quinta-feira, 7 de junho de 2012

Aquarelas do Metrô - Por Luiz Domingues


Não foi exatamente algo planejado pela Companhia do Metropolitano de São Paulo, mas mesmo ao configurar-se como uma iniciativa fortuita, o Metrô de São Paulo sem querer, forjou um acervo fantástico, composto por aquarelas a retratar o passo-a-passo de sua construção, desde os seus primórdios. A primeira ação concreta para a construção do Metrô, iniciou-se em 1968, mas foi em 1970, que uma artista plástica interessou-se em retratar as obras e mesmo sob uma certa desconfiança inicial, pôs-se a ficar na função e hoje em dia, 2012, tem catalogadas mais de seiscentas valiosas peças, ao mostrar o cotidiano das obras; a arquitetura das estações e a labuta dos funcionários.
Diana Dorothéa Danon, nasceu em São Paulo, no ano de 1929 e formou-se na Escola de Belas Artes em 1959, tendo uma segunda graduação em Arqueologia e História da Arte na USP, em 1967. 
Iniciou o seu ofício artístico a pintar fachadas de casarões; Igrejas etc. Aliás, ela tem publicado dois belíssimos trabalhos nesse sentido, com apoio da USP.

Mas foi em 1970 que o seu tino artístico apontou para uma fonte de inspiração não usual, isto é, um canteiro de obras subterrâneo.
Diana passou então a embrenhar-se no subterrâneo das primeiras escavações da linha 1, Norte / Sul, do metrô paulistano.

Quando a linha 1, ficou oficialmente aberta ao público, em 1974, Diana já tinha uma significativa obra, que obviamente impressionou a cúpula da Companhia do Metropolitano. Mas foi só a partir do início das obras da linha 3, Leste / Oeste, que a Companhia a contratou como artista oficial, posto que ocupa até hoje, a trabalhar diariamente nas linhas 4; 5 e na extensão da linha 2, com o monotrilho que deverá esticar até longínquos bairros da zona leste.
Nada escapa aos olhos argutos da artista, que tem muitas de suas aquarelas expostas, virtualmente no site oficial do Metrô.
E como adendo às obras, Diana sempre fez pequenos relatórios, em forma de diário, com as suas impressões sobre cada dia de trabalho que presenciou. Dessa forma, esse rico relato pode vir a tornar-se um livro, a qualquer momento, ao revelar-se uma verdadeira fonte de pesquisa e memória preservada da cidade de São Paulo.
Segundo Mário Guimarães Ferri, o trabalho de Diana é importantíssimo também para a memória arquitetônica da cidade, pois ao tratar-se de uma cidade como São Paulo, que nunca para de metamorfosear-se, tais aquarelas tornam-se um patrimônio artístico vital, também sob esse aspecto.
Matéria publicada inicialmente no Site / Blog Orra Meu e republicada no Blog Pedro da Veiga, ambas em 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário