domingo, 26 de março de 2017

Persuasão a Cada Três Dias - Por Luiz Domingues



Em linhas gerais, é notório que o mundo do futebol é simplório sob inúmeros aspectos. Apesar dessas particularidades que destoam de aspectos culturais mais avantajados, esse fator jamais incomodou-me sobremaneira ao ponto de rechaçá-lo por completo, e sei que muitos amigos pensam igual. 

Convive-se com o caráter prosaico que envolve-o indelevelmente e no meu caso e de muitos amigos que também acompanham-no sem crises de identidade, apesar dos pesares, não sinto-me conspurcado por nenhum aspecto. Entretanto, em muitos aspectos que eu observo, e sei por conseguinte que trata-se de estrato de baixo nível educacional e/ou cultural inerente aos meandros desse esporte, são difíceis de serem absorvidos, mesmo ao ter em conta a mentalidade predominante dentro desse universo.
Por exemplo, a questão da falta de motivação que quase todo jogador de futebol aparenta ter dentro da profissão e a que todo instante precisa ser exortado a ter. Ora, isso extrapola em muito a tolerância que se possa ter pelo fato de que 99,9 % dos jogadores ter origem sociocultural e financeira de baixíssimo nível. Mesmo diante desse quadro de realidade triste, e mesmo a considerar-se o analfabetismo emocional, funcional e literal da imensa maioria, como espectador do esporte, é duro verificar que os dirigentes e notadamente os membros da comissão técnica de cada clube e que lidam com tais jogadores no cotidiano, sejam obrigados a fazer um trabalho de convencimento a cada jogo (invariavelmente, falo de quarta e domingo em via de regra), para que os seus comandados “entendam” que precisam entrar no campo com o objetivo de ganhar o próximo jogo...
Vejo com perplexidade o discurso de certos treinadores, ao empreender dinâmica de grupo para fazer com que os seus comandados entendam a mais óbvia questão do objetivo a ser alcançado, como se fosse uma completa “novidade”, de jogo para jogo e assim, a denotar que o significado de uma continuidade de resultados como meta, fosse incompreensível para a maioria, ou seja, o significado prático oriundo da necessidade premente de ganhar-se todos os jogos para se vencer um campeonato.

Tirante a questão da astúcia inerente da parte de alguns, visto que o “incentivo” imoral do chamado “bicho” (gratificações monetárias ofertadas pelos clubes para cada jogo, fora do salário oficial), ser algo manipulável ao extremo pelos inescrupulosos de plantão, fico a imaginar a bizarra cena de um gerente de banco a cada segunda-feira a reunir os funcionários da agência bancária, para lhes “explicar”  que na nova semana que inicia-se, faz-se necessário que todos empenhem-se para cumprir com a máxima eficiência a sua função, como se isso fosse alguma novidade para qualquer bancário. O mesmo raciocínio serve para qualquer classe trabalhadora, do padeiro ao farmacêutico; do motorista do ônibus ao balconista da loja de sapatos e assim por diante. 
Portanto, é bizarro que no futebol isso exista e seja tratado como algo rotineiro, ou seja, ter que explicar após o jogo do domingo, que eles, os jogadores, precisam “focar” no jogo da próxima quarta, ainda mais ao levar-se em conta os jogadores mais badalados que jogam em grandes clubes da série A, que invariavelmente ganham salários estratosféricos, que chegam a ter o valor de mais de cem vezes o salário de um super executivo de empresa multinacional do mundo corporativo etc. 

Ou seja, o mínimo que esses profissionais deveriam saber, é que a sua obrigação é sempre dar o seu máximo em campo, ao buscar sempre a vitória em todo jogo, e se perder a partida, que seja pela supremacia técnica do adversário que pensa e luta pelo mesmo objetivo, em tese, e jamais por falta de “compreensão” da dinâmica de sua profissão e assim sendo, que precisa ser “convencido” disso a cada três dias, pois na prática eles só puxam a carroça, mediante a aparição de uma cenoura diante de sua vista...  

sexta-feira, 24 de março de 2017

Os Kurandeiros + Duck Strada - 26/3/2017 - Domingo / 19 Hs. - Fofinho Rock Bar - Belenzinho - São Paulo / SP



Os Kurandeiros

Participação Especial : Duck Strada - Voz & Violão com clássicos do Rock e MPB anos sessenta / setenta

26 de março de 2017  -  Domingo  -  19 Horas

Fofinho Rock Bar

Avenida Celso Garcia, 2728

Belenzinho

Estação Belém do Metrô

São Paulo  -  SP

Duck Strada -Voz e Violão 

Os Kurandeiros :
Kim Kehl - Guitarra e Voz
Carlinhos Machado - Bateria e Voz
Luiz Domingues - Baixo

quarta-feira, 22 de março de 2017

Os Kurandeiros - 24/3/2017 - Sexta-Feira / 20 Hs. - Magnólia Music Bar - Lapa - São Paulo / SP



Os Kurandeiros

Show + Entrevista ao Vivo no Programa Planet Music Brasil


24 de março de 2017  -  Sexta-Feira  -  20 Horas


Magnólia Music Bar


Rua Marco Aurélio, 884


Lapa


São Paulo  -  SP


Os Kurandeiros :

Kim Kehl - Guitarra e Voz
Carlinhos Machado - Bateria e Voz
Luiz Domingues - Baixo

domingo, 12 de março de 2017

Locução Esportiva sob Distrações - Por Luiz Domingues



Nos tempos atuais, com tanta tecnologia disponível, o papel do rádio na transmissão esportiva, notadamente o futebol, diminuiu drasticamente por motivos óbvios. No entanto, ainda resiste bravamente, mantendo sua estrutura básica que remonta há décadas. Em sua estrutura clássica, como é uma transmissão radiofônica de um jogo de futebol ? Começa em média uma hora antes da partida em si, trazendo análises sobre o momento de cada equipe; bastidores; especulações e repercussão de diversas pessoas envolvidas em geral. Aí vem a partida em si, com espaço para análise do primeiro tempo no intervalo por parte do comentarista; segundo tempo e mais uma hora de pós jogo repercutindo o resultado e as ocorrências, com a inevitável discussão das jogadas polêmicas, reclamações dos dois times e entrevistas.

