Daniel Diord é um jovem guitarrista, cantor, compositor e produtor musical que iniciou os seus estudos bem cedo, ao estudar violão na infância. Não demorou muito tempo e ele tomou conhecimento da história do Rock e do Blues e ao contrário de outros jovens de sua geração, apenas movidos pela movimentação trivial do momento, ele mergulhou fundo para conhecer as raízes da música Pop oriundas desse tronco.
Devidamente apaixonado por esse universo tão bonito, se especializou como músico dentro de tais tradições e quando se lançou no mercado, se impôs como um artista profundamente comprometido com tais ideais.
Daniel Diord ao vivo! Click: Bolívia & Cátia Rock
Muito bem preparado sob o ponto de vista técnico e teórico, ele se amparou com muita informação e assim, devidamente respaldado por tal carga de conhecimento de causa, se lançou no mercado, ou seja, ele criou, arranjou e produziu o seu material de uma forma fidedigna aos ideais do Blues clássico com a devida abertura ao Rock, Blues-Rock, R’n’B/Soul Music e também a conter pitadas de música caribenha e Jazz, portanto, a demonstrar que entendeu muito bem a função do Blues como a alma mater de tudo, praticamente.
Neste primeiro trabalho lançado em 2014, o EP Guitar’s Trouble (posteriormente ele lançou um DVD ao vivo e outro EP, chamado “Another Take”), Daniel Diord foi assertivo ao mostrar o seu cartão de visitas e assim deixar clara a sua proposta artística e sobretudo com muita capacidade para realizar a sua arte em alto nível.
A sonoridade desse trabalho se mostra perfeitamente coadunada com diversas nuances do Blues, mediante o uso de timbres com característica vintage ao máximo possível, todavia, com a devida compressão moderna de áudio, portanto, uma simbiose bastante feliz na minha avaliação e logicamente amparada pela minha visão pessoal a tender para a sonoridade vintage clássica como gosto pessoal.
Sobre a arte da capa e contracapa, o padrão foi usar o estilo de ilustração bem típica para se compor capas de discos do Blues, Country e Jazz nas décadas de quarenta e cinquenta, principalmente, a lembrar ornamentos de escudos de violões antigos e estilizados e também bem usado na publicidade em geral dessas décadas e notadamente nas embalagens de pacotes de cigarros, charutos & afins.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=EmdzbMkm-0M&t=32s
“Best Decision” abre o disco e empolga de imediato. Trata-se de um tema fortemente versado pelo conceito do blues power, com instrumentação de primeira linha, muito bem arranjado, com todos os instrumentos a brilhar com intensidade mediante timbres vintage adoráveis.
O apoio do órgão Hammond excepcionalmente bem regulado no Draw Bar, aliado às guitarras muito bem desenhadas, cozinha vigorosa e apoio vibrante de um naipe de metais, torna o tema tão encorpado que a base para Daniel soltar a voz e solar a sua guitarra com muita determinação se mostra perfeita.
Mais um flagrante de Daniel Diord em ação ao vivo. Click: Bolívia & Cátia Rock
Gostei muito da introdução da música com a bateria a iniciar uma frase a conter divisão rítmica insinuante e dessa forma a abrir caminho para o riff inicial se mostrar muito bem concatenado. E claro, o solo é inspirado e muito bem amparado pela escolha de timbre e apoio de pedal.
Na letra, Daniel claramente mostra a firme resolução de uma pessoa a cortar um relacionamento nocivo, mas subliminarmente, pode ser interpretada de uma outra forma, a denotar que a pessoa resolveu mudar o rumo de sua vida em outros termos e resoluto, se coloca firme na sua determinação e assim, se mantém convicto de que tomou a sua melhor decisão.
O link para assistir diretamente no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=lKJNjEx-iPU
A segunda faixa que se chama, Guitar’s Trouble, é homônima ao título do EP. É um Blues com forte influência latina-caribenha, a conter, portanto, o balanço percussivo que convida o ouvinte à dança, de forma irresistível. O apoio da percussão se mostra fundamental, logicamente e há também a saborosa participação dos backing vocals femininos, o que garante um senso de docilidade mediante vozes aveludadas que se casam perfeitamente com o balanço proposto pela música.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=8tGS0JsU-cU
“Good Times” mergulha de cabeça na raiz do "slow blues" e prima pela delicadeza do arranjo ao usar muito bem a dinâmica como se espera dessa formatação clássica do gênero.
No entanto, isso não priva os instrumentistas de imprimir uma linha de condução com nuances muito interessantes, por exemplo na bateria que provoca muitas quebradeiras nas suas viradas e até na condução trivial da base, ou seja, trata-se de um brilho muito bonito para a canção.
