Sou músico e escrevo matérias para diversos Blogs. Aqui neste meu primeiro Blog, reúno a minha produção geral e divulgo as minhas atividades musicais. Não escrevo apenas sobre música, é preciso salientar ao leitor, pois abordo diversos assuntos variados. Como músico, iniciei a minha carreira em 1976, e já toquei em diversas bandas. Atualmente, estou a trabalhar com Os Kurandeiros.
Eis aqui o
caso de uma comédia que foi escrita para satirizar o Rock como um todo, mas
também a esbarrar em muitos itens análogos e que de forma alguma pode melindrar
alguém, visto ser uma abordagem sadia e acima de tudo, muito divertida em sua
concepção. Em “Walk Hard - The Dewey Cox Story”, é traçado um paralelo muito
amplo da história do Rock, com bastante ênfase também na Folk Music, na Black
Music e no Pop de uma maneira geral.
A ideia
central a sustentar-se como mote é a clara inspiração velada na biografia do astro Country-Rock, o
polêmico, Johnny Cash. Porém, o grande mérito dessa produção foi ter abraçado
inúmeras outras referências do Rock e de outras escolas paralelas e sobretudo
por ter amarrado tantas ideias com o elemento do realismo fantástico, para
tornar cada menção, uma piada sensacional.
Bem, a
história do tal Dewey, inicia-se com um produtor a procurá-lo pelos bastidores
de um show de Rock mediante grande proporção. Dá-se a entender preliminarmente
que Dewey Cox é um astro da música e daí, inicia-se o flashback para que o
espectador conheça a sua trajetória, desde a sua infância. O filme recua então
para 1946, em uma pequena cidade interiorana norte-americana, onde Dewey vive tranquilamente
na companhia de seus pais e o irmão, em uma fazenda.
Em meio a uma vida
silvestre como camponeses, os irmãos gostam de brincar com espadas e em uma
luta que travam, a brincadeira sai dos limites quando Dewey corta o irmão a
partir do seu tronco. Ora, a abordagem fantástica já começa aí, pois o irmão é
decepado ao meio, mas continua a conversar calmamente e ainda consegue ser conduzido a um
hospital onde submete-se a uma cirurgia em termos absurdos a sugerir a completa
abordagem nonsense. Mas apesar dessa insinuação bizarra, o garoto vem a falecer, para constar um mínimo de realismo, digamos assim.
Dewey fica
traumatizado por ter matado o irmão e perde o olfato por conta do dano
psicológico adquirido. A seguir, ele toma contato com músicos negros que tocam
um blues rústico e o menino demonstra um talento surpreendente para absorver a
música, ao tocar e cantar blues como se fosse um veterano adepto do gênero. O
filme salta para 1953, e aí já entra em cena a figura do ator, John C. Reilly,
para interpretá-lo na vida adulta (Conner Rayburn, interpretou Dewey na
infância).
Só que existe mais um detalhe para reforçar a estranheza, visto que
Dewey é retratado como um adolescente nessa fase, mas o ator, Reilly não
aparenta ser jovem o suficiente para viver o personagem nessa idade e isso só
amplifica a bizarrice. Ao fazer parte de uma banda infanto-juvenil, Dewey, atua
com a sua banda e o repertório é baseado em baladas tipicamente pré-Rock’n
Roll, bem inspiradas no cancioneiro Pop norte-americano antigo.
Há uma
passagem interessante com um confronto religioso a questionar a música como um
suposto agente demoníaco, o que também retrata muito da conturbação causada
pelo Rock em seus primórdios, mas claro, tudo é retratado de uma forma hilária.
Dewey tem problemas com a família, também por conta de estar a empolgar-se com
a música do “diabo” e tem que sair de sua casa.
Ele consegue um emprego como
faxineiro em uma boate frequentada por uma clientela eminentemente formada por pessoas negras, e em certa ocasião onde o guitarrista da banda fixa da casa, quebra o braço, ele oferece-se para substituí-lo e certamente é
ironizado por ser branco e presumidamente não conseguir tocar no mesmo nível,
mas ele comprova, ao vivo, que é tão bom quanto ou ainda melhor e dessa forma, assume
o posto e torna-se o destaque da banda. Nessa altura dos acontecimentos, ele
está casado e tem uma filha pequena, mas rapidamente a sua prole aumenta.
