sábado, 28 de setembro de 2013

Seriado de TV : Combat ! - Por Luiz Domingues

O ambiente proposto foi o conflito gerado pelo advento da  Segunda Guerra Mundial, com a chegada de milhares de soldados norteamericanos à costa da França, com o objetivo em unir-se às forças aliadas, no combate contra os nazistas e fascistas. O foco da história, dentro do segundo pelotão da Companhia King, liderado pelo tenente, Hanley (interpretado por Rick Janson), e a ter como segundo na hierarquia, o sargento, "Chip" Saunders (interpretado por Vic Morrow).

Essa foi saga do espetacular seriado norteamericano : "Combat !", exibido na TV da América, e ao redor do mundo, entre 1962 e 1967, com cinco temporadas vitoriosas. Concebido com um requinte técnico sem precedentes para o padrão da TV, naquela ocasião, tal produção usou e abusou de recursos de cinema, mediante a observação de enquadramentos espetaculares; efeitos especiais e muitos outros requintes.

Por exemplo, qual série de TV poder-se-ia dar ao luxo de contar com mais de dez episódios dirigidos por um diretor do calibre de um Robert Altman ? Outro trunfo, foi o figurino usado em cena pelo seu elenco. Os uniformes dos militares norteamericanos, e dos alemães, foram confeccionados sob uma rigorosa consultoria militar, para atingir um padrão de fidedignidade incrível.

Nesse aspecto, há até um relato curioso registrado da parte de um ator que participou de vários episódios, ao interpretar um oficial nazista. Pois, segundo o ator, Robert Winston Mercy, ao usar o uniforme alemão, e caminhar em meio a um grupo de pessoas de origem judaica, no set, ele chegou a causar furor, com alguns ali presentes a não perceber tratar-se de um ator, e assim a hostilizá-lo verbalmente. Outro aspecto importante, a qualidade do roteiro chamou muito a atenção da crítica e do público em geral. Em uma época onde o padrão de duração de um episódio oscilava entre cinquenta a cinquenta e dois minutos, cada um deles foi na verdade, um filme no padrão de uma média metragem e portanto, precisava de consistência em seu roteiro, para sustentar-se como uma história completa.
A quantidade de atores participantes, do elenco fixo e entre os convidados, todos tarimbados, presentes ao longo das cinco temporadas, impressiona. Eis abaixo uma pequena lista, não completa, mas sucinta para ilustrar o que afirmo :

Frank Gorshey (o vilão : "Charada" de "Batman" /1966); Robert Duvall ("The Godfather" e "Apokalypse Now", entre muitos outros); Sal Mineo ("Juventude Transviada"), Richard Basehart ("Irmãos Karamazov", "Viagem ao Fundo do Mar"); Telly Savallas ("Kojak"); Roddy MacDowell (o "Dr. Cornélius", de "O Planeta dos Macacos"); John Cassavettes ("O Bebê de Rosemary"; "Os Doze Condenados"); James Coburn ("Flint"); Charles Bronson ("Desejo de Matar"; "Era uma Vez no Oeste"); Lee Marvin ("The Wild One"; "O Homem que Matou o Facínora"); Leonard Nimoy (o "Sr. Spock" de "Star Trek" / "Jornada nas Estrelas"); James Whitmore (um dos mais solicitados atores da TV norteamericana, com dúzias de participações em diversas séries); Dennis Hopper ("Sem Destino"), Mickey Rooney (veterano ator dos anos trinta); Dean Stockwell (The Boy With Green Hair"; "Quantum Leap"); Elizabeth Montgomery ("Bewitched" / "A Feiticeira"), etc.

Outro ponto positivo, o produtor da série, Robert Pirosh, houvera escrito o roteiro de um filme super premiado e ambientado na II Guerra Mundial, chamado : "Battleground", daí a experiência pregressa adquirida para abordar tal tema.


Mais um requinte, a produção escolheu a dedo o elenco fixo, ao buscar atores que realmente obtiveram experiência militar, ao ter servido na vida real, na própria Segunda Guerra, para buscar trazer o máximo de realidade à interpretação de cada um. O tema musical de abertura era (é) espetacular. Uma marcha militar composta e arranjada pelo maestro, Leonard Rosenman (que criou muitas trilhas de cinema e TV, entra as quais, "Juventude Transviada"; "Vidas Amargas"; "O Senhor dos Anéis"). Empolgante, com o toque típico da caixa militar na percussão, e uma bela melodia para empolgar o ouvinte.

