Em 1970,
duas produções cinematográficas, oriundas da Inglaterra, foram lançadas
praticamente a abordar o mesmo tema: “Groupie Girl” e “Permissive”. O mote das
groupies, em relação às bandas de Rock, estava na ordem do dia e nos dois
casos, a questão é abordada com a significativa atenção a abalizar a recôndita
reprovação moral sobre o que representou e ainda representa, a presença dessas
meninas a compor a entourage de bandas de Rock, e não é algo para espantar-se,
visto que, sim, há toda uma questão a envolver a desvalorização da mulher em
torno de seu uso como objeto sexual descartável, e nesses termos, entra em voga
fortemente a questão do machismo, porcochauvinismo, misoginia, feminismo etc. e
tal.
Em ambas as produções, há uma carga erótica, e no caso de “Permissive”, pesa ainda mais por mostrar-se sob uma aura mais soturna, sem dúvida alguma. Tanto, que nos dois filmes, recorreu-se a diretores e técnicos que tinham experiência em produção de filmes eróticos, embora não seja o caso explícito destas películas que assumem-se como filmes de arte e são consideradas como : “Rock Movies”, para todos os efeitos. Sobre “Groupie Girl”, eu já opinei em sua respectiva resenha e ao leitor, deixo a ressalva que basta procurar por tal texto, no índice do livro impresso tradicional, ou para quem estiver a ler via internet, no arquivo deste meu Blog 1.
Sobre “Permissive”, a história mostra a trajetória de Suzy (interpretada por Maggie Stride), uma moça que vaga por Londres à cata de uma oportunidade e tem como única referência na capital britânica, uma amiga chamada: Fiona (vivida por Gay Singleton). Fiona é uma groupie que vive na estrada a trocar de grupos de Rock (como quase toda groupie fazia ali naquela fase de ouro do Rock britânico, no período conhecido como “Late Sixties/Early Seventies”), e naquele momento, Fiona estava na entourage do grupo, “Forever More”.
Esse grupo não foi inventado como banda fictícia especialmente para o filme, e de fato existiu na vida real, embora tenha sido bastante obscuro a grosso modo e somente os Rockers muito estudiosos desse período e sobretudo os colecionadores de discos, conhecem a sua existência. Apesar de mostrar-se bastante tímida, Suzy não choca-se com o ambiente promíscuo, ao ponto de evadir-se assustada, mas claro que demora um certo tempo para acostumar-se com a rotina regada a sexo livre; drogas; bebedeiras e também pela dura realidade de uma banda de pequena proporção na estrada, a viver em hotéis de terceira categoria; tocar em pequenos clubes e a usar camarins sujos, em via de regra.
Em princípio, Suzy envolve-se mais com o baixista, Lee (na verdade, Alan Gorrie, que usou nome fictício no filme e pouco tempo depois dessa película ser lançada, deixou o “Forever More” na vida real e fundou a “Average White Band”, uma excelente banda escocesa, orientada pelo R’n’B/Soul Music). Entretanto, nenhuma “groupie” é namorada de um membro apenas da banda, e estava ali para servir a todos.
Além disso, mesmo sendo uma questão consensual, a rigor, a existência de ciúmes sempre foi algo inerente, tanto em relação aos músicos da banda e digo isso em qualquer banda e não somente no caso da Forever More, neste filme, quanto em relação às groupies, em torno de eventualmente apaixonar-se por um membro da banda em específico, portanto, brigas eram costumeiras nos bastidores da vida real no meio Rocker e Jimmy Page, o mítico guitarrista do Led Zeppelin que o diga, visto ser famosa a sua satisfação em assistir as groupies da banda a brigar por causa dele.
Então, Fiona, que sentiu-se preterida, não gostou nem um pouco em verificar que a sua outrora tímida amiga principiante, tornou-se a predileta do baixista, Lee, e também do empresário da banda, Jimmy (interpretado por Gilbert Wynne), este inclusive, a mostrar-se mais um cafetão do que um manager de banda de Rock, pela maneira com a qual lida com as groupies do Forever More, e claro, a usufruir de suas benesses sexuais, igualmente.
Então a banda sai em turnê e Suzy não participa desta vez. Ela passa a perambular por Londres, quando encontra um Hippie com o qual envolve-se (“Pogo”, interpretado por Robert D’Aubigny). Há uma curiosa cena onde ambos entram em uma igreja e o rapaz tem o impulso em subir ao púlpito e proferir um discurso inflamado. Um rapaz que estava ali dentro a meditar, sai e chama a polícia, que logo prende o rapaz, sob a suposta alegação de perturbação da ordem, mas logo a seguir, ele é liberado na delegacia. Entretanto, por uma fatalidade do destino, “Pogo” é atropelado e morre tragicamente. Suzy vê-se sozinha, novamente.
