domingo, 30 de junho de 2024

Livro: Diário da Moraes/Kátia Moraes - Por Luiz Domingues

Antes de falar sobre a obra em si, há de se destacar que a sua autora tem um currículo enorme e a apontar para uma completo ecletismo que se mostra absolutamente empolgante, na minha opinião. Nestes termos, Kátia Moraes é poetisa, sim, e das boas ao demonstrar através desta obra: "Diário da Moraes" uma capacidade enorme para explanar sobre múltiplas percepções de mundo e sempre a colori-lo de uma forma sagaz, a imprimir doses generosas de esperança a ser captada pelos seus leitores. 

Mesmo quando a autora aponta para temas mais penosos, por exemplo a denunciar a injustiça e a desigualdade que permeia a caminhada desta humanidade tão egoísta e demarcada pela falta de empatia em nome de interesses escusos, ela o faz com a devida contundência que enobrece a revolta dos que se rebelam e se importam com seus semelhantes, e melhor ainda, sem perder a ternura jamais, como salientou um sábio personagem do passado.

A cantora que pinta, a pintora que transforma poesia em cores e formas...essa é Katia Moraes, uma artista completa

O que amplifica a sua sensibilidade como poetisa, sem dúvida alguma é a sua bagagem gigantesca como artista multifacetada. Portanto, ela dispõe de um cabedal de informações e sobretudo é amparada com tal estrutura que possui, exatamente por saber fazer uso de outras ferramentas além das utilizadas pela arte literária para transformar a sua poesia em algo substancial, no sentido de que as palavras que escreve tem o poder das cores pinceladas nas telas e das vibrações musicais emitidas por instrumentos. Em suma, essa diversidade que ela ostenta é seu predicado como artista total.

Kátia Moraes em plena performance ao vivo como cantora. Fonte: internet

Pois é, Kátia Moraes tem uma carreira vitoriosa no campo da música, com diversos CD's lançados, a arrolar participações em inúmeros projetos de fino trato no campo da MPB e também com o Pop Rock midiático, no sentido de que foi componente do grupo: "O Espírito da Coisa", uma banda de Rock dos anos oitenta que explodiu na percepção popular "mainstream" ao destilar um repertório construído mediante forte carga de ironia, quando tratou de aspectos da sociedade, em torno de seus maneirismos e contradições. O deboche usado com inteligência foi um trunfo dessa banda, que teve na canção, "Ligeiramente grávida", o seu momento maior de popularidade e tanto foi assim, que esse termo "pegou" como um bordão popular de intensa repercussão ao ponto de se tornar ouvido nas ruas, comumente.

Kátia Moraes também teve aproximação forte com o teatro, ao caminhar junto com membros do descolado grupo teatral, "Asdrúbal Trouxe o Trombone" e encenou Brecht em alto estilo (O Círculo de Giz Caucasiano), em pleno Parque Laje no Rio de Janeiro.

Já nos anos noventa, ela se mudou para Los Angeles, na Califórnia, e lá se envolveu com músicos norte-americanos de alto nível, a cantar e participar de muitos shows e gravações. Tempos depois formou uma banda com forte identidade brasileira e que brilhou ao gravar muitos discos (Sambaguru), que inclusive foi nomeada para o Grammy Latino graças a um dos seus discos ("Tribo").

Kátia Moraes a brilhar pelos palcos. Fonte: internet

Ela também comandou o projeto: Brazilian Heart Celebration, um espetáculo temático a homenagear grandes personalidades da MPB, de Noel Rosa a Tom Jobim, a passar por muitos outros nomes de enorme peso da música brasileira.

Como se não bastasse essa carreira musical prolífica, Kátia Moraes também atuou com a dança, pois sim, ela é igualmente uma dançarina expressiva que trabalhou com a Companhia de Dança Viver Brasil, entre outros trabalhos, e sabe interpretar a música pelos movimentos do corpo.

Locutora, atriz e dubladora da pesada, Kátia tem agenda cheia com as produções audiovisuais. Fonte: internet

Não obstante todos esses predicados somados, o cinema a capturou e a atuação como locutora, dubladora e atriz lhe rendeu muitos trabalhos significativos, ao atuar com filmes, seriados e animações.