Sobre o roteiro, as histórias focavam nesse pequeno pelotão, em seu avançar pelo território francês, ao rumar em direção a Paris. Nesse ínterim, inúmeras situações a gerar conflitos aconteciam, a envolver muita dramaticidade. Por interagir com os civis, muitas vezes, situações extra-militares foram expostas de uma maneira muito interessante, para exibir-se as mazelas da guerra, e o estrago um conflito dessa natureza causa inevitavelmente na vida das pessoas comuns, ao desmantelar a sociedade civil.

De penúrias geradas pela escassez de recursos, ao prejuízo psicológico inerente; das revoltas e perdas, aos questionamentos ideológicos. E sobretudo pelo aniquilamento total dos sonhos das pessoas, em sua paz de espírito e capacidade para amar em meio a tanto ódio.

Lógico, os embates contra os inimigos nazistas, também deu margem à criação de muitos episódios interessantes, inclusive a investir em aspectos humanos, muito além do confronto militar entre inimigos, simplesmente.

Em termos de elenco fixo, um conflito velado, às vezes foi explorado de forma interessante, também. O fato de haver um abismo intelectual e social entre os personagens do tenente Hanley e o sargento Saunders, gerou certas tensões e reflexões a ser interpretada pelos telespectadores. Hanley era um oficial com pouca experiência militar prática, e por ser um civil recrutado para a guerra, e alçado à condição de oficial por suas qualificações universitárias e intelectuais avantajadas, causava uma certa revolta não confessa no sargento Saunders, muito mais experiente, militarmente a falar, mas em contraponto, por ser um homem simples do povo, sem muita educação.


Os demais membros do elenco fixo, foram : Pierre Jalbert (Soldado Paul Caje LeMay, um franco / americano, e escalado sempre para traduzir o idioma francês que falava bem, com os civis); Jake Kogan (soldado William G. Kirby); e Dick Peabody ("Little" John). Outros atores fizeram parte do elenco fixo, mas a atuar em menos temporadas em relação aos que citei acima, que participaram de todas.

Por ter todo esse esmero na produção, Combat extrapolou o padrão de orçamento da TV, para a época. Cada episódio, chegou a custar U$ 127,5 mil, ou seja, uma exorbitância para a realidade da época. Somente a quinta temporada foi filmada em cores, com o aumento do custo, para a faixa de U$ 183 mil, portanto, uma fortuna (todavia, que valeu cada centavo, acrescento).

No Brasil, a série foi exibida desde 1963, ao passar na extinta TV Excelsior, e também na TV Record. Reprises ocorreram nos anos setenta, mas depois disso, por muitos anos, a série não foi mais exibida, até obter uma nova chance, recentemente (2013), no canal a cabo, TCM, mas infelizmente tal emissora não exibiu as cinco temporadas na íntegra. O que passou, particularmente, eu gravei, mas fiquei assim, sem a coleção completa, ao menos nessa ocasião / oportunidade... 



O ator, Vic Morrow, teve uma carreira muito boa na TV e no cinema, após o sucesso de Combat !, mas infelizmente teve uma morte violenta, por um acidente de trabalho, em meio a uma filmagem. Ocorreu quando ele estava a filmar uma cena de um longa metragem (curiosamente, uma versão cinematográfica para o clássico da TV, "The Twilight Zone", sendo que ele participara como ator convidado em episódios dessa série, no início dos anos 1960). Lamentavelmente, ele foi decapitado pela hélice de um helicóptero, que fazia parte da cena. Isso ocorreu em julho de 1982.
                                      Jennifer Jason Leigh                           

Vic que foi pai das atrizes, Jennifer Jason Leigh e Carrie Morrow, trabalhou em dois filmes emblemáticos da década de cinquenta : "The Blackboard Jungle" e "King Creole" (o melhor filme de Elvis Presley, em minha opinião).

Já no caso de Rick Jason, ele foi um ator / cantor, que houvera atuado em espetáculos musicais, principalmente. Depois de Combat !, atuou como ator convidado em muitas séries nos anos setenta, mas saiu da TV, paulatinamente e assim voltou para a sua paixão inicial, os musicais de teatro. Em 2000, estava a enfrentar uma depressão, quando foi encontrado morto em sua residência.