É então que
cria o que viria a ser um grande sucesso seu, a canção, “Walk Hard”. Três
judeus ortodoxos o abordam para convidá-lo a gravar. São executivos de uma
gravadora. Começa então o seu sucesso. Ele agora apresenta-se em shows
compartilhados com astros cinquentistas. É mostrada uma cena onde na coxia de
um teatro, aguarda o show de Elvis Presley, depois de Big Bopper e Buddy Holly,
para depois chegar a sua vez. Ele fica apavorado, pois não sente-se seguro o
suficiente para tocar depois de três astros dessa grandeza, mas quando ele
chega ao palco, canta o seu sucesso, “Walk Hard” e o público responde com
grande entusiasmo.
Piadas muito
engraçadas permeiam todas as cenas, logicamente e a profusão é tão grande e bem
ajustada, que a previsibilidade do roteiro não tem como incomodar o espectador.
Por exemplo, a intervenção do seu baterista, Sam MacPherson (interpretado pelo
famoso comediante da TV norte-americana, Tim Meadows), que oferece-lhe sempre um
tipo de droga popular em cada época retratada e isso faz todo o sentido não
somente para a época, mas pelas reações tresloucadas que o personagem de Dewey
apresenta em cada situação.
A música
passa a mudar, do Rock cinquentista básico a transitar pelo Rockabilly, ele
mergulha em uma fase Country-Rock e aí fica ainda mais clara a inspiração em
Johnny Cash. Mas a sua personalidade amalgama-se com a personalidade de
diversos outros artistas. Nesse aspecto, o personagem de Dewey Cox assemelha-se
muito com a figura de Zelig, do Woody Allen. Dewey Cox é na prática, um
camaleão ambulante que retrata em si, a personalidade de diversos artistas ao
longo da história, ou seja, isso por si só já faz valer muito a pena assistir o
filme, para identificar em cada atitude ou mesmo através das canções
executadas, sobre quem está a ser mencionado.
Uma fase Folk-Rock advém e a
menção à Bob Dylan é explícita, inclusive com direito à simulação total de sua
voz e sobretudo pelo teor das letras em tom de paródias a imitar e satirizar o
senhor Zimmerman.
Chega-se em
1966 e vem a Era Hippie, com Dewey a aparentar estar absorvido pela
contracultura, todo psicodélico e a agir sob tais parâmetros. Jerry Garcia, o guitarrista do Grateful Dead
(interpretado por Adam Herschman), é seu amigo e em uma viagem à Índia, Dewey faz
uma sessão de meditação transcendental com a presença dos Beatles e mediante a
ingestão de uma dose de LSD, ele obtém uma alucinação sensacional em que
sente-se inserido no desenho animado, “Yellow Submarine”.
Outra cena incrível é
uma clara referência à figura de Brian Wilson (baixista do Beach Boys), quando
Dewey comanda uma gravação grandiosa e completamente louca, a contar com a
presença de uma orquestra sinfônica, misturada a uma banda de Rock e a conter
inúmeros hippies muito loucos, animais e uma mulher japonesa em pleno trabalho
de parto a berrar e nesse caso, uma clara alusão à figura de Yoko Ono. Dewey
está alucinado nessa fase psicodélica e aí misturou-se o Johnny Cash com Jim
Morrison e mais uma série de Rock Stars alucinados e personas óbvias nos anais
da história do Rock. Inclusive, para reforçar a ideia em torno da referência
mais proeminente em torno de Johnny Cash, na presença de uma amante que canta,
trata por deixar bem clara a inspiração em June Carter (através da personagem
fictícia, Darlene, interpretada por Jenna Fischer).
Na metade dos anos
1970, Dewey acalma-se e não foi para menos após tanta confusão com a sua esposa,
por conta da presença de uma amante praticamente oficial em sua vida e em
relação ao uso & abuso das drogas. Ele apresenta então um programa na TV e
embarca em uma nova onda musical, a Disco Music.
