sexta-feira, 29 de setembro de 2017

CD O Segundo /A Estação da Luz - Por Luiz Domingues



Após um excepcional primeiro registro fonográfico, demorou, mais eis que a excelente banda, “A Estação da Luz”, oriunda de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, anunciou enfim o seu segundo álbum. E tal trabalho vem ao mundo com o sugestivo título de: "O Segundo", portanto a banda é bastante enfática em sua intenção de demarcar um novo passo importante em sua carreira, através de tal lançamento em sua discografia.

E a demora para mostrar-nos o seu novo trabalho foi amplamente compensada, pois “O Segundo” revela-nos a banda a manter a sua proposta estética firmada em seu álbum de estreia, e mais que isso, é um prazer mergulhar em sua audição e constatar que tais artistas apresentam ainda mais entrosamento, por gerar amadurecimento natural e tudo dentro de uma lógica fundamentada por fatos concretos, pois nda foi aleatório, mas fruto de um grande esmero. 
 
Como primeiro ponto, a permanência da mesma formação, desde o primeiro disco, é um fator fundamental para o bom andamento da carreira da banda. Em segundo lugar, os anos de labuta na estrada, certamente calejaram-na. Depois de muitas viagens, incluso shows em diversos estados do país, isso contribuiu decisivamente para o fortalecimento do grupo, ao solidificá-lo tremendamente. E um terceiro ponto, e aí trata-se de um ato de fé: a banda não mostra-se nem um pouco preocupada com o que esteja ou não, em voga no mundo da difusão cultural oficial, a dita mídia "mainstream". 
 
E ao não preocupar-se em galgar degraus para alcançar tal patamar de popularidade a todo custo, tal qual artistas popularescos que costumam contratar escritórios especializados em gestão de carreira, antes de pensar na sua própria música, os componentes d'A Estação da Luz dão de ombros para esse sucesso de plástico, efêmero e que não dura até o próximo verão, e dessa forma mergulham em sua produção para abraçar o âmago da arte verdadeira, aquela que vem do coração e da alma, ou seja, burilar uma obra valorosa a perpetuar-se. Em suma, raciocinam como artistas genuínos e não como essa turba que domina o mundo mainstream e que usa a música meramente para ficarem "famosos".

Sobre a questão estética, para quem não conhece a banda e nem leu a minha resenha anterior sobre ela, na qual englobou o seu primeiro disco no contexto, convido a realizar tal leitura. Eis abaixo o link para tomar conhecimento desse primeiro apanhado sobre a banda: 

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2013/04/estacao-da-luz-por-luiz-domingues.html 

Reitero que a banda mantém a sua coerência artística inalterada e de forma ilibada, eu acrescento. A sua intenção em beber na fonte de influências do Rock brasileiro e internacional das décadas de 1960 e 1970, é um fator preponderante para que expresse a sua criação a adotar uma riqueza inquestionável no tocante às mais nobres referências. 
 
Eu sei, nem todo mundo que ama essa estética, automaticamente reúne condições para fazer com que a sua criação fique à altura, pois não basta ouvir música de qualidade, porém outros múltiplos fatores precisam estar contidos neste bojo. Caso contrário, alguém que ame Frederic Chopin, mas nunca chegou perto de um piano na vida, tocaria e comporia “noturnos” divinamente só pela boa influência, porém não basta apenas ouvir a melhor música do passado para que crie crie pérolas do mesmo nível.  
 
Nesses termos, A Estação da Luz é uma banda muito bem embasada na sua identidade artística, pois não só é municiada pelas melhores influências no mundo do Rock (fora as boas doses de Black Music, incluso o Soul, Blues & Jazz; MPB; Folk Music etc), mas também é muito rica tecnicamente, por ter em suas fileiras, instrumentistas & vocalistas de alto padrão e por conseguinte, que compõem e arranjam muito bem o seu material. 
 
