Sou músico e escrevo matérias para diversos Blogs. Aqui neste meu primeiro Blog, reúno a minha produção geral e divulgo as minhas atividades musicais. Não escrevo apenas sobre música, é preciso salientar ao leitor, pois abordo diversos assuntos variados. Como músico, iniciei a minha carreira em 1976, e já toquei em diversas bandas. Atualmente, estou a trabalhar com Os Kurandeiros.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Duzentos Anos de Charles Dickens - Por Luiz Domingues
Neste ano de 2012, comemorou-se o bicentenário de nascimento do escritor britânico, Charles Dickens. Entre os gigantes da literatura britânica, ninguém foi mais contundente do que Dickens ao retratar a desumanidade perpetrada pela revolução industrial.
Por mostrar os meandros das fábricas na era Victoriana, revelou ao mundo o horror dessa época, onde a exploração fora absurda, sem nenhuma preocupação da parte dos empreendedores, tampouco governantes, em relação a qualquer tipo de proteção nos quesitos de segurança dos seus operários, a trabalhar sob um regime em torno da semi escravidão, vergonhoso em qualquer aspecto. Todavia, engana-se quem pensa ter sido Dickens, um entusiasta da teoria da luta de classes, que ganhou vida nas teorias de Marx e Engels.
Mesmo ao mostrar-se um crítico contundente dessa exploração contumaz, Dickens enxergava através de seus romances, a ocasional mudança no status quo dessas pessoas oprimidas, pelo esforço pessoal ou até mesmo por golpes fortuitos da sorte e jamais pela luta de classes. Dessa maneira, fica claro que Dickens acreditava no ser humano, apesar de ter vivido em uma época onde o massacre decorrente das más condições sociais, oriundas das arbitrariedades concernentes à incipiente indústria, foram avassaladores. Em sua biografia pessoal, há traços que revelam que ele sentiu na pele, ainda que não por muito tempo, essas agruras ocorridas dentro das fábricas victorianas.
Sob uma derrocada familiar repentina, o pai de Dickens foi preso por não honrar dívidas e dessa forma, aos doze anos de idade, o jovem Charles viu-se a trabalhar em uma fábrica que produzia graxa para sapatos masculinos, a utilizar o componente químico, betume. Pois foram horas a fio, a trabalhar nesse ambiente escuro e fétido, ao colocar rótulos nas embalagens. Com seis xelins semanais como salário, o pequeno Charles ajudava a mãe a sustentar a sua família.
Certamente essa fase de sua vida serviu-lhe como inspiração para a criação de seus principais livros, "David Copperfield" e "Oliver Twist", que retratam essa época marcada pelo extremo egoísmo. Porém, ele também foi contundente em : "Dombey and Sons", por relatar a áspera vida dos ferroviários, outro ícone da revolução industrial, onde a fumaça produzida pelas locomotivas, unia-se à das chaminés das fábricas.
Em "The Old Curiosity Shop", Dickens falou sobre os pequenos comerciantes, assim como descreveu os artesãos ainda com características medievais, nesse turbilhão industrial do século XIX, como em, "A Tale of Two Cities", que tem a Paris da época da revolução francesa como pano de fundo, ao invés da costumeira Londres de suas outras obras. Em "Nicholas Nickleby", Dickens mostrou o opressivo sistema educacional de sua época, a revelar-se quase uma continuação da realidade dura das fábricas.
"Little Dorritt" e "Break House", mostraram o sistema jurídico e penitenciário, também implacáveis com os pobres, tal como Victor Hugo revelou o sistema francês, em "Les Miserablès".
Seus detratores acusavam-no em sempre recorrer às soluções inverossímeis para descrever situações redentoras. De certa maneira, Dickens antecipou em mais de cem anos as mesmas críticas que o diretor de cinema Ítalo-americano, Frank Capra, receberia com os seus filmes. É desnecessário portanto, descrever os desdobramentos da criação de Charle Dickens, pois a sua obra fala por si própria.
O bicentenário de seu nascimento, comemorado no mundo inteiro, é uma grande celebração, além de fazer com que lembremos que estamos a adentrar em uma nova revolução, a tecnológica, no entanto, para pudéssemos chegar até aqui, tivemos que enfrentar a revolução industrial, com os seus pontos positivos e negativos. E ninguém descreveu melhor a revolução industrial, em seus primeiros e terríveis momentos, do que Charles Dickens.
Matéria publicada inicialmente no Blog Pedro da Veiga, em 2012
sábado, 15 de dezembro de 2012
Pedra - Show no Melograno Bar - 17 de dezembro de 2012 - 20:30 h.
Pedra
Projeto Harmonizasom
Dia 17 de dezembro - Segunda-Feira
A partir das 20:30 h.
Melograno Bar
Rua Aspicuelta, 436
Vila Madalena
São Paulo - SP
Curadoria de Laert Sarrumor
Entrada Gratuita
Pedra :
Xando Zupo : Guitarra e Voz
Rodrigo Hid : Voz, Guitarra, Violões e Teclados
Ivan Scartezini : Bateria e Voz
Luiz Domingues : Baixo e Voz
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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
A Intensidade de Cacilda Becker - Por Luiz Domingues
O Teatro paulista sempre revelou talentos que alcançaram o reconhecimento nacional.