No tocante à equipe, o time base de uma locução de futebol vai de : locutor oficial; comentarista e dois repórteres de campo, mais a equipe técnica, que varia conforme a sofisticação de cada emissora, naturalmente.


Por décadas, a transmissão radiofônica de uma partida de futebol era a mais eficaz forma de acompanhar-se os jogos para quem não podia estar in loco nos estádios, principalmente quando seu time do coração jogava fora de sua cidade sede, mas tornou-se tão importante aos ouvidos dos torcedores, que passou a ser prática usual levar radinhos de pilha para os estádios, com muita gente assistindo os jogos com os aparelhinhos colados à orelha. O prazer de ver ao vivo, mas escutando a transmissão de seus locutores prediletos, criou seus paradigmas próprios, como por exemplo a discordância com a opinião dos comentaristas, um clássico entre torcedores que sempre estigmatizam os comentaristas como torcedores de equipes rivais à sua e por conseguinte, achando que perseguem seu time do coração com comentários sempre desdenhosos (implicância a parte, isso também existe, devo observar com tristeza...).

O radinho nos estádios criou outros hábitos. É clássica por exemplo a antecipação de informações vitais para os torcedores nas arquibancadas, ganhando em velocidade do placar eletrônico e o serviço de som do estádio. Um gol de um time num outro jogo que favoreça ou atrapalhe o seu time no campeonato em curso, quando anunciado na transmissão esportiva, causa frisson na arquibancada, gerando berros de pessoas anunciando a novidade e tornando a comoção ou o lamento, epidêmico na arquibancada.

E certamente que os locutores; comentaristas e repórteres de campo tornaram-se mega famosos nesse universo e principalmente os locutores, foram tornando-se celebridades, motivando-os a criar bordões personalizados, realçando isso como seu cartão de visitas.

Décadas atrás, muitos locutores tornaram-se míticos. Era uma fase romântica do radialismo esportivo onde figuras como Mário Vianna no Rio de Janeiro usando vozeirão impostado falava “Gol Legal”, quando considerava que não havia dúvida alguma sobre a jogada e “Ilegal”, quando considerava irregular por algum motivo (e no caso dele, como ex-árbitro, era rigoroso nessa interpretação). No meu imaginário mais usual como paulistano, uma figura como Fiori Gigliotti, parecia um poeta narrando uma partida. Quando o jogo terminava, seu bordão era “Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo”, dando-lhe aura teatral, certamente. E nos momentos finais de clássicos ou jogos decisivos e com placar apertado para um ou outro time, sua locução tornava-se empolgante. Falava como se fosse uma batalha épica da mitologia grega, fazendo de um simples jogo de bola, algo grandiloquente. Imagino quantos garotos de dez anos de idade ouvindo a transmissão, com os nervos à flor da pele pelo seu time do coração, emocionavam-se, eu incluso, ouvindo aquela linha de narração...

Mas o tempo foi passando e a tecnologia foi tratando de trazer novas formas de acompanhar-se as partidas e mais que isso, chegamos a um ponto onde o torcedor tem opções 24 h por dia para seguir, com informações sendo atualizadas por segundo sobre seu time e os adversários. Para assistir os jogos, fora a TV, tem os canais a cabo, o sistema Pay-Per-View, a telefonia móvel; o You Tube, as redes sociais com torcedores comentando on line numa velocidade estonteante. Apesar de tudo isso, a transmissão radiofônica tradicional existe e não dá sinais de que vá cair em desuso tão cedo, apesar de todas as modernidades. 
Todavia, fruto de todas essas modificações, a transmissão radiofônica já não é a mesma. Talvez levando em conta que poucas pessoas não estejam vendo o jogo com imagens em algum dispositivo, os locutores modernos tornarem-se muito preguiçosos. Já não fazem questão de narrar com a rapidez que era a marca registrada do rádio e fazem até longos interlúdios absolutamente irritantes, quando julgam que o jogo não está emocionante, abrindo campo para brincadeiras internas entre os componentes de sua equipe, absolutamente inadmissíveis em desrespeito ao ouvinte. Isso sem contar o desdém que explicitam contra jogadores que cometeram jogadas com pouca técnica, fazendo comentários muito deselegantes e aí cabe observar também que fora a grosseria com o profissional da bola, quando tomam tal iniciativa, esquecem-se de que o ouvinte, atônito, não está querendo deduzir pelos seus gracejos, que uma jogada ruim acabou de acontecer, tampouco saber da opinião pessoal do narrador, mas que simplesmente o testemunhal que espera desse tipo de profissional, seja cumprido a risca, só isso.
Portanto, independente de levarem em consideração que nos dias atuais poucas pessoas não dispõe de algum recurso tecnológico para assistir os jogos ao vivo, os locutores de rádio deviam coibir seus maneirismos e ter uma condução dentro do parâmetro básico do rádio ou seja, narrando o jogo com o máximo de fidelidade, evitando distrações; piadas internas entre membros da equipe; comentários esdrúxulos fora do contexto da partida e excesso de bordões. Ou seja, o básico do básico : quem passou a bola para quem; quem chutou, e se foi gol ou não...