Se existe um ponto mais frágil nessa estrutura, esse não chega a desabonar o trabalho, e pode ser melhor apurado em outros trabalhos futuros, tranquilamente. Refiro-me à parte de texto, com letras não muito profundas na maior parte das canções. São poesias bem escritas, a priori, mas a temática em sua maioria, versa mais pela relação Homem-Mulher, sem maiores voos, e nesse caso, aprofundar mais, seria mais estimulante para se coadunar melhor com temas musicais mais complexos, principalmente ao se esbarrar no Prog-Rock explícito, mas neste trabalho e no anterior, igualmente, não houve essa preocupação mais acentuada (há exceções), contudo, repercuto melhor isso quando falar sobre as faixas, detidamente, logo mais.
Ouvir o CD “O Segundo” é como escutar um bom disco de Rock brasileiro da década de setenta, mas também é como se fosse algum oriundo da safra da MPB daquela mesma década citada, mesmo por que, a MPB setentista foi em essência, híbrida, ao mostrar-se praticamente como um Folk-Rock Hippie, apesar dos nossos acentos culturais regionais nítidos e sem nenhum demérito, muito pelo contrário, tendo isso como um grande mérito, deixo isso bem claro. Sobre as faixas desse trabalho, tenho muitas observações positivas.
“Sem Direção” inicia o álbum e o seu embalo remete ao Country-Rock, portanto, é muito saboroso, enquanto clima ameno e a fugir da máxima que todo produtor fonográfico prega, ao dar conta de que a primeira faixa de um álbum tem que ter o poder de um “soco no estômago do ouvinte”, para visar gerar o forte impacto primordial. Não acho errado o conceito em si, mas quebrar o paradigma e apresentar um começo ameno, também pode ser agradável, e foi exatamente o que aconteceu com essa canção. 
 
Musicalmente, lembrou-me muito o velho e bom “Rock Rural” de "Sá; Rodrix & Guarabyra", mas também canções oriundas dos primeiros discos solo dos ex-componentes dos Beatles, notadamente os de George Harrison e Ringo Starr. Há um delicioso "Steel Guitar" que permeia uma voz suave e intermitente ao longo da canção, aliás muito inspirado da parte do ótimo guitarrista, Cristhiano Carvalho e como base harmônica, o tecladista Alberto Sabella arrebenta, não só pela execução, mas pelo feliz arranjo que criou, ao utilizar vários teclados sobrepostos. É muito rica a intervenção do piano Fender Rhodes, inclusive a imprimir desenhos interessantes, versados pelo efeito do contraponto e a presença do imponente órgão Hammond, impressiona, inclusive pela sua sobra estratégica, ao final.
 
Gostei muito do timbre do baixo, bem encorpado, mas igualmente da linha criada, todavia convenhamos, das mãos de um baixista da categoria de Vagner Siqueira, só vem coisa boa, naturalmente. E a melodia principal, entoada pela cantora, Renata Ortunho, contém a docilidade compatível com o clima da canção, onde o arranjo muito adequado, faz com que a banda flutue ao ritmo do slide-guitar.
Na segunda faixa, “Pensar em Você” (“Tudo é Saudade”), mergulha-se em um clima sessentista muito agradável. Parece aquele tipo de som "Bubblegum", típico da metade daquela década, mesclado com a tendência típica daquela safra de artistas britânicos dessa seara, que revisitaram com extrema felicidade o cancioneiro popular europeu dos anos vinte e trinta, do século passado. E assim, naquela levada rítmica bem característica, com condução harmônica bem forte em acentuações de tônica e quinta acima ou tônica e quarta abaixo, a banda soa como o "Small Faces" a brincar no "Itchycoo Park", ou os "Mutantes" na Rua Augusta, portanto, A Estação da Luz resgata tal tradição perdida no Rock (infelizmente), com bastante inspiração. 
 
Gostei muito do apuro no arranjo vocal dos backings, com desenhos engenhosos a trespassar por baixo da voz principal. Em um dado instante, uma intervenção muito rica de percussão (que deduzo ter sido uma ideia do excepcional baterista, Junior Muelas), é sutil, porém, de uma riqueza enorme. Ali ele risca-se o guiro, literalmente, e tal medida percussiva gera um efeito incrível. 
 
Também chamou-me a atenção o solo de guitarra de Cristhiano Carvalho, com uma linda interpretação, ao fazer uso de notas longas, esticadas ao estilo de um “ebow”, e também por uma sutileza que ficou ótima, ao trabalhar com a chavinha de mudança de captação, acintosamente, seguramente a seguir a tradição do mago, Ritchie Blackmore. 
 
