quinta-feira, 29 de julho de 2021

CD Turbulência/Marcos Mamuth - Por Luiz Domingues

Guitarrista com forte influência de algumas das mais nobres vertentes da música, tais como o Blues, Rock, Folk-Rock, R’n’B/Soul Music e MPB, Marcos Mamuth já tocou em muitas bandas e atuou bastante pela noite paulistana. Ele é também poeta, com uma forte tendência a usar da abordagem urbana como uma tendência e tal predisposição se mistura com a música, naturalmente.

Então, o seu som se mostra baseado nessa amálgama rica entre a poesia do asfalto e a melancolia do Blues, do embalo do Rock à docilidade do Soft-Rock, da sofisticação harmônica da Bossa Nova ao engajamento sociocultural do Folk-Rock, o conter o balanço da Black Music e muito mais.

       Marcos Mamuth em ação! Click de Ivani Albuquerque

Em “Turbulência”, seu trabalho solo, Mamuth nos apresenta através de treze faixas, uma boa amostra da sua criação, com o apoio de músicos convidados de alto padrão.

A sonoridade do álbum é agradável ao extremo, por apresentar um ecletismo musical bem grande e assim, são várias as opções sonoras para todos os gostos, bem dentro das influências declaradas do artista, conforme eu já elenquei no início da resenha.

Chamou-me a atenção o aspecto de haver uma boa dosagem na abordagem sonora, ao se observar a leveza de certos temas em contraste com peso em outros, portanto, o álbum se mostra eclético.

            Marcos Mamuth ao vivo! Click: Ivani Albuquerque

Outro aspecto interessante se dá em relação a certos trechos de certas músicas em que Mamuth declama, ao deixar de lado a entoação melódica, e assim realçar a sua veia poética muito forte.

Sobre a embalagem do disco, eu gostei da capa a apresentar a foto do artista, recortada em meio a uma representação abstrata, certamente a insinuar a presença da turbulência, o mote que deu título à obra. Na parte interna do encarte, há uma boa descrição dos músicos que atuaram e a ficha técnica prossegue na contracapa.

A respeito das músicas, anoto algumas observações adicionais a seguir:

Escute a música “O Blues é meus Pastor”

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=GGtWvaNMTIQ

“O Blues é o meu Pastor” mostra uma canção vibrante, com peso na base da guitarra e um slide muito bem colocado que desenha a canção de forma muito bonita. Gostei da presença do violão em anexo a garantir um bom balanço. Destaco igualmente os backing vocals bem colocados e a boa bateria, com viradas criativas.

A letra é bem interessante a realçar o caráter de um ato de fé em torno de quem professa o Blues de coração e alma, e assim, eu destaco alguns versos:

“Se os meus versos não convencem/ e ninguém gosta do que eu canto/já nem me importo tanto/se a paixão tem prazo de validade/e a felicidade é sempre por enquanto/ já nem me importo tanto/ mas se o blues é meu pastor/é só o que tem valor/é só o que tem sentido”

Escute a música: “Capitão Solidão”

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=CMEL7nYd_g0

A próxima faixa se chama: “Capitão Solidão” e se trata de uma canção muito agradável pelo seu balanço natural. Ela trafega entre o R’n’B e o Soft-Rock, com uma bela melodia. Gostei bastante da contundência na massa sonora da parte B e do ótimo refrão. Mamuth interpreta bem e o arranjo do backing vocals é muito bom, igualmente.

Escute a música: “A Bela e Insensata Rota dos Amantes”:

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=EFzqJCqvICg

A terceira faixa é “A Bela e Insensata Rota dos Amantes”. Mais uma vez a recorrer ao balanço R’n’B e dessa maneira a realçar o apoio de uma ótima cozinha que garantiu tal prerrogativa para que Mamuth possa voar em um solo excelente, mediante um timbre vigoroso, que lava a alma do ouvinte.

E não apenas por isso, mas as pontuais intervenções com contra-solos são providenciais para colorir a música.

A letra é rica em imagens, ao se tratar de uma bela poesia. Destaco os versos iniciais:

“Mesmo se o sol brilhasse em branco e preto/ou as nuvens sufocassem para sempre as estrelas/a cintilância ilusória das estrelas/e a lua desistisse de iluminar/a rota incerta dos amantes/a bela e insensata rota incerta/dos amantes”

Escute a música: “Coração Sem Lei”

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=1OhxkYJyBtA

“Coração Sem Lei” é a quarta faixa. Como um trovador, Mamuth dá o seu recado com contundência. A argamassa musical que lhe dá o sustentáculo é muito boa, com vibração, peso nas guitarras, violão batido e muito bem tocado e mais uma vez com apoio excelente do baixo e bateria.  