Combat ! foi uma das mais espetaculares séries ambientadas em guerras, senão a melhor até hoje. Fez enorme sucesso no mundo inteiro, sendo uma das primeiras séries norteamericanas a ser exibidas praticamente no planeta inteiro, com exceção dos países dominados pelo regime comunista na ocasião, obviamente proibido pelos seus respectivos governos, antagônicos aos Estados Unidos e aliados do Ocidente.

Cada episódio tem o peso de uma pequena obra, tamanha a sua qualidade artística. De minha parte, claro que eu adoro a série, e sem dúvida que por conta da sua influência, impulsionou e muito o meu interesse pelos filmes de guerra, e pela história da Segunda Guerra Mundial, um conflito dramático e cheio de nuances, as mais diversas. Fica o convite para as produtoras nacionais lançar o Box-Set da série completa, e resgatar a dublagem brasileira, e com os devidos extras recheados, iguais à caixa norteamericana. *
*Como adendo que posto em outubro de 2017, anuncio com prazer que atualmente existe sim, no mercado brasileiro, o Box Set da série completa em DVD, com direito à dublagem em português, da época. Está disponível nas boas casas do ramo, tanto físicas, como nos seus respectivos departamentos de vendas virtuais.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Eu (ainda) Tenho um Sonho - Por Luiz Domingues

Em 1963, um contingente formado por cerca de duzentas e cinquenta mil pessoas aglomerou-se em frente ao Memorial Lincoln, em Washington, D.C., para ouvir um discurso que entrou para a História. O pastor Batista e ativista político, Martin Luther King Jr. falou com muita propriedade sobre a necessidade premente em estabelecer-se a igualdade racial na América do Norte, e dessa forma, com a conquista dos Direitos Civis plenos, à todos os cidadãos, independente de sua origem racial.

O discurso : "Eu Tenho um Sonho", foi apenas um ato dessa grande luta, entretanto angariou uma dimensão enorme na sociedade pela repercussão midiática inédita em torno dessa discussão, e consequentemente, tornou-se emblemático. Todavia, na verdade, a luta de Martin iniciara-se alguns antes, quando este liderou um protesto contra a segregação, na cidade de Montgomery / Alabama. 
O caso de Montgomery, ocorrido em 1955, foi gerado por conta de um incidente com uma mulher negra que recusara-se a ceder o assento a uma mulher branca, dentro de um ônibus urbano dessa cidade, e uma revolta eclodiu contra a Lei que mostrava-se arcaica e descabida, portanto, em pleno século XX. Outro fato posterior, e pertinente, ocorreu em 1957, quando cinco estudantes negros foram impedidos em frequentar as aulas em uma escola, situada na cidade de Little Rock, a capital do estado de Arkansas, e assim provocar uma outra onda de protestos, pró e contra, diga-se de passagem.

Martin Luther King Jr. teve então, o papel decisivo nesses protestos, ao levar a questão a ser discutida na Suprema Corte norteamericana e daí provocar a revogação de tal Lei, para tornar proibida  a discriminação racial no transporte público. Esse foi apenas um ponto, pois na prática faltava muitas coisas essenciais na América, para que os Direitos Civis fossem de fato assegurados para todas as pessoas, e nesse ínterim, Martin teve a sua voz a cada dia mais amplificada. 
Admirador confesso do líder indiano, Mohandas Gandhi (a palavra "Mahatma", geralmente usada para designá-lo, é na verdade um "título" honorário, e muito respeitoso na cultura indiana), Martin adotou na sua postura, a observação da "não-violência", como um modus operandi, tal como o líder indiano. 
Em sua visão, Martin sabia que possivelmente haveria retaliações violentas por parte de forças racistas, principalmente nos estados do sul do país, portanto, apesar de ser algo extremamente doloroso, se os negros não reagissem, tal postura ganharia a opinião pública, via mídia. As reivindicações básicas foram : fim da discriminação racial na sociedade; direito ao voto; igualdade de condições de trabalho para os negros, enfim, a igualdade social. 