Seja pelos atores; autores; diretores ou técnicos, já observamos diversas vezes esse fenômeno de combustão natural, capaz de manter a chama da dramaturgia sempre acesa na terra dos bandeirantes.
E um exemplo dessa tradição reveladora de talentos natos, ocorreu na simpática cidade de Pirassununga, no norte do estado de São Paulo, quando em 6 de abril de 1921, nasceu uma menina chamada : Cacilda Becker Yáconis, filha de imigrantes italianos, colônia de presença marcante por todo o interior paulista.
Em meio a um turbilhão familiar atípico para aquela época, os pais de Cacilda e de suas duas irmãs (uma delas, Cleyde Yáconis, que também tornar-se-ia uma importante e renomada atriz no futuro), separaram-se, ao motivar a mudança da família para a cidade de litorânea de Santos. Dessa forma, as irmãs Becker Yáconis cresceram e estudaram em Santos, onde Cacilda conheceu nos círculos boêmios e intelectuais daquela cidade praiana, a dramaturgia que encantou-lhe.
Ao estudar teatro, logo inseriu-se em montagens amadoras e chamou a atenção pela expressiva capacidade interpretativa, onde desde cedo mostrara uma entrega fora do comum aos personagens, ao despertar a atenção de produtores teatrais litorâneos e rapidamente a precipitar com que os boatos subissem a serra, literalmente, em direção à capital paulista.
A sua primeira grande oportunidade ocorreu logo nos primeiros momentos do histórico TBC, em São Paulo. Com a recusa da atriz, Nydia Lícia, em protagonizar o espetáculo : "A Mulher do Próximo", de Abilio Pereira de Almeida, Cacilda assumiu, e dessa forma, iniciou-se aí uma trajetória fulminante de sucesso, de uma maneira irreversível. Sucedeu-se daí em diante, diversas montagens, com Cacilda a emprestar a sua interpretação a diversos personagens clássicos da dramaturgia nacional e internacional.
Em um momento de extremo brilho, Cacilda atuou por exemplo, em : "Pega Fogo", texto do autor francês, Jules Renard. Ao interpretar um menino, Cacilda encantou o público e a crítica de tal forma, que em uma viagem à França, impressionou o crítico, Michel Simon, que disse textualmente, que nenhum outro ator conseguiria interpretar o menino daquela forma, ao tornar o semblante de Cacilda, a marca registrada e insubstituível do personagem.
E particularmente, mesmo que eu não tenha assistido tal atuação de Cacilda, obviamente por nem estar nascido nessa época, posso imaginar que tenha superado os seus pares de outras montagens e até o ator, Robert Lynen, que o interpretou na versão clássica do cinema (oriunda de 1932 sob o título original em francês : "Poil de Carotte"), sob direção de Julien Duvivier (que aliás, recomendo, pois considero um ótimo filme). E por falar em cinema, é realmente digno de nota, que Cacilda não foi aproveitada como deveria ter sido, com todo o talento que possuía. A rigor, ela só fez um filme, uma bela produção da Cia. Cinematográfica Vera Cruz, denominado : "Floradas na Serra", lançado em 1954.
Por tratar-se de uma história ambientada em Campos do Jordão, no interior paulista e sobretudo ao revelar-se como um drama, ao envolver pessoas que estavam convalescentes, acometidas de tuberculose. Tirante esse filme citado acima, ela teve uma segunda atuação, mas que passou obscurecida, no filme : "Luz dos Meus Olhos", de 1947.
E assim colocou-se a construir a sua carreira ao interpretar o texto de autores do calibre de : Luigi Pirandello; Sófocles; Gil Vicente; Nelson Rodrigues; Eugene O'Neil; Dürrenmatt; Tennessee Williams; Samuel Beckett etc. Em uma outra atuação marcante, interpretou a corrosiva, Martha, protagonista da impressionante peça : "Quem tem medo de Virginia Woolf" ? Segundo a própria Cacilda, tornou-se comum nessa montagem, as pessoas aproximar-se do palco ao final de cada sessão do espetáculo para insultá-la, ao chamá-la de bêbada; louca; devassa e outros adjetivos ruins, tamanha a emoção negativa que Cacilda conseguia exprimir na interpretação da personagem.
É muito famosa a crítica escrita por Décio de Almeida Prado, sobre essa atuação : "A prolongada sessão de terapia pela bebida, pela flagelação e autoflagelação que é "Quem Tem Medo de Virgínia Woolf " (?), deu-lhe ensejo para uma de suas maiores criações. À medida que a sua voz e a sua dicção se tornavam pastosas, que as insinuações sexuais, deliberadamente vulgares, se explicitavam, aumentava a alucinante fusão estabelecida entre intérprete e personagem".
Nos anos sessenta, quando o regime governamental endureceu no Brasil, Cacilda foi uma das mais atuantes vozes no meio artístico a protestar e denunciar as arbitrariedades cometidas pelos abusos.