É muito bom o refrão a dar vazão a uma afirmativa forte contida em mais uma ótima letra, bem construída. Eis dois trechos que eu destaco:

“Reticências entre os dentes/saliências no discurso/no olhar, armadilhas de mel/sonho zero, cinco pra realidade/Eu perdi a fé/mas não a vontade/e muito menos a ternura”     

E no refrão ele justifica ao dizer:

“Se existe um cantinho vazio eu não sei/neste meu coração sem lei/coração, coração, coração/sem lei”

Escute a música “Chuva na Vidraça”

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=TRcKtqEGENQ

“Chuva na Vidraça” é um Blues muito encorpado, com apoio de órgão Hammond, violão, guitarras e backing vocals. Os contrasolos da guitarra rasgam a música de ponta a ponta, com um timbre magnífico, às vezes com sobreposição de canais a se construírem vozes distintas entre Marcos Mamuth e o seu convidado nesta faixa, o guitarrista, Matheus Tagé, muito bem concatenadas pelo arranjo. O solo é muito inspirado e emociona.

Escute a música “Dois Acordes”

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=5K_f0Orz9Ow

 “Dois Acordes” vem a seguir com um forte apelo pelo Soft-Rock, muito melódico. O apoio do piano é fundamental para imprimir uma docilidade muito grande à canção.

E na letra, Mamuth brinca com a questão da canção estar realmente baseada em apenas dois acordes e mesmo assim soar tão rica, exatamente como muitas músicas que ouvimos e gostamos do James Taylor, Carly Simon, Jim Croce e afins. Veja abaixo um trecho da letra:

“Eu e meus dois acordes/nem o sono quis ficar/eu e meus dois acordes/sem mais nada pra falar/somente dois semeando o deserto”

“Feriado” é a sétima faixa do álbum. Há uma divisão rítmica interessante logo no começo da canção que me despertou a atenção de imediato. Mamuth canta em duo com a cantora Andresa Dantas em alguns trechos e tal predisposição produz um efeito bonito a contribuir com a canção.

Escute a música: “Caminho do Meio”

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=83-MVQrLgCU

“O Caminho do Meio” é a próxima peça. Composição do grande Ayrton Mugnaini Junior, nosso amigo em comum, aliás, conta com a letra escrita pelo Marcos Mamuth, a sacramentar a parceria. Apesar da roupagem ao estilo do R’n’B a grosso modo, há uma pitada subliminar a insinuar a presença da MPB nessa canção, que é muito interessante. Contém também um bom refrão e eu gostei bastante do solo.

Desta feita, Marcos Mamuth tratou do tema da relação Homem-Mulher, mas como um poeta nato, ele passou longe dos clichês que normalmente permeiam tal tema. Destaco um trecho da letra:

“Não quero morrer nem de paixão nem de tédio/quero o caminho do meio/por isso vou lhe dizer/vá embora do jeito que veio” 

Marcos Mamuth ao vivo! Click de Cristina Piratininga Jatobá

“Platônica III” é a nona faixa e traz um balanço ao sabor do “R’n’B, muito grande.

Escute a música: “Lost Boy”

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=J5VKjtbg2zE

“Lost Boy” é um reggae com forte apelo Pop. Esta poderia tranquilamente figurar na programação das emissoras FM do dial radiofônico. Gostei do refrão, da harmonia da parte B, do apoio do efeito wah-wah na guitarra e a boa vocalização de apoio da parte da cantora Miss Daisy Blue.

       Marcos Mamuth ao vivo! Click de Ivani Albuquerque

“A Face do Estranho” é a próxima faixa e eu gostei muito do apoio do piano, que trouxe um élan para a canção. A harmonia e consequentemente a melodia, são muito boas.

“Gosto de Nunca Mais” é a décima segunda canção e contém uma proximidade com a MPB em simbiose com a Soul Music, a me fazer recordar das obras de Marcos e Paulo Sérgio Valle no início dos anos setenta.

Gostei do balanço proposto, igualmente da melodia muito boa e do solo com guitarra limpa (este executado pela guitarrista convidada, Marlene Souza Lima), bastante adequado para a canção ao meu ver.

“Cavaleiro Negro” fecha o disco. Gostei da vibração rítmica imposta e penso que tal peça finalizou bem a obra ao se caracterizar como uma boa escolha.