Em seu término, a música apresenta uma mudança rítmica acentuada, com teclados; baixo & bateria a imprimir um balanço "soul" incrível. O piano insinua-se como clavinete, mesmo, e a “setenteira” nessa hora é irresistível em seu apelo para balançarmos o esqueleto, mesmo que for só o pezinho, discretamente a marcar o ritmo no chão, caso o ouvinte seja muito tímido...
A terceira faixa, chama-se: “Dia de Domingo” e contém uma levada incrível. O "groove" da banda nessa faixa é impressionante, com todos os instrumentos a soar de uma forma magnífica. Não dá para destacar apenas um, gostei de todos os arranjos individuais. Baixo sensacional, guitarra estupenda, bateria fantástica e o órgão Hammond comandado por Alberto Sabella, arrebenta, ao parecer o som dos discos solos do Billy Preston, e com esse genial artista em pessoa, a atuar naquela pilotagem alucinante, que eu achava que só ele sabia fazer, mas o Sabella provou que eu estava errado... sem exagero algum. 
 
O vocal desenhado no início é muito bonito e a seguir, eis que surge a presença de uma voz masculina que conduz a melodia principal, para quebrar um pouco a marca da voz feminina oficial da banda, portanto é Cristhiano quem comanda, desta feita, ao invés de Renata. A canção apresenta muito da influência dos "Secos & Molhados", mas posso acrescentar nesse caldeirão, a presença do som de Zé Rodrix e basta ouvir os seus discos solo (ótimos), dos anos setenta, para constatar a minha impressão. Os timbres também ficaram magníficos, tudo soa encorpado e brilhante ao extremo. Adorei uma convenção feita com intenção de "groove", absolutamente incrível.
A seguir, uma faixa instrumental e sensacional, com mais um Funk-Rock de enorme balanço. É até constrangedor usar a palavra “Funk” nos dias atuais, dada a apropriação indébita em que esse termo foi submetido, mas ora bolas, o que temos aqui é o genuíno "funk" setentista, um nobre derivado da Soul Music e do R’n’B, portanto, é isso, aí, podes crer, amizade...
 
Sobre o tema em si, digo que é mais uma prova cabal de que os membros d’A Estação da Luz não estão para brincadeiras, pois eles descem o braço, ao imprimir um balanço maravilhoso que muito lembrou-me o trabalho do "Som Nosso de Cada Dia", quando esta banda histórica brasileira aventurou-se através do Funk-Rock, ao final dos anos setenta. Não sem antes apresentar uma introdução muito técnica, ao estilo do Jazz-Rock da banda argentina, "Crucis", ao menos na minha percepção pessoal. Tudo soa bem nessa faixa, de forma impecável. Gostei também da rica intervenção de um músico convidado, Victor Hugo, que trouxe o seu providencial saxofone ao produzir o recurso do "crescente", um típico efeito sonoro produzido por sessões de metais de bandas como: "Chicago"; "Blood; Sweat and Tears" e "Tower of Power", só para citar algumas poucas desse estilo, em temas "funkeados" assim. Portanto, um acréscimo genial, a caracterizar a dita"cereja no bolo". 
 
A destacar-se igualmente os solos e timbres diferenciados nos sintetizadores e na guitarra, inclusive um belo duelo de solos entre os instrumentos, uma outra tradição esquecida, todavia, essa banda orgulha-se em buscar o fio da meada perdido, amém!
“O Segundo”, faixa título do álbum, inicia-se com efeitos de sonoplastia. Trata-se de barulho urbano da madrugada, com o ruído de carros a passar distante e latidos de um cachorro, tudo muito sutil. Logo a instrumentação começa e mostra uma balada muito boa, com melodia e força interpretativa bastante condizente. 
 
Renata Ortunho, nessa faixa, lembrou-me bastante cantoras não tão conhecidas do público atual, como Luisa Maria; Tuca e Olivia Byington. O slide da guitarra produz uma melodia bastante melancólica, mas no bom sentido do termo, portanto ao evocar o "Mahatma" George Harrison, que foi um grande mestre em criar pérolas lindas dessa monta. 
 
