Quando a
emissora de TV, VH1, uma concorrente da MTV, anunciou que produziria uma série
de telemovies a explorar cinebiografias sobre astros do Rock, certamente que
foi uma medida muito bem recebida. Portanto, este filme, sobre o cantor, Meat
Loaf, é mais um exemplo dessa linha de produção.
Simpática
abordagem sobre a vida e obra desse cantor oriundo do Texas, USA, o filme tem
a marca da simplicidade, que é normal para o padrão de um telemovie, no entanto,
é notório nas produções da VH1, o esmero em termos de elaboração do roteiro e
principalmente na parte musical, ao buscar-se uma fidedignidade máxima possível
e assim, a obra é agradável, a dignificar a sua intenção cinebiográfica.
Outro ponto
interessante, é observado através da intenção boa de respeitar-se a verdade
sobre a vida do artista, sem omitir alguns aspectos negativos da sua
trajetória. Nem toda biografia investe em tal dinâmica, quando necessita
abordar aspectos negativos. O mais usual é usar-se o recuso da omissão de
certos trechos ou pior ainda, a exercer modificações indevidas, que na prática
é um método odioso, no sentido de que tal tipo de distorção dos fatos reais
revela um ato inescrupuloso. Dessa maneira, neste filme, aspectos negativos da
vida do artista são retratados com pouca maquiagem e tal predisposição
naturalmente oferece uma credibilidade para tal produção. Esclarecidas estas
questões iniciais sobre tal produção, sigamos em frente.
Sobre Meat
Loaf, sim, ele sempre foi (é) um bom cantor, que também possui uma carisma
pessoal e boa performance no palco, como atributos assegurados em que construiu
a sua carreira. Pelo lado pessoal, de fato, ele sempre foi obeso e sofreu com
ações em torno do bullying, na infância e adolescência por conta da sua estrutura física fugir aos padrões estéticos de beleza. Ele teve uma relação
difícil com o seu pai que foi alcoólatra e temperamental. E já na vida adulta,
e a usufruir da sua fama, Meat também envolveu-se com o álcool e perdeu o
controle sobre a administração das suas finanças e assim, flertou com bancarrota
total, ao submeter a sua família (esposa e duas filhas), a situações dramáticas
em decorrência de seu descontrole econômico. Desagradável mencionar tais fatos
em um filme biográfico? Certamente, mas em contrapartida, foi melhor cortar na
carne e ser honesto, ao omitir, ou pior ainda, distorcer os fatos e faltar com
a verdade.
Outro
aspecto importante: a questão da obra do Meat Loaf ter alcançado uma boa
popularidade ao final dos anos setenta e ter mantido tal patamar até o início
dos anos oitenta, merece uma reflexão e isso é bem mencionado no filme. De
fato, a sua obra foi construída com canções rebuscadas a parecer concebidas para
fazer parte de libretos para Óperas ou musicais da Broadway, em via de regra,
ao pensar-se no parâmetro engessado que regia/rege a indústria fonográfica em
conluio com os órgãos de difusão cultural, a dita “mídia”, ou seja, qualquer música que
ultrapasse a média em torno dos três minutos de duração (e que não contivesse
um refrão repetitivo a garantir o poder da imediata memorização e consequente
repetição fácil da parte do ouvinte), era (é) descartada sumariamente.
Nesses termos, o
primeiro ponto a ser entendido, passa pela questão a envolver a presença do
tecladista e compositor, Jimmy Steinman. Digo isso por ele ter sido ao longo
dessa trajetória da carreira do cantor, menosprezado indevidamente, pois Meat
Loaf ficou creditado como um cantor solo, quando na verdade, a base da criação do
material, foi mérito de Steinman, como compositor primordial do material e nas
capas dos discos, o seu nome sempre foi mencionado com menor destaque,
portanto, ele deveria ser considerado no mínimo, como partícipe de um duo e não
creditado como um músico da sua banda de apoio ou no máximo ao ter um destaque extra,
