Prolífico e
profícuo, são dois adjetivos que cabem bem ao Vento Motivo, um grupo de Rock
que já tem uma carreira de respeito, currículo e muitas histórias para contar. Todavia,
como se não bastassem tais predicados tão positivos, creio que o Vento Motivo
tem ainda mais a oferecer e tal grupo prova isso a cada lançamento que anuncia.
É o caso do
seu novo EP, recém saído do forno, e denominado: “Sol Entre Nuvens”.
Tal nova obra fonográfica, começa muito
bem com: “Tenha Fé na Estrada”, a se tratar de uma canção com múltiplos
atrativos, musicais e poéticos. Com
várias mudanças de andamento e climas insinuantes, chama a atenção pelo mapa pleno de
nuances e um excelente arranjo.
Gostei muito do sabor Country-Rock do seu início, com acordes soltos na guitarra base, acentos de baixo; bateria e teclados muito empolgantes e um delicioso backing vocals, a la sixties, ao estabelecer um “Tchu Tchu Tchu” bem Bubblegum. O refrão cai em um blues vigoroso, muito bem apoiado pelo poderoso órgão Hammond, ora a alternar o compasso de 6/8, com 2/4, a mostrar uma riqueza rítmica admirável. O solo proporcionado por Marcião Gonçalves é melodioso, belíssimo e arranca suspiros, até conduzir a música a um final épico.
Como de praxe nos trabalhos do Vento Motivo, as melodias são muito caprichadas e as letras muito sofisticadas, por uma razão que não é toda banda que pode ter esse luxo, ou seja, há um poeta nato em suas fileiras.
Gostei muito do sabor Country-Rock do seu início, com acordes soltos na guitarra base, acentos de baixo; bateria e teclados muito empolgantes e um delicioso backing vocals, a la sixties, ao estabelecer um “Tchu Tchu Tchu” bem Bubblegum. O refrão cai em um blues vigoroso, muito bem apoiado pelo poderoso órgão Hammond, ora a alternar o compasso de 6/8, com 2/4, a mostrar uma riqueza rítmica admirável. O solo proporcionado por Marcião Gonçalves é melodioso, belíssimo e arranca suspiros, até conduzir a música a um final épico.
Como de praxe nos trabalhos do Vento Motivo, as melodias são muito caprichadas e as letras muito sofisticadas, por uma razão que não é toda banda que pode ter esse luxo, ou seja, há um poeta nato em suas fileiras.
Fernando
Ceah tem uma capacidade ímpar para escrever e expressar com rara poesia o
cotidiano.
Não dá para não ficar empolgado quando ele diz coisas como: "Era só mais um Bob Dylan paulistano, vagando no asfalto do cotidiano sobre rodas possantes, jogando aos porcos, diamantes"...
E através de um trecho adiante, quando fala: "Se o desamor aponta o canhão, e o desarmado acaba no chão, e resolveu então fazer a sua parte, a nobre arte de cuidar da própria vida". Tremendo recado, hein?
E ainda houve tempo para deflagrar mais uma verdade: "Tenha fé na estrada, não importa quem deu a partida. Quem deu a largada... não importa ganhar a corrida, o que vale é a chegada"... ou seja, uma cajadada nos pessimistas que gastam o dia inteiro na Internet a publicar o indefectível, "mimimi".
Não dá para não ficar empolgado quando ele diz coisas como: "Era só mais um Bob Dylan paulistano, vagando no asfalto do cotidiano sobre rodas possantes, jogando aos porcos, diamantes"...
E através de um trecho adiante, quando fala: "Se o desamor aponta o canhão, e o desarmado acaba no chão, e resolveu então fazer a sua parte, a nobre arte de cuidar da própria vida". Tremendo recado, hein?
E ainda houve tempo para deflagrar mais uma verdade: "Tenha fé na estrada, não importa quem deu a partida. Quem deu a largada... não importa ganhar a corrida, o que vale é a chegada"... ou seja, uma cajadada nos pessimistas que gastam o dia inteiro na Internet a publicar o indefectível, "mimimi".
A segunda faixa tem uma releitura que cabe bem na postura artística do Vento Motivo. Quem, senão, Guilherme Arantes, teve a capacidade de ser Rocker, Pop e poeta, tudo ao mesmo tempo?
Não há como negar que Fernando Ceah tem muito dessa vibração do velho mestre Arantes e assim, a releitura de "Um Dia, um Adeus", encaixa-se como uma luva.
O começo em estilo Reggae, é muito bem tocado e a mescla com a outra roupagem mais condizente com a versão original do Guilherme Arantes é uma boa sacada do arranjo. Gostei muito da linha de baixo e do seu timbre, e isso fica bem acentuado quando Ivan Soldi busca um andante bem engendrado. Novamente o apoio do órgão Hammond foi fundamental. Apreciei muito da batida bem criativa na caixa e da estratégica "queixada", contribuições ótimas do criativo baterista, Binho. E mais uma vez o convidado, Marcião Gonçalves, brilha (e quando que ele não brilha em tudo o que faz?), com um timbre de guitarra de tirar o fôlego, no seu solo.
