Ao subverter a ordem cronológica esperada, eu preparei anos atrás a resenha do terceiro álbum do grupo de Rock, “The Blues Riders Band” (ou mais popularmente conhecido pela sua forma abreviada: “Blues Riders”), e somente agora estou a analisar o seu primeiro trabalho lançado no longínquo ano de 2000. Todavia, há uma razão para justificar tal ordem supostamente aleatória na minha decisão de escrever esta resenha.
Ocorre que a banda lançou uma versão remasterizada desse álbum em 2014, a apresentar novidades ótimas como bônus, aliás, de uma forma muito além do usual como se observa comumente no mercado fonográfico, pois com tantas faixas a mais como bonificação ao consumidor, praticamente tornou esse relançamento como um álbum duplo, portanto indispensável ao colecionador em geral e fã em específico do trabalho desse grupo.
Sobre o trabalho original do álbum “Cidade Rock” lançado em 2000, trata-se de um conjunto de canções fortemente amparadas pela estética do Blues-Rock sessenta-setentista e que adentram ao campo do Hard-Rock, igualmente. Portanto, em seu bojo, o som produzido pelo Blues Riders em seu primeiro álbum ofertou ao público um cartão de visitas fidedigno sobre a proposta sonora que essa banda propunha desde a sua fundação nos anos noventa e que manteve ao longo da sua carreira a posteriori, é bom registrar isso, a aproveitar o fato de que nesta altura dos acontecimentos eu tenho o tempo histórico a meu favor para confirmar tal tese.
Sobre a arte gráfica, há uma boa a ilustração a mostrar os componentes da banda na porta de um teatro, cujo letreiro de atrações mostra que eles vão se apresentar ali naquela noite e certamente a apontar o nome do álbum e da banda nos caracteres como inscrição primordial. Acompanha como fundo, a paisagem urbana de uma grande metrópole a reforçar o conceito da “Cidade Rock”, a se valer da selva de pedra como base Rocker da sua identidade assumida.
Na contracapa, a ilustração assume ares mais a ver com a busca pelo lado metafórico e lúdico, certamente, ao retratar os componentes da banda dotados de asas angelicais a observarem a urbanidade da megalópole do alto do topo de um edifício e prestes a alçarem voo sobre a “Cidade Rock”.
Já na versão de 2014, a opção da apresentação para a contracapa foi no sentido de usar a simplicidade, ao alojar a relação das músicas e das faixas oferecidas como bônus e algumas poucas informações técnicas a explicar a questão da remasterização, sob um fundo preto discreto.
Sobre as músicas contidas nesse álbum, vale a pena acrescentar mais algumas observações.
Eis o link do Soundcloud para se ouvir a primeira faixa do disco: “Aqui Estou Eu”.
https://soundcloud.com/user-359261239/aqui-estou-eu
“Aqui Estou Eu” mostra um Blues-Rock que já entra em cena com um riff poderoso e para enriquecê-lo, há um micro solo de guitarra. A banda mostra uma consistência enorme, mediante cozinha firme como uma rocha, ótimas guitarras e um trabalho de voz ao estilo arrasa-quarteirão, para mostrar bem a contundência do trabalho.
A segunda faixa, “Deixa o Rock Rolar”, tem uma vibração enorme. A sua estrutura harmônica (e melódica) é bem na linha do Blues-Rock mais clássico, mediante um riff a conter gancho forte, executado com maestria pelo trio de cordas da linha de frente e acompanhado pela divisão perfeita da bateria, na retaguarda da banda.
Vem a terceira faixa, “O Jogador”, com uma intenção explícita de Rock’n’ Roll mais acelerado. O refrão é muito bom, ao se mostrar conveniente no sentido de provocar a interação imediata da plateia nas apresentações da banda, ou seja, algo que aconteceu muito na realidade, certamente nos anos posteriores ao lançamento da canção em disco.
“Carpe Diem” é a próxima faixa e mostra uma linha de guitarras que lembra bastante o som de bandas britânicas do início dos anos setenta, incluso na bela introdução com um solo bem melódico. Há o recurso da desdobrada rítmica no meio da canção, algo bem setentista em essência e que funciona muito bem.