De volta a conviver com a banda, Forever More, ela segue a rotina a entregar-se sexualmente; prestar serviços domésticos e ser maltratada, normalmente e como em “Groupie Girl”, tais sutilezas certamente são mostradas a criticar o machismo inerente.
Em “Groupie Girl”, isso é mais acentuado e em “Permissive”, percebe-se que o foco, no entanto, foi buscar a mesma temática por um ângulo ligeiramente diferente, ou seja, a mostrar o sexo, mais acentuadamente, para provocar o choque como reflexão ao espectador. Tanto que o filme obteve uma classificação mais rigorosa, ao ser considerado “erótico”, até mesmo para o usuário do YouTube, que precisa estabelecer o “Login” para poder acessá-lo e confirmar dessa forma, ter mais de 18 anos de idade para assisti-lo.
Em ambas as produções, há uma carga erótica, e no caso de “Permissive”, pesa ainda mais por mostrar-se sob uma aura mais soturna, sem dúvida alguma. Tanto, que nos dois filmes, recorreu-se a diretores e técnicos que tinham experiência em produção de filmes eróticos, embora não seja o caso explícito destas películas que assumem-se como filmes de arte e são consideradas como : “Rock Movies”, para todos os efeitos. Sobre “Groupie Girl”, eu já opinei em sua respectiva resenha e ao leitor, deixo a ressalva que basta procurar por tal texto, no índice do livro impresso tradicional, ou para quem estiver a ler via internet, no arquivo deste meu Blog 1.
Sobre “Permissive”, a história mostra a trajetória de Suzy (interpretada por Maggie Stride), uma moça que vaga por Londres à cata de uma oportunidade e tem como única referência na capital britânica, uma amiga chamada: Fiona (vivida por Gay Singleton). Fiona é uma groupie que vive na estrada a trocar de grupos de Rock (como quase toda groupie fazia ali naquela fase de ouro do Rock britânico, no período conhecido como “Late Sixties/Early Seventies”), e naquele momento, Fiona estava na entourage do grupo, “Forever More”.
Esse grupo não foi inventado como banda fictícia especialmente para o filme, e de fato existiu na vida real, embora tenha sido bastante obscuro a grosso modo e somente os Rockers muito estudiosos desse período e sobretudo os colecionadores de discos, conhecem a sua existência. Apesar de mostrar-se bastante tímida, Suzy não choca-se com o ambiente promíscuo, ao ponto de evadir-se assustada, mas claro que demora um certo tempo para acostumar-se com a rotina regada a sexo livre; drogas; bebedeiras e também pela dura realidade de uma banda de pequena proporção na estrada, a viver em hotéis de terceira categoria; tocar em pequenos clubes e a usar camarins sujos, em via de regra.
Em princípio, Suzy envolve-se mais com o baixista, Lee (na verdade, Alan Gorrie, que usou nome fictício no filme e pouco tempo depois dessa película ser lançada, deixou o “Forever More” na vida real e fundou a “Average White Band”, uma excelente banda escocesa, orientada pelo R’n’B/Soul Music). Entretanto, nenhuma “groupie” é namorada de um membro apenas da banda, e estava ali para servir a todos.
Além disso, mesmo sendo uma questão consensual, a rigor, a existência de ciúmes sempre foi algo inerente, tanto em relação aos músicos da banda e digo isso em qualquer banda e não somente no caso da Forever More, neste filme, quanto em relação às groupies, em torno de eventualmente apaixonar-se por um membro da banda em específico, portanto, brigas eram costumeiras nos bastidores da vida real no meio Rocker e Jimmy Page, o mítico guitarrista do Led Zeppelin que o diga, visto ser famosa a sua satisfação em assistir as groupies da banda a brigar por causa dele.
Então, Fiona, que sentiu-se preterida, não gostou nem um pouco em verificar que a sua outrora tímida amiga principiante, tornou-se a predileta do baixista, Lee, e também do empresário da banda, Jimmy (interpretado por Gilbert Wynne), este inclusive, a mostrar-se mais um cafetão do que um manager de banda de Rock, pela maneira com a qual lida com as groupies do Forever More, e claro, a usufruir de suas benesses sexuais, igualmente.
Então a banda sai em turnê e Suzy não participa desta vez. Ela passa a perambular por Londres, quando encontra um Hippie com o qual envolve-se (“Pogo”, interpretado por Robert D’Aubigny). Há uma curiosa cena onde ambos entram em uma igreja e o rapaz tem o impulso em subir ao púlpito e proferir um discurso inflamado. Um rapaz que estava ali dentro a meditar, sai e chama a polícia, que logo prende o rapaz, sob a suposta alegação de perturbação da ordem, mas logo a seguir, ele é liberado na delegacia. Entretanto, por uma fatalidade do destino, “Pogo” é atropelado e morre tragicamente. Suzy vê-se sozinha, novamente.