Chegamos à terceira faixa, que dá título ao EP, "Sol Entre Nuvens". Com um belo violão batido, dá o ar folk muito bonito e quando a banda entra junto, fica tudo muito "sixties", com aquele colorido todo a trazer o aspecto lúdico. Mesmo por que existe um efeito mezzo Leslie na guitarra, e aí, é como estar com Willy Wonka a passear em uma incrível fábrica de chocolates. Tudo bem que o refrão é meio oitentista, com batida de ska, e particularmente eu não gosto dessa estética, mas há o solo duplo de guitarra que busca o "lado Brian May", que o Marcião traz consigo e... como isso é bonito...
E Ceah, sempre a mandar recados fortes através da sua poesia: "Uma corrente de ar, a areia molhada sob os pés descalços. Será que ainda sei discernir nossas quatro estações"?
"Arma de Brinquedo" tem sabor de música de raiz, não só pela obviedade do acréscimo do acordeon executado por Thadeu Romano, mas por uma feliz conjunção de ideias bem resolvidas dentro desse arranjo. Guitarras e violões passeiam em delicadas tessituras de arpejos e harmônicos muito descolados. O baixo faz glissandos muito bonitos, com bicordes e a batida da bateria é deveras inspirada, com o uso dos tambores muito bem pensados, a mesclar-se com momentos de batida seca, precisa. A harmonia dessa canção é muito bela, ao oferecer ao Ceah, a oportunidade de ter criado uma melodia Pop de alta qualidade. É uma canção pronta para figurar em uma trilha de novela rural, daquelas que fazem sucesso às 18 horas, apesar de deter um título inusitado e que contrasta com a sua singeleza. É impossível não destacar mais uma vez a poesia de Ceah. Ele começa bem forte, a contrastar com a doçura da canção: "Ela atirou em mim sem nenhuma maldade, sem saber que a arma de brinquedo era de verdade"... depois entra firme na "DR": "E se eu falei o que não era para ser dito, diz qualquer coisa, que em você eu acredito"...
Mas essa música tem um defeito, sim... é tão bonita que é imperdoável que seja tão curtinha...
Não há como negar que Fernando Ceah tem muito dessa vibração do velho mestre Arantes e assim, a releitura de "Um Dia, um Adeus", encaixa-se como uma luva.
O começo em estilo Reggae, é muito bem tocado e a mescla com a outra roupagem mais condizente com a versão original do Guilherme Arantes é uma boa sacada do arranjo. Gostei muito da linha de baixo e do seu timbre, e isso fica bem acentuado quando Ivan Soldi busca um andante bem engendrado. Novamente o apoio do órgão Hammond foi fundamental. Apreciei muito da batida bem criativa na caixa e da estratégica "queixada", contribuições ótimas do criativo baterista, Binho. E mais uma vez o convidado, Marcião Gonçalves, brilha (e quando que ele não brilha em tudo o que faz?), com um timbre de guitarra de tirar o fôlego, no seu solo.
Chegamos à terceira faixa, que dá título ao EP, "Sol Entre Nuvens". Com um belo violão batido, dá o ar folk muito bonito e quando a banda entra junto, fica tudo muito "sixties", com aquele colorido todo a trazer o aspecto lúdico. Mesmo por que existe um efeito mezzo Leslie na guitarra, e aí, é como estar com Willy Wonka a passear em uma incrível fábrica de chocolates. Tudo bem que o refrão é meio oitentista, com batida de ska, e particularmente eu não gosto dessa estética, mas há o solo duplo de guitarra que busca o "lado Brian May", que o Marcião traz consigo e... como isso é bonito...
E Ceah, sempre a mandar recados fortes através da sua poesia: "Uma corrente de ar, a areia molhada sob os pés descalços. Será que ainda sei discernir nossas quatro estações"?
"Arma de Brinquedo" tem sabor de música de raiz, não só pela obviedade do acréscimo do acordeon executado por Thadeu Romano, mas por uma feliz conjunção de ideias bem resolvidas dentro desse arranjo. Guitarras e violões passeiam em delicadas tessituras de arpejos e harmônicos muito descolados. O baixo faz glissandos muito bonitos, com bicordes e a batida da bateria é deveras inspirada, com o uso dos tambores muito bem pensados, a mesclar-se com momentos de batida seca, precisa. A harmonia dessa canção é muito bela, ao oferecer ao Ceah, a oportunidade de ter criado uma melodia Pop de alta qualidade. É uma canção pronta para figurar em uma trilha de novela rural, daquelas que fazem sucesso às 18 horas, apesar de deter um título inusitado e que contrasta com a sua singeleza. É impossível não destacar mais uma vez a poesia de Ceah. Ele começa bem forte, a contrastar com a doçura da canção: "Ela atirou em mim sem nenhuma maldade, sem saber que a arma de brinquedo era de verdade"... depois entra firme na "DR": "E se eu falei o que não era para ser dito, diz qualquer coisa, que em você eu acredito"...
