Eis aqui uma
obscura, mas muito interessante película com o mote de um Rock Movie, chamada:
“Live it Up”, produção britânica de 1963, sob a batuta de Lance Comfort. Então,
o espectador mais atencioso, mesmo sem assistir o filme, já é facilmente
induzido a imaginar que pelo fato de ser uma produção britânica e lançada em
1963, trata diretamente da euforia gerada pela explosão da Beatlemania no Reino
Unido e a trazer a reboque a plena ebulição do que viria a ser tratado como a “British
Invasion”, municiada por uma enorme quantidade de bandas (algumas delas,
maravilhosas, inclusive), a atingir o mega sucesso em âmbito mundial, a bordo
do vácuo gerado pelos Beatles. Ou mesmo a envolver a cena “Mod”, que vivia o
seu auge, igualmente. Pois nem uma coisa, nem outra, diretamente a falar,
contudo, nem por isso desaponta e pelo contrário, trata-se de um filme que apresenta
surpresas, aliás, muito boas.
A banda fictícia, Smart Alec's, que protagonizou o filme "Live it Up"
Bem, a história é contada em torno de um grupo de jovens com origem humilde, que trabalham como carteiros, mas que formam uma banda de Rock e naturalmente sonham com o estrelato. Uma estratégia que vislumbram empreender para poder obter uma chance, revela-se uma oportunidade proporcionada pelo fato de trabalhar como mensageiros, e por conta disso, ao imaginar ser possível encaminhar uma fita demo tape a um produtor musical, diretamente em suas mãos, pleiteiam um lugar ao sol.
Faço um parêntese para observar que é bonita a história da banda em sonhar e lutar pela sua ascensão e sob um segundo ponto de vista, é interessante também observar que ficção a parte, ao tratar-se da vida real, qualquer músico que tivesse uma banda de Rock obscura na Inglaterra, em 1963, teve todos os motivos para sonhar com um voo mais alto, mas convenhamos, pela euforia gerada, todavia, para conseguir atingir tal patamar, enfrentou uma concorrência gigantesca.
Bem, a história é contada em torno de um grupo de jovens com origem humilde, que trabalham como carteiros, mas que formam uma banda de Rock e naturalmente sonham com o estrelato. Uma estratégia que vislumbram empreender para poder obter uma chance, revela-se uma oportunidade proporcionada pelo fato de trabalhar como mensageiros, e por conta disso, ao imaginar ser possível encaminhar uma fita demo tape a um produtor musical, diretamente em suas mãos, pleiteiam um lugar ao sol.
Faço um parêntese para observar que é bonita a história da banda em sonhar e lutar pela sua ascensão e sob um segundo ponto de vista, é interessante também observar que ficção a parte, ao tratar-se da vida real, qualquer músico que tivesse uma banda de Rock obscura na Inglaterra, em 1963, teve todos os motivos para sonhar com um voo mais alto, mas convenhamos, pela euforia gerada, todavia, para conseguir atingir tal patamar, enfrentou uma concorrência gigantesca.
A banda formada
pelos jovens carteiros, chama-se : “Smart Alec’s” e além do ator, David
Hemmings a interpretar o personagem, Dave Martin, existe a curiosíssima
presença de Steve Marriott, então a aparentar ser quase um adolescente, a
interpretar o personagem, Ricky. Portanto a surpresa mostra-se dupla para o espectador
Rocker em geral, principalmente amparado pelo fato do filme ter mais de
cinquenta anos de idade, ou seja, mediante uma larga margem de distanciamento
histórico, é inacreditável ver o então futuro guitarrista e vocalista de duas
bandas seminais do Rock britânico, Small Faces e Humble Pie, a atuar como ator
e com uma agravante, na banda fictícia, ele é o baterista! Todavia, ao final
da película, ele toca guitarra em um número aleatório, a simular uma
brincadeira informal da banda em um momento de aguardo para uma outra situação.
Em cena do filme, "Live it Up", os atores David Hemmings e Jennifer Moss (esta, também uma cantora)
E sobre David Hemmings, é também interessante vê-lo bem jovem e não muito tempo depois a sua carreira como ator decolaria, para fazer história ao protagonizar grandes filmes de arte, casos de “Blow-up”; “Barbarella” e tantos outros, um fato irrefutável. Ainda a fazer parte dessa banda do filme, outra presença ilustre, dá-se com Heinz Burt (como: Ron), que era nascido na Alemanha, mas com a carreira construída na Inglaterra, foi um baixista e cantor, além de ator, tendo sido componente da banda, “The Tornados” na vida real (curiosamente, tal banda aparece no início do filme, a tocar nos créditos iniciais). Completa a banda, o ator, John Pike, como Phil, o baixista que era bem iniciante e nitidamente tocava em um nível aquém dos demais companheiros, na ficção.
