sexta-feira, 11 de outubro de 2013

DVD XII Estradas, Sons e Estórias na Terra do Rock Tupiniquim / Tomada - Por Luiz Domingues

Em meio às gravações do novo álbum do Pedra, diante de uma adversidade técnica, e totalmente alheia à nossa vontade (que arruinou o trabalho de uma sessão inteira de gravação de vozes), recentemente (refiro-me a outubro de 2013), o guitarrista, Xando Zupo, olhou-me e disse em tom de lamento : -"e 99% das pessoas não fazem a menor ideia de quanto trabalho dá, para gravar-se um disco"... ou seja, é a pura verdade, entretanto, não vou estender-me nessa questão agora, quem sabe um dia eu abordo esse assunto em específico em outra matéria.

Todavia, essa constatação bateu de encontro com a sensação que tive ao assistir o recém lançado DVD do grupo, Tomada, onde através de um documentário muito bem produzido, seus membros narram com muito bom humor, a trajetória de sua carreira. E como acompanhante dessa saga, pois conheço a banda desde o seu nascedouro, dou-me ao luxo em retroagir ainda mais do que eles mesmos, o fizeram no DVD.  
No documentário, computa-se o ano 2000, como o início das atividades oficiais da banda, justamente com a entrada do vocalista, Ricardo Alpendre, na formação, e assim, fala-se bem rapidamente da formação anterior. Porém, em meu caso, que acompanhei como amigo desde os seus primórdios, o Tomada começou em 1992, quando eu ministrava aulas de baixo em minha própria residência, e um dia recebi um novo aluno que combinara a aula comigo por telefone, mas cujo rosto eu ainda não conhecia. Quando abri a porta, dei de cara com um adolescente, muito novo, imberbe, e a usar cabelos longos, como se vivesse nos anos setenta. 
Marcelo Bueno em minha sala de aulas, na metade dos anos noventa

Rapidamente eu notei que apesar da pouca idade, Marcelo Bueno (apelidado como "Pepe", pelos amigos), não estava ali à toa, e que mesmo muito jovem, mostrava-se muito determinado, e possuía influências improváveis pelo anacronismo da época. Logo, Bueno, como eu o chamei desde o início, tornou-se amigo de diversos outros alunos, e assim a revelar-se uma referência, pelo fato de que à medida que avançava na idade e maturidade, mais convicção pelo Rock, demonstrava. 
 Marcelo Bueno, aqui acompanhado dos irmãos Schevano : Ricardo (Baranga), e Marcello (Carro Bomba), na minha sala de aulas, na metade dos anos noventa.

Ainda estávamos na metade da década de noventa, e Bueno contaminava positivamente diversos outros alunos, ao chegar em minha casa a usar calças "boca-de-sino"; batas indianas coloridas e a ostentar uma vasta cabeleira pela cintura, como se estivesse em 1970, e não em 1996. Um pouco além desse ponto inicial, ele já  montou a banda : "Soulshine", com influências do Southern Rock; Psicodelia; Hard-Rock, e assim, tal banda mostrou-se uma usina de Vintage Rock, a proporcionar boas vibrações à todos os demais alunos e agregados que frequentavam a minha sala de aulas. 
                              O guitarrista, Pedro Ayoub

Certamente que tratou-se da raiz primordial do Tomada, e já contava com a presença do guitarrista, Pedro Ayoub, a quem chamávamos como : Pedrinho "Wood", não só pela semelhança física, mas pela mão muito parecida que tinha, no estilo do grande guitarrista dos Faces e Rolling Stones, Ron Wood. Por volta de 1998, a banda já fora rebatizada como Tomada, e aí, após algumas mudanças, estabilizou-se com o Marcelo Bueno (baixo e Voz); Rodrigo Casais Gomes (Guitarra); Ricardo Alpendre (Vocais), e Jeff Mello (Bateria). Já em 2001, o Tomada abriu um show da Patrulha do Espaço, onde eu estava a fazer parte da formação, na cidade de Itu, no interior de São Paulo. Tenho até uma história engraçada sobre esse dia, mas não revelarei aqui, para deixar para contar em minha autobiografia que está a ser escrita, e publicada no combalido Orkut (comunidade "Luiz Domingues"), e republicada em meu Blog 2.

A banda entrou, daí em diante, em um esquema de trabalho; produção e esforço, que poderia evocar a trinca "sangue; suor & lágrimas", tranquilamente. Shows e mais shows, desbravadores, a angariar simpatia de quem aprecia o Rock'n Roll; Boogie; Blues; Garage Sixties; R'n'B; Soul Music; Rockabilly; Southern Rock; Hard-Rock; e Psicodelia, entre tantas outras ramificações com as quais essa banda soube tão bem trabalhar. 
No início dos anos 2000, viabilizaram uma demo-tape mais bem gravada, e daí catapultou-se enfim, a possibilidade em lançar um CD bem produzido.

Em : "Tudo em Nome do Rock'n Roll", expuseram toda a carga criativa acumulada desde os primórdios, e mais uma porta precipitou-se a abrir. Com Keko Freitas a assumir as baquetas, o line-up seguiu firme com Bueno; Alpendre & Casais Gomes nas demais vagas. Clips; shows em festivais importantes; saídas para apresentações interestaduais; e um portfólio em crescimento vertiginoso, levou o Tomada ao ponto de lançar o segundo CD.
Em "Volts", de 2005, a banda mostrou-se ainda mais azeitada, segura e madura. Mais anos de luta; estrada e mudanças na formação, advieram, todavia com os pilares sempre sólidos, mantidos por Bueno e Alpendre, fizeram com que a banda chegasse a um grande momento.

