Foi quando um evento em especial, tratou em significar tal ano, como o seu principal agente difusor dessa cena, em maior escala. Foi no auge do "verão do amor", que aconteceu portanto, o Festival de Monterey, para tornar-se o símbolo dessa Era psicodélica. Ocorrido entre os dias 16 e 18 de junho de 1967, no Monterey County Fairgrounds, um espaço para eventos localizado naquela pacata cidade litorânea, tal evento entrou para a história, também pela quantidade de artistas importantes que ali apresentou-se, porém, muito mais pelo aspecto subliminar que representou para o movimento Hippie.
O nome oficial do evento, foi pomposo (Monterey International Pop Music Festival), e de fato, a ideia inicial dos seus organizadores, foi agrupar artistas sob várias nacionalidades, além dos norteamericanos. Lou Adler e Alan Pariser, produtores musicais, associaram-se à John Phillips, o lider da banda : "The Mamas and the Papas", e este, foi decisivo como produtor associado, ao auxiliar com muito empenho pessoal, e assim garantir que o festival pudesse acontecer.
Outra personalidade importante nessa produção, foi Derek Taylor. O publicitário inglês, que era mega conhecido no meio musical, por ser o assessor de imprensa dos Beatles...apenas isso... Informalmente, esses quatro produtores associados, contaram com conselheiros importantes. Paul McCartney, dos Beatles e Brian Jones, dos Rolling Stones, estiveravam entre esses ilustres apoiadores.
Da parte de McCartney, é atribuída a indicação para que fosse incluída a participação de um guitarrista negro, que estava a causar furor na Inglaterra, embora este rapaz fosse norteamericano. Um caso muito curioso o deste guitarrista, aliás, pois em sua terra natal era desconhecido do grande público, por ter sido sido apenas side-man de artistas como Little Richard e Everly Brothers. Sob uma improvável força do destino, ele fora para a Inglaterra e lá encantou os britânicos, ao tornar-se uma sensação instantânea. Ele formou então uma banda com o acréscimo de músicos britânicos e iniciou uma carreira meteórica, doravante.
Pois se não fosse McCartney em ter isnistido em sua escalação, os norteamericanos teriam perdido a oportunidade em "experimentá-lo"...bem, ficou óbvio, falo sobre Jimi Hendrix. Grande McCartney, que indicou o artista certo, no lugar certo, simplesmente porque permitiu-se experimentar...
The Jimi Hendrix Experience foi um dos pontos mais altos do Festival e decididamente impulsionou a carreira de Jimi Hendrix, após a sua performance incendiária no Festival, literalmente...
Monterey Pop entrou para a história como o primeiro grande festival de Rock da história, mas na verdade, foi muito além disso. Primeiro pelo fato de não ter sido fechado no Rock, ou melhor a explicaro, por não existir tal conceito em torno de separatismo por segmentos; tribos e nichos, naquela época.
Dessa forma, diversos artistas a professar estilos diferentes, uns dos outros, apresentaram,-se e todo mundo foi aceito co me ntusiasmo ou seja, o conceito "Rock", em 1967, fora muito mais amplo e encaixara-se como uma luva no espírito a sonhrar-se com um mundo regido por coceitos como a "fraternidade; peace & love", pilares do movimento Hippie. Outra constatação e dentro desse mesmo conceito, Monterey Pop Festival foi a primeira manifestação com grande porte (a exceptuar-se o Human Be-In), que agrupou hippies vindos de diversas cidades da Califórnia, e muita gente oriunda de outros estados. da América
Dessa maneira, muitos espantaram-se ao sentir-se em meio à milhares de jovens iguais à eles mesmos, em uma comunhão de ideias & ideais. Muitos, destes, vindos de pequenas cidades interioranas, estavam por ser vítimas de sistemático bullying social, essa é uma verdade. Ostentar cabelos longos e usar roupas não tradicionais na América do Norte, sob o viés conservador, não foi nada fácil.
Conheço, por ter lido a respeito, o relato de um jovem que esteve no Festival. Ele chama-se : Stan Delk, e pussuía apenas dezessete anos de idade naquela época. Não foi músico ou artista, mas estava envolto naquele turbilhão hippie, assim como outros milhares de jovens de sua idade. O seu relato está publicado no Site : "Memórias do Rock Brasileiro", comandado perlo produtor musical, Antonio Celso Barbieri, que o traduziu para o português.
Leia o relato de Stan Delk, no Site de Celso Barbieri, "Memórias do Rock Brasileiro" :
http://www.celsobarbieri.co.uk/index.php?option=com_content&view=article&id=136:mont...
Esta dissertação é emocionante sobre sd suas lembranças do festival. E no documentário oficial, ele aparece bem rapidamente, deitado na relva e acompanhado de uma amiga, que usava uma casaca igual à farda dos Beatles, na capa do LP Sgt° Peppers. Tanto que o apelido da moça era mesmo, "Sgt° Pepper", segundo consta do relato de Stan Delk.