Em cena do filme, "Live it Up", os atores David Hemmings e Jennifer Moss (esta, também uma cantora)
E sobre David Hemmings, é também interessante vê-lo bem jovem e não muito tempo depois a sua carreira como ator decolaria, para fazer história ao protagonizar grandes filmes de arte, casos de “Blow-up”; “Barbarella” e tantos outros, um fato irrefutável. Ainda a fazer parte dessa banda do filme, outra presença ilustre, dá-se com Heinz Burt (como: Ron), que era nascido na Alemanha, mas com a carreira construída na Inglaterra, foi um baixista e cantor, além de ator, tendo sido componente da banda, “The Tornados” na vida real (curiosamente, tal banda aparece no início do filme, a tocar nos créditos iniciais). Completa a banda, o ator, John Pike, como Phil, o baixista que era bem iniciante e nitidamente tocava em um nível aquém dos demais companheiros, na ficção.
Também participante do filme, "Live it Up", eis o grupo britânico, orientado pelo som Pop/Surf-Music, "The Outlaws", com o guitarrista Ritchie Blackmore (ao centro, em pé), bem antes de tornar-se mundialmente famoso com o Deep Purple e posteriormente, com o Rainbow.
Outra curiosa participação dá-se com um número musical instrumental perpetrado pela banda, “The Outlaws”, igualmente da vida real e que mostra a participação do guitarrista, Ritchie Blackmore, que era seu componente e que cinco anos depois desse filme, começaria a ficar famoso em larga escala ao atuar em outra banda bem mais proeminente, o Deep Purple. O tema que o The Outlaws toca é muito agradável, bem na linha da Surf Music e mais inusitado ainda é ver Ritchie a rebolar, sob uma coreografia ridícula executada pela banda toda, logo ele que notabilizou-se posteriormente pelo seu extremo mau humor crônico. Todavia, não parou por aí, pois outro músico que tornar-se-ia muito famoso, atua discretamente no filme ao tocar com a sua então banda.
O grupo britânico, "Pete Nelson & The Travellers", que atuou no filme e com o seu então baterista, Mitch Mitchell que tornar-se-ia um astro do Rock mundial alguns anos depois ao tocar no super grupo: "Jimi Hendrix Experience"
Simplesmente, Mitch Mitchell, que tocaria com a banda de Jimi Hendrix, o Jimi Hendrix Experience. No filme, ele toca com a sua banda da ocasião, “Pete Nelson & The Travellers”. Há também a espetacular versão para o tema : “Rondo” em arranjo jazzístico, e executado por “Kenny Ball and the Jazzmen”. Kim Roberts e “Andy Cavell and the Saints”, apresentam-se, igualmente.
Simplesmente, Mitch Mitchell, que tocaria com a banda de Jimi Hendrix, o Jimi Hendrix Experience. No filme, ele toca com a sua banda da ocasião, “Pete Nelson & The Travellers”. Há também a espetacular versão para o tema : “Rondo” em arranjo jazzístico, e executado por “Kenny Ball and the Jazzmen”. Kim Roberts e “Andy Cavell and the Saints”, apresentam-se, igualmente.
O grande astro norte-americano, cinquentista, Gene Vincent, em seu número no filme, "Live it Up"
As cantoras (então) jovens, Patsy Ann Noble e Jeniffer Moss também cantam no filme, além da banda “Sounds Incorporated” e uma surpresa espetacular, dá-se com a presença de Gene Vincent, o grande astro do Rock cinquentista, naturalmente ainda em grande forma no ano de 1963.
Músico e ator, Heinz Burt, atuou neste filme como um componente da banda fictícia, "Smart Alec's"
Bem, falei antes sobre alguns dados adicionais que tornou esse filme muito interessante tanto pela parte musical, quanto pela curiosa participação de alguns músicos que tornar-se-iam muito famosos no futuro.
O gigante do Rock britânico, Steve Marriott, em dois momentos: na primeira foto a atuar no filme "Live it Up", como baterista da banda fictícia, "Smart Alec's" e abaixo, nos anos setenta, a atuar ao vivo com o seu: "Humble Pie"
Sobre o argumento e a produção em si, trata-se de uma história bem simples, a versar sobre meninos oriundos da classe operária britânica, que sonhavam em ser astros do Rock, e o roteiro acompanha os seus movimentos em prol da concretização de seus anseios. Nesse ínterim, o roteiro programou o trivial para sustentar o filme, como conflitos dos rapazes, principalmente em relação ao personagem defendido pelo ator, David Hemmings (Dave Martin), que sofre a resistência sistemática e esperada da sua família tradicional para aventurar-se na música.