Em 1964, uma nova Lei foi promulgada, como adendo à Constituição. Com a nova Lei dos Direitos Civis, uma grande vitória, assegurou-se. No ano seguinte, uma outra conquista importante veio, através do direito ao voto, com a nova Lei eleitoral aprovada. Nesse ano de 1964, Martin ganhou o prêmio Nobel da Paz, por ter sido reconhecido o seu esforço. 
A partir de 1965, ele começou a centrar as suas baterias contra a Guerra do Vietnã, quando notou que tal intervenção nada tinha de patriótica, como o governo tentou passar essa ideia ao povo, mas a tratar-se de uma manobra geopolítica a serviço de interesses comerciais dessa forma, ele também ganhou a simpatia da juventude branca centrada na concepção anti-Vietnã, notadamente entre os Hippies. Claro, com tal atitude, amealhou ainda mais antipatia dos oponentes desses ideais, e convenhamos, em seu bojo, tratou-se das mesmas vozes reacionárias, portanto os conservadores escravocratas, pró manutenção da segregação. Em 4 de abril de 1968, Martin preparava-se para liderar mais uma marcha, em Memphis, no Tennessee, quando foi assassinado nas dependências do hotal onde hospedara-se. 
Um sujeito chamado, James Earl Ray, confessou o crime, no entanto, anos depois, declarou ter sido usado como bode expiatório. Bem, um fato s assim não foi novidade na América, vide a figura de Lee Harvey Oswald. Lamentamos a perda de um ativista de fibra, e orador brilhante como Martin Luther King Jr., é claro. 
Contudo, o seu discurso proferido na escadaria do Memorial Lincoln, em 28 de agosto de 1963, tornou-se eterno. Passados cinquenta anos dessa manifestação histórica, muitas fatores mudaram para melhor na América e por extensão, em todo o mundo.  
Contudo, há muita coisa ainda a ser melhorada, portanto, podemos afirmar que "ainda" temos um sonho, em observarmos um mundo realmente fraternal, e que não seja tal compartilhamento regido por regime totalitário, algo que sabemos, não funciona por decreto. Cabe-nos colocar em prática, propostas que leve-nos à essa harmonia, e assim, seguirmos os passos propostos por ativistas pacíficos como Mahatma Gandhi e Martin Luther King Jr.
Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica, em 2013.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Centro Cultural São Paulo - Por Luiz Domingues


A escavação a visar a construção do Metrô em São Paulo, começou oficialmente em 1968. No entanto, foi muito paulatinamente que tal trabalho de engenharia avançou, e desta forma, quando os trilhos que vinham da última estação do lado 'sul", Jabaquara, começou a chegar nos bairros de Vila Mariana e Paraíso, com a intenção em seguir a direção ao centro da cidade, e posteriormente aos bairros da zona norte, muitas desapropriações foram promovidas, naturalmente. 
Em um desses terrenos, uma íngreme e de grande proporção formação rochosa que margeava a Avenida 23 de maio, em sua  parte baixa, e a Rua Vergueiro, no andar superior, surgiu a ideia de construir-se um complexo de torres que abrigariam sob uma primeira instância, escritórios comerciais; consultórios médicos em várias especialidades; hotéis; um possível Shopping Center e uma biblioteca pública. Vivia-se a administração do prefeito, Miguel Colassuono e chamou a atenção que a sua ideia inicial pensara em empreendimentos privados e a conter apenas um item versado pelo interesse público e cultural, ou seja, a possibilidade de uma biblioteca. No entanto, não saiu da gaveta esse projeto e o Metrô passou, ao estender-se até a zona norte, com aquele terreno da superfície a permanecer descampado, a envolver a estação Vergueiro. 
O prefeito seguinte, Olavo Setúbal, nomeou uma nova comissão de estudos e resolveu-se fazer uma grande biblioteca, moderna, e com um conceito novo de compartilhamento da informação, ousado para a época. Contudo, a lenta burocracia municipal fez com que o projeto de 1975, só fosse pautado à licitação em 1976, e as obras começassem então, somente em 1978. Em 1979, o então prefeito, Reynaldo de Barros, passou uma borracha em tudo, e encantado com o Centro Cultural Georges Pompidou, de Paris, quis empreender algo nesses moldes, para ampliar o projeto inicial, e ao ir além de uma super biblioteca, a conter uma concepção arrojada ao abrigar teatros; salas de cinema; exposições e oficinas artísticas  / culturais, as mais diversas.

O prefeito convocou então o seu secretário de cultura, Mario Chamie, que entusiasmou-se, e com o apoio dos arquitetos, Eurico Prado Lopes e Luiz Telles a assinar a obra, tocou o projeto adiante, enfim.