Gostei muito de alguns acentos convencionados, ao demonstrar mais uma vez que esses artistas sabem arranjar bem as suas canções. Na parte final, o timbre do sintetizador e a condução rítmica desdobrada, remeteu-me ao som dos discos do David Bowie, bem no início dos anos setenta, tais como "Space Oddity"; "The Man Who Sold the World" e "Hunky Dory". Tem algo do "Uriah Heep" também, via Ken Hensley, naturalmente. É bem interessante o efeito fantasmagórico, apresentado no encerramento da canção.
“Na Contra Mão” é uma faixa que tranquilamente poderia figurar em um álbum como: “Atrás do Porto Tem uma Cidade”, de Rita Lee & Tutti-Frutti. Impressionante a proximidade de sua estética, com a desse trabalho que citei. 
 
Há um belo timbre de piano, e com o baixo a marcar com peso e também com timbre muito bom. Através de uma interessante parte "C", outra vez a banda busca a inspiração sessentista, ótima. Aquela doce evocação da década de trinta, mas com visão Rocker, ou seja, a se tratar de uma marca registrada, entre tantas, dos anos sessenta. 
 
Solo de guitarra de arrepiar, curto, mas intenso. Adorei o uso do efeito "staccato", além da campana dos pratos, percutida com muita classe por Junior Muelas. A letra tem um quê de tomada de posição em quebrar paradigmas, portanto, casa-se com o astral dos anos sessenta & setenta que ela carrega. Gostei desse trecho da letra: “Por isso eu vou dizer p’ra todos o que eu quiser, p’ra todos que eu quiser, p’ra todo mundo".  Uma afirmação forte e com suas sutilezas inerentes e pontuadas pelas vírgulas bem colocadas, portanto um bom jogo de palavras.
“Meu Amigo George” começa com um alarme falso. A contagem verbal dá o comando para o ataque inicial dos instrumentos, mas logo a seguir, uma nova contagem surge, para aí sim, a música deslanchar. Faz anos que não ouvia uma banda fazer uso desse recurso em um disco, portanto outro sutil resgate que a banda promove. Lembrou-me da canção: “I Want Freedom” do "Grand Funk" (LP "Survival" - 1971), por exemplo. 
 
Aqui, trata-se de uma canção com forte intenção psicodélica, com bela linha de baixo e condução muito boa do órgão Hammond, tendo o devido reforço da Caixa Leslie a girar em velocidade rápida. E gostei muito dos backing vocals entoados, sem letra, a cantarolar uma bela melodia.
“Vício Sem Fim” tem muito colorido harmônico. Arpejos de guitarra com um brilho intenso, baixo encorpado e a tecladeira de Alberto Sabella a trabalhar com multiplicidade. Apreciei muito a escolha de timbres dos sintetizadores, alguns a fazer uso do efeito Theremim, algo sensacional, além do órgão Hammond a usar o som de flauta, e assim imprimir uma certa docilidade à canção. 
 
Em uma outra parte, há uma acento brasileiro muito interessante, que remeteu-me ao som de Elis Regina nos anos setenta, quando esta cantora histórica e na companhia de seu então marido, o brilhante, Cesar Camargo Mariano, incorporaram o Rock ao seu trabalho, através da eletricidade encontrada e assumida. 
 
Adorei o timbre da bateria, aliás isso vale para o disco inteiro, que observa o mesmo padrão, mas nesta faixa com andamento mais reduzido, deu para apreciar cada peça com maior precisão e esse som seco, com o mínimo de reverber na sua resolução final, é sem dúvida o o som de bateria que eu mais gosto, igualmente. Em suma, como é bom ouvir uma bateria soar como se deve, ou seja, como uma bateria, verdadeiramente, em torno do seu som puro e assim deixar a cargo do baterista, a missão de explorar o seu timbre.
“Real Loucura” fecha o disco, e de fato é uma faixa intensa. Aqui a banda deixa um pouco de lado seu lado mais doce e investe forte em sonoridade progressiva, verdadeiramente, para imprimir uma quebradeira rítmica e harmônica, muito grande e a obrigar assim, a melodia a ser mais ousada. 
 
Lembra a música: “Cais”, do Milton Nascimento, logo no início, dada a sua característica soturna, mas intensamente bela, como é a canção do Milton e principalmente na interpretação da Elis Regina, neste caso. Alguns trechos remetem ao "Gentle Giant" e para situar mais em nossa realidade tupiniquim, lembra o som do "Terreno Baldio", do saudoso João Kurk. 
 