As relações com garotas que transitam em torno dos componentes da banda, também são mostradas, além de bastidores de programas de TV. Todavia, tudo gira em torno dos esforços da banda para entregar o seu material a um produtor musical. Isso ocorre ao final por uma via prosaica, quando a banda toca ao vivo, propositalmente na central de chamadas de um posto de táxis e o motorista, que é amigo dos rapazes, finge ser natural tocar aquele som em seu automóvel, como se fosse em uma estação de rádio com o tal produtor maioral a estar a bordo e assim ele ouve a banda, enfim e a contrata por gostar da sonoridade da canção, “Live It Up”, nada mais inverossímil, mas uma resolução normal para tal tipo de filme bem ingênuo, naturalmente.
Alguns atores não mencionados anteriormente: Jennifer Moss (como Jill), Veronica Hurst (como Kay), Joan Newell (como Margareth Martin), Ed Devereaux (como Herbert Martin), David Bauer (como Mark Watson) e outros.
O diretor britânico, Lance Comfort, que assinou, "Live it Up"
Sobre o argumento e a produção em si, trata-se de uma história bem simples, a versar sobre meninos oriundos da classe operária britânica, que sonhavam em ser astros do Rock, e o roteiro acompanha os seus movimentos em prol da concretização de seus anseios. Nesse ínterim, o roteiro programou o trivial para sustentar o filme, como conflitos dos rapazes, principalmente em relação ao personagem defendido pelo ator, David Hemmings (Dave Martin), que sofre a resistência sistemática e esperada da sua família tradicional para aventurar-se na música.
As relações com garotas que transitam em torno dos componentes da banda, também são mostradas, além de bastidores de programas de TV. Todavia, tudo gira em torno dos esforços da banda para entregar o seu material a um produtor musical. Isso ocorre ao final por uma via prosaica, quando a banda toca ao vivo, propositalmente na central de chamadas de um posto de táxis e o motorista, que é amigo dos rapazes, finge ser natural tocar aquele som em seu automóvel, como se fosse em uma estação de rádio com o tal produtor maioral a estar a bordo e assim ele ouve a banda, enfim e a contrata por gostar da sonoridade da canção, “Live It Up”, nada mais inverossímil, mas uma resolução normal para tal tipo de filme bem ingênuo, naturalmente.
Alguns atores não mencionados anteriormente: Jennifer Moss (como Jill), Veronica Hurst (como Kay), Joan Newell (como Margareth Martin), Ed Devereaux (como Herbert Martin), David Bauer (como Mark Watson) e outros.
O diretor britânico, Lance Comfort, que assinou, "Live it Up"
Bem, recomendo a obra, pois para qualquer Rocker que se preze, ver tantas personalidades do Rock e algumas, que nem famosas o eram ainda nessa época, é um privilégio enquanto raro documento de época. Escrito por Lyn Fairhurst. Foi dirigido por Lance Comfort. Lançado em novembro de 1963.
O ator, John Pike, que interpretou o baixista, Phil e Steve Marriott, que interpretou o baterista, Ricky em "Live it Up"
O filme teve um resultado razoável nas salas de cinema britânicas na época, talvez pela falta de um melhor investimento em termos de publicidade e certamente obscurecidos pela explosão da Beatlemania; movimento Mod a entrar em seu auge e a "British Invasion" já em alto mar com as suas naus Rockers, prontas para invadir a América do Norte. Ele ganhou notoriedade, na verdade, a posteriori, dada a profusão de astros do Rock britânico que participaram e todos eles ainda não suficientemente famosos em 1963.
Desconheço a existência de um lançamento em fita VHS, no entanto, houve a oferta em DVD, muitos anos depois. No YouTube, é fácil para achar e assistir, ainda que apenas na versão original
em inglês, sem legendas em português, nestes dias de 2020.O filme teve um resultado razoável nas salas de cinema britânicas na época, talvez pela falta de um melhor investimento em termos de publicidade e certamente obscurecidos pela explosão da Beatlemania; movimento Mod a entrar em seu auge e a "British Invasion" já em alto mar com as suas naus Rockers, prontas para invadir a América do Norte. Ele ganhou notoriedade, na verdade, a posteriori, dada a profusão de astros do Rock britânico que participaram e todos eles ainda não suficientemente famosos em 1963.
Esta resenha foi escrita para fazer parte do livro: "Luz; Câmera & Rock'n' Roll". Está disponível para a leitura através do seu volume II, a partir da página 71.