Algumas amostras dos produtos baseados na arte exuberante de Kátia Moraes. Fonte: internet

E tem mais...por ser artista plástica talentosa, ela desenvolveu uma espetacular linha de produtos diversificados que comercializa através de seu site, devidamente ilustrados com a sua arte peculiar e muito bonita. Não vou me aventurar a definir a sua estética, pois não tenho esse conhecimento para tal, mas ao ver a capa do livro "Diário da Moraes", devidamente ilustrado pela própria poetisa e constatar no seu site que a linha mestra de sua atuação nas artes plásticas segue o mesmo estilo, foi então que eu tive as minhas epifanias.

Dessa forma, eu acredito que posso ao menos interpretar de forma livre que o intenso colorido do qual ela faz uso e também pelos traços que desenvolve normalmente no seu trabalho como artista plástica, me sugere que há muita similaridade do seu estilo com artistas brasileiros fortemente influenciados pela brasilidade com forte teor afro, a lembrar o conceito do tropicalismo, na explosão de cores conquistada de forma acentuada. E eu senti também um quê de Art Pop sessentista. Posso estar redondamente equivocado na minha percepção por esse aspecto, mas passou-me a impressão de ser uma explosão de cores proporcionada pelo choque de Di Cavalcante com Andy Warhol, acrescido de pitadas do carnaval da Bahia, Carmen Miranda, Zé Celso Martinez e a laranjada batizada do Ken Kesey, tudo isso jogado em um liquidificador e assim, devidamente misturado, o resultado é impressionante.

 A exuberante arte multicolorida de Kátia Moraes. Fonte: internet

Ainda a falar sobre a capa do livro, essa alegria é expressa pelas cores vivas, a sugerir o sol como fonte de energia primordial e dessa maneira, a vibração psicodélica que colore os cabelos do rosto humano feminino ali presente, denota no seu semblante a sensação de paz de espírito. Não achei uma nota oficial da parte da autora, mas quero crer se tratar de um auto-retrato e se eu estiver certo, ilustra de uma maneira muito feliz o conteúdo da obra, pois passa a sensação de bem-aventurança como um sinal de esperança na humanidade, apesar de todas as mazelas observadas no desenvolvimento da nossa espécie descritos através de muitas poesias por ela criadas, ao menos no meu entendimento.

Como é muito bem expresso pela autora do prefácio, a também escritora, Tereza Souza: "Kátia Moraes deveria se chamar 'Kátias', por sua multiplicidade de pessoas em uma só". Muito bem colocado, concordo com essa definição.

Um preâmbulo tão grande para falar sobre a autora se tornou uma necessidade óbvia para a composição desta resenha, pois explica a alta expressividade da poesia contida no livro: "Diário da Moraes". Posta essa última observação, falo sobre a obra em si. 

Alguns dos poemas contém a sua tradução literal para o inglês, que advém na página seguinte, certamente a prestigiar os seus muitos amigos e fãs norte-americanos, sobretudo.

Logo no primeiro poema, "A Lista", há uma reflexão livre sobre a decrepitude da vida e que se amplia no sentido de buscar o questionamento sobre a desigualdade social que esbarra no vergonhoso colapso final do ser humano ante o descaso dos poderosos. A fé na boa intenção de quem sinceramente busca solucionar tal desequilíbrio social predomina através dos versos finais, ainda que a autora mensure realisticamente que isso vai demorar para ocorrer.

A infância é citada, em "Juíza", mas de uma maneira sui generis, ao retratar a perfeita sintonia da criança com a sua espontaneidade e que normalmente gera desconforto entre os adultos, ou seja, é para considerar se quando crescemos não perdemos muito ao abandonar  essa visão despojada e livre das amarras impostas pelas normas sociais.

As reminiscências pessoais abundam em "Foto na caixa", mas neste caso, não é preciso conhecer a história pessoal da autora, tampouco carece de explicações da parte dela, pois as imagens escolhidas para compor esta poesia nos proporciona uma viagem. É como assistir um filme, que não é seu, mas isso não importa, pois os pontos de confluência estão ali disponíveis para qualquer leitor acessar. E é bonito.