Ao aproveitar-se da topografia irregular daquela imensa encosta, os arquitetos conceberam um prédio com características ousadas, a privilegiar as armações de ferro e os largos espaços envidraçados.

A enorme quantidade de entradas e saídas, conferiu a sensação de liberdade, ao extrair a possibilidade em alimentar sentimentos labirínticos ou claustrofóbicos. Apesar de ter sido concebido por prefeitos ditos, biônicos e comprometidos com o regime federal fechado de então, tal ousadia arquitetônica e sobretudo cultural, preocupou os setores mais conservadores da cúpula militar. 

Há relatos da parte dos arquitetos envolvidos nessa obra, de que fiscais apareciam constantemente a estabelecer uma série de observações impertinentes, com o claro objetivo em atrapalhar o processo.

Todavia, superada essa dificuldade, o projeto prosseguiu e graças a imaginação da esposa do secretário, Mario Chamie, surgiu o logotipo oficial do CCSP, concebido por ela e a fazer alusão à estrutura arquitetônica do complexo, com os seus ferros torneados de uma forma inusitada. Em 13 de maio de 1982, o Centro Cultural São Paulo foi inaugurado, instalado em seu histórico endereço : Rua Vergueiro, 1000. 

Dali em diante, tornou-se um polo de multi-exploração cultural, e muito rapidamente, e certamente um ponto importante para shows; teatro; cinema; exposições; saraus; palestras, etc. Nos anos oitenta, por exemplo, é muito difícil pensar em algum artista ligado ao Rock; Blues; Jazz ou MPB, do Brasil, que não tenha apresentado-se ali. As apresentações musicais fizeram história no auditório Adoniran Barbosa, em seu famoso quadrado envidraçado. 
Muitos projetos de música, realizados no vão livre, aconteceram com o passar dos anos, mas foi naquele auditório que foram guardadas as grandes lembranças do CCSP. Eu, mesmo, Luiz Domingues, tenho uma longa história pessoal com o CCSP, e especialmente com o auditório, Adoniran Barbosa. 
Apresentei-me ali, com quase todas as bandas onde toquei, em fases diferentes, e com ótimas lembranças sobre cada ocasião. Em 1983, por exemplo, apresentei-me ali pela primeira vez, como membro do Língua de Trapo. Foi uma apresentação relâmpago, concebida para homenagear o compositor, Adoniran Barbosa. Nesse show em tom de um tributo, estiveram presentes também outros artistas, tais como : Demônios da Garoa; Anna de Hollanda; Eduardo Gudin, etc. Curiosamente não ocorreu no auditório "Adoniran Barbosa", mas na sala ao lado, que era reservada exclusivamente às peças de teatro. Já em 1984, realizei três shows com o Língua de Trapo, com uma super lotação, a conter gente sentada na escada de acesso, além da tradicional "turma do vidro", a assistir gratuitamente do lado de fora.

Seguiu-se sete shows com A Chave do Sol, entre 1986 e 1988. Voltei naquele palco com o Pitbulls on Crack, nos anos noventa, por três vezes.

 

Com a Patrulha do Espaço, foram inúmeras as apresentações, entre 1999 e 2004. Na temporada de três shows cumpridos em 2004, gravamos um álbum ao vivo, (mas que só foi lançado em 2007), com o título :"Capturados ao vivo no Centro Cultural São Paulo em 2004".

Já na fase do Pedra, outra banda pela qual atuei, foram quatro shows, dois deles, para lançar os discos : "Pedra" e "Pedra II", respectivamente. 

Recentemente (2013), o CCSP passou por uma ampla reforma e dessa forma, sinaliza que pretende voltar a ser um polo de shows importantes na cidade. 
Crítica construtiva, devo observar no entanto, que ficou ainda mais burocrático do que o era anteriormente em seus meandros, e assim, agendar shows tornou-se complicado. Senhores dirigentes da entidade, melhorem isso por favor ! Tirante essa questão tecnocrata, o Centro Cultural São Paulo é ainda um grande polo de cultura na cidade, e dotado de um facílimo acesso, por estar acoplado a uma estação de Metrô (Estação Vergueiro), literalmente e portanto,  a tornar a sua localização, tranquila até para quem não conhece a cidade.
Matéria publicada inicialmente no Site / Blog Orra Meu, em 2013.