Na parte final, um Prog-Rock bem "nervoso", deveras cerebral e com a introdução de um solo de saxofone incrível (mais uma vez graças a participação do músico convidado, Victor Hugo), e também pela insanidade instigante que ficou garantida, portanto fez jus ao título da canção. É de fato uma “Real Loucura”. 
 
Por um segundo, o ouvinte desatento poderá achar estar a ouvir o LP “Lizard” do "King Crimson" (lançado em 1971), mas é A Estação da Luz a quebrar tudo, sob uma loucura intensa. A letra investe nessa perspectiva, também: “Sobriedade te faz entender, real loucura é sobreviver, ainda insiste em ser sentido, na esperança de ser compreendido”
Sobre a arte gráfica, é muito bela a imagem de uma locomotiva, uma velha “Maria Fumaça” indo com tudo sob os trilhos, com faróis acesos. A metáfora é boa ao mostrar, sim, uma máquina do passado, mas que vai para a frente e retrata o que A Estação da Luz de forma contundente faz na prática, ao unir o melhor do passado à realidade contemporânea. Uma banda que busca as melhores influências possíveis, mas que está atuante aqui e agora, para tocar com muito vigor. Destaca-se também a foto da banda sob efeito 3D e inevitavelmente salta-me da memória o LP "Shinin' on" do "Grande Funk", que usou desse mesmo expediente em 1974.

O disco foi gravado; mixado & masterizado no estúdio “Área 13”, de São José do Rio Preto-SP. Criação da capa; lay-out final e fotos, a cargo de Fabio Mata

A formação da banda nesse disco foi:
Renata Ortunho: Voz e Percussão
Cristhiano Carvalho: Guitarra; Violão e Voz
Junior Muelas: Bateria; Percussão e Voz
Alberto Sabella: Teclados e Voz
Vagner Siqueira: Baixo

Músico especialmente convidado:
Victor Hugo: Saxofone em “Papo Furado” e “Real Loucura”
A Estação da Luz  Da esquerda para a direita: Vagner Siqueira; Alberto Sabella, Renata Ortunho, Cristhiano Carvalho e Junior Muelas 

Ouça esse álbum na íntegra, nas seguintes plataformas virtuais:
Deezer; Spotify; Google Play; Itunes ou Apple Music, a acessar o mesmo Link abaixo:
https://onerpm.lnk.to/AEstacaoDaLuz 

E também disponível no espetacular Site "Nave dos Deuses", um dos maiores, senão o maior arquivo vivo do Rock Brasileiro de todos os tempos:
http://navedosdeuses.com.br/release/o-segundo/

Recomendo a audição do álbum, com ênfase e convido o leitor a não perder um show dessa banda, quando ela estiver em sua cidade.

Para conhecer melhor o trabalho da banda, acesse:

Página no Facebook :

Contato por E-Mail :      

aestacaodaluz@gmail.com

 

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Ao Ir de Encontro ao Sonho de Dom Bosco - Por Luiz Domingues



Pouco importa qual seja o partido político, o lado da polarização forjada na qual o cidadão é induzido a simpatizar mais, as convicções acerca de ideologias sociopolíticas, a discussão sobre ser preferível um modelo de estado controlador via ditadura ou se pela ilusão de que um estado mínimo abra caminho automático para que "empreendedores" não gananciosos irão regular a sociedade, se quem controla o mundo é a força oculta operada mega armação de cunho político com suporte bélico e o restante das ações observadas no seio da sociedade, representem um mero jogo de cena.  
 
Esta expectativa pueril da parte do cidadão comum é uma visão bonita a fantasiar em meio a um ideal de "bom-mocismo" sobre o panorama sociopolítico, filosófico e comportamental em geral dentro da sociedade, se analisado sobre o prisma mais inocente, da parte de quem realmente deseja o bem da humanidade em princípio, sob auspícios messiânicos, digamos assim, mas ignora o que realmente representa a sanha pelo controle do mundo e a sua ação agressiva em torno da dita geopolítica.

Portanto, se visto com essa lente da ingenuidade de Pollyana, o que vivemos atual e intensamente no Brasil, seria na verdade uma vontade de estabelecer uma operação de limpeza ética sem precedentes e que buscaria a sua mais profunda e maldita raiz que, em tese, seria a quebra do paradigma em torno do popular e famigerado: “Jeitinho brasileiro”, que avaliza a bandalheira generalizada, em todos os níveis e camadas, não importa o estrato social. 