De volta a conviver com a banda, Forever More, ela segue a rotina a entregar-se sexualmente; prestar serviços domésticos e ser maltratada, normalmente e como em “Groupie Girl”, tais sutilezas certamente são mostradas a criticar o machismo inerente.
Em “Groupie Girl”, isso é mais acentuado e em “Permissive”, percebe-se que o foco, no entanto, foi buscar a mesma temática por um ângulo ligeiramente diferente, ou seja, a mostrar o sexo, mais acentuadamente, para provocar o choque como reflexão ao espectador. Tanto que o filme obteve uma classificação mais rigorosa, ao ser considerado “erótico”, até mesmo para o usuário do YouTube, que precisa estabelecer o “Login” para poder acessá-lo e confirmar dessa forma, ter mais de 18 anos de idade para assisti-lo.
Daí em diante,
vem uma sucessão de cenas fortes nesse sentido, porém mescladas aos aspectos
mais ligados à rotina da banda, com cenas de ensaios; shows ao vivo e gravação
em estúdio, que aliás, são boas, se consideradas as condições dessa produção,
para os padrões da época. E sobre a música em si, além do som da “Forever
More”, vemos e ouvimos também o som de duas bandas igualmente obscuras da cena
britânica de 1970, mas muito interessantes: “Titus Groan” e “Comus”. Portanto,
entre as três, o som apresenta bastante qualidade, ao exibir um misto entre o
Blues-Rock, Hard-Rock, Folk-Rock e o Rock Progressivo, pela vertente mais
experimental, quase a esbarrar no “Space-Rock”.
Portanto, bem condizente com algumas das múltiplas vertentes que estavam em voga, fortemente no Reino Unido, nessa época. Vale muito a pena assistir, também por essa questão sonora. E certamente pelo aspecto do figurino, absolutamente incrível para todos, rapazes e moças, a mostrar que o Rock foi e na verdade, a revelar-se como uma outra realidade muito distinta do que veio a tornar-se nas décadas posteriores, mediante deturpações odiosas.
Portanto, bem condizente com algumas das múltiplas vertentes que estavam em voga, fortemente no Reino Unido, nessa época. Vale muito a pena assistir, também por essa questão sonora. E certamente pelo aspecto do figurino, absolutamente incrível para todos, rapazes e moças, a mostrar que o Rock foi e na verdade, a revelar-se como uma outra realidade muito distinta do que veio a tornar-se nas décadas posteriores, mediante deturpações odiosas.
Ao final da
história, após brigas generalizadas, eis que Suzy encontra a sua ex-amiga,
Fiona, no banheiro de um quarto de hotel, onde a banda está a evadir-se,
mergulhada em meio ao seu próprio sangue, visto que cortara os seus pulsos com
a intenção deliberada de não mais viver. Suzy tem uma atitude blasé em apenas
olhar tal cena e fechar a porta para abandoná-la, sumariamente, enquanto ela
desfalece. E naturalmente que tal metáfora tem várias conotações, ao mostrar a
total efemeridade dessa vida vazia e isso refere-se tanto para Suzy, quanto
para Fiona, em seu ato suicida.
Lançado em 1970, com roteiro por Jeremy Greg Dryden. Produção por Jack Shulton. “Permissive”
foi dirigido por Lindsay Shonteff, um canadense radicado na Inglaterra e que
notabilizou-se por assinar filmes com baixo orçamento, notadamente películas
com teor erótico. “Permissive”, assim como “Groupie Girl”, teve apoio de
groupies da vida real, em termos de assessoria para escrever-se o roteiro.
Chocou a sociedade em sua época, 1970, naturalmente pela temática. Hoje é uma
peça documental interessante para a reflexão histórica e tem o mérito em conter
uma representação muito boa da atmosfera desse período, embora com uma carga
deveras melancólica, por força das suas circunstâncias.
Foi lançado em versão DVD, apenas em 2010 (existe no formato Blue Ray, igualmente), e é encontrado
em sites de vendas virtuais. Desconheço sobre cópias dubladas ou com legendas em português, no
entanto. Porém, mesmo para quem não domine o idioma inglês perfeitamente, e
sobretudo sob o sotaque e gírias britânicas da época, mesmo assim, creio que
não terá problema para entender bem os diálogos. Mesmo por que, as situações
falam por si só. E existe a disponibilidade no YouTube, todavia só acessível
para maiores de idade, por conta da sua classificação como filme erótico.
Esta resenha foi escrita para fazer parte do livro: "Luz; Câmera & Rock'n' Roll, e encontra-se alojada em seu volume II, a partir da página, 29