A questão da maternidade é colocada na pauta pelo poema: "Eu Discordo". De fato, é tão ampla a questão da reprodução que abre campo para uma licença poética ampla que extrapola os limites da biologia. As artes em todas as suas manifestações podem gerar frutos que podem ser considerados filhos de seus criadores. Nesse sentido, o artista deixa muitos filhos neste mundo, não resta dúvida.

Daí em diante (e para não provocar mais "spoilers"), a autora nos apresenta outros poemas a desenvolver sobre muitas questões muito interessantes. Ela discorre sobre a sensibilidade, também sobre a sensação do improviso que todo músico sente no palco, e sim, Kátia Moraes é uma ótima adepta da poesia cantada, igualmente.

Misturam-se muitos signos libertários e progressistas a denunciar a dor do preconceito e da opressão. O Blues que evoca a dor, mas que também espelha a beleza. O teatro como instituição e que provoca a reflexão e os raros políticos que não conspurcam a nobre arte do diálogo em detrimento do vergonhoso conluio fisiológico. São muitos poemas a abordar tais temas e a homenagear personas proeminentes que muito se esforçam em torno das nobres causas.

A artista, a sua arte na parede e no peito a estabelecer uma perfeita sintonia sensorial. Fonte: internet

A dança que expressa todos os sentimentos e sensações pelos poros do corpo, as impressões sobre a vida como o brasileiro a leva e pela ótica dos estrangeiros, o medo infantil pelas admoestações e histórias exageradas contadas pelos adultos para assustá-las, tudo isso consta nos poemas ricos de ideias e de fácil leitura pelo poder da síntese, que é muito bem observado pela autora. 

A comida, ah... depois de tantas cores, notas musicais e suspiros provocados pelos poemas, na parte final do livro eis que o tema da gastronomia foi abordado. Sensorial na mesma intensidade, os sabores também merecem a exaltação e assim, Kátia Moraes nos prova que os poemas também podem ser degustados, com tempero.

Para encerrar a obra, a "Pescaria" nos revela que o poeta não pode ficar desatento. As ideias vem e vão e sob uma velocidade estonteante, a nadar freneticamente para abandoná-lo. É preciso estar atento e forte como Gal Costa nos dizia com feliz propriedade, pois o poeta precisa pescar as palavras com enorme precisão antes que elas fujam, simples e decididamente, já que elas escapam sob uma velocidade estonteante. 

Como análise final, acrescento que a leitura se mostra leve pelo seu estilo, mas intensa pela riqueza das imagens propostas. Impressiona também a diversificação de temas abordados, pelas citações e até pelas dedicatórias ali expressas.

Livro saboroso, tátil, colorido, enfim, que espelha com fidedignidade a alma artística multifacetada da sua autora, uma artista talentosa e que se expressa de inúmeras formas, incluso como poetisa inspirada.

Ficha técnica:
Livro: "Diário da Moraes"
Autora: Kátia Moraes
Edição: Henrique Lopes e Kalyne Vieira
Projeto gráfico e capa: Editora versiprosa
Ilustração de capa: Kátia Moraes
Editora Versiprosa
https://www.editoraversiprosa.com.br/

Para conhecer melhor os muitos atributos artísticos de Kátia Moraes, acesse:

Canal de YouTube para conhecer a sua carreira musical:
https://www.youtube.com/@katiamoraes9893/featured

Instagram para conhecer a sua atuação nas artes plásticas:
https://www.instagram.com/brazilianheartmusickatiamoraes/ 

Visite o seu site, completo a abranger todas as facetas da sua carreira artística e também a oferecer uma incrível linha de produtos customizados com a sua arte ilustrativa:

https://www.instagram.com/brazilianheartmusickatiamoraes/

Neste link em específico do site, se acessa a linha de produtos customizados pela artista:

http://www.katiamoraes.com/brazilian-heart-shop-visual-art

sábado, 15 de junho de 2024

CD: Cantar/Pevê - Por Luiz Domingues

Artista versado pelas mais belas influências no campo do Rock, Blues, MPB e música Folk latino-americana de uma maneira bem ampla, Paulo "Pevê" Valério é também membro daquela confraria de outrora e tão rara nos dias de hoje, ou seja, aquele tipo de artista que presta atenção em tudo o que o envolve de uma maneira arguta e ao captar os sinais no ar, apanha o primeiro instrumento que tiver em suas mãos e transforma tais inspirações espontâneas em música.