Por conta disso, foi demitida da Rede Bandeirantes de Televisão, claramente vítima de pressões políticas que a emissora absorveu. Na TV Bandeirantes, Cacilda protagonizava um interessante teleteatro, com o nome : "Teatro Cacilda Becker", a conter textos surpreendentes por tratar-se do veículo da TV, ao atuar ao lado de atores como : Jairo Arco e Flexa; Xandó Batista; Homero Kossac, entre outros. E nessa mesma época (por volta de 1968), o espetáculo : "Feira Paulista de Opinião", sofreu setenta e um cortes da censura, para torná-lo impraticável em ser encenado.
Em maio de 1969, Cacilda estava a encenar, "Esperando Godot", texto clássico de Samuel Beckett, quando sentiu-se mal no palco. Foi um derrame cerebral que ela sofreu.
Desesperado, o seu marido (o ator, Walmor Chagas), levou-a para o hospital, ainda a trajar o figurino da personagem. Ela entrou em coma, não resistiu e veio a falecer em 14 de junho de 1969.
É óbvio que abriu-se uma lacuna gigantesca na dramaturgia paulista e brasileira, com o seu desaparecimento. Cacilda Becker entrou para a história, como uma das maiores atrizes de todos os tempos.
Na ocasião de seu falecimento, o poeta, Carlos Drummond de Andrade, expressou as suas condolências com um poema dedicado à ela:
Em meio a um turbilhão familiar atípico para aquela época, os pais de Cacilda e de suas duas irmãs (uma delas, Cleyde Yáconis, que também tornar-se-ia uma importante e renomada atriz no futuro), separaram-se, ao motivar a mudança da família para a cidade de litorânea de Santos. Dessa forma, as irmãs Becker Yáconis cresceram e estudaram em Santos, onde Cacilda conheceu nos círculos boêmios e intelectuais daquela cidade praiana, a dramaturgia que encantou-lhe.
Ao estudar teatro, logo inseriu-se em montagens amadoras e chamou a atenção pela expressiva capacidade interpretativa, onde desde cedo mostrara uma entrega fora do comum aos personagens, ao despertar a atenção de produtores teatrais litorâneos e rapidamente a precipitar com que os boatos subissem a serra, literalmente, em direção à capital paulista.
A sua primeira grande oportunidade ocorreu logo nos primeiros momentos do histórico TBC, em São Paulo. Com a recusa da atriz, Nydia Lícia, em protagonizar o espetáculo : "A Mulher do Próximo", de Abilio Pereira de Almeida, Cacilda assumiu, e dessa forma, iniciou-se aí uma trajetória fulminante de sucesso, de uma maneira irreversível. Sucedeu-se daí em diante, diversas montagens, com Cacilda a emprestar a sua interpretação a diversos personagens clássicos da dramaturgia nacional e internacional.
Em um momento de extremo brilho, Cacilda atuou por exemplo, em : "Pega Fogo", texto do autor francês, Jules Renard. Ao interpretar um menino, Cacilda encantou o público e a crítica de tal forma, que em uma viagem à França, impressionou o crítico, Michel Simon, que disse textualmente, que nenhum outro ator conseguiria interpretar o menino daquela forma, ao tornar o semblante de Cacilda, a marca registrada e insubstituível do personagem.
E particularmente, mesmo que eu não tenha assistido tal atuação de Cacilda, obviamente por nem estar nascido nessa época, posso imaginar que tenha superado os seus pares de outras montagens e até o ator, Robert Lynen, que o interpretou na versão clássica do cinema (oriunda de 1932 sob o título original em francês : "Poil de Carotte"), sob direção de Julien Duvivier (que aliás, recomendo, pois considero um ótimo filme). E por falar em cinema, é realmente digno de nota, que Cacilda não foi aproveitada como deveria ter sido, com todo o talento que possuía. A rigor, ela só fez um filme, uma bela produção da Cia. Cinematográfica Vera Cruz, denominado : "Floradas na Serra", lançado em 1954.
Por tratar-se de uma história ambientada em Campos do Jordão, no interior paulista e sobretudo ao revelar-se como um drama, ao envolver pessoas que estavam convalescentes, acometidas de tuberculose. Tirante esse filme citado acima, ela teve uma segunda atuação, mas que passou obscurecida, no filme : "Luz dos Meus Olhos", de 1947.
E assim colocou-se a construir a sua carreira ao interpretar o texto de autores do calibre de : Luigi Pirandello; Sófocles; Gil Vicente; Nelson Rodrigues; Eugene O'Neil; Dürrenmatt; Tennessee Williams; Samuel Beckett etc. Em uma outra atuação marcante, interpretou a corrosiva, Martha, protagonista da impressionante peça : "Quem tem medo de Virginia Woolf" ? Segundo a própria Cacilda, tornou-se comum nessa montagem, as pessoas aproximar-se do palco ao final de cada sessão do espetáculo para insultá-la, ao chamá-la de bêbada; louca; devassa e outros adjetivos ruins, tamanha a emoção negativa que Cacilda conseguia exprimir na interpretação da personagem.
É muito famosa a crítica escrita por Décio de Almeida Prado, sobre essa atuação : "A prolongada sessão de terapia pela bebida, pela flagelação e autoflagelação que é "Quem Tem Medo de Virgínia Woolf " (?), deu-lhe ensejo para uma de suas maiores criações. À medida que a sua voz e a sua dicção se tornavam pastosas, que as insinuações sexuais, deliberadamente vulgares, se explicitavam, aumentava a alucinante fusão estabelecida entre intérprete e personagem".