Com uma rápida passagem do grande guitarrista / cantor e compositor, Denny Caldeira, pela formação, não deu tempo suficiente para essa união que prometia surtir efeito, mas nada esmoreceu essa banda, e assim, logo seguiu em frente.

"O Inevitável", álbum lançado em 2011, é um trabalho que mostra o Tomada a atingir um nível de excelência artística impressionante.

Trata-se de um disco recheado por canções inspiradíssimas, com grande apuro técnico, e a evocar ícones do Rock e da Black Music, de uma forma muita acentuada. Com Alexandre Marciano (Bateria); Lennon Fernandes (Guitarra, Teclados e Voz) , e Marcião Gonçalves (Guitarras e Voz) na formação, a aliar-se aos remanescentes, Bueno e Alpendre, a banda aprumou-se de uma forma incrível. Shows; clips; aparições em programas importantes da internet, resenhas ultra elogiosas... 
E lá foi o Tomada a conduzir a sua carreira adiante, com a energia perseverante com que lidam com tal determinação, desde o início. Uma mudança de formação novamente ocorreu, mas não deu tempo do público especular sobre possíveis prejuízos, pois rápidos no gatilho, como sempre, Bueno e Alpendre reformularam a banda sob uma velocidade estonteante. 


Sob um primeiro instante, Pedro Ayoub, da primeira formação pré-Tomada, foi trazido de volta, para juntar-se aos novos componentes : Vagner Nascimento (Guitarra e Voz); Paulo Navarro (Bateria) e Mateus Schanoski (teclados).

Agora sem Pedro, a formação mais atual, acima citado. (mais Bueno e Alpendre, é claro), está a mil por hora nos shows, a preparar músicas novas e empenhada no lançamento do DVD : "XII Estradas, Sons e Histórias na Terra do Rock Tupiniquim". 
Foi com muito prazer que assisti o DVD, onde o documentário conta a história da banda, mediante os depoimentos de integrantes, somados à imagens raras dos bastidores de shows; gravações; apresentações de TV, e cenas do cotidiano da banda, desde 2000.

Nos extras, existe ainda um especial muito bom sobre os bastidores da gravação do CD "O Inevitável"; todos os clips lançados pela banda, e um mini-especial da banda ao vivo, realizado no Centro Cultural São Paulo, em 2012, em formato acústico, muito bonito e a passar a imagem de um belo clima. 
Confesso que fiquei emocionado ao assistir o DVD, pois conheço a trajetória desses artistas, desde o começo. Mais que isso, são meus amigos pessoais, e nossas respectivas histórias na música, cruzam-se em diversas interligações com amigos em comum. Agora, volte ao início da matéria e relembre como eu a iniciei... sim, dá muito trabalho fazer música autoral !
Começa muitos anos antes do artista esboçar ficar conhecido, quando resolve aprender um instrumento musical. Caso do Marcelo Bueno, que em uma tarde do início de 1992, foi tocar a campainha da minha residência.
Passa por anos e anos de apuro; ensaios; formação de bandas de garagem; apresentações em pequenas casas noturnas; festivais estudantis, e similares. Envolve uma enorme determinação em lançar-se em um mercado hostil, fechado por natureza intrínseca. Significa investir horas e horas em estúdios de gravação, até poder lançar o primeiro álbum... 

Lutar; tocar; divulgar; cair na estrada e lançar o segundo álbum; o terceiro; e continuar com a determinação de preparar o quarto, o quinto... pois essa história em torno da perseverança, e amor ao Rock, é a marca registrada do Tomada, e esse recém lançado DVD, mostra isso, com muita emoção. 

Recomendo este DVD, e por conseguinte os álbuns, e claro, que o leitor possa conferir ao vivo o Tomada, uma banda que já escreveu o seu nome na história do Rock brasileiro, mas pelo que conheço do temperamento de seus membros, tende  a escrever ainda muito mais histórias, doravante.  
Contato direto com o Tomada : tomadarock.com.br 

Crédito de fotos : Grace Lagôa; Victor Daguan e outros não identificados. 

6 comentários:

  1. Respostas
    1. Que legal que curtiu, Myrna !

      Grandes momentos da história dessa banda, onde o Rodrigo teve participação muito importante.

      Grato por ler e comentar !!

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  2. Sou fã desses meninos e parceira do Cadinho (Alpendre) nos palcos. Tive a felicidade de gravar com eles o TRAMA TV, onde Ivani Venâncio e eu fizemos backings para O Inevitável.
    É muito difícil gravar um Cd. É muito difícil manter uma banda.
    Long live Tomada!

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    1. Grande Tata Martinelli !

      É verdade, Tata. Você e Ivani aparecem no documentário em questão, com o brilhantismo que lhes é peculiar, claro.

      Você é bastante talentosa e experiente no mercado musical, portanto, suas palavras só reforçam o conceito de que não é fácil montar e sobretudo, manter uma banda autoral.

      Muito contente por sua participação, lendo, postando comentário e compartilhando a resenha pelas redes sociais.

      Long live Tomada !

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  3. Otima como sempre suas Historias das Historia do Rockrolll de Sampa.Vou procurar o DVD dessa grande Banda TOMADA ,da qual tamvbem conheço e sou um grande fã deles .Tomada é Rockrolll.Parabens Pepe Bueno e Ricardo Poeirazine Alpendre.

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    1. Oscar, meu amigo !

      Muito legal a sua participação com comentário. De fato, eu recomendo a aquisição desse DVD, pois traz um espetacular resumo do que tem sido a carreira do Tomada, até aqui.

      Obrigado pela leitura e comentário !

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