sábado, 30 de abril de 2022

CD Na Cidade Rock/Blues Riders - Por Luiz Domingues

Ao subverter a ordem cronológica esperada, eu preparei anos atrás a resenha do terceiro álbum do grupo de Rock, “The Blues Riders Band” (ou mais popularmente conhecido pela sua forma abreviada: “Blues Riders”), e somente agora estou a analisar o seu primeiro trabalho lançado no longínquo ano de 2000. Todavia, há uma razão para justificar tal ordem supostamente aleatória na minha decisão de escrever esta resenha.

Ocorre que a banda lançou uma versão remasterizada desse álbum em 2014, a apresentar novidades ótimas como bônus, aliás, de uma forma muito além do usual como se observa comumente no mercado fonográfico, pois com tantas faixas a mais como bonificação ao consumidor, praticamente tornou esse relançamento como um álbum duplo, portanto indispensável ao colecionador em geral e fã em específico do trabalho desse grupo.

Sobre o trabalho original do álbum “Cidade Rock” lançado em 2000, trata-se de um conjunto de canções fortemente amparadas pela estética do Blues-Rock sessenta-setentista e que adentram ao campo do Hard-Rock, igualmente. Portanto, em seu bojo, o som produzido pelo Blues Riders em seu primeiro álbum ofertou ao público um cartão de visitas fidedigno sobre a proposta sonora que essa banda propunha desde a sua fundação nos anos noventa e que manteve ao longo da sua carreira a posteriori, é bom registrar isso, a aproveitar o fato de que nesta altura dos acontecimentos eu tenho o tempo histórico a meu favor para confirmar tal tese.

Sobre a arte gráfica, há uma boa a ilustração a mostrar os componentes da banda na porta de um teatro, cujo letreiro de atrações mostra que eles vão se apresentar ali naquela noite e certamente a apontar o nome do álbum e da banda nos caracteres como inscrição primordial. Acompanha como fundo, a paisagem urbana de uma grande metrópole a reforçar o conceito da “Cidade Rock”, a se valer da selva de pedra como base Rocker da sua identidade assumida.

Na contracapa, a ilustração assume ares mais a ver com a busca pelo lado metafórico e lúdico, certamente, ao retratar os componentes da banda dotados de asas angelicais a observarem a urbanidade da megalópole do alto do topo de um edifício e prestes a alçarem voo sobre a “Cidade Rock”.  

Já na versão de 2014, a opção da apresentação para a contracapa foi no sentido de usar a simplicidade, ao alojar a relação das músicas e das faixas oferecidas como bônus e algumas poucas informações técnicas a explicar a questão da remasterização, sob um fundo preto discreto.

Sobre as músicas contidas nesse álbum, vale a pena acrescentar mais algumas observações.

Eis o link do Soundcloud para se ouvir a primeira faixa do disco: “Aqui Estou Eu”.

https://soundcloud.com/user-359261239/aqui-estou-eu

Aqui Estou Eu” mostra um Blues-Rock que já entra em cena com um riff poderoso e para enriquecê-lo, há um micro solo de guitarra. A banda mostra uma consistência enorme, mediante cozinha firme como uma rocha, ótimas guitarras e um trabalho de voz ao estilo arrasa-quarteirão, para mostrar bem a contundência do trabalho.

A segunda faixa, “Deixa o Rock Rolar”, tem uma vibração enorme. A sua estrutura harmônica (e melódica) é bem na linha do Blues-Rock mais clássico, mediante um riff a conter gancho forte, executado com maestria pelo trio de cordas da linha de frente e acompanhado pela divisão perfeita da bateria, na retaguarda da banda.

Vem a terceira faixa, “O Jogador”, com uma intenção explícita de Rock’n’ Roll mais acelerado. O refrão é muito bom, ao se mostrar conveniente no sentido de provocar a interação imediata da plateia nas apresentações da banda, ou seja, algo que aconteceu muito na realidade, certamente nos anos posteriores ao lançamento da canção em disco.

Carpe Diem” é a próxima faixa e mostra uma linha de guitarras que lembra bastante o som de bandas britânicas do início dos anos setenta, incluso na bela introdução com um solo bem melódico. Há o recurso da desdobrada rítmica no meio da canção, algo bem setentista em essência e que funciona muito bem.

Pra Sempre” vem com andamento mais lento, bem marcado pela banda e com a presença de um contrasolo de guitarra com timbre limpo logo no início, a se mostrar bem bonito. É na prática, uma balada densa, com forte senso melódico. Destaque para a dramaticidade da interpretação vocal e do belo solo de guitarra em paralelo ao vocalize final.