Em suma, Marcos Mamuth nos proporcionou uma obra musical muito boa, eclética, com boa qualidade sonora, muita poesia e beleza estética.

CD Turbulência/Marcos Mamuth

Gravado nos estúdios Red Studios, Estúdio7 e Soul Master Studio em 2013

Mixagem e masterização: Estúdio Jaburu em 2013

Projeto gráfico: Miss Lily Comunicação

Direção Musical: Walton Salles

Fotos: Amanda Cipullo

Composições e letras: Marcos Mamuth (a não ser em “O Caminho do Meio”, em parceria com Ayrton Mugnaini Junior)

Marcos Mamuth: guitarra, violão, voz e backing vocals

Músicos convidados:

Vinicius Soares: Baixo

Marcos Tagé: Bateria

Matheus Tagé: Guitarra (solos 1 e 3 de “Chuva na Viudraça”)

Diogo Timótheo: Teclados

Piano e teclados: Tato Fischer

Ayrton Mugnaini Junior: Baixo

Marlene Souza Lima: Guitarra (solo em “Gosto de Nunca Mais”)

Miss Daisy Blues: Voz

Walton Salles: Voz

Andressa Dantas: Voz

Neto Tezotto: Voz

Para conhecer melhor o trabalho de Marcos Mamuth, acesse:

Site:

https://mmamuth.wixsite.com/mamuth

Canal do YouTube:

https://www.youtube.com/channel/UCgHSLLEHvzObq6sUuh9yTYA/featured

O álbum "Turbulência" também disponível Music YouTube:

https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_lB3KnOFPKYud7IhWBhj7aYrMMWldd_T08&feature=share

Instagram:

@marcosmamuth

Facebook:

https://www.facebook.com/marcos.mamuth

quarta-feira, 14 de julho de 2021

CD O Canto da Rua/Os Pelicanos - Por Luiz Domingues

Quando uma banda de Rock formada por jovens aparece no mercado com tanta vontade de formatar uma carreira na cena artística, é por si só, um fato animador. E melhor ainda quando aliada à força de vontade, existe a preocupação em dar o seu melhor em todos os sentidos.

Este é o caso da banda gaúcha, “Os Pelicanos”, que apresenta o seu primeiro trabalho fonográfico, através do lançamento do CD “O Canto da Rua”.

Banda oriunda da bela Bento Gonçalves (alguns componentes são de Garibaldi, cidade próxima), cidade situada na região da Serra Gaúcha, Os Pelicanos estão na atividade desde 2016, embora seja um grupo formado por jovens, em essência.

A base de influências da banda é muito boa, a se mostrar bem visível em seus trabalhos e a denotar que escutaram com bastante admiração a melhor produção do melhor do Classic Rock de outrora, portanto, eis mais um ponto positivo para que o trabalho autoral deles tenha um bom amparo.

A determinação dos quatro rapazes e duas moças que formam o sexteto, é tão grande que no encarte do álbum há um texto bonito a esclarecer tal fato, na forma de um manifesto de intenções da banda, portanto, se trata de um ponto a ser destacado com louvor da parte deles.

Sobre a sonoridade do trabalho, se trata de um conjunto de canções que misturam o Rock’n’ Roll in natura, Blues-Rock, baladas e R’n’B, enfim, mostra uma boa abrangência de (boas) escolhas estilísticas.

No tocante às letras, a base dos assuntos tratados pela banda é a contestação dos valores da sociedade, a revelar o choque de gerações e a consequente não aceitação das ideias novas propostas pelos jovens em torno dos valores conservadores defendidos pelos mais veteranos.

Na prática, a banda mostra uma sonoridade agradável, de fácil assimilação e muito embora trafegue por estilos mais Rockers, mantém uma proximidade com o apelo Pop, passível de ser assimilado por um público maior.

Sobre a capa, a ilustração principal, mostra um desenho a demarcar uma ideia bem urbana e com um certo sentido de crítica social, pois há um muro em processo de degradação, com a presença de um músico de rua a tocar para angariar poucas moedas dos transeuntes e simultaneamente no céu, se vê uma bomba atômica em plena explosão, portanto, o recado está dado sobre a necessidade de se destruir um sistema velho para que se construa um novo mundo, mais justo, assim esperamos.

Já no encarte, as letras das canções estão todas disponíveis, há boas fotos da banda, mas faltou uma ficha técnica com informações mais pormenorizadas sobre a produção do álbum.

