Parto do pressuposto de que não existe um regime sociopolítico perfeito e que portanto, atenda à todas as necessidades; desejos e interesses de todos os cidadãos, simultaneamente. E isso é óbvio sinal de que a diversidade humana é enorme, e nessa complexidade, é praticamente impossível haver um modo de gerenciamento público, que contente a todos os interesses.
Posta essa colocação, que soa óbvia, mas nem todo mundo leva em consideração quando quer expor os seus motivos pessoais, sigo em frente, para falar sobre algo que reputo um direito sagrado do cidadão : reivindicar. É muito natural e salutar dentro de um regime democrático de direito, que o cidadão seja ouvido em suas reivindicações.
Onde o poder público pode gerenciar, e isso interfere na vida do cidadão comum, é claro que trata-se de um direito deste, reclamar de algo que o afeta negativamente, e reivindicar melhorias e providências sobre aspectos que estão ruins e carecem de melhorias. Portanto, o cidadão tem o direito de reclamar; de querer ser ouvido, de reivindicar.
Disso não tenho dúvida e de forma alguma quero ser mal interpretado, ao deixar claro que eu sou absolutamente contra medidas proibitivas de tais manifestações populares; contra o cerceamento do livre arbítrio; dos abusos contra os direitos civis e sendo assim, a denotar atitudes ditatoriais abomináveis da parte de quem detém o poder público. Contudo, na questão das greves; passeatas; manifestações e protestos públicos, por exemplo, temos observado uma profusão de equívocos, nesse sentido.
No caso das greves de categorias profissionais, por exemplo, é inacreditável que em pleno século XXI, tenhamos práticas truculentas e muito equivocadas, no sentido de não exercer pressão à quem deveria ser exercida. Um exemplo ? Se funcionários do transporte público, entram em greve, o objetivo é pressionar o prefeito e / ou o governador, mandatários responsáveis por tal serviço público.
Porém, quem na prática, prejudica-se, quando ônibus; trens de subúrbio ou metrô paralisam, por seus funcionários cruzar os braços ? O transtorno causado quando uma só categoria dessas para, é enorme e muitas vezes, tais greves multiplicam-se, sob uma ação viral que estrangula as cidades, notadamente os grandes centros, a causar um sofrimento gigantesco para milhões de pessoas. Nesse caso, a pergunta é : não existe uma maneira mais civilizada para pressionar-se quem de fato os grevistas desejam pressionar, para que atenda-se as suas reivindicações ?
É necessário prejudicar milhões de pessoas para de uma forma muito indireta, isso gere um certo prejuízo à imagem de tal mandatário ? A existência da "greve branca", onde por exemplo abrir-se-iam as catracas sem cobrança de bilhetes, ou seja, haveria por produzir um efeito forte sobre o governo, sem no entanto prejudicar as pessoas comuns. O transporte seria feito normalmente, sem incomodar ninguém, a não ser os políticos governantes. Sei que nesse caso, existem mecanismos jurídicos e marotos (ah... as brechas da Lei...), onde esse tipo de greve é coibida com a ameaça de exoneração sumária, daí o medo por fazer tal tipo de protesto. Nesse caso, onde está a visão dessa gente, que não briga por mudanças jurídicas ? Infelizmente, opta-se por fazer greves antipáticas, que mais atingem o cidadão comum.
Em relação à passeatas, tornou-se lugar comum tomar as pistas da Av. Paulista, em São Paulo (uso São Paulo como exemplo, por ser a minha cidade, mas vale para qualquer cidade, incluso as pequenas, interioranas). Se toda a categoria profissional e grupos defensores de causas, as mais diversas, sente-se no direito de paralisar a avenida todo dia, pergunto-me : e o meu direito de ir e vir ? Devo agrupar pessoas incomodadas com as passeatas diárias, que fecham o caminho, e organizar uma passeata para protestar contra as passeatas ?
Fico a pensar em como sente-se uma pessoa infartada dentro de uma ambulância, a caminho de um hospital (e na região da Av. Paulista existe mais de dez, importantes e enormes), quando a ambulância para, por que os defensores de uma causa qualquer, estão a bloqueá-la. Não dá para fazer a manifestação em uma pista apenas, para deixar as demais livres para o trânsito fluir (ainda que já prejudicado) ? É tudo ou nada para essa gente ?
Outra questão : muitas vezes, independente do protesto ser válido ou não (acredite, tem muita gente que engaja-se em causas não fidedignas, sem checar fontes e a comprar ideologias vazias, sem nenhuma fundamentação lógica, a não ser acreditar-se em teorias da conspiração), existe a inevitável possibilidade de uma infiltração.