O Feeling do Momento” começa como um blues lento e bastante marcado. É um tema muito agradável de se escutar pela sua forte identificação com o Blues urbano denso. O seu vigor impressiona, ao introduzir uma linha de guitarras sujas que se mesclam com partes a conter arpejos mais delicados e dessa forma a estabelecer um contraste muito criativo. A presença de uma gaita nesse arranjo traz um colorido todo especial ao tema.

Ouça a música “Sacudir e Rebolar” através da plataforma “Soundcloud”.

Eis o link para acessar:

https://soundcloud.com/user-359261239/sacudir-e-rebolar

Sacudir e Rebolar” é um Blues clássico e para reforçar o conceito, a sua introdução acústica com bottleneck nos transporta de imediato aos rincões remotos do sul dos Estados Unidos em meio às encruzilhadas de estradas rurais que evocam o misticismo do Blues e que tais.

Mas a eletricidade vem a reboque e o tema se torna um Blues-Rock com contundência em sua parte final, com muita propriedade, aliás.

Streap-Teaser”/Taxi Girl” é a oitava faixa e traz a atmosfera do Blues-Rock mais uma vez. O peso em torno da divisão bem marcada, impressiona.

Há um corte brusco na linha rítmica, com a banda a acelerar para atingir um Rock empolgante e com direito a um bom solo de gaita a permanecer nesse mesmo embalo.

Ao final o encerramento padrão do Blues tem na interpretação vocal um ponto forte, com certeza.

Nada Sem Amor” é um Rock de respeito na sua formulação de riff, harmonia e divisão rítmica. O refrão é estrategicamente colocado para buscar a interação com o público. O solo de guitarra segue no embalo proposto e se mostra muito eficaz nesse aspecto.

Ouça a canção “Easy Rider” através da plataforma “Soundcloud”.

Eis o link para acessar e ouvir:

https://soundcloud.com/user-359261239/easy-rider

Easy Rider” é um Hard-Rock bem setentista na sua estética. É ótimo o trabalho das guitarras e do baixo, pois além de muito bem tocado, está com um peso muito grande que impressiona.

Eu Sou a Loucura” é a penúltima faixa do disco. Tem um riff excelente. Gostei muito da linha de bateria e mais uma vez da excelente atuação do baixo.

Ouça a música “Cidade Rock” através da plataforma “Soundcloud”.

Eis o link para acessar:

https://soundcloud.com/user-359261239/cidade-rock

Cidade Rock”, é a faixa homônima ao título do disco, e que se tornou um hino da banda em seus shows, de imediato, desde que ela foi lançada e sem nenhum exagero, é um dos grandes sucessos do grupo, desde sempre.

Rock vigoroso, fala sobre a cidade de São Paulo em seu aspecto de megalópole e a mensurar os aspectos bons e ruins que justificam que ela seja considerada uma cidade intimamente ligada ao Rock.

O seu refrão a dizer: “São Paulo, Cidade Rock” é sempre cantado a plenos pulmões pelos fãs da banda em suas apresentações.

Para resumir, o álbum debut do grupo “Blues Riders”, lançado inicialmente em 2000 e depois remasterizado em 2014, tem em sua constituição, um apanhado de Rocks e Blues, amalgamados pela essência do Blues-Rock, Hard-Rock e Rock’n’ Roll, com bons arranjos individuais e coletivo, força na interpretação e uma inegável paixão pelo Rock que está impregnada em todas as suas faixas.

Na versão remasterizada de 2014, os bônus são generosos, a se provarem como um grande presente da banda aos seus fãs.

Para início de conversa, as primeiras oito faixas desse repertório adicional, são temas gravados ao vivo, durante o show que a banda protagonizou no Teatro Ritmus, especificamente no dia 17 de maio de 2003. Tais canções estão com uma energia incrível, típica de disco ao vivo, e estão muito bem gravadas em seu áudio, portanto que presente incrível que a banda proporcionou aos seus fãs!

Tais faixas bônus gravadas ao vivo em tal ocasião, são: “Amém Rock’n’ Roll”, “Aqui Estou Eu”, “Deixa o Rock Rolar”, “Pecado Sem Perdão”, “Eu Sou a Loucura”, “Streap-Teaser/Taxi Girl”, “Sacudir e Rebolar” e “Easy Rider”.