Nesses termos, a ideia da roubalheira desenfreada, alimentada por um Ego sem limites que não se sacia nunca e pelo contrário, quanto mais rouba, mais deseja roubar, seria a raiz de todos os nossos males. Esses malditos acumuladores de riqueza, conquistada através das negociatas, operações escusas e demais práticas nada honestas e que não tem nenhum escrúpulo ao acumular bilhões sem nenhuma função prática para tal (pois não gastariam nem 10% do que já tem, exatamente porque não há como um ser humano gastar tudo em bens de consumo nessa escala, mesmo ao se considerar a profunda falta de bom senso dessa gente), seriam então os maiores facínoras do planeta.
 
Dessa forma, eliminá-los, resolveria toda a problemática da falta de recursos para se prover a falta de infraestrutura que atinge as camadas mais humildes da população, certo? 
No entanto, pode ser pior, sim, o infinito poço sem fundo e imoral desses crápulas que é abissal, e sendo assim, não obstante o fato de qualquer roubalheira do erário público ser absurda pelo fator moral e ético, a ostentação indecente e que esbarra no desperdício escandaloso desses montantes astronômicos é inversamente proporcional à miséria e atraso de qualquer nação. 

Por exemplo, a constatação de que pessoas estão a morrer por falta de atendimento em hospitais públicos, por que falta recursos, só reforça a ideia de que os hospitais poderiam funcionar sob um padrão de primeiro mundo, com equipamentos em ordem, prateleiras repletas com materiais e médicos, enfermeiras e técnicos a ganhar bons salários, e assim trabalhar com motivação total etc. 
 
Todavia, o raciocínio não pode ser tão simplório assim, ao se atribuir à corrupção de um funcionário público ou um parlamentar que causou uma malfeito, toda a culpa pela inoperância, não apenas no setor da saúde, mas em toda a cadeia de serviços. 
 
A quem interessa a deturpação total dos fatos, com a invenção de narrativas movidas pela vergonhosa mentira deslavada, as provas forjadas e os falsos testemunhos? 
 
E os que trabalham com afinco para destruir todo o serviço público, à guisa de nos empurrar o conceito de que um serviço privado funcionaria melhor, pois o estado não sabe administrar nada? 
 
E nesse caso, em conluio com uma mídia nada isenta, espalham a ideia de que "gestores", "Ceo's" e que tais, seriam a solução, quando na verdade, tais executivos querem mesmo é lucrar ao máximo. 
 
Portanto, cai por terra a ideia do estado mínimo, com a vida organizada pelo "mercado", pois na prática, o mercado é predador ao extremo e na ponta do lápis, fica patente que a corrupção é um mal a ser extirpado, sim, mas está longe de ser o pior dos nossos problemas como o nosso único empecilho para pleitear mais igualdade social, aliás, longe disso, a caracterizar um engodo.  
Em outro setor, ao verificar-se a escalada do crime, é inacreditável que as forças policiais estejam tão mal preparadas, com o seu pessoal pessimamente remunerado, sem equipamentos à altura e que não haja uma inteligência super preparada pela crescente tecnologia ao seu favor, a antecipar os planos dos criminosos, e assim evitar que os seus ardis logrem êxito. Ingenuidade da parte de quem sonha com algo tão trivial?

Escolas, do berçário à Universidade, a cair aos pedaços, com professores super maltratados, inclusive a trabalhar com medo em meio a balas perdidas e a lidar com alunos cada vez mais agressivos, e lógico, por ser tal comportamento da parte das crianças & adolescentes, um mero reflexo da mesma situação aviltante. Mas neste caso, o sucateamento completo do sistema de ensino público não desnuda a intenção velada de quem deseja que a educação seja inteiramente privatizada? Então, se há um grito a induzir a massa contra a corrupção que remete aos desvios, que se prenda o malfeitor responsável, mas convenhamos, não é bem isso o que está em jogo, não é?

Vemos estradas sob condições miseráveis, a produzir mortes, famílias destruídas por conta dessa dramática situação e sem contar os prejuízos generalizados, direto ou indiretamente a revelar o atraso do país, também no quesito da infraestrutura. 
 