Portanto, a sensibilidade é uma das características da obra de Pevê e neste quarto disco, ele mais uma vez nos mostra o fruto de suas observações acerca do mundo, da sociedade e das pessoas, através de um belo conjunto de canções.

Se no primeiro álbum o cartão de visitas se mostrara eclético e no segundo, o lado silvestre se pronunciou mais fortemente, eis que o terceiro álbum trouxe a verve mais Rocker & blueseira, mediante eletricidade e muita energia. 

Desta feita, o álbum "Cantar", quarta obra do artista, nos mostra uma obra com forte identificação com o dito "Rock Rural", a incrível vertente que misturou Rock, MPB e música Folk, a criar um riquíssimo caldo cheio de brasilidade e ao mesmo tempo, antenado na contracultura dos anos 1960, e assim moldar o Folk-Rock Brasileiro da década de setenta.

Pevê bebe muito dessa fonte e assim, foca no aspecto campestre, muitas vezes, embora eclético, não fique fechado apenas nessa vertente, haja vista a diversidade produzida através de seus trabalhos anteriores. 

E neste álbum "Cantar", ficou clara a proposta da mescla. Dessa maneira, ao lado das boas canções silvestres e versadas pelo "Rock Rural", há também os elementos do Blues-Rock, do Hard-Rock (ainda que bem ameno na dosagem), um pouquinho de psicodelia sessentista e do Rock Progressivo.

Pelo aspecto do Rock Progressivo, se trata de uma aproximação natural, eu penso, pois na medida pela qual existe solidificada de uma maneira muito natural uma linha importante existente dentro dessa vertente, ou seja o Folk-Prog Rock é um caminho natural quando se analisa a música Folk pelo viés do Rock, vide o pessoal do "Clube da Esquina" que foi fortemente influenciado por tal linhagem, e assim, Pevê também o fêz de uma maneira magnífica.

Na parte técnica do disco, desta vez o Pevê não convidou muitos músicos e pelo contrário, ele mesmo tocou quase todos os instrumentos e chamou apenas dois amigos para contribuir. É bem verdade que em uma determinada faixa, ele convidou mais dois músicos para gravar tal peça em específico, mas tal história eu faço questão de destacar mais adiante quando falar sobre tal faixa em si. E aliás, há um bonito texto do encarte do álbum, escrito pelo próprio Pevê e que narra com emoção como ele convidou tais músicos a aproveitar uma oportunidade que lhe surgiu.

Sobre o áudio do disco, gostei bastante da sua qualidade, inclusive com a observação dos belos timbres escolhidos para todos os instrumentos, tanto os acústicos, quanto os elétricos, que foram beneficiados por esse apuro. Aliás, a se tratar de uma marca registrada do artista e da equipe técnica que o assiste, haja vista o resultado também dos seus discos anteriores, a preservar o mesmo padrão.

Eu já tive o prazer de escrever resenhas para os três álbuns anteriores do Pevê e ao final desta resenha, disponibilizo ao leitor os respectivos links de todas  essas resenhas, para que se leia ou releia.

Sobre a parte gráfica, a capa do disco não poderia ser mais no espírito do "Rock Rural" brasileiro da década de setenta. Através de uma janela colorida, cheia de vida, ele posa através de uma casa com ares interioranos. 

Lançado bem no começo de 2024, inicialmente apenas de forma virtual, essa obra deverá ganhar versão tradicional via CD, mais para frente, eu acredito.

Sobre as canções que compõem este disco, eu aproveito para deixar mais algumas observações.

1) Quando a Noite Chega

Eis o link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=V8QeEB0H0OY

Canção rica em docilidade, super setentista na sua essência melódica, apresenta uma carga forte de intervenções muito bonitas da parte das cordas acústicas ali incorporadas ao arranjo.