Mas essa música tem um defeito, sim... é tão bonita que é imperdoável que seja tão curtinha...
Para fechar esse trabalho, o Vento Motivo apresenta: "Nem Tanto ao Céu", um Rock mais vigoroso, quase um Hard-Rock, eu diria, em alguns aspectos. Com um baixo bem agressivo e bem tocado, e vários acordes de guitarra soltos, lembrou-me o The Who em sua volúpia. E como é uma marca registrada do trabalho do Vento Motivo, as junções incomuns de partes surpreendem mais uma vez. Um refrão absolutamente festivo, com ares circenses, como se os ouvintes fossem teletransportados para um Parque de Diversões, é muito agradável. E certamente que as palmas a reforçar a percussão nesse momento, ajudam nesse fator alegre.
Binho brilha mais uma vez com belas batidas e viradas na bateria.
Ceah canta com vigor algo mais atual do que nunca, ao enfocar os ânimos acirrados dos brigões virtuais: "Mas acabo navegando pelas redes sociais, tentando desviar do assunto que ofende mais. E quando a paciência está mais curta que o pavio, parece mais prudente abandonar esse navio"...
E vai adiante a cantar: "Não importa a fortuna, não importa o vintém, Entre o certo e o errado, o esperto e o culpado. O desejo e o pecado, há todo um aprendizado. Então não compro briga por um
mísero trocado, por que nunca tem razão quem não enxerga o outro lado"...
E finalmente, chega a uma conclusão sensata: "Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno. As vezes faz frio no verão e também faz calor no inverno. Chame alguém pelo nome, só o amor é moderno.
Ceah canta com vigor algo mais atual do que nunca, ao enfocar os ânimos acirrados dos brigões virtuais: "Mas acabo navegando pelas redes sociais, tentando desviar do assunto que ofende mais. E quando a paciência está mais curta que o pavio, parece mais prudente abandonar esse navio"...
E vai adiante a cantar: "Não importa a fortuna, não importa o vintém, Entre o certo e o errado, o esperto e o culpado. O desejo e o pecado, há todo um aprendizado. Então não compro briga por um
mísero trocado, por que nunca tem razão quem não enxerga o outro lado"...
E finalmente, chega a uma conclusão sensata: "Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno. As vezes faz frio no verão e também faz calor no inverno. Chame alguém pelo nome, só o amor é moderno.
"Sol Entre Nuvens" foi gravado no Estúdio Curumim de São Paulo, com Luizinho Mazzei a pilotar o console da nave. A mixagem ficou a cargo do "lampadinha", no estúdio "Casa do Lampadinha".
Fotos sóbrias da banda compõe o visual da capa em clicks de Marco Estrella, que capturou a banda a posar em uma estrada deserta, perto de uma represa e em meio à construções antigas, possivelmente em locações interioranas. E houve também o apoio de Vanessa Anchieta em algumas imagens.
Fotos sóbrias da banda compõe o visual da capa em clicks de Marco Estrella, que capturou a banda a posar em uma estrada deserta, perto de uma represa e em meio à construções antigas, possivelmente em locações interioranas. E houve também o apoio de Vanessa Anchieta em algumas imagens.
Ouça acima na íntegra o novo trabalho do Vento Motivo, o EP: "Sol Entre Nuvens"
Um ótimo áudio como resultado final, a mostrar a nova formação do Vento Motivo, agora como trio, com Fernando Ceah (Voz; Guitarra e Violão); Binho (Bateria e Percussão) e Ivan Soldi (Baixo). Participaram do disco como convidados, os excepcionais: Marcião Gonçalves, que tocou guitarra em todas as faixas e brilhou como de praxe; Rodrigo Hid, persona que fica até chato eu elogiar, pela nossa jornada tripla de carreiras compartilhadas, ao perfazermos vinte anos de parceria. Como sempre, Hid manejou o Hammond como se deve, em toda a sua glória sessenta/setentista, e também o acordeon inspirado de Thadeu Romano.
Em síntese: trata-se de mais um ótimo trabalho do Vento Motivo a ser espalhado ao máximo que pudermos, em todas as brechas das nuvens, em todos os raios do sol.
Um ótimo áudio como resultado final, a mostrar a nova formação do Vento Motivo, agora como trio, com Fernando Ceah (Voz; Guitarra e Violão); Binho (Bateria e Percussão) e Ivan Soldi (Baixo). Participaram do disco como convidados, os excepcionais: Marcião Gonçalves, que tocou guitarra em todas as faixas e brilhou como de praxe; Rodrigo Hid, persona que fica até chato eu elogiar, pela nossa jornada tripla de carreiras compartilhadas, ao perfazermos vinte anos de parceria. Como sempre, Hid manejou o Hammond como se deve, em toda a sua glória sessenta/setentista, e também o acordeon inspirado de Thadeu Romano.
Em síntese: trata-se de mais um ótimo trabalho do Vento Motivo a ser espalhado ao máximo que pudermos, em todas as brechas das nuvens, em todos os raios do sol.