Nos anos sessenta, quando o regime governamental endureceu no Brasil, Cacilda foi uma das mais atuantes vozes no meio artístico a protestar e denunciar as arbitrariedades cometidas pelos abusos.
Por conta disso, foi demitida da Rede Bandeirantes de Televisão, claramente vítima de pressões políticas que a emissora absorveu. Na TV Bandeirantes, Cacilda protagonizava um interessante teleteatro, com o nome : "Teatro Cacilda Becker", a conter textos surpreendentes por tratar-se do veículo da TV, ao atuar ao lado de atores como : Jairo Arco e Flexa; Xandó Batista; Homero Kossac, entre outros. E nessa mesma época (por volta de 1968), o espetáculo : "Feira Paulista de Opinião", sofreu setenta e um cortes da censura, para torná-lo impraticável em ser encenado.
Em maio de 1969, Cacilda estava a encenar, "Esperando Godot", texto clássico de Samuel Beckett, quando sentiu-se mal no palco. Foi um derrame cerebral que ela sofreu.
Desesperado, o seu marido (o ator, Walmor Chagas), levou-a para o hospital, ainda a trajar o figurino da personagem. Ela entrou em coma, não resistiu e veio a falecer em 14 de junho de 1969.
É óbvio que abriu-se uma lacuna gigantesca na dramaturgia paulista e brasileira, com o seu desaparecimento. Cacilda Becker entrou para a história, como uma das maiores atrizes de todos os tempos.
Na ocasião de seu falecimento, o poeta, Carlos Drummond de Andrade, expressou as suas condolências com um poema dedicado à ela:
"A morte emendou a gramática. Morreram Cacilda Becker. Não era uma só. Era tantas.
Professorinha pobre de Pirassununga, Cleópatra e Antigona, Maria Stuart, Mary Tyrone, Marta de Albee, Margarida Gauthier e Alma Winemiller. Hannah Jelkes a solteira. A velha senhora Clara Zahanassian. Adorável Júlia.
Outras muitas, modernas e futuras
irreveladas. Era também um garoto descarinhado e astuto: Pinga-Fogo. E um mendigo esperando eternamente Godot. Era principalmente a voz de martelo sensível martelando e doendo e descascando a casca podre da vida para mostrar o miolo da sombra
a verdade de cada um nos mitos cênicos. Era uma pessoa e era um teatro. Morrem mil Cacildas em Cacilda".
Matéria publicada inicialmente no Site / Blog Orra Meu e republicada posteriormente no Blog Pedro da Veiga, ambas em 2012
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sábado, 8 de dezembro de 2012
Filme : Westworld (Westworld, Onde Ninguém Tem Alma) - Por Luiz Domingues
Michael Crichton foi um artista multifacetado, e de certa forma subestimado, infelizmente. Convenhamos, não é muito comum um diretor de cinema que também seja escritor de ficção científica, com muitos livros publicados e ainda por cima, alguém formado em medicina...
Como escritor, Crichton escreveu muitos livros que fizeram sucesso no campo da literatura Sci-Fi. Entre os quais : "O Enigma de Andrômeda " (que foi adaptado ao cinema, sob direção de Robert Wise); "Devoradores de Mortos"; "Jurassic Park" (também motivou um filme, através das mãos de Steven Spielberg); Esfera, Congo, Revelação e Twister (também tornou-se filme), e existem outros.
E o fato de ser médico, o ajudou na elaboração de certos conceitos técnicos em torno da biologia, que ele gostava de usar como elemento em sua literatura Sci-Fi.
Mas ele gostava também de dirigir e tornou-se de fato um bom diretor, com uma carreira não muito longa, mas significativa. Em 1973, Crichton lançou um emblemático filme chamado : "Westworld" (no Brasil, esta obra recebeu o nome de : "Westworld - Onde Ninguém Tem Alma").
Baseado no livro de mesmo título, escrito pelo próprio, Michael Crichton, "Westworld" fantasiou o "futuro", onde existiria um parque temático ao estilo da "Disneyland", mas dirigida aos adultos, chamada : "Delos". Logo nos créditos iniciais, vemos cenas de pessoas a embarcar para essa gigantesca estrutura turística e por conta desse ato, a ser monitoradas por funcionários, a simular a organização desses parques temáticos norteamericanos da vida real.
Todavia, tratava-se de um hipotético futuro, onde a tecnologia sofisticara-se ao ponto das atrações prometidas, observar o realismo extremo. Sendo assim, a proposta mostrava-se a atender aos anseios dos turistas que interagem com robôs a ostentar uma aparência humana perfeita, com sensibilidade aguçada, inclusive e portanto, a proporcionar todo o tipo de envolvimento imaginável.
Havia três opções temáticas a ser escolhidas : o ambiente do velho oeste norteamericano; a Europa medieval e a Roma da antiguidade. O foco dramatúrgico segue através de dois personagens que escolheram passar alguns dias no velho oeste. Mas ao longo do filme, surgem cenas simultâneas de outros personagens a aproveitar os outros parques temáticos e chega-se em um ponto do filme, quando eles fundem-se.