Esse curioso registro ocorre no momento 3:22'', ou seja, logo no início do vídeo. O vídeo, aliás, é outra das incríveis contribuições do documentarista americano, D.A. Pennebacker, ao Rock mundial. Grande nome dos documentários, Pennebacker fez e cobriu a História, literalmente.
Otis Redding, um dos maiores nomes da Soul Music de todos os tempos (e um dos meus artistas prediletos, sem dúvida), estava escalado para o festival mas confidenciara à pessoas mais próximas, que sentiu-se temeroso, previamente.
Em sua dúvia em tom de preocupação, ele pensou : como seria a experiência em apresentar-se para uma platéia formada por garotos brancos e cabeludos ? Ledo engano do mister Soul, que saiu ovacionado do palco, na realidade. O seu público extrapolara os limites da tradicional platéia negra e consumidora de Soul Music & R'n'B, e quando ele percebeu, o seu trabalho mostrava-se como uma referência para a juventude, Peace & Love, também.
Uma lástima que poucos meses após essa apresentação, esse grande artista tenha deixado-nos por conta de um acidente aéreo.
O Big Brother and the Holding Company, vislumbrava-se como mais uma banda integrada por freaks em San Francisco, mas tal banda detinha um diferencial ainda pouco explorado antes do festival, a tratar-se da sua cantora, uma desajeitada menina vinda do Texas, chamada : Janis Joplin.
Quando essa menina texana subiu ao palco e soltou aquela voz inacreditável, revelou-se ao mundo, para tornar-se então, ao lado de Jimi Hendrix, um grande ícone do Rock sessentista, em âmbito mundial e de uma maneira indiscutível.
A melhor expressão do desbunde absoluto que foi a sua performance bombástica, foi capturada pela lente de Pennebacker, quando este intercalou na edição, a expressão facial revelada da genial cantora, Mama Cass Elliot (vocalista maravilhosa, integrante ótimo grupo, "The Mamas and the Papas"), quando esta emitiu uma clara expressão verbal ao afirmar : "Wow" ! (uau !). A leitura labial de Mama Cass nesse momento, expressa exatamente o que foi Janis Joplin no Festival.
O The Who foi bombástico, e mesmo ao mostrar-se um grupo ultra-britânico até a medula, apresentava um contingente composto por muitos fãs na América. A propagada rixa entre Pete Townshend e Jimi Hendrix, se verdadeira ou não (há a suspeita não confirmada que a rusga fora combinada para reverter em publicidade para ambos), sem dúvida trouxe expectativa. O The Who tocou antes, e Townshend trucidou a sua guitarra, literalmente, com a fúria da destruição a ser seguida de imediato, pelo lunático baterista, Keith Moon, a causar furor.
O que Pete não esperava, foi que Hendrix inovaria, e a seguir em seu show, resolveu incinerar a sua guitarra, ao mostrar-se ainda mais espetacular que o ato perperatdo pelo quebra-quebra protagonizado por Townshend & Cia. A lenda Rocker conta que na coxia, Keith Moon estava ensandecido, ao afirmar para Townshend : -"Pete, demo-nos mal, o "Zulu" acabou conosco, ao colocar fogo na guitarra" ! Será que foi essa a verdade ?
Houve uma boa expectativa pela apresentação de Eric Burdon. Ele recém havia reformado a sua antiga banda, The Animals, mediante uma nova formação a contar com músicos norteamericanos e rebatizara a banda como : "The New Animals". Toda a expectativa valeu a pena, com a nova banda a apresentar muito mais pegada psicodélica, diferente do R'n'B britânico do "antigo" The Animals...
A dupla Folk, Simon and Garfunkel, apresentou a sua docilidade soft-folk, assim como o The Mamas and the Papas (apesar de John Phillips haver ausentado-se nos ensaios...). Como não encantar-se com as vozes maravilhosas de Mama Cass e Michelle Phillips ? Isso sem contar o fato concreto de que Michelle representara um sex-symbol Hippie, isrto é, a grande musa do verão do amor, com aquela beleza incrível.
Scott MacKenzie transformou-se em um homem dotado de muita sorte, por causa do advento do festival. Ele recebera das mãos de John Phillps, uma composição de presente, e tratou rapidamente em gravá-la, quando sob um passe de mágica, a canção tornou-se um sucesso mundial instantâneo, ao permanecer para sempre atrelada à imagem do festival.
Chamada como : "San Francisco (Be sure wear some flowers in your hair)", eis abaixo um trecho de sua poesia :
"If you're Goin' to San Francisco...
Be sure wear, some flowers in your hair"...