Como o leitor pode notar, a maioria desses temas pertence ao álbum “Cidade Rock” e as demais, são do segundo álbum que a banda lançou na sequência da sua carreira, chamado: “A Sagrada Seita do Rock’n’ Roll”, este lançado em 2009.

E como se isso não bastasse, eis que há mais uma faixa bônus adicional. Trata-se de uma versão da canção: “Deixa o Rock Rolar”, oriunda de uma primeira gravação que a banda fez para essa canção, antes de lançar o seu primeiro disco oficial, “Cidade Rock”, neste caso, a se tratar de um trabalho efetuado em março de 1996.

Em suma, mesmo que o fã do Blues Riders tenha na sua estante a versão original de “Cidade Rock”, eu não tenho dúvida de que vale a pena adquirir a versão remasterizada de 2014, primeiro pelo ganho na qualidade de áudio e sob uma segunda instância, sobretudo pelos muitos bônus disponibilizados, portanto, esta versão veio a se tornar obrigatória para quem tem espírito de colecionador.

Eis abaixo a ficha técnica do álbum original de 2000 e também os dados adicionais referentes ao relançamento de 2014.

Formação da banda na ocasião:

Augusto Marques: Guitarra, voz e gaita

Áureo Alessandri: Guitarra e voz

Alvaro Sobral: Baixo

Marcos Kontis: Bateria

Gravado no Local’s Band Studio entre janeiro e maio de 2000

Técnico de som (tape operator): Alexandre Luiz

Engenharia de áudio: André Lourenço

Auxiliar de produção: Alvaro Sobral

Masterização: Rogério Carnaúba (MCK)

Capa e contracapa: Ilustrações de Leonardo Lorena/Fotos: Fernando Cesar Bogo/Auxiliar de fotografia: Sergio Pera/Modelo: Regiane Menezes/Maquiagem: Rose Pinheiro/Design Gráfico: Ronaldo Lima/Direção e produção de arte final: Alvaro Sobral/Coprodução de arte: Paulo Sequeira/Composição gráfica: Marcelo Guabiraba (MCK)/Diagramação: Aurélio (MCK)

Produção geral: Peter Heisenberg

Coprodução, composições e arranjos: Blues Riders  

Produção do relançamento em 2014:

Remasterizado no Digital Studio em maio de 2014

Remasterização: Jorge Luiz Alves

Faixas 13 a 20 gravadas ao vivo no Teatro Ritmus em 17 de maio de 2003

Faixa 21 gravada no estúdio “Pró-Studio” em março de 1996

Relançamento do disco “Cidade Rock”, remasterizado e com bônus, comemorativo aos vinte anos de carreira da banda: Junho de 2014

Produção geral de Áureo Alessandri e Jorge Luiz Alves

Para conhecer melhor o trabalho do Blues Riders, acesse:

Facebook:

https://www.facebook.com/profile.php?id=100062868997097

Contato direto com a banda:

blues.riders.oficial@gmail.com

Souncloud:

https://soundcloud.com/user-359261239/cidade-rock

Palco MP3:

https://www.palcomp3.com.br/bluesriders/

YouTube:

https://www.youtube.com/user/BluesRidersOFICIAL/videos

A resenha de minha autoria sobre o terceiro álbum da banda, “Domador de Tempestades”, está presente no meu Blog 1, acesse:

http://luiz-domingues.blogspot.com/2017/11/the-blues-riders-cd-domador-de.html

terça-feira, 19 de abril de 2022

CD Blues Quasar/Marcião Pignatari - Por Luiz Domingues

Guitarrista fortemente versado nas tradições clássicas do Rock’n’ Roll e do Blues, Márcião Pignatari é mais do que um ótimo músico, compositor e cantor, mas é também um artista que se comunica com grande desenvoltura e bom humor espirituoso com o público, ou seja, assisti-lo ao vivo é sempre muito prazeroso pela alta qualidade sonora e igualmente pelo astral bom que ele irradia de uma forma muito natural, por conta da sua personalidade.

Artista que já participou de vários projetos, ele mantém a sua banda em atividade, Márcião Pignatari & Os Takeus, sempre cercado por músicos de grande qualidade artística, além dele mesmo ser solicitado para atuar com outros artistas em gravações e apresentações ao vivo, dado o fato de que a sua presença em estúdio ou no palco, sempre abrilhanta o trabalho de quem quer que seja. 