A pasteurização do seu som é
visível, inclusive com o grande sucesso, “Walk Hard”, devidamente banalizado.
As suas apresentações na TV são ridículas com essa roupagem, como por exemplo a
cantar e patinar mediante uma coreografia constrangedora. Ele envelhece e
através de um delírio, algo aliás recorrente em todo o filme, visto que ele
sempre conversava com a fantasmagórica figura de seu irmão morto na infância,
eis que resolve conversar com o seu pai para acertar a rusga familiar e sob um
duelo com espadas, repete o ato cometido na sua infância, ao cortar o próprio pai
pela metade. E logicamente, tal fato mórbido é tratado de uma forma surreal.
Mais velho,
percebe que pode dar um passo diferente na carreira e lidera uma banda familiar
com a presença de seus muitos filhos como componentes e assim excursiona com um
ônibus a la “The Family Partridge” (“A Família Dó-Ré-Mi”) e isso é explícito,
na medida em que toca-se o tema musical de abertura desse seriado, em uma
menção direta na cena em questão.
Mais
envelhecido ainda, já no adentrar dos anos 2000, é abordado por um rapper de
origem judaica que usara o seu velho sucesso, “Walk Hard” devidamente
“sampleado” para transformá-lo em um “Hip Hop” que estoura nas paradas de
sucesso. Então, ele é convidado para fazer uma apresentação especial em um
evento grandioso, onde será homenageado pelo conjunto da sua obra. Ele reúne a
sua velha banda, onde todos são idosos igualmente, e uma piada hilária segue a
tradição do personagem do baterista, Sam, quando nesse momento da vida, ele oferece-lhe
uma nova droga moderna, chamada... “Viagra”, muito útil para a faixa etária que
ambos ostentam.
Esse é o momento que a junção com o início do filme
completa-se, pois o produtor que o procura pelos bastidores, finalmente o
encontre e o conduz ao palco, junto aos companheiros de banda. Nesse show,
aparecem figuras reais da música, tais como Jackson Browne, Jewel, Ghostface
Killah, Eddie Vedder, Lyle Lovett e The Temptations.
O empresário de Dewey tem
um ataque cardíaco fulminante na plateia, para em seguida desprender-se do
corpo e ao tornar-se um “espírito”, continuar a assistir o show junto a outros
espíritos ali presentes, incluso os familiares de Dewey. Dewey Cox e a sua
banda formada pelos velhos companheiros, todos idosos, apresenta-se com grande
sucesso e o filme encerra-se, no entanto, mais uma piada boa ocorre, quando,
morbidez a parte, anuncia-se que ele morreu três minutos após o encerramento do
show, enquanto ainda agradecia as palmas provenientes do público. Bem, frames
com ele a sentir a dor do infarto ainda no palco, são acrescentadas para
incrementar a piada sarcástica.
Em suma, um
filme com bastante humor negro, em tese, mas que por incrível que pareça, não
agride os fãs da música, tampouco os artistas mencionados e pelo contrário,
passa uma ideia de retrospectiva da história do Rock, desde a raiz remota do
Blues, como uma homenagem, praticamente.
A própria ideia do cartaz promocional
do filme, mostra a intenção, a retratar o personagem, Dewey Cox, a simular o
famoso ensaio sensual que Jim Morrison estabeleceu como um marco em sua
trajetória pessoal e na carreira do The Doors, mediante a sua foto com o dorso
nu e os braços abertos a evocar a figura do “Homem Vitruviano”, desenhada por
Leonardo Da Vinci.
Sobre a
trilha sonora do filme, as canções apresentadas são boas, escritas em sua
maioria pela dupla, Dan Berne e Mike Viola. Outros compositores colaboraram em
menor escala.
No elenco,
além dos já citados e dos músicos reais inclusos, destaque para: Raymond J.
Barry (como Pa Cox, o pai de Dewey), Margo Martindale (como Ma Cox, a mãe de
Dewey), Chris Parnell (como Theo), Mat Besser (como Dave), Chipp Hormess e
Jonah Hill (ambos como Nate Cox, o irmão de Dewey, criança e mais adolescente
como espírito, respectivamente), Kristen Wiig (como a esposa de Dewey, Edith
Cox), Jack Black (como Paul McCartney na cena da meditação de Dewey com os
Beatles), e muitos outros atores, inclusive com a participação de veteranos astros
da TV, casos de Cheryl Ladd, Patrick Duffy e
Morgan Fairchild, como eles mesmos.