Outra questão : muitas vezes, independente do protesto ser válido ou não (acredite, tem muita gente que engaja-se em causas não fidedignas, sem checar fontes e a comprar ideologias vazias, sem nenhuma fundamentação lógica, a não ser acreditar-se em teorias da conspiração), existe a inevitável possibilidade de uma infiltração.
Vamos supor que a causa seja nobre e o comando da organização do protesto esteja imbuído dos mais sérios propósitos nesse sentido. Eles mobilizam os militantes da causa, preparam os seus cartazes; faixas; flyers; preparam o megafone e os instrumentos de percussão; ensaiam palavras de ordem e instruam os participantes a não provocar pessoas comuns, não causar nenhum ato de vandalismo etc. No entanto, por um deslize, tudo sai de controle quando um bando de maus intencionados infiltra-se e estes começam a vandalizar; arrumar brigas; provocar pessoas comuns; praticar saques no comércio e afrontar autoridades. Para onde vai a imagem do seu protesto, outrora autodenominado "pacífico" ?
Tudo foge ao controle e a nossa polícia, que ainda tem forte ranço oriundo das ideias autoritárias de outrora (até quando, hein ?), reage com a sua costumeira truculência e prepotência. É o que temos observado nessa recente onda de protestos que tem acontecido em diversas cidades, com São Paulo e Rio (junho de 2013), para chamar mais a atenção da mídia, pelo seu gigantismo (mas que não engane-se o leitor, pois tem acontecido em cidades interioranas, igualmente e com grande truculência). Reivindicar melhores condições de transporte e tarifas mais baixas, acho legítimo, mas nesse caso, todo esse barulho com muita gente ferida gravemente, além das depredações inadmissíveis, perde muito do seu sentido cívico, quando é manipulado por forças obscuras que apenas desejam "causar" ou desgastar a imagem do partido A ou B, a mando de um ou do outro.
Não seria o caso de promover um protesto branco, sem truculência, mas contundente, para agir fortemente nas redes sociais e por exemplo, a confrontar-se os números apresentados pelos governantes e empresários do setor de transportes ? Algum desses vândalos que vão às ruas munidos por coquetéis Molotov e usam máscaras para não ser reconhecidos, teve acesso às planilhas de custos do transporte público ?
Contudo, mesmo assim, salta-me aos olhos o oportunismo dessas manifestações truculentas, para deixar claro que são motivadas por outros interesses e com o objetivo em "causar", para usar uma gíria moderna. O mesmo em relação aos protestos contra as falcatruas perpetradas por governantes em relação à realização da Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil.
Ora, claro que os absurdos cometidos com o dinheiro público e ações correlatas, a prejudicar pessoas humildes (recomendo assistir o documentário : "A Caminho da Copa", disponível no You Tube), são abomináveis e precisam ser denunciados com veemência, mas fica a pergunta : desde 2007, sabemos que o Brasil sediaria a Copa e que falcatruas seriam cometidas, portanto, qual o sentido de promover uma manifestação na porta do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, no dia do jogo inaugural da Copa das Confederações, em pleno 2013 ? Ora, que adianta apavorar pessoas inocentes que estiveram ali para assistir a cerimônia e o jogo da seleção brasileira ? Isso é forma inteligente em protestar ? E outra, agora ? Esperou-se sete anos para reagir contra a roubalheira que esses eventos propiciam aos cofres públicos ?
Sei que não é só pelos "vinte centavos", como tornou-se moda dizer. A paciência do povo esgotou e revelou a insatisfação acumulada por décadas e por inúmeras razões, mas ainda penso que a mobilização para reivindicar tem que possuir inteligência; foco e logística. Sou totalmente favorável a uma reforma ampla. Urge a reforma tributária, que é, ao meu ver, o foco número um na pauta.
Acabar com esse vilipêndio à carne do povo, que é cruelmente esfacelada por impostos insuportáveis e com a infame contrapartida do retorno insignificante em termos de benefícios públicos, faz-se mister.
A vergonhosa política oficial em torno do não investimento sério em transportes públicos mediante qualidade, para satisfazer a sanha da indústria automobilística e petrolífera, é outra prioridade urgentíssima. A radical mudança do planejamento, onde saúde; infraestrutura e educação, sejam prioritárias, como única maneira para de catapultar o país ao primeiro mundo, sem dúvida.