Neste caso, o objeto desta resenha é o CD Blues Quasar, um trabalho solo que esse artista oriundo de Osasco-SP, lançou com bastante desenvoltura. A sonoridade é rica ao longo de todas as faixas, com um instrumental de alto padrão, obtido com uma formação bem básica, o clássico Power-Trio a conter guitarra, baixo e bateria. E como sempre ocorre nesse tipo de formatação, os três músicos se desdobram e preenchem todos os espaços com muita criatividade e uma força incontestável.

 

A respeito do aparato gráfico que acompanha o disco, ele se mostra bem simples, contudo, de bom gosto a mostrar uma ilustração frontal com a foto de um “Quasar”, literalmente, ou seja, um fenômeno astronômico observado pela ciência, a se caracterizar como um núcleo galáctico ativo, maior que uma estrela, porém menor que uma galáxia e no caso da capa, a se mostrar azul com uma esfera exterior amarelada e sob o fundo preto do espaço sideral. 

Na contracapa, se vê uma montagem de uma foto do artista e de seus músicos convidados, com o tom dourado a predominar como fundo. Em relação ao encarte, mostra-se uma foto a se destacar a presença da guitarra e dos amplificadores do Márcião, que insinuam a formação do “quasar” e assim a justificar o título do disco. Seguem fotos dos músicos e uma breve ficha técnica.

Sobre a música proposta pelo Márcião Pignatari, se trata de um conjunto de treze faixas e sobre as quais tenho a pontuar algumas observações.

Eis o link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=FfEHKRNQ2q0

68 Blues” é um tema instrumental a mostrar sonoridade muito agradável e que lembra muito o som de John Mayall & Bluesbreakers, bem ali na metade dos anos sessenta, com uma linha de Blues-Rock direta e reta, mediante uma timbragem bem limpa de todos os instrumentos, principalmente pela guitarra que destila o som puro da Fender Stratocaster.

A condução geral, tanto no aspecto harmônico, quanto na divisão rítmica é pautada pela linha tradicional do Blues e para enriquecer, há a presença de convenções pontuais. 

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=rnqb2u5szgE

A canção “Às Vezes” mostra um Blues-Rock balançado a pender para o R’n’B. Márcião mais uma vez desempenha com a sua guitarra mediante grande desenvoltura e os seus convidados, Marcos Soledade “Pepito” e Douglas Silva, vão juntos na mesma predisposição a acompanhar muito bem a intenção da canção.

Na parte cantada, Márcião lembra o estilo de interpretação do saudoso Celso Blues Boy e no aspecto da letra, a fina ironia se faz presente, ao discorrer sobre o fardo que é ter que conviver com um tipo de pessoa que se julga dotada da sapiência que na realidade não possui.

Eis o link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=jEcrYRiEJv0

Celebrar a Vida” tem uma pegada Blues com sabor Country-Rock, a la Southern Rock, que é muito interessante. É muito bom o solo e o refrão também é bem convidativo para se cantar junto à banda e afinal de contas, o mote da letra é mesmo celebrar a vida, ou seja, uma dádiva.

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=_0_6FjNfk9Q

De onde eu Venho” é um Blues-Rock vigoroso, a lembrar o som de Robin Trower, Cream e de seus contemporâneos. É muito bom o riff e a parte melódica, que é cantada com ênfase.

Eis o link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=2H2a3TPOP-M

Aquilo Lá” é um tema que pela timbragem e estrutura harmônica lembra bastante o som da Surf Music bem típica das décadas de cinquenta e sessenta, praticada por bandas instrumentais como The Shadows e The Ventures e por centenas de similares, inclusive no Brasil (Jet Blacks, The Spark’s, The Clevers etc). Tema gostoso de se escutar, mostra bem o desempenho preciso do Marcião à guitarra, sob fraseados mais rápidos.  

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=KAsSdOgbBcg

Em “Cowboy do Salão”, o estilo do Blues texano se faz presente com proeminência. A letra brinca com os clichês oriundos das tradições dos bares de música ao vivo, não só do estado do Texas como de outros estados do sul e oeste dos Estados Unidos, onde os músicos se acostumam a tocar em meio às brigas com garrafas que são arremessadas a esmo, inclusive sobre eles mesmos no palco.

Eis o link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=8LYbp3FalaQ

A sétima faixa, “Um Tempo Bom (Puteiro em Maislaqui)” tem o jeito brejeiro do Blues de New Orleans e como sugere o seu título, contém uma letra bastante satírica a descrever o ambiente de um prostíbulo.

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=1I-tUQnYvXk

Cigana” vem a seguir, com uma irresistível pegada a la Carlos Santana, com muita ginga mexicana na forma latinoamericana/hispânica para interpretar o Blues. 