Daniel Diord e sua banda ao vivo na casa de espetáculos, "The Orleans" de São Paulo. Click: desconhecido
Os backing vocals femininos mais uma vez brilham, com direito aos vocalizes ousados e muito bem colocados dentro do arranjo. E certamente que fora o brilho das meninas, tal disposição só reforça a interpretação vocal solo de Daniel. Tudo isso sem deixar de mencionar a providencial participação da gaita para garantir a atmosfera ideal a se evocar o Blues.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=4SF2cD3YKzQ
A quarta faixa, “Let me Play” também apresenta uma intenção latina-hispânica na interpretação do Blues e claro que lembra bastante o som de Carlos Santana como uma referência lógica.
A condução da banda é excelente, com sutilezas de bom gosto inseridas nos pontos certos, e neste caso, chama a atenção o bom gosto na formatação do arranjo geral, no qual a noção da parcimônia estratégica foi muito bem executada. Mais uma vez, Daniel faz um solo melódico, bem colocado e amparado por um timbre adequado ao extremo para suprir a proposta estética da canção.
Danier Diord & banda ao vivo na casa de shows, The Orleans" de São Paulo. Click: Desconhecido
Cryin’ Woman, a próxima faixa, também traz a proposta do blues de raiz como mote principal e nesse sentido, a presença do slide e também pelo riff bem tradicional, garante perfeitamente que o compromisso do artista com as mais belas tradições do blues se cumpram com galhardia.
Eis o link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=ZipYjqS3fAI
“I’ll Love You So” é uma bela balada com forte sentido R’n’B, conduzida por uma cantora convidada que impressiona na sua interpretação (Vanessa Caran). Ela é amparada por um belo coro feminino a reforçar a ideia do caráter Pop da canção, com aquele sentido nostálgico (no bom sentido), a se pensar no tempo em que nós ligávamos o rádio nos anos cinquenta e sessenta e o que se ouvia normalmente eram peças dessa magnitude, o dia inteiro, defendidos por grupos vocais R’n’B/Soul Music, masculinos e femininos e sempre dotados da extrema qualidade.
Daniel aparece mais adiante a interpretar conjuntamente para soltar a voz no refrão e o seu solo de guitarra bem emotivo, agrega sobremaneira, certamente. E sem contar que a presença dos músicos de apoio mais uma vez se mostra excelente, a demonstrar que todos que participaram dessa gravação tem a mesma base cultural, pois a performance se mostra perfeita não apenas pelo sentido técnico, mas pelo fato de haver sincronia de ideias & ideais.
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=cfTnLNPywVQ
Para fechar o EP, “Hot Woman & Ice Beer” tem uma proposta de Blues mais acelerado, com forte apoio dos metais a desenhar frases muito bem construídas. O solo de guitarra se mostra espetacular, com uma linha mais agressiva e a demonstrar um excelente timbre a lembrar muito o estilo de guitarristas texanos estilosos como Johnny Winter e Stevie Ray Vaughan.
Daniel Diord e banda ao vivo! Click: Bolívia & Cátia Rock
Em suma, este EP “Guitar’s Trouble” que abriu a discografia do guitarrista, cantor e compositor, Daniel Diord, se mostrou muito bem produzido, inspirado e a mostrar forte preparo da parte do artista e de seus convidados, mediante performance de alto padrão.
E sobretudo, impressionou-me a paixão que o artista deixou claro sentir pelo Blues, algo raro entre os jovens da idade dele na atualidade, portanto, louvável por mostrar que há esperança de que há artistas novos que estão a buscar as raízes como uma fonte vital para se buscar a qualificação da música como um todo, em tempos sombrios nos quais o completo rompimento com a raiz nos deixa carentes de boa música no mercado.
Dessa forma, com esse trabalho, esse artista mostrou uma lição básica que outros colegas deveriam buscar igualmente ao contrário de se buscar o rompimento mediante a falsa interpretação do niilismo como uma opção de construção de novas estéticas, porém sem base sustentável alguma. Portanto, viva o Blues, estou coadunado com Daniel Diord nessa predisposição.
Gravado, mixado e produzido por Luis Lopes no C4 Studio de São Paulo.
Masterizado por Levi Seitz no estúdio Black Belt Mastering de Seattle, WA – USA.
Arte e lay-out de capa: Marcelo Campos
Produção geral: Daniel Diord
Lançamento: 2014
Daniel Diord: Guitarra e voz
Músicos Convidados;
Gustavo Alvarado: Baixo
Daniel Pampuri: Bateria
Santiago Nascimento: Bateria
Rafael Campanini: Guitarra e backing vocal
Gabriel Bueno: Teclados
Vanessa Caran: Backing vocals
Camila Teixeira: Backing vocals
Síntia Fermino: Saxofone
Richard Fermino: Trumpete
Robson Fernandes: Gaita
Pedro Michelucci: Percussão
Para conhecer melhor o trabalho de Daniel Diord, acesse:
Spotify:
https://open.spotify.com/album/22rjA946VsjEFfpWTQJwi2
YouTube:
https://www.youtube.com/user/danieldiord
Letras:
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