“Pra Sempre” vem com andamento mais lento, bem marcado pela banda e com a presença de um contrasolo de guitarra com timbre limpo logo no início, a se mostrar bem bonito. É na prática, uma balada densa, com forte senso melódico. Destaque para a dramaticidade da interpretação vocal e do belo solo de guitarra em paralelo ao vocalize final.
“O Feeling do Momento” começa como um blues lento e bastante marcado. É um tema muito agradável de se escutar pela sua forte identificação com o Blues urbano denso. O seu vigor impressiona, ao introduzir uma linha de guitarras sujas que se mesclam com partes a conter arpejos mais delicados e dessa forma a estabelecer um contraste muito criativo. A presença de uma gaita nesse arranjo traz um colorido todo especial ao tema.
Ouça a música “Sacudir e Rebolar” através da plataforma “Soundcloud”.
Eis o link para acessar:
https://soundcloud.com/user-359261239/sacudir-e-rebolar
“Sacudir e Rebolar” é um Blues clássico e para reforçar o conceito, a sua introdução acústica com bottleneck nos transporta de imediato aos rincões remotos do sul dos Estados Unidos em meio às encruzilhadas de estradas rurais que evocam o misticismo do Blues e que tais.
Mas a eletricidade vem a reboque e o tema se torna um Blues-Rock com contundência em sua parte final, com muita propriedade, aliás.
“Streap-Teaser”/Taxi Girl” é a oitava faixa e traz a atmosfera do Blues-Rock mais uma vez. O peso em torno da divisão bem marcada, impressiona.
Há um corte brusco na linha rítmica, com a banda a acelerar para atingir um Rock empolgante e com direito a um bom solo de gaita a permanecer nesse mesmo embalo.
Ao final o encerramento padrão do Blues tem na interpretação vocal um ponto forte, com certeza.
“Nada Sem Amor” é um Rock de respeito na sua formulação de riff, harmonia e divisão rítmica. O refrão é estrategicamente colocado para buscar a interação com o público. O solo de guitarra segue no embalo proposto e se mostra muito eficaz nesse aspecto.
Ouça a canção “Easy Rider” através da plataforma “Soundcloud”.
Eis o link para acessar e ouvir:
https://soundcloud.com/user-359261239/easy-rider
“Easy Rider” é um Hard-Rock bem setentista na sua estética. É ótimo o trabalho das guitarras e do baixo, pois além de muito bem tocado, está com um peso muito grande que impressiona.
“Eu Sou a Loucura” é a penúltima faixa do disco. Tem um riff excelente. Gostei muito da linha de bateria e mais uma vez da excelente atuação do baixo.
Ouça a música “Cidade Rock” através da plataforma “Soundcloud”.
Eis o link para acessar:
https://soundcloud.com/user-359261239/cidade-rock
“Cidade Rock”, é a faixa homônima ao título do disco, e que se tornou um hino da banda em seus shows, de imediato, desde que ela foi lançada e sem nenhum exagero, é um dos grandes sucessos do grupo, desde sempre.
Rock vigoroso, fala sobre a cidade de São Paulo em seu aspecto de megalópole e a mensurar os aspectos bons e ruins que justificam que ela seja considerada uma cidade intimamente ligada ao Rock.
O seu refrão a dizer: “São Paulo, Cidade Rock” é sempre cantado a plenos pulmões pelos fãs da banda em suas apresentações.
Para resumir, o álbum debut do grupo “Blues Riders”, lançado inicialmente em 2000 e depois remasterizado em 2014, tem em sua constituição, um apanhado de Rocks e Blues, amalgamados pela essência do Blues-Rock, Hard-Rock e Rock’n’ Roll, com bons arranjos individuais e coletivo, força na interpretação e uma inegável paixão pelo Rock que está impregnada em todas as suas faixas.
Na versão remasterizada de 2014, os bônus são generosos, a se provarem como um grande presente da banda aos seus fãs.
Para início de conversa, as primeiras oito faixas desse repertório adicional, são temas gravados ao vivo, durante o show que a banda protagonizou no Teatro Ritmus, especificamente no dia 17 de maio de 2003. Tais canções estão com uma energia incrível, típica de disco ao vivo, e estão muito bem gravadas em seu áudio, portanto que presente incrível que a banda proporcionou aos seus fãs!