Com essa canção folk; doce e plena em imagens a reforçar o conceito "Peace & Love", eis que ela retratou bem o espírito fraternal da época. A pergunta cuja resposta nunca foi plenamente respondida : por quê será que John Phillips não a gravou com sua banda, o The Mamas and the Papas ? Enfim, sorte de McKenzie...
Country Joe and the Fish, fora uma das bandas mais loucas da psicodelia norteamericana. A sua apresentação foi surreal, no entanto, para ir além, houve uma dose extra de crítica política em sua apresentação. O inconformismo com a estupidez da guerra do Vietnã, sempre norteou as suas performances, e não foi diferente em Monterey.
Jefferson Airplane, a estupenda banda a ostentar a presença da mulher com "olhar de gêlo" (Grace Slick), e o The Grateful Dead (a genial banda mais hippie do planeta, do grande : Jerry Garcia), deram os seus recados à altura da expectativa criada por suas respectivas performances. The Byrds; Quicksilver Messanger Service; e Buffalo Springfield, trouxeram os seus trabalhos influenciados pelo Country-Rock, com muita qualidade. Pela turma do Blues, atuou : Paul Butterfield e The Blues Project, com a propiedade que coube-lhes
Canned Heat com o seu Blues-Rock, também teve destaque no documentário oficial. O genial, Booker T. and the MG's, com seu Power Blues acrescido de acentos jazzísticos; The Stevie Miller Band; The Electric Flag, e Hugh Masakela, foram responsáveis por explosões sonoras a oferecer um tremendo verniz ao festival.
Conta-se que Laura Nyro saiu a chorar do palco, por ter sido hostilizada pelo público, contudo, essa informação nunca foi confirmada oficialmente. A versão mais confiável é a de que teria decepcionado-se consigo própria, pela fraca apresentação que cometera, em sua concepção.
Ravi Shankar foi um estouro. Não poderia ter sido mais propício o convite para que ele apresentasse-se naquele momento.
O incrível músico indiano, estava a ser incensado pela juventude ocidental, graças à propaganda natural que o Beatle, George Harrison (leia neste Blog, texto anterior quando eu comento sobre a influência da música indiana no Rock, via George Harrison), estava a realizar naturalmente, desde 1966. Existe algumas reclamações da parte de algumas pessoas que estiveram presentes no festival, contudo, em relação à duração da apresentação de Ravi Shankar.
De fato, ele fora escalado para tocar por quatro horas, durante uma tarde inteira. A intenção dos organizadores deve ter sidoem fazer dessa apresentação, uma larga preparação do público para as apresentações noturnas, e da parte de Shankar, acostumado a lidar com a música sob outro viés, como uma tarefa espiritual e messiânica, faltou a percepção de que ao longo de quatro horas, mesmo diante de um público super interessado e com aquele astral sessentista, sem agressividades, seria demasiado. Bem, foi uma apresentação sensacional,contudo, muita gente debandou quando tornou-se longa demais e somente os espectadores que estavam a flutuar fortemente, pelo fato em ter ingerido LSD, deliraram até o final.
Outro momento muito feliz capturado pelo documentarista Pennebacker, deu-se com a reação do baterista do grupo, "The Monkees", Micky Dolenz, sob êxtase, a apreciar o som provido pelo grande mestre das ragas. No documentário, observa-se ainda o clima eufórico de uma autêntica Feira Hippie que norteou o festival. Pessoas tranquilas a passear pelo local, sem nenhuma preocupação, a não ser absorver integralmente aquela vibração maravilhosa. Segundo relatos de muitas fontes, o clima com o aparato policial foi muito amistoso, sem ocorrências e até a conter surpreendentes reações brincalhonas dvindas de alguns policiais, com muitos desses agentes a colocar flores nos seus capacetes...
Brian Jones, dos Rolling Stones, caminhava tranquilamente com Paul McCartney e Jimi Hendrix, pelas cercanias, em imagens sensacionais dos bastidores. Algo mágico como documento histórico. Toda a renda foi destinada para uma fundação de amparo à pessoas carentes e até hoje, esta recebe dividendos sobre a venda dos vídeos; discos e material de merchandising referente ao Festival.
A minha ligação com o Festival é óbvia pela admiração, mas devido à minha idade cronológica, tenho poucas lembranças de sua repercussão à época. Fora comentários discretos na Rádio Excelsior de São Paulo, e alguma menção superficial na TV, eu só fui mesmo mergulhar na sua história, anos depois, ao assistir o documentário, já no avançar dos anos setenta.
Em 1968, eu era muito fã de Otis Redding e The Mamas and the Papas, e sabia que tais artistas haviam participado do festival, mas no auge de meus sete anos de idade, em 1967, eu não reunia nenhuma condição para discernir corretamente sobre a dimensão desse fato histórico, evidentemente.
Monterey Pop '1967 foi o primeiro grande festival do Rock. E sem dúvida, um dos mais queridos da história.
Matéria publicada inicialmente no Blog Limonada Hippie, em 2013.