Peter Martin (interpretado por Richard Benjamim) e John Blane (James Brolin), são amigos e decidem aproveitar as férias juntos, no velho oeste de Delos.
A diversão é chegar em uma cidade daquele período e passar por todas as situações típicas daquela época, e devidamente expostas pelos filmes de western, décadas a fio. Ou seja, eles pretendem beber; dormir com as garotas do saloon, envolver-se em brigas por motivos fúteis e claro, matar pessoas nessas brigas, sem o menor pudor. A garantia do pacote turístico é total : os robôs brigam de verdade, mas sempre o humano turista vai ganhar, e jamais poderão ferir gravemente e muito menos matar o turista.
Um rígido monitoramento é feito on line e técnicos trabalham 24 horas por dia, para controlar tais ações. Peter e John sabem disso e põem-se a angariar confusões, como verdadeiros forasteiros petulantes, e assim, a divertir-se muito. Até que surge na cidade um bandoleiro muito temido. Para seguir o roteiro de um filme de western, ambos apreciam a situação, sabedores que mesmo que o robô represente um bandido perigoso e exímio atirador, no final da história, eles o executarão e fim de conversa.
No caso, o robô é programado para ser arrogante; frio e obstinado. Interpretado pelo ator, Yul Brynner, no filme ele é denominado : "Gunslinger"
Cabe observar que o robô é baseado em um personagem que próprio ator, Yul Brynner, interpretara brilhantemente no cinema, desta feita um pistoleiro de carne e osso, no filme : "The Magnificent Seven" ("Sete Homens e um Destino"), um western clássico, lançado em 1960, e baseado no filme japonês, "Os Sete Samurais", de Akira Kurosawa. De fato, o figurino do andróide, Gunslinger é idêntico ao usado pelo personagem defendido por Brynner em "The Magnificent Seven".
Durante a madrugada, técnicos do parque removem robôs "mortos" e são mostradas cenas da oficina a trabalhar a todo vapor, com os cientistas de plantão a emitir o seu parecer técnico. Aí entrou o lado médico de Crichton, que sempre gostou de inserir em seus filmes e livros, tais citações teóricas, ao desejar fornecer um maior embasamento real à sua obra.
No caso de Westworld, são curiosos esses diálogos, geralmente conduzidos pelo diretor do parque, interpretado pelo ator, Allan Oppenheimer. E como os robôs "morrem" para divertir os turistas, eles voltam à cena quando os turistas despertam para aproveitar um novo dia e assim, podem morrer novamente em cada jornada.
Martin e Blane abusam da brincadeira, ao provocar brigas no saloon, onde até Martin é "preso", para momentos depois, Blane ter o prazer de dinamitar o cárcere da delegacia para resgatar o seu amigo e matar o delegado, sem piedade. Em uma dessas brigas, de ambos.Gunslinger é morto, mas claro, após reparos, o robô voltou para a cena, no dia seguinte.
Contudo, algo começa a falhar na estrutura do parque temático. Pequenos sinais aparecem, sem que os turistas percebam a fonte, que na verdade fora um vírus eletrônico que epidemicamente colocou-se a contaminar todos os robôs. Por exemplo, John Blane (Richard Brolin), é picado verdadeiramente por uma cobra andróide; moças andróides programadas para ceder aos desejos sexuais dos turistas, recusam-se a colaborar nesse sentido etc.
Nesse momento, são exibidas as cenas dos outros parques temáticos, a demonstrar que a epidemia também contaminou-os. No mundo medieval, por exemplo, um cavaleiro provoca uma briga com um turista e propõe um duelo de espadas, quando o mata. Na "Roma antiga", tudo sai do controle e o que fora para ser um final de semana envolto sob orgias, torna-se um cenário de matança desenfreada, com requintes de crueldade.
Ainda por não perceber o perigo em que envolveram-se, os amigos Martin e Blane são desafiados a duelar, pelo pistoleiro, Gunslinger. Ao desdenhar da situação, por estar seguros de que o matarão sem problemas, não abalam-se com as bravatas do pistoleiro e assim, portam-se displicentemente diante do perigo. Todavia, Gunslinger está obcecado por matá-los e a portar uma pistola real, atira e mata Blane. Só aí Peter Martin percebe que acabou a brincadeira e foge desesperadamente.
Gunslinger o persegue de forma implacável e essa parte final do filme é muito angustiante, pois sabemos que o robô só vai parar quando for destruído, mas a questão é : como destruí-lo ? Nesse ínterim, os técnicos estão a empreender todo o esforço para desligar os robôs e a duras penas conseguem pequenos progressos, mas Gunslinger continua a perseguir obstinadamente Peter Martin, determinado a matá-lo. Martin alcança o deserto que cerca a cidade do velho oeste e as cenas seguem os clichês dos filmes clássicos de western, com a perseguição em ambiente árido e inóspito.