Em sua letra, sabores e odores tipicamente interioranos são arrolados com bastante poesia, a nos garantir uma viagem virtual ao ambiente bucólico de uma pequena localidade em meio à natureza, daquelas de onde só queremos os nossos livros, discos e nada mais, como diria Zé Rodrix.  

2) Minha Vitrola

Eis o link para ouvir no YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=fcfBzViPXzc

Singeleza é a palavra para traduzir o que essa canção transmite. Uma balada com sabor Blues, que apresenta solidez harmônica, mesmo nas partes mais pesadas, a incluir um certa intenção Hard-Rock, ainda assim, ela é doce na sua concepção, a me fazer lembrar de uma banda que exercia com maestria tal junção, o "Free", ali entre o final dos anos sessenta e início dos setenta. 

E sim, a ideia da "vitrola" é demarcar o quanto esse aparelho de som muito popular em todos os lares de um passado cada vez mais distante, garantiu espaço no coração e mente de todos os Rockers de outrora, ao abrir-nos as portas da percepção, como teria dito, Aldous Huxley, rumo ao infinito em termos de expansão da mente. E digo isso, porque sabemos, o Rock não é só um estilo de música. 

3) Sem Grilo

Eis o link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Ggq62SVt-eM

"Sem Grilo" é exatamente o que o seu título sugere, ou seja, a usar da velha gíria dos anos sessenta & setenta, a designar a falta de preocupação com as mazelas "caretas" (para usar outra gíria contemporânea), da sociedade em meio aos seus preconceitos, paradigmas e condicionamentos múltiplos advindos da pior parte da mentalidade pós-revolução industrial com a ideia de se impor a todo custo o hiper consumo e a desumanização dos indivíduos.

A estética nesse caso, é o Rock'n' Roll bem no estilo setentista dos bons tempos de grupos tais como: O Peso, A Chave, Rita Lee & Tutti-Frutti, Made in Brazil e outros tantos, com muita guitarra e teclados bem típicos dessa fase de ouro do Rock brasileiro e tudo deliciosamente alinhado com tal escola.

4) Viver

Eis o link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Ggq62SVt-eM

Nesta faixa, a canção tem bastante influência do Blues e também do estilo dos mineiros do "Clube da Esquina", com a guitarra a pontuar muito bem os contrasolos, mediante bom gosto.

5) Mistério

Eis o link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=_iDb372g6aM

Trata-se de uma balada com ótima harmonia e melodia na sua resolução final. Há um momento na interpretação a sugerir uma quase declamação da parte do Pevê, ou seja, a evocar a poesia explícita e tudo isso é pontuado por ótimas intervenções de guitarra. 

6) Caminos porteños

Eis o link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=xmOcdidCaYI

Exatamente como é sugerido no seu título, tal canção é  de fato, uma ode à música Folk-Rock praticada por nossos vizinhos argentinos e que sim, guarda um manancial gigantesco de exemplos de artistas espetaculares a ser exaltado e diga-se de passagem, "gracias a la vida". 

É belo o trabalho solado da guitarra a conferir o toque Rock e nesse aspecto, não há nada mais porteño, a reverenciar um público ultra Rocker por natureza intrínseca.

7) Amiga

Eis o link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=_47QAZktuw8

A Bossa Nova mostra a sua face com uma roupagem "jazzy" finíssima. O violão bem ritmado é enriquecido sobremaneira pelo piano Fender Rhodes, super bem timbrado, e também por uma guitarra viajante com apoio do ótimo uso da caixa Leslie.

8) Mais que um talvez

Eis o link para ouvir no YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=pq4jr1-fP6M

Com um violão a me fazer lembrar bem do Caetano Veloso em sua fase bem minimalista (do disco "Transa", por exemplo), a música ganha balanço mediante o uso de um ótima percussão e do timbre seco, sem ressonância do baixo, a evocar gravações do início dos anos setenta, bem naquela predisposição do som proposto pelos ditos "artistas marginais da mpb", como Sérgio Sampaio e Jards Macalé, além do Caetano citado, ou seja, acho que a inspiração foi baseada nessa ótima tendência proposta por artistas que eu mencionei. 