Foi escrito
por Judd Apatow e Jake Kasdan e dirigido por Jake Kasdan. Com muito boa direção
de arte, elenco recheado por comediantes tarimbados e um texto bem escrito, o
filme teve uma boa recepção por parte da crítica especializada, na medida em
que a mídia entendeu a proposta do filme em criar uma biografia de um astro
fictício, porém, toda alinhavada por referências reais, inspiradas em diversas
personalidades da história do Rock. Não teve no entanto, um grande apelo
popular, com uma recepção aquém das expectativas de seus produtores, na
bilheteria. Foi lançado em dezembro de 2007, aliás, uma época incomum para o
lançamento de um filme, no padrão norte-americano ou europeu, em pleno inverno.
Assim que
saiu de cartaz no circuito das salas de cinema, foi lançado imediatamente em
versão DVD e Blue-Ray e seguiu a cadeia natural ao adentrar a TV a cabo e na TV
aberta, a seguir. Não é possível assisti-lo na íntegra através do YouTube, no
entanto, em portais alternativos como o OK.RU e Dailymotion, isso é facilitado.
Enfim,
trata-se de uma comédia boa, quase com o poder didático para cobrir a história
do Rock e da música em geral, mediante boa trilha e piadas inteligentes,
encenadas por um elenco formado por comediantes experientes, portanto, vale a
pena assistir.
Esta resenha foi elaborada para constar no livro: "Luz; Câmera & Rock'n' Roll" e se apresenta em seu volume II, a partir da página 215.
Banda já sedimentada no cenário do Rock Brasileiro
desde meados dos anos 2010, Pepe Bueno & Os Estranhos segue a sua
trajetória de sucesso, sempre liderada pelo baixista, cantor e compositor, Pepe
Bueno, e cercado de músicos talentosos, a tratar a formação geral da banda como
uma confraria móvel, ao estilo da “All Starr Band” de Ringo Starr.
E a identidade artística da banda segue firme em torno
de uma proposta “vintage” na sua essência, a abranger diversas vertentes do
Rock produzido nas décadas de sessenta e setenta, mas com a devida roupagem
moderna no quesito da engenharia de áudio, naturalmente a mesclar a tecnologia
de 2022, mas a preservar os timbres maravilhosos que nos acostumados a ouvir e
adorar, típicos das melhores décadas da história do Rock.
Pepe Bueno em ação. Pepe Bueno & Os Estranhos. Click: Eduardo Luderer
E a banda vai além, pois também flerta com o Blues, e
seus derivados correlatos, a conferir: Soul Music, R’n’B e Funk (o verdadeiro...),
além de estar aberta para outras vertentes, ainda que mais sutilmente, como a
MPB, Folk Music e o Jazz.
Este é o terceiro álbum d’Os Estranhos que eu tenho a
oportunidade de preparar uma resenha a respeito e preliminarmente, já posso
adiantar que o padrão de qualidade não apenas se mantém, mas sobe a cada obra,
a dar a dimensão que a banda tem muito ainda a evoluir e entregar artisticamente.
Pepe Bueno em destaque. Pepe Bueno & Os Estranhos. Click: Eduardo Luderer
Sobre o áudio apresentado, assim como os trabalhos anteriores,
o nível é o mesmo, amparado por um trabalho feito em alguns dos melhores estúdios do Brasil na atualidade, portanto, mediante tal aparato tecnológico
e sobretudo pelo preparo dos técnicos que ali trabalham, é impossível que
qualquer produção realizada em tais estabelecimentos, fique aquém. Portanto, esse apuro da parte da
banda para gravar da melhor maneira possível já agrega e muito.
A respeito da parte gráfica do álbum, a banda manteve
a sua disposição anterior para usar ilustrações com intenção nonsense, a evocar
o surrealismo com bastante criatividade e bom gosto no meu entender, a se levar em conta de que eu aprecio tal escola estética.