Ele encontra-se com um técnico do parque, que mais assustado ainda, está a tentar fugir da matança desenfreada. É curiosa essa pequena ponta feita pelo ator, Steven Franken, que mais baseou a sua carreira nas comédias, onde cito o genial garçom bêbado que rouba a cena em "The Party", uma das melhores comédias de Peter Sellers. E claro, Gunslinger mete-lhe bala, para apavorar ainda mais o personagem, Peter Martin. Então, munido de algumas cápsulas de ácido (que achou no laboratório do parque, durante a sua fuga), espera uma oportunidade e joga o líquido no rosto de Gunslinger.
Essa cena, a mostrar o rosto do robô a derreter, foi uma das primeiras, senão a primeira na história do cinema, onde usou-se a computação gráfica, que logicamente em 1973, ainda engatinhava e não era nada parecida com a que conhecemos hoje em dia. Porém, ao considerar-se a época e os recursos disponíveis, é espetacular.
Martin chega aos limites do mundo medieval, onde os robôs estão desativados, mas também vê-se corpos de turistas mortos. Mesmo sem rosto e com apenas componentes eletrônicos expostos na cavidade facial, Gunslinger continua a sua caçada frenética. Gunslinger chega e Martin corre para a masmorra do castelo e observa uma mulher acorrentada, mas percebe que trata-se de um robô, quando ele oferece-lhe água e o líquido causa-lhe um curto circuito.
A última tentativa é incinerar o robô e parece que Martin salvou a sua vida, enfim. Mesmo carbonizado ele ainda aproxima-se, mas explode a seguir, literalmente. Então, finalmente Martin, atônito com toda a agonia que passou, senta-se em uma escadaria da masmorra, onde pensa na ironia do slogan do parque : "já temos um período de férias para você"...
É óbvio que o filme versa sobre o vazio do homem massacrado pela sociedade capitalista. A ideia de um parque temático nos moldes dos parques Disney, mas com teor adulto e a evocar grandes sets de filmagem de cinema, demonstra claramente que a vida frenética das pessoas, carece de válvulas de escape. Brincar de estar em um mundo diferente e poder extravasar o hedonismo e não só isso, mas também o poder da vida e da morte, sem questionamentos éticos; morais e pela plena desobediência às leis, pode fascinar. Outra observação pertinente, dá-se na comparação que muitos críticos fazem entre Westworld e Terminator, realizado onze anos depois.
Parece claro que o androide assassino e obstinado vivido por Arnold Schwarzenegger, é muito parecido com o robô, Gunslinger, de Yul Brynner. Implacável, ele persegue sua meta até o fim, sem esmorecer.
E certamente algumas ideias também influenciaram, "Predator", outro filme de Schwarzenegger, do final dos anos oitenta. O alienígena protagonista em questão, usa muita tecnologia para empreender a sua caça aos humanos, ao usar recursos vistos em "Westworld", com o robô, Gunslinger. "Westworld" teve uma sequência em 1976, com o ator, Peter Fonda, como protagonista. Nessa sequência, chamada : "Futureworld", teve a participação novamente do ator, Yul Brynner, ao interpretar novamente o robô
Gunslinger, mas essa produção ficou aquém.
Pior ainda foi uma tentativa em adaptar a história para o universo das séries de TV, ao retumbar em um fracasso e que logo cancelado pela Rede CBS, no início dos anos oitenta. Há planos para um remake, há anos e o próprio Schwarzenegger foi cotado para ser o "novo" Gunslinger, mas até agora, não houve concretização dessa produção. Como cinéfilo, torço para que não haja e que assim, poupe-nos de mais um remake cheio de tecnologia moderna e pouquíssimo conteúdo.
Destaca-se, é claro, a interpretação de Yul Brynner, que tornou o robô, Gunslinger, assustador. "Westworld" é mais um desses filmes da safra Sci-Fi setentista, que ganhou fôlego extra após o sucesso mastodôntico de "2001" / Uma Odísséia no Espaço, em 1968. Foi exibido com frequência na grade das TV's brasileiras, geralmente na faixa da madrugada, mas com a mudança de mentalidade dos programadores de hoje em dia, que só privilegiam filmes produzidos até quinze anos para trás, a cota de filmes vintage fica mesmo restrita aos canais de TV a cabo especialistas e para garimpeiros de locadoras diferenciadas da internet. Eu o recomendo, evidentemente, pois considero-o um grande filme Sci-Fi.
Como escritor, Crichton escreveu muitos livros que fizeram sucesso no campo da literatura Sci-Fi. Entre os quais : "O Enigma de Andrômeda " (que foi adaptado ao cinema, sob direção de Robert Wise); "Devoradores de Mortos"; "Jurassic Park" (também motivou um filme, através das mãos de Steven Spielberg); Esfera, Congo, Revelação e Twister (também tornou-se filme), e existem outros.
E o fato de ser médico, o ajudou na elaboração de certos conceitos técnicos em torno da biologia, que ele gostava de usar como elemento em sua literatura Sci-Fi.
Mas ele gostava também de dirigir e tornou-se de fato um bom diretor, com uma carreira não muito longa, mas significativa. Em 1973, Crichton lançou um emblemático filme chamado : "Westworld" (no Brasil, esta obra recebeu o nome de : "Westworld - Onde Ninguém Tem Alma").