Marcos Soledade, o grande “Pepito”, além de baterista é um excelente percussionista e assim, a sua contribuição nas congas e outros instrumentos de apoio, foi providencial. 

É ótimo o solo de guitarra e a inclusão de um violão também agregou bastante para encorpar a canção, além de brilhar no solo final a encerrar o tema, via efeito de fade out.

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=wfilIp26DxQ

Chega a nona faixa, “Pronto para Viagem” e a proposta é um estilo de Blues a pender para o Pop, embora a proposta instrumental remeta levemente à Surf Music sessentista, inclusive pelo bom uso do trêmulo na guitarra.

Eis o link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=erQkwQ3vwTA

De Galho em Galho” tem o seu riff bem orientado pelo Rock’n’ Roll na sua estrutura e lembra bastante o som dos Rolling Stones nos anos setenta. Trata-se de um som que produz o apelo à dança, portanto, é uma peça bem agradável.

Há um final falso que serve para criar uma atmosfera interessante como interlúdio e assim a música volta subitamente ao seu refrão para terminar enfim no embalo total.

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=3l0Xvi2OFBk

No Silêncio” é uma música que tem uma proposta de letra mais densa, o que me fez recordar do trabalho de Itamar Assumpção, com uma abordagem de poesia urbana. Eis um pedaço de um verso que me pareceu emblemático:

No Silêncio sentir o dom de respirar/No silêncio a vida que se tem

Na parte musical, a canção tem a pegada dos bons discos solo do Eric Clapton no início da década de setenta, em meio a um som orientado pelo R’n’B, bem balançado.  

Eis o link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=TzSI51OstiA

A décima segunda faixa é: “Só Pessoas”. Neste caso, se trata de um blues bastante ritmado e na sua letra, Márcio enfatiza o fato de que as pessoas são absolutamente iguais e dessa forma, a arrogância movida à exaltação das posses materiais e/ou em relação à posição social mais elevada, são meras ilusões que os prepotentes tem em mente para subjugar as demais pessoas. Eis um trecho da letra:

Nus em frente ao espelho somos só pessoas

Recado em tom de crítica social a parte, a música empolga por si só, ao se mostrar como um embalo de primeira qualidade.

Ao final, Márcio recita com ênfase: -“venha para a luz”, ou seja, que a prepotência dessa gente esnobe permaneça nas trevas...


Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=E0FzPzvQKgw

Feitiço de Áquila” fecha o disco e em grande estilo ao evocar a presença de Jimi Hendrix subliminarmente em seu estilo. Trata-se de um tema instrumental de uma beleza rara em termos de melodia, toda desenhada pela guitarra com bastante senso emotivo a alternar intensidade na dinâmica.

É belo o final ao se chegar no limite da saturação do amplificador e usar do recurso do “feedback”, bem ao estilo Hendrixiano.

E “O Feitiço de Áquila” em questão é uma lenda com teor medieval que fez grande sucesso como filme no ano de 1985 (“Ladyhawke”, título original em inglês, com direção de Richard Donner), a dar conta de uma maldição lançada por um feiticeiro inescrupuloso a um casal que ele almejou se vingar por ciúmes, no sentido de lhes impor que de dia a moça se transforme em um falcão e a noite, o rapaz se torne um lobo, para que assim, nunca se encontrem como humanos e consumam o seu amor. 

Para encerrar, eu recomendo bastante a audição do CD “Blues Quasar” do guitarrista, compositor e cantor, Márcião Pignatari, por considera-lo um bom disco a trabalhar com a base do Blues e Rock’n’ Roll e igualmente flertar com diversas variantes dessas correntes.

Gravado no Estúdio 500 de São Paulo

Técnico de som (captura): Mauricio Pastori

Mixado no estúdio Big Rec

Técnico de mixagem:  Mauricio Pastori

Capa/encarte: Case 21 Designer

Produção Geral: Márcião Pignatari

Banda:

Márcião Pignatari: Guitarra, violão e voz

Marco Soledade “Pepito”: Bateria e Percussão

Douglas Silva: Baixo 

Para conhecer melhor o trabalho do Márcião Pignatari, acesse:

Facebook:

https://www.facebook.com/adrian.pigblues

YouTube:

https://www.youtube.com/channel/UCXMaRA5uXPV8jtsWPoGaM6g

Spotify:

https://open.spotify.com/album/7n6JgtMplV6KuwO5K71Twd?si=Zrgky1j4R9qtqscm4l-rGA&nd=1

Instagram:

https://www.instagram.com/marciaopignatari/