Sobre as músicas propriamente ditas, predomina a
produção autoral, no entanto, há também a inclusão de algumas releituras
interessantes de canções consagradas, conforme eu citarei adiante.
“Discou” como sugere o seu título bem-humorado, é uma
incursão na Disco Music dos anos setenta, a se tratar de um tema instrumental,
a utilizar a roupagem típica dessa variante do Funk setentista, com o objetivo deliberado
de provocar a vontade irresistível da parte dos ouvintes para dançar, sem nenhuma
outra preocupação em mente. Mas, na prática, esta faixa está muito mais para o
Funk setentista, com ótima execução de todos os instrumentistas.
Vem a segunda faixa, “Baião Blues” e novamente nos provoca
a sensação de sentirmo-nos como se estivéssemos nos anos setenta, tanto pelo
ecletismo artístico, quanto pela qualidade apresentada, pois eis que nos
deparamos com um Baião-Rock muito interessante, a fazer uma junção feliz ao
extremo.
Chico Suman e Pepe Bueno em destaque. Pepe Bueno & Os Estranhos. Click: Eduardo Luderer
O vozeirão de Xande Saraiva, sempre naquela
predisposição Blues-Rock que o caracteriza em sua carreira vitoriosa a bordo do
“Baranga”, aliado ao talento fortemente gabaritado do guitarrista, Chico Suman,
se complementam a mesclar esses dois estilos do Baião e do Blues, tão incrivelmente próximos entre
si, apesar de que na aparência superficial sejam considerados díspares, e assim nos faz
recordar de artistas como Alceu Valença, Bendengó, Papa Poluição, Odair Cabeça
de Poeta & Grupo Capote e outros tantos que brilharam nos anos setenta ao
propor tal junção.
Faixa título, “Bagunça” apresenta como destaque, a
maravilhosa, Renata “Tata“ Martinelli, uma cantora que tem uma desenvoltura
técnica e força de interpretação igual às grandes Divas do Rock, Blues, Soul
Music e Jazz ou seja, ao contar com a sua voz, a música já ganha substância por
antecipação. Entretanto, a música é muito boa ao agregar um excelente riff,
apoio de metais muito descolados, teclados super setentistas & afins. E a
sua letra ultra resumida se mostra criativa e assim, fica a impressão de que o
recado curto foi preciso, ou seja, essa turma bagunçou tudo, de fato.
Fernando Ceah e Renata "Tata" Martinelli em ação! Pepe Bueno & Os Estranhos. Click: Eduardo Luderer
Vem a porção mais delicada com muitas cordas bem
tocadas, piano elétrico com a sua reverberação tão típica, ótimas intervenções
de guitarra, linha de baixo bem criativa, com ótimo timbre e a contar com a
voz límpida do grande cantor, compositor e poeta, Fernando Ceah, líder do “Vento
Motivo” e apoio excelente da Renata “Tata“ Martinelli, isto é, a canção agrada em cheio
pela sua candura no formato. “Agora eu Sei” é uma releitura rica da canção
composta por Roberto Carlos.
Eis que o Rock Rural dá as caras e com o mestre Cezar
de Mercês na condução, a poesia é certa. Cordas acústicas passeiam pelo “pan”
(ouça com headphone, fica a dica), e Cezar conta-nos uma história bonita. Advém
uma parte Country-Rock deliciosa com direito a tudo o que gênero pede, a se
valer de steel guitar, gaita, baixo & bateria nos “conformes” e tudo mais.
Pois é assim que “Caipira Pira” se mostra em toda a sua singularidade e beleza
natural.
Fabian Famin e Pepe Bueno. Pepe Bueno & Os Estranhos. Click: Eduardo Luderer
“Dentadura Postiza” é cantada em castellaño por Fabian
Famin, um artista latino-americano sensacional, que integra o lendário “Raíces
de América”, uma verdadeira instituição de toda a América Latina (e a se tratar
de um super grupo Folk, na prática), e também a ótima banda de Rock brasileira/argentina,
“Lomo Plateado”.