Baseado no livro de mesmo título, escrito pelo próprio, Michael Crichton, "Westworld" fantasiou o "futuro", onde existiria um parque temático ao estilo da "Disneyland", mas dirigida aos adultos, chamada : "Delos". Logo nos créditos iniciais, vemos cenas de pessoas a embarcar para essa gigantesca estrutura turística e por conta desse ato, a ser monitoradas por funcionários, a simular a organização desses parques temáticos norteamericanos da vida real.
Todavia, tratava-se de um hipotético futuro, onde a tecnologia sofisticara-se ao ponto das atrações prometidas, observar o realismo extremo. Sendo assim, a proposta mostrava-se a atender aos anseios dos turistas que interagem com robôs a ostentar uma aparência humana perfeita, com sensibilidade aguçada, inclusive e portanto, a proporcionar todo o tipo de envolvimento imaginável.
Havia três opções temáticas a ser escolhidas : o ambiente do velho oeste norteamericano; a Europa medieval e a Roma da antiguidade. O foco dramatúrgico segue através de dois personagens que escolheram passar alguns dias no velho oeste. Mas ao longo do filme, surgem cenas simultâneas de outros personagens a aproveitar os outros parques temáticos e chega-se em um ponto do filme, quando eles fundem-se.
Peter Martin (interpretado por Richard Benjamim) e John Blane (James Brolin), são amigos e decidem aproveitar as férias juntos, no velho oeste de Delos.
A diversão é chegar em uma cidade daquele período e passar por todas as situações típicas daquela época, e devidamente expostas pelos filmes de western, décadas a fio. Ou seja, eles pretendem beber; dormir com as garotas do saloon, envolver-se em brigas por motivos fúteis e claro, matar pessoas nessas brigas, sem o menor pudor. A garantia do pacote turístico é total : os robôs brigam de verdade, mas sempre o humano turista vai ganhar, e jamais poderão ferir gravemente e muito menos matar o turista.
Um rígido monitoramento é feito on line e técnicos trabalham 24 horas por dia, para controlar tais ações. Peter e John sabem disso e põem-se a angariar confusões, como verdadeiros forasteiros petulantes, e assim, a divertir-se muito. Até que surge na cidade um bandoleiro muito temido. Para seguir o roteiro de um filme de western, ambos apreciam a situação, sabedores que mesmo que o robô represente um bandido perigoso e exímio atirador, no final da história, eles o executarão e fim de conversa.
No caso, o robô é programado para ser arrogante; frio e obstinado. Interpretado pelo ator, Yul Brynner, no filme ele é denominado : "Gunslinger"
Cabe observar que o robô é baseado em um personagem que próprio ator, Yul Brynner, interpretara brilhantemente no cinema, desta feita um pistoleiro de carne e osso, no filme : "The Magnificent Seven" ("Sete Homens e um Destino"), um western clássico, lançado em 1960, e baseado no filme japonês, "Os Sete Samurais", de Akira Kurosawa. De fato, o figurino do andróide, Gunslinger é idêntico ao usado pelo personagem defendido por Brynner em "The Magnificent Seven".
Durante a madrugada, técnicos do parque removem robôs "mortos" e são mostradas cenas da oficina a trabalhar a todo vapor, com os cientistas de plantão a emitir o seu parecer técnico. Aí entrou o lado médico de Crichton, que sempre gostou de inserir em seus filmes e livros, tais citações teóricas, ao desejar fornecer um maior embasamento real à sua obra.
No caso de Westworld, são curiosos esses diálogos, geralmente conduzidos pelo diretor do parque, interpretado pelo ator, Allan Oppenheimer. E como os robôs "morrem" para divertir os turistas, eles voltam à cena quando os turistas despertam para aproveitar um novo dia e assim, podem morrer novamente em cada jornada.
Martin e Blane abusam da brincadeira, ao provocar brigas no saloon, onde até Martin é "preso", para momentos depois, Blane ter o prazer de dinamitar o cárcere da delegacia para resgatar o seu amigo e matar o delegado, sem piedade. Em uma dessas brigas, de ambos.Gunslinger é morto, mas claro, após reparos, o robô voltou para a cena, no dia seguinte.
Contudo, algo começa a falhar na estrutura do parque temático. Pequenos sinais aparecem, sem que os turistas percebam a fonte, que na verdade fora um vírus eletrônico que epidemicamente colocou-se a contaminar todos os robôs. Por exemplo, John Blane (Richard Brolin), é picado verdadeiramente por uma cobra andróide; moças andróides programadas para ceder aos desejos sexuais dos turistas, recusam-se a colaborar nesse sentido etc.
Nesse momento, são exibidas as cenas dos outros parques temáticos, a demonstrar que a epidemia também contaminou-os. No mundo medieval, por exemplo, um cavaleiro provoca uma briga com um turista e propõe um duelo de espadas, quando o mata. Na "Roma antiga", tudo sai do controle e o que fora para ser um final de semana envolto sob orgias, torna-se um cenário de matança desenfreada, com requintes de crueldade.
Ainda por não perceber o perigo em que envolveram-se, os amigos Martin e Blane são desafiados a duelar, pelo pistoleiro, Gunslinger. Ao desdenhar da situação, por estar seguros de que o matarão sem problemas, não abalam-se com as bravatas do pistoleiro e assim, portam-se displicentemente diante do perigo. Todavia, Gunslinger está obcecado por matá-los e a portar uma pistola real, atira e mata Blane. Só aí Peter Martin percebe que acabou a brincadeira e foge desesperadamente.