Sobre as músicas, eu tenho mais algumas considerações a expressar:

Ouça a música: Circo dos Palhaços”:

Eis o link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=Zras9hyhq0Y

O disco abre com “Circo dos Palhaços”, que tem o efeito da sirene a avisar a população sobre a iminência da deflagração da bomba atômica, ao fazer a conexão com a proposta da ilustração exibida na capa, no entanto, a canção não se mostra nada virulenta, a se mostrar um R’n’B bem balançado. Gostei do solo bem bluesy.

A música “Seeds” versão de performance em estúdio:

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=cX7QPcBFAMM

“Seeds” é a segunda faixa e se apresenta vibrante como um Rock bem direto. É bom o riff inicial, a convidar o leito a buscar a dança, de imediato. Gostei dos backing vocals bem colocados e o refrão desdobrado lembrou bastante o trabalho do Tutti-Frutti nos anos setenta. O solo entra com vibração e empolga.

Escute a música: “Loucos da Meia Noite:

Eis o Link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=LqhIHn--j0k

“Loucos da Meia Noite” vem a seguir, sob uma atmosfera Rock’n’Roll muito agradável. A mensagem é direta e reta quando se fala:

“A vida é curta/ a vida é curta/a vida é curta/ aproveite e curta/curta o Rock’n’ Roll”

Escute a música: O Canto da Rua”:

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=LqhIHn--j0k

“O Canto da Rua”, título homônimo ao nome do disco se inicia com um riff típico do campo do Blues-Rock e a condução vai muito bem nesse sentido. 

Escute a música “Na Madrugada”:

Eis o Link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=fK-IxW2t5z0

A quinta faixa, “Na Madrugada”, trabalha no sentido do Pop-Rock, a se mostrar agradável em seu ritmo, melodia e seria facilmente radiofônica em outros tempos, nos quais a mídia mainstream se mostrava mais favorável ao Rock.

Escute a música “Ruiva”:

Eis o Link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=rbDAMUuEX7Q

“Ruiva”, a sexta faixa, é também um Rock com alto poder dançante. 

Escute a música “Duplo Sentido”:

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=gUSVWbKoT1o

“Duplo Sentido” investe na tradição do Blues mais "swingado" e contém uma boa melodia, com a interessante intervenção de teclados adicionais.

Escute a música: “I Was Born Free”:

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=E6F_B1jIFgI 

A sétima faixa é “I Was Born Free”, a se tratar de uma balada que ganha corpo no seu refrão, com a aceleração do andamento e a gerar um peso instrumental mais acentuado. Gostei da interpretação vocal e do solo de guitarra.

Escute a música: Pequena Grande Guerra”:

Eis o link para ouvir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=_PlMvReqa44

Para fechar o disco, eis que a banda interpreta: “Pequena Grande Guerra”, um Rock com certa influência Country-Rock em sua estrutura melódica a lembrar vagamente o som do Neil Young em seus momentos mais pesados com o grupo de Rock, "Crazy Horse".

Nesta letra, a poesia investiu em um mergulho mais reflexivo ao dizer:

“Tenho medo da luz/a noite é a minha casa/até que tudo vire pó/e não sobre mais nada”

O efeito do “fade out” com solo e empolgação generalizada foi uma boa escolha para encerrar a canção e o disco, não tenho dúvida.

Veja o vídeoclip da canção “O Canto da Rua”:

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=1yahuu2c1lE

No geral, a banda soa bem, mediante uma cozinha firme, boas intervenções das guitarras e vocalizações.

Lançamento da 3 em 1 Produtora

Apoio: Valmor Sebben

Produção geral: Os Pelicanos

Formação d’Os Pelicanos:

Ana Maria Segatto: (vocal e percussão)

Gabriel Maso Marini: (guitarra e backing vocal)

Cleber Pegoraro: (guitarra)

Julio Henrique Provensi: (baixo e backing vocal)

Luana Buffon: (backing vocal e percussão)

Lorenzo Pertile Beltrame: (bateria)

Obs: na gravação do disco e nas fotos que compõe o encarte, o baterista que participou e não é mais componente do grupo é Rodrigo Chagas

Para conhecer melhor o trabalho d’Os Pelicanos, acesse:

Canal do YouTube:

https://www.youtube.com/channel/UCva061_Km5KFr2hOMOaXxQA

Facebook:

https://www.facebook.com/ospelicanosband

Souncloud:

https://soundcloud.com/os-pelicanos/sets/os-pelicanos-o-canto-da-rua

Spotfy:

https://open.spotify.com/album/3bByJBzbtlhnd5INkkqzIs

Contato direto com a banda:

ospelicanosband@gmail.com