Fora o descaso com outros meios de transporte, como as estradas de ferro e as hidrovias, porque conluios privilegiam as estradas de rodagem, por interesses escusos. Bem, desde o tempo Imperial o interesse dos poderosos é que norteia a expansão da infraestrutura logística, não é mesmo?
 
E assim, ponto a ponto, todo item que eu observar e o leitor também vier a se lembrar e que seja pertinente a retratar a miséria do Brasil em contraponto ao fato de que os recursos aqui gerados seriam mais do que suficientes para suprir isso e com sobras, até, é certeza de que não é apenas o malfeito eventual de um ladrão a agir, mas a ação predatória dos poderosos age por trás de tudo, de uma forma incrível e assim, somos atacados por todos os lados. 
 
Os pequenos gatunos precisam ser detidos, naturalmente, mas a força maior que realmente influi para manter o povo sob um regime de escravidão feudal, além de se manter incólume, usa de artifícios midiáticos para incutir no povo, a ideia de que o grande problema é apenas a corrupção. É também, não vou negar ou minimizar, mas creio que o caminho para se desvelar a realidade é bem mais longo do que os ingênuos deduzem ser necessário.
José Melchior Bosco foi um padre da ordem salesiana, nascido na Itália, em 1815. Muito antes de entrar para o seminário, ainda na tenra infância, ele demonstrava uma incrível capacidade de ter experiências extra-sensoriais, através de sonhos premonitórios. E tal capacidade, ele levou vida adiante, ao ter muitas experiências desse porte e com índice de acerto muito grande, como ficou conhecido. 

E entre tantos sonhos que teve, em um deles, ele mencionou o Brasil, e ocorreu em uma época em que este país mal passara da condição de uma ex-colônia de Portugal para um recém-fundado Império (deveras improvável, por sinal), em meio aos trópicos, portanto, aos olhos do mundo civilizado, completamente irrelevante. Em seu sonho, Dom Bosco, previu a construção de uma cidade, na exata localização de onde hoje se localiza Brasília, inclusive ao ter fornecido dados geográficos, sobre longitude e latitude. E ao ir além, ele previu que nessa cidade do “futuro”, haveria uma bonança, que guiaria uma nova ordem social para a humanidade.

Ao enxergar o mar de lama em que tal cidade veio a se tornar, pela ação das manipulações múltiplas em que ali foram instauradas, dá até para dizer que Dom Bosco errou parcialmente, pois no quesito “liderança para nova Era”, tal visão parece um paradoxo. Mas eu sou otimista por natureza e ao verificar essa visão do religioso, mesmo que soe como algo utópico, o sonho de Dom Bosco pode vir a ser interpretado ipsis litteris em algum momento adiante.

Não faz muito tempo, no Blog do meu primo, o filósofo Rubens Turci, ele fez uma explanação sobre o sonho de Dom Bosco, com o seu olhar mais centrado pelo viés da filosofia & espiritualidade. Veja essa reflexão, através do Link:

https://brahmanirvana.blogspot.com.br/2017/05/o-amigo-divino-politica-brasileira-e-o.html

E por fim, eis abaixo, a transcrição do sonho de Dom Bosco, que ocorreu em 1883:

"Eu enxergava nas vísceras das montanhas e nas profundas da planície. Tinha, sob os olhos, as riquezas incomparáveis dessas regiões, as quais, um dia, serão descobertas. Eu via numerosos minérios de metais preciosos, jazidas inesgotáveis de carvão de pedra, de depósitos de petróleo tão abundantes, como jamais se acharam noutros lugares. Mas não era tudo. Entre os graus 15 e 20, existia um seio de terra bastante largo e longo, que partia de um ponto ode se formava um lago. E então uma voz me disse, repetidamente: -Quando vierem escavar os minerais ocultos no meio destes montes, surgirá aqui a Terra da Promissão, fluente de leite e mel. Será uma riqueza inconcebível".
Só não se pode confundir tal belo sonho do religioso com a possibilidade de que um certa operação com forte apelo midiático em voga (2017), seja a oportunidade para concretizar a profecia dele, pois esta faz justamente o contrário do que afirma fazer, ou seja, na realidade, conspurca a imagem da honestidade. Batizada popularmente como a designar uma ação de limpeza, na verdade, deixa um rastro de imundície sem precedentes na história.