segunda-feira, 26 de março de 2012

Espaço Limitado - Por Luiz Domingues

O Brasil poderia ter um programa espacial mais avançado, mas por incrível que pareça não o tem, por outra razão bem diferente do que nossas deduções óbvias levassem-nos a crer. 

Antes que o leitor estranhe que eu afirme tal ideia ao contra-argumentar que um país com tantos problemas estruturais não poderia investir dinheiro pesado em algo supostamente irreal ante a nossa realidade e prioridades, é bom esclarecer que ciência não é algo supérfluo e assim, benefícios concretos poderiam advir em tal exploração. 

Portanto, não seria um empecilho pelo fator financeiro, nem pela capacitação, instalações ou entraves burocráticos (pasmem!). A verdadeira barreira é a questão obscura em torno de pressões exercidas deliberadamente e infelizmente aceitas pelas nossas autoridades. 

Claro, sabemos muito bem que geopolítica impõe o inevitável jugo de forças maiores às nações pequenas, mas tudo tem limite e é possível negociar limites. 

Em recentes documentos revelados, ficou claro que uma forte pressão internacional, com direito a um velado embargo tecnológico, tem evitado o crescimento do Brasil nesse setor desde o início dos anos noventa, ao preservar assim os interesses de fora.

Em uma reportagem publicada no Jornal, Folha de São Paulo, vários desses documentos foram revelados e ficou bem clara essa pressão de nossos amigos oriundos de outras nações poderosas economicamente.

Sob uma farta profusão de telegramas (a Folha revelou cento e um, em seu site), mostra-se que esse embargo específico vem a ocorrer desde 1987, e teve duração, seguramente, até 2009. 

Sob a alegação de coibir a venda de materiais que pudessem ser usados na fabricação de mísseis, nações de primeiro mundo usaram de todo tipo de pressão para desestimular o desenvolvimento brasileiro, assim como de vários outros países emergentes. 

Não foi à toa, portanto, que o envio do primeiro astronauta brasileiro ao espaço, tenha ocorrido apenas recentemente e como consequência, ter obtido resultados pífios para a praticidade da ciência, quando foi até motivo para chacota em alguns setores da sociedade, que ironizaram o fato do astronauta ter feito experiências primárias, dignas de alunos da 5ª série, na aula de ciências, como se tivessem sido através de experimentos com feijões no espaço...

Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica, em 2011.

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