Entre tantos ícones culturais norteamericanos, sem dúvida que o automóvel ocupa um lugar sob alto destaque. E nessa iconografia, a cidade de Detroit teve papel importante, por concentrar a maior parte da produção nacional, algo parecido com o que a região do ABC paulista já representou para o Brasil, nesse quesito, mas em uma proporção muitíssimo maior.
Fundada pelos franceses no início do século XVIII, tal cidade tem no seu nome, uma adaptação para o inglês, de seu nome original : "Fort Ponchartrain du D'Etroit", onde entende-se "Etroit", em francês, como "estreito", em português.
Fora uma cidade comum, do estado do Michigan, a marcar fronteira com o Canadá, até que no avançar do século XX, a indústria automobilística tornasse-se gigantesca, ali. Nesses anos de ouro, principalmente nas décadas de cinquenta e sessenta, a cidade observou um fenômeno interessante.
Por conta desse volume de recursos advindos dessa bonança da indústria, houve um "boom" imobiliário na direção de subúrbios próximos, e dessa forma, o centro da cidade, tornou-se inóspito e sombrio. Enquanto o subúrbio mantinha ares semelhantes ao de Beverly Hills de LosAngeles, o centro da cidade de Detroit pôs-se a tornar-se cinzento, e a dar margem assim, ao aumento de violência urbana, com a inevitável formação de gangs com vândalos etc. Por outro lado, Detroit teve na música, momentos de prosperidade e qualidade artística, memoráveis.
A gravadora Motown, ali estabelecida, tinha em seu elenco, a fina flor da Black Music, com grandes artistas da cena do Rhythm and Blues; Soul e Funk.
Aliás, o nome "Motown", foi um neologismo de "Mo", de "motor" (uma alusão à vocação da cidade de Detroit), e "Town", literalmente, "cidade".
No campo do Rock, Detroit também foi um berço de muitos artistas que tornar-se-iam mundialmente conhecidos. Alice Cooper; Ted Nugent; The Stooges; e MC5, estão entre os mais significativos, além do próprio, Grand Funk Railroad, que era de uma cidade próxima, Flint.
No caso do MC5, muitas das letras de suas canções, refletiam claramente o ambiente de Detroit, com o seu céu quase sempre cinza e as multidões de operários a circular pelas ruas. Entretanto, veio a crise do petróleo em 1973, e ainda que imperceptível naquele momento, Detroit começou a vivenciar um sutil processo de decadência, que ficou acentuado, só na segunda metade daquela década, quando começou a entrar no mercado americano, os carros japoneses, com muita força e impulsionados por preços imbatíveis.
A arrastar-se nessa perspectiva, a cidade colocou-se a decair e quando a grande crise de 2008, instaurou-se com força, Detroit que já agonizava, entrou em um colapso, praticamente irreversível. Recentemente (2013), a cidade decretou a sua falência. Um duro golpe para os habitantes da cidade dos motores, foi anunciado que a sua dívida pública alcançara a cifra impagável de U$ 20 bilhões de dólares, e a prefeitura jogou a toalha para o governo estadual do Michigan.
Índices assustadores mostram que os subúrbios no entorno da cidade, estão em clima de desolação. Casarões decadentes estão a ser abandonados, ao mostrar-se em ruínas, mais a parecer como um cenário de filmes hollywoodeanos sobre o fim do mundo.
Detroit, no auge da indústria, chegou a contar com 1.8 milhões de habitantes. Hoje, não passa de setecentos mil, para refletir a debandada da população, sob um ritmo de migração interna, em busca de melhores oportunidades de subsistência. Uma pena para quem já chegou a comemorar ser a terceira maior cidade norteamericana, e berço do maior parque automobilístico do mundo.
Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica, em 2013
Sou músico e escrevo matérias para diversos Blogs. Aqui neste meu primeiro Blog, reúno a minha produção geral e divulgo as minhas atividades musicais. Não escrevo apenas sobre música, é preciso salientar ao leitor, pois abordo diversos assuntos variados. Como músico, iniciei a minha carreira em 1976, e já toquei em diversas bandas. Atualmente, estou a trabalhar com Os Kurandeiros.
sábado, 26 de outubro de 2013
O Motor de Detroit Pifou - Por Luiz Domingues
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e a gente que as vezes pensa que o Automovel é um bem duravel.Mas uma pena para acidade de Detroit , imagino como é viver nesse momento neste lugar .O Pessoal nao deve estar entendendo nada.Vamos torcer que ainda possa mudar e a Cidade de Michigan possa ajuda-lo.Ou o proprio governo federal .No campo da Musica Rockroll o Grund Funk e o Alice Cooper se destacaram desde o inicio de 70.Nos fions de 60 como disse ai em cima o Stooges e MC5 foram reconhecidos na linha Rockrolll tambem .Belo trabalho postado por essa Cidade podemos dizer Fantasma ?
ResponderExcluirPois é, amigo Oscar...
ExcluirMuito triste uma cidade que já foi tão poderosa estar nessa decadência total, mais parecendo cenário de filme Sci-Fi sobre o fim do mundo.
O governo estadual do Michigan e a União, já estão ajudando, mas o estrago foi enorme e vai demorar bastante para Detroit reerguer-se.
Uma pena, pois além de ter sido a cidade dos motores por tantos anos, Detroit foi uma cidade musical por excência, com a sede da gravadora Motown com o melhor da Black Music e grandes nomes do Rock como os que você citou.
Acho que sim, podemos dizer que se tornou cidade fantasma...
Grande abraço !