terça-feira, 8 de maio de 2012

E Agora, Tio Sam? - Por Luiz Domingues


Militares americanos deixam o Iraque após nove anos de guerra - 18/12/2011 - Lucas Jackson/Reuters

No dia 18 de dezembro de 2011, uma notícia saiu através da grande mídia, quase despercebidamente: saíram do território iraquiano as últimas tropas do exército norte-americano. A última coluna em debandada, conteve cerca de cem veículos militares "MRAP", com um contingente em torno de quinhentos soldados yankees. Missão cumprida, na concepção do US Army...
Qual o saldo dessa intervenção iniciada em 2003? Milhares de pessoas mortas, um país em escombros e sob uma estrutura sóciopolítica sob frangalhos em meio à disputa histórica entre facções nada amistosas entre si, tais como curdos, xiitas & sunitas. 
 
A motivação inicial da intervenção foi uma farsa, sabemos disso hoje em dia e aliás, sempre, dada a constatação de que a geopolítica nutre outras motivações distintas. O Iraque de Saddam Husseim não detinha armas químicas como Bush & Cia vociferaram, isso foi um mero pretexto para justificar a interevenção. 
 
A questão agora não é julgar os mandos e desmandos de George W. Bush, que aliás, apenas mostra o continuísmo da política externa dessa nação, mas a comunidade internacional deveria interessar-se em saber como ficará o Iraque após essa destruição toda? 
 
Ficará à mercê de sua sorte? Entrará em um processo sob revolução civil perpetrado pelas etnias que lutam pelo poder? Quem responsabilizar-se-ia pela sua reconstrução, ao dar-lhe garantias civis, mediante apoio ao seu frágil sistema político, reestruturação das instituições públicas ou a trocar em miúdos, é justamente o velho jogo de quebrar tudo para oferecer a reconstrução como um bom negócio lucrativo a la "Plano Marshall" etc? 
 
E como se não bastassem esses problemas internos gravíssimos e praticamente insolúveis, o Iraque assiste a ação dos seus vizinhos mergulhados em revoluções populares, queda de ditadores com forças ocultas por trás e para piorar, o sempre belicoso Irã, seu vizinho de fronteira, costumeiramente a sinalizar-lhe com medidas baseadas no fundamentalismo religioso e sempre duras.
Quando Bush ordenou a invasão, dizia quase cinicamente que aquilo haveria de ser benéfico ao povo iraquiano, a fim de instituir-se uma "democracia" nos moldes ocidentais para o Iraque. Obama cumpriu a sua palavra de retirar as tropas, mas ambos deixam o povo iraquiano sem a principal resposta que gostariam em obter: E agora, Tio Sam... como ficamos?
Matéria publicada com exclusividade no Blog Pedro da Veiga, em 2011.

2 comentários:

  1. Realmente muito bom o texto e ótimo ponto de vista, esse é o lado da moeda que nunca é mostrado.

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    1. Muito obrigado pela visita ao meu Blog e postagem de comentário !

      Essa matéria foi publicada em 2012, e quantas coisas aconteceram a mais nesse ínterim, agravando e muito a situação no Oriente Médio...

      E como bem observou, esse lado da moeda nunca é mostrado às claras para todos.

      Visite sempre o Blog, fiquei contente com sua participação !!

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