A reforma política a coibir a infame mordomia que os parlamentares e membros do executivo gozam, ás custas do cofre público.
Sou a favor da extinção da "Voz do Brasil" obrigatória nas estações de rádio. Qual o sentido de ser obrigatório em pleno século XXI, com internet; TV a cabo e telefonia móvel ? Quem quiser acompanhar os trabalhos do executivo; legislativo e judiciário, tem plenos canais para fazê-lo, sem a necessidade desse antipático e ditatorial programa imposto dos anos trinta.
Pela ampla reforma da Lei eleitoral, com a extinção do voto obrigatório.
Pelo fim do serviço militar obrigatório, imediatamente, pois servir as forças armadas tem que ser um direito e nunca uma obrigação.
Pela reforma do código civil e criminal, para acabar com as abomináveis "brechas jurídicas".
Reforma total do sistema penitenciário, uma falida e insalubre forma em lidar-se com os condenados da justiça, onde não recupera-se ninguém para a sociedade.
Fim da militarização da polícia. A polícia tem que ser o braço amigo da sociedade e este modelo que temos é de uma polícia mal preparada; carrancuda e com ranços da ditadura, insuportáveis.
Pelo investimento maciço na infraestrutura, a acabar com o atraso colonial que ainda persiste.
Pela simplificação total da burocracia, que esmaga o cidadão comum e inibe o empreendedorismo dos empresários, do micro ao mega empresário.
Pela sustentabilidade, pela ecologia, pela cidadania...
Pela limpeza, pelo respeito mútuo, pela pacificação no trânsito...
Pela cultura, pela arte...
Enfim, sou a favor da reforma total do país, mas ainda assim, penso que há maneiras e maneiras para protestar-se.
Em suma : protestar; reivindicar e reclamar, são direitos do cidadão, mas há formas em fazer-se ouvir, sem prejudicar as pessoas erradas, que invariavelmente são prejudicadas indevidamente ou em muitos casos, duplamente pelas circunstâncias. E mais um adendo, cuidado com a manipulação, pois "formação de opinião" é obra maquiavélica, em via de regra.
A vergonhosa política oficial em torno do não investimento sério em transportes públicos mediante qualidade, para satisfazer a sanha da indústria automobilística e petrolífera, é outra prioridade urgentíssima. A radical mudança do planejamento, onde saúde; infraestrutura e educação, sejam prioritárias, como única maneira para de catapultar o país ao primeiro mundo, sem dúvida.
A reforma política a coibir a infame mordomia que os parlamentares e membros do executivo gozam, ás custas do cofre público.
Sou a favor da extinção da "Voz do Brasil" obrigatória nas estações de rádio. Qual o sentido de ser obrigatório em pleno século XXI, com internet; TV a cabo e telefonia móvel ? Quem quiser acompanhar os trabalhos do executivo; legislativo e judiciário, tem plenos canais para fazê-lo, sem a necessidade desse antipático e ditatorial programa imposto dos anos trinta.
Pela ampla reforma da Lei eleitoral, com a extinção do voto obrigatório.
Pelo fim do serviço militar obrigatório, imediatamente, pois servir as forças armadas tem que ser um direito e nunca uma obrigação.
Pela reforma do código civil e criminal, para acabar com as abomináveis "brechas jurídicas".
Reforma total do sistema penitenciário, uma falida e insalubre forma em lidar-se com os condenados da justiça, onde não recupera-se ninguém para a sociedade.
Fim da militarização da polícia. A polícia tem que ser o braço amigo da sociedade e este modelo que temos é de uma polícia mal preparada; carrancuda e com ranços da ditadura, insuportáveis.
Pelo investimento maciço na infraestrutura, a acabar com o atraso colonial que ainda persiste.
Pela simplificação total da burocracia, que esmaga o cidadão comum e inibe o empreendedorismo dos empresários, do micro ao mega empresário.
Pela sustentabilidade, pela ecologia, pela cidadania...
Pela limpeza, pelo respeito mútuo, pela pacificação no trânsito...
Pela cultura, pela arte...
Enfim, sou a favor da reforma total do país, mas ainda assim, penso que há maneiras e maneiras para protestar-se.
Em suma : protestar; reivindicar e reclamar, são direitos do cidadão, mas há formas em fazer-se ouvir, sem prejudicar as pessoas erradas, que invariavelmente são prejudicadas indevidamente ou em muitos casos, duplamente pelas circunstâncias. E mais um adendo, cuidado com a manipulação, pois "formação de opinião" é obra maquiavélica, em via de regra.