Gunslinger o persegue de forma implacável e essa parte final do filme é muito angustiante, pois sabemos que o robô só vai parar quando for destruído, mas a questão é : como destruí-lo ? Nesse ínterim, os técnicos estão a empreender todo o esforço para desligar os robôs e a duras penas conseguem pequenos progressos, mas Gunslinger continua a perseguir obstinadamente Peter Martin, determinado a matá-lo. Martin alcança o deserto que cerca a cidade do velho oeste e as cenas seguem os clichês dos filmes clássicos de western, com a perseguição em ambiente árido e inóspito.
Ele encontra-se com um técnico do parque, que mais assustado ainda, está a tentar fugir da matança desenfreada. É curiosa essa pequena ponta feita pelo ator, Steven Franken, que mais baseou a sua carreira nas comédias, onde cito o genial garçom bêbado que rouba a cena em "The Party", uma das melhores comédias de Peter Sellers. E claro, Gunslinger mete-lhe bala, para apavorar ainda mais o personagem, Peter Martin. Então, munido de algumas cápsulas de ácido (que achou no laboratório do parque, durante a sua fuga), espera uma oportunidade e joga o líquido no rosto de Gunslinger.
Essa cena, a mostrar o rosto do robô a derreter, foi uma das primeiras, senão a primeira na história do cinema, onde usou-se a computação gráfica, que logicamente em 1973, ainda engatinhava e não era nada parecida com a que conhecemos hoje em dia. Porém, ao considerar-se a época e os recursos disponíveis, é espetacular.
Martin chega aos limites do mundo medieval, onde os robôs estão desativados, mas também vê-se corpos de turistas mortos. Mesmo sem rosto e com apenas componentes eletrônicos expostos na cavidade facial, Gunslinger continua a sua caçada frenética. Gunslinger chega e Martin corre para a masmorra do castelo e observa uma mulher acorrentada, mas percebe que trata-se de um robô, quando ele oferece-lhe água e o líquido causa-lhe um curto circuito.
A última tentativa é incinerar o robô e parece que Martin salvou a sua vida, enfim. Mesmo carbonizado ele ainda aproxima-se, mas explode a seguir, literalmente. Então, finalmente Martin, atônito com toda a agonia que passou, senta-se em uma escadaria da masmorra, onde pensa na ironia do slogan do parque : "já temos um período de férias para você"...
É óbvio que o filme versa sobre o vazio do homem massacrado pela sociedade capitalista. A ideia de um parque temático nos moldes dos parques Disney, mas com teor adulto e a evocar grandes sets de filmagem de cinema, demonstra claramente que a vida frenética das pessoas, carece de válvulas de escape. Brincar de estar em um mundo diferente e poder extravasar o hedonismo e não só isso, mas também o poder da vida e da morte, sem questionamentos éticos; morais e pela plena desobediência às leis, pode fascinar. Outra observação pertinente, dá-se na comparação que muitos críticos fazem entre Westworld e Terminator, realizado onze anos depois.
Parece claro que o androide assassino e obstinado vivido por Arnold Schwarzenegger, é muito parecido com o robô, Gunslinger, de Yul Brynner. Implacável, ele persegue sua meta até o fim, sem esmorecer.
E certamente algumas ideias também influenciaram, "Predator", outro filme de Schwarzenegger, do final dos anos oitenta. O alienígena protagonista em questão, usa muita tecnologia para empreender a sua caça aos humanos, ao usar recursos vistos em "Westworld", com o robô, Gunslinger. "Westworld" teve uma sequência em 1976, com o ator, Peter Fonda, como protagonista. Nessa sequência, chamada : "Futureworld", teve a participação novamente do ator, Yul Brynner, ao interpretar novamente o robô
Gunslinger, mas essa produção ficou aquém.
Pior ainda foi uma tentativa em adaptar a história para o universo das séries de TV, ao retumbar em um fracasso e que logo cancelado pela Rede CBS, no início dos anos oitenta. Há planos para um remake, há anos e o próprio Schwarzenegger foi cotado para ser o "novo" Gunslinger, mas até agora, não houve concretização dessa produção. Como cinéfilo, torço para que não haja e que assim, poupe-nos de mais um remake cheio de tecnologia moderna e pouquíssimo conteúdo.
Destaca-se, é claro, a interpretação de Yul Brynner, que tornou o robô, Gunslinger, assustador. "Westworld" é mais um desses filmes da safra Sci-Fi setentista, que ganhou fôlego extra após o sucesso mastodôntico de "2001" / Uma Odísséia no Espaço, em 1968. Foi exibido com frequência na grade das TV's brasileiras, geralmente na faixa da madrugada, mas com a mudança de mentalidade dos programadores de hoje em dia, que só privilegiam filmes produzidos até quinze anos para trás, a cota de filmes vintage fica mesmo restrita aos canais de TV a cabo especialistas e para garimpeiros de locadoras diferenciadas da internet. Eu o recomendo, evidentemente, pois considero-o um grande filme Sci-Fi.
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