Trata-se de uma versão hispânica para “Dentadura
Postiça”, clássico do repertório de Raul Seixas. Com uma instrumentação
excelente, destaca-se o bom solo de guitarra, o órgão Hammond com um timbre
leve e muito bonito, além das vozes privilegiadas do Fabian Famin e da Renata “Tata”
Martinelli no apoio.
Xando Zupo, com Junior Muelas (atrás na bateria) e Pepe Bueno ao vivo. Pepe Bueno & Os Estranhos; Click: Grace Lagôa
“Nada Concreto” mostra a face mais pesada do disco, a
garantir a fatia Hard-Rock do álbum. Novamente a contar com o ótimo Fabian Famin
a cantar junto com Pepe Bueno, tem na guitarra de Xando Zupo, mais um trunfo,
certamente ao produzir uma base sólida, ótimas intervenções ao longo da música
e um criativo solo com bastante contundência.
Pepe Bueno, com Ricardo Vignini e Xande Saraiva em ação ao vivo. Pepe Bueno & Os Kurandeiros. Click: Grace Lagôa
“Coração Devaneio” tem também uma identidade
Country-Rock muito agradável e conta com a participação Chico Suman, mais uma
vez e do guitarrista/violeiro, Ricardo Vignini, um mestre das cordas genuinamente
caipiras, ótimo no slide guitar e que se notabiliza no meio por unir de forma
criativa a música de raiz ao Rock. Rodrigo Hid também participa da gravação e a
voz sensacional de Xande Saraiva mostra a sua costumeira contundência. Mais um
detalhe importante, a letra escrita por Xande, tem uma mensagem muito bonita a
versar contra os preconceitos raciais.
Eu destaco o refrão que diz:
“Minha música não é de branco/não é de preto/Música de
um coração devaneio”.
Para encerrar, observo que sim, tais faixas contém um
padrão de curta duração na média, mas todas estão na medida certa em que foram
concebidas no sentido de dar o recado certeiro, assim eu as senti, particularmente.
Além do mais, o brilhantismo instrumental e vocal de
todos os músicos envolvidos, que é patente, aliás, uma tradição mantida por essa
banda, portanto, estão de parabéns por tal esforço.
Gravado nos estúdios Orra Meu Casa Estúdio 88 e Curumim,
todos de São Paulo e Área 13 de São José do Rio Preto-SP
Técnicos de gravação: Gustavo Barcellos e Rafael
Marigo (no Orra Meu Estúdios”, Gabriel Marini (no Casa Estúdio 88), Fernando
Ceah (no Estúdio Curumim) e Alberto Sabella (no Área 13 Estúdios).
Mixado por Gabriel Martini, Alberto Sabella, Rafael
Marigo e Ricardo Vignini
Masterizado por Renato Coppoli
Capa (Arte e Lay-out) por Sandro Saraiva
Para conhecer melhor o trabalho de Pepe Bueno & Os
Estranhos, acesse:
Pepe Bueno: Baixo, violão, guitarra havaiana e voz)
Xande Saraiva: guitarra, violão e voz
Chico Suman: guitarra, violão e voz)
Pi Malandrino: guitarra
Rodrigo Hid: guitarra havaiana, teclados e voz)
Gabriel Martini: Bateria
Junior Muelas: Bateria
Alberto Sabella: Teclados
Músicos Convidados:
Ricardo Vignini: Viola e violão em “Coração Devaneio”
Cesar de Mercês: Voz e gaita “Caipira Pira”
Fabian Famin: Voz em “Nada Concreto” e “Dentadura
Postiza”
Renata “Tata” Martineli – Voz em “Bagunça”, “Dientes
Falsos” e “Agora eu sei”
Fernando Ceah: Voz em “Agora eu sei”
Xando Zupo: Guitarra e voz em “Nada Concreto”
Victor Hugo: Sopros em “Discou” e “Bagunça”
Marcello Schevano: Guitarra em “Discou”
Marcio Gonçalves: Guitarra em “Bagunça”
Vagner Nascimento: Guitarra em “Bagunça”
Diogo Oliveira: Guitarra em “Bagunça”
Produzido por Gabriel Martini e Pepe Bueno
Para conhecer melhor o trabalho de Pepe Bueno & Os
Estranhos, acesse: