto aos adultos conservadores que os execravam.
Outras participações musicais são excelentes, tanto como aparições efetivas, quanto a soar simplesmente como trilha sonora. Casos de David Crosby, Peter Yarrow (do trio Folk, Peter; Paul & Mary e coprodutor desse filme), Paul Butterfield, Eleanor Barooshian, Harpes Bizarre, John Simon e uma eletrizante participação de Frank Zappa, a tocar junto com a ótima banda, The Electric Flag.
Ainda a falar dos aspectos musicais, a intervenção do sintetizador, Mini Moog, foi uma das primeiras a registrar-se, ao demonstrar um campo sonoro inteiramente novo e considerado como algo “futurista”, na ocasião, portanto a despertar um interesse a mais para tal peça audiovisual.
Há também o lado mais pesado, com hippies fora do controle a demonstrar estar sob alucinação total, porém a revelar o aspecto da dita, “Bad Trip” e também os debochados de plantão, mas aí é questão de índole pessoal, e não seria possível cobrar um comportamento padrão para todo mundo, aliás, como em qualquer circunstância em âmbito social.
E mais um aspecto, o lado esotérico que o movimento deflagrou, a revelar-se através de vários signos inerentes, tal como a meditação transcendental. Mais festivais de Rock ao ar livre são mostrados, com típicas dançarinas colocadas em plataformas suspensas e muitos freaks a ostentar pinturas psicodélicas, feitas in loco, pelo corpo todo e isso chocava fortemente a sociedade tradicional da época (tanto quanto o advento dos cabelos longos por parte dos rapazes), isso eu asseguro, por lembrar-me das opiniões dos adultos que cercavam-me em 1968, e apesar de ter tido apenas oito anos de idade na ocasião, eu simpatizava fortemente com os hippies, em contraponto aos adultos conservadores que os execravam.
Contém
igualmente a presença de Rosko, que foi um DJ famoso na época e certamente que
a insistência em mostrar uma ilustração a conter a face da veterana e então
reclusa atriz hollywoodeana, Greta Garbo, teve a sua intenção implícita em
favor da glamorização de sua imagem como um fenômeno Pop redescoberto, algo
inclusive em sintonia com a Art Pop no ramo das artes plásticas, praticada por
artistas avantgarde tais como: Andy Warhol e Lichtenstein, na mesma época.
É isso,
trata-se de um retrato muito interessante da época, a mostrar com liberdade,
muitas nuances do que foi a euforia gerada pela sensação de liberdade total que
o movimento hippie proporcionou e certamente cercado de boa música, sob
diversas vertentes, mas com o Rock a trabalhar como carro chefe. Mais que isso,
é um bom retrato do que foi o ano de 1968, sob esse ponto de vista mais
agradável, visto que geralmente as pessoas em geral tendem a lembrar-se desse
ano em específico, pelo seu aspecto político, e convenhamos, nesse sentido,
houve acontecimentos dramáticos em todo o mundo, praticamente e no Brasil em
específico, a barra pesou.
“Você é o que você come”, é uma frase e tanto para exemplificar muitas características do Ser Humano e da civilização como um todo. Portanto, “You Are What You Eat”, é um bom semi-documentário para qualquer pessoa que nutra simpatia pela contracultura e também para historiadores e estudiosos sobre o período.
Produzido por Michael Butler; Barry Feinstein e Peter Yarrow, com a participação dos produtores associados, Phil Ramone e A. Joseph Tandet. Direção de Barry Feinstein. Foi lançado em 1968.
Circunscrito ao circuito de cine-clube, não teve penetração na TV, ao menos que eu saiba. Há cópia disponível no YouTube, no entanto, neste instante de 2019, e também no formato DVD, para quem quiser colecionar.
“Você é o que você come”, é uma frase e tanto para exemplificar muitas características do Ser Humano e da civilização como um todo. Portanto, “You Are What You Eat”, é um bom semi-documentário para qualquer pessoa que nutra simpatia pela contracultura e também para historiadores e estudiosos sobre o período.
Produzido por Michael Butler; Barry Feinstein e Peter Yarrow, com a participação dos produtores associados, Phil Ramone e A. Joseph Tandet. Direção de Barry Feinstein. Foi lançado em 1968.
Circunscrito ao circuito de cine-clube, não teve penetração na TV, ao menos que eu saiba. Há cópia disponível no YouTube, no entanto, neste instante de 2019, e também no formato DVD, para quem quiser colecionar.
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