Tais faixas bônus gravadas ao vivo em tal ocasião, são: “Amém Rock’n’ Roll”, “Aqui Estou Eu”, “Deixa o Rock Rolar”, “Pecado Sem Perdão”, “Eu Sou a Loucura”, “Streap-Teaser/Taxi Girl”, “Sacudir e Rebolar” e “Easy Rider”.
Como o leitor pode notar, a maioria desses temas pertence ao álbum “Cidade Rock” e as demais, são do segundo álbum que a banda lançou na sequência da sua carreira, chamado: “A Sagrada Seita do Rock’n’ Roll”, este lançado em 2009.
E como se isso não bastasse, eis que há mais uma faixa bônus adicional. Trata-se de uma versão da canção: “Deixa o Rock Rolar”, oriunda de uma primeira gravação que a banda fez para essa canção, antes de lançar o seu primeiro disco oficial, “Cidade Rock”, neste caso, a se tratar de um trabalho efetuado em março de 1996.
Em suma, mesmo que o fã do Blues Riders tenha na sua estante a versão original de “Cidade Rock”, eu não tenho dúvida de que vale a pena adquirir a versão remasterizada de 2014, primeiro pelo ganho na qualidade de áudio e sob uma segunda instância, sobretudo pelos muitos bônus disponibilizados, portanto, esta versão veio a se tornar obrigatória para quem tem espírito de colecionador.
Eis abaixo a ficha técnica do álbum original de 2000 e também os dados adicionais referentes ao relançamento de 2014.
Formação da banda na ocasião:
Augusto Marques: Guitarra, voz e gaita
Áureo Alessandri: Guitarra e voz
Alvaro Sobral: Baixo
Marcos Kontis: Bateria
Gravado no Local’s Band Studio entre janeiro e maio de 2000
Técnico de som (tape operator): Alexandre Luiz
Engenharia de áudio: André Lourenço
Auxiliar de produção: Alvaro Sobral
Masterização: Rogério Carnaúba (MCK)
Capa e contracapa: Ilustrações de Leonardo Lorena/Fotos: Fernando Cesar Bogo/Auxiliar de fotografia: Sergio Pera/Modelo: Regiane Menezes/Maquiagem: Rose Pinheiro/Design Gráfico: Ronaldo Lima/Direção e produção de arte final: Alvaro Sobral/Coprodução de arte: Paulo Sequeira/Composição gráfica: Marcelo Guabiraba (MCK)/Diagramação: Aurélio (MCK)
Produção geral: Peter Heisenberg
Coprodução, composições e arranjos: Blues Riders
Produção do relançamento em 2014:
Remasterizado no Digital Studio em maio de 2014
Remasterização: Jorge Luiz Alves
Faixas 13 a 20 gravadas ao vivo no Teatro Ritmus em 17 de maio de 2003
Faixa 21 gravada no estúdio “Pró-Studio” em março de 1996
Relançamento do disco “Cidade Rock”, remasterizado e com bônus, comemorativo aos vinte anos de carreira da banda: Junho de 2014
Produção geral de Áureo Alessandri e Jorge Luiz Alves
Para conhecer melhor o trabalho do Blues Riders, acesse:
Facebook:
https://www.facebook.com/profile.php?id=100062868997097
Contato direto com a banda:
blues.riders.oficial@gmail.com
Souncloud:
https://soundcloud.com/user-359261239/cidade-rock
Palco MP3:
https://www.palcomp3.com.br/bluesriders/
YouTube:
https://www.youtube.com/user/BluesRidersOFICIAL/videos
A resenha de minha autoria sobre o terceiro álbum da banda, “Domador de Tempestades”, está presente no meu Blog 1, acesse:
http://luiz-domingues.blogspot.com/2017/11/the-blues-riders-cd-domador-de.html
Show! Estimo sucessos contínuos ao grupo Blue Riders e ao Luiz Domingues!
ResponderExcluirMuito obrigado pelo seu apoio ao Blog e também ao grupo Blues Riders, objeto da resenha neste caso!
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