Claro, fica a advertência de se tratar da minha idiossincrasia, ou seja, foi a minha percepção pessoal e não necessariamente tais colocações correspondam ao que o artista de fato pensou como inspiração.  

9) Natureza

Eis o link para escutar no YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=MVBW0YkrPtc

Um som que lembra bastante o Rock brasileiro dos anos setenta, mostra muita contundência na sua instrumentação.

E ao mesmo tempo, em termos de letra, fica no setor do "Rock Rural" pela construção das imagens propostas, ou seja, é mais um exemplo de inspiração forte que o autor traz dessa estética. 

10) 2020

Eis o link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Mjaav6C8dks

Esta é uma canção que traz uma história incrível, além da sua beleza enquanto peça musical e há uma emocionante explicação para tal.
Ocorre que por conta de uma conjunção feliz dos astros, eis que o Pevê teve a felicidade de estar junto a dois grandes músicos históricos do Rock brasileiro e incontinente, não perdeu tempo para convidá-los a gravar. 

Sob uma oportunidade de ouro que a agenda lhe proporcionou, eis que a "cozinha" dos "Secos & Molhados", ninguém menos do que Willy Verdaguer e Marcelo Frias, tocam baixo e bateria nessa faixa, algo que abrilhantou a boa canção.

Eu publico abaixo a parte do encarte na qual o próprio Pevê descreve essa bela história:


Para encerrar, só posso recomendar com ênfase mais um álbum do multi-instrumentista, compositor, cantor e produtor musical, Paulo "Pevê Valério, um artista incansável, dotado de talento, extraordinária força empreendedora e muita convicção nos ideais da contracultura como um todo e que permeiam a sua obra. 

Aproveito como adendo final, para agradecer ao Pevê pela minha inclusão pessoal no seu release oficial do álbum, através de uma fala destacada de releases que eu elaborei sobre seus discos anteriores. 


E abaixo, eis o link para escutar o disco na sua íntegra:
https://www.youtube.com/watch?v=USnJM3MQvV0&t=6s

Leia também as minhas resenhas sobre os três álbuns anteriores do Pevê no meu Blog 1:

CD Pevê:
http://luiz-domingues.blogspot.com/2018/12/cd-peve-paulo-peve-valerio-por-luiz.html

CD Pevê II:
http://luiz-domingues.blogspot.com/2021/06/cd-peve-iipaulo-peve-valerio-por-luiz.html

CD Pevê III:
http://luiz-domingues.blogspot.com/2022/05/cd-peve-iiipaulo-peve-valerio-por-luiz.html

Ficha Técnica:

CD Cantar - Pevê

Gravado nos estúdios Green Box, Jardim Elétrico, e no QG do Pevê/De Poche estúdio móvel, entre janeiro de 2022 e fevereiro de 2023
Técnicos de captura de áudio: Marcelo Stock, Luizinho Maia e Nychollas Medeiros, entre março e novembro de 2023
Mixagem e masterização: Studio de Poche (Paris,França)
Projeto gráfico: Pevê e Pinky Maia
Foto (capa): Cláudia Laurent
Foto da contracapa: Fábio Luiz Kuntze
Edição: Edmar Hédi (Musital)
Produção geral: Pevê

Pevê: Voz, violão nylon, violão de 12 cordas, bandolim, teclados, baixo, guitarra, guitarra (fuzz, slide, rotary), percussão, cuatro venezolano

Músicos convidados:
Leandro "Pirata": Bateria
Alexandre Green: Teclados
Willy Verdaguer: Baixo em "2020"
Marcelo Frias: Bateria em "2020"

Para conhecer ainda mais o trabalho do Pevê, acesse: 

Canal de YouTube: 

https://www.youtube.com/c/PevêPauloValério

Instagram:

@peveguitarra

Facebook: 

https://www.facebook.com/paulovalerio.silva

Spotify:

https://open.spotify.com/imtl-pt/album/7g6AEBGwMf3zASwA5XQv76

Deezer:
https://www.deezer.com/br/album/527723492

Tidal:
https://tidal.com/browse/album/337743608

Contato direto com o artista:
paulovaleriopv1@gmail.com