Vivemos uma Era sob a euforia em decorrência da descoberta do Pré-Sal. Ao seguir as estimativas, o Brasil entrará para a OPEP (Organização Mundial dos Países Produtores de Petróleo), ao superar a perspectiva da autosuficiência (que por si só, já seria excelente), para alçar-se à condição de um país exportador. Porém, até chegarmos nesse ponto, muitas coisas ocorreram anteriormente e a questão petrolífera no Brasil gerou muita controvérsia.
Os primeiros registros de exploração por aqui, datam do século XIX. O Marquês de Olinda autorizou um pequeno empreendedor chamado José Barros de Pimentel, a conduzir pequenas prospecções às margens do rio Marau, na Bahia. Nas três primeiras décadas do século XX, os registros oficiais dão conta de que pessoas comuns do povo, exploravam essa extração de forma precária, sem nenhuma regulamentação oficial ou ação empresarial constituída. Foi então que o governo Vargas, na década de trinta do século vinte, entrou com tudo nessa questão, ao criar restrições oficiais para que tal prática ocorresse, mas ao mesmo tempo não gerou mecanismos claros sobre a exploração, ao precipitar assim, muita insatisfação por parte de muitas pessoas politizadas, sobretudo.
Os primeiros registros de exploração por aqui, datam do século XIX. O Marquês de Olinda autorizou um pequeno empreendedor chamado José Barros de Pimentel, a conduzir pequenas prospecções às margens do rio Marau, na Bahia. Nas três primeiras décadas do século XX, os registros oficiais dão conta de que pessoas comuns do povo, exploravam essa extração de forma precária, sem nenhuma regulamentação oficial ou ação empresarial constituída. Foi então que o governo Vargas, na década de trinta do século vinte, entrou com tudo nessa questão, ao criar restrições oficiais para que tal prática ocorresse, mas ao mesmo tempo não gerou mecanismos claros sobre a exploração, ao precipitar assim, muita insatisfação por parte de muitas pessoas politizadas, sobretudo.
E um desses intelectuais insatisfeitos, e que mais bateu publicamente no governo Vargas, foi o escritor Monteiro Lobato.
Lobato era muito famoso por ter criado o personagem, Jeca Tatu, onde criticava o atraso do país, e veladamente o atribuía (também, mas não tão somente, pois deixou claro que Jeca Tatu não era assim, mas "estava assim", ao cutucar o governo), à preguiça como marca registrada da índole do povo brasileiro (há certamente uma similaridade entre Jeca Tatu e o Macunaíma, de Mário de Andrade, nesse aspecto).
Lobato também ficara famoso por ter criado o "Sítio do Pica-Pau Amarelo", a sua literatura infantil que atravessaria décadas, mas houve um lado seu, sociopolítico que revelava-se forte e expressou-se em vários livros. No caso da exploração do petróleo no Brasil, a questão principal que o indignou, residira no fato de que o governo Vargas criara restrições, mas não apontava soluções.
Se a riqueza natural era de todos, ou o governo criava mecanismos para a exploração, ao repassar os lucros à população, ou permitia a livre exploração por parte de qualquer interessado, ainda que a tributar-lhe os lucros, logicamente. Nesse impasse, Lobato passou a protestar publicamente através de seus artigos publicados na imprensa, mas foi em 1936, que a sua contundência chegou ao clímax, quando lançou o livro : "O Escândalo do Petróleo". O livro esgotou a sua primeira edição muito rapidamente e incomodou o poder ditatorial de Vargas.
Tornou-se um slogan a expressão : "não perfurar, nem deixar que se perfure", uma clara alusão à inércia de Vargas nessa questão. Em 1937, a repressão oficial censurou o livro e mandou recolher as suas cópias disponíveis nas livrarias. Todavia, no mesmo ano, Lobato lançou mais um livro do seu "Sítio" e usou o seu fantástico personagem, o "Visconde de Sabugosa", uma espiga de milho humanizada e intelectual, para dar mais pauladas no governo Vargas.
No livro, "O Poço do Visconde", Lobato usou a voz do simpático Visconde de Sabugosa para ser veemente : "ninguém acreditava na existência de petróleo nesta enorme área de 8.5 milhões de Km quadrados, toda ela circundada pelos poços de petróleo das repúblicas vizinhas"...
Duas correntes políticas posicionaram-se frontalmente nessa questão, a partir daí. Os nacionalistas queriam a criação de uma empresa estatal para monopolizar o controle da extração e os chamados "entreguistas" (pejorativamente assim conhecidos, é claro), que defendiam a tese da exploração ser aberta também à empresas estrangeiras, estatais ou particulares.
Duas correntes políticas posicionaram-se frontalmente nessa questão, a partir daí. Os nacionalistas queriam a criação de uma empresa estatal para monopolizar o controle da extração e os chamados "entreguistas" (pejorativamente assim conhecidos, é claro), que defendiam a tese da exploração ser aberta também à empresas estrangeiras, estatais ou particulares.
Em 1941, Lobato foi preso por um general do exército, que curiosamente envolver-se-ia anos depois, com a campanha : "o Petróleo é nosso", nos anos quarenta.
Foi criada a Petrobrás em 1953 e só recentemente o governo mudou as regras e abriu espaço para empresas estrangeiras particulares atuarem em parceria. Qual seria a opinião de Monteiro Lobato sobre o atual panorama petrolífero do Brasil ?
Se por um lado, possivelmente estaria feliz por constatar esse potencial produtor, que na sua época era inimaginável, por outro, estaria perplexo por constatar que tal riqueza não reflete-se diretamente na economia popular como seria por esperar-se. Os economistas; tributaristas e técnicos do governo falam, falam, mas não explicam com clareza o por quê do preço dos combustíveis praticados ao consumidor final, ser tão tão caro.
E dentro de uma economia onde esse fator é o principal motivador da alta de todos os produtos e serviços possíveis e imagináveis, realmente causa espanto que uma riqueza assim não seja distribuída de uma forma equânim para o seu verdadeiro dono, o povo.
Vai demorar um pouco, mas quando os primeiros barris extraídos da safra do Pré-Sal começar a render lucros, qual vai ser a desculpa governamental ?
Tomara que não, mas se essa riqueza não for repassada corretamente, só restará torcer para que o Visconde de Sabugosa use de sua sabedoria enciclopédica, e seja o nosso porta-voz indignado.
Que ótimo conhecer melhor essa figura brasileira e ver que sua sabedoria vai muito além do Sítio, já ouvi falar no Jeca Tatu, mas não sabia que era criação de Monteiro lobato. Personagens incrível inclusive, que infelizmente ainda reflete nossa sociedade que 'anda com passos de formiga e sem vontade'. Enquanto ao petróleo, acho que antes de qualquer coisa temos que pensar no impacto ecológico que toda exploração pode causar no nosso planeta.
ResponderExcluirQue legal que apreciou a matéria, Fernanda !
ExcluirDe fato, a atividade de Monteiro Lobato não se restringiu à literatura infantil. Pelo contrário, escreveu livros contundentes de teor político e até ficção científica, coisa rara entre escritores brasileiros.
Bem observado por você, claro que a questão ambiental tem de ser bem apurada na questão petrolífera e o que acontece, geralmente, é o contrário, com a ganância e cupidez de lucros cegando os inescrupulosos.
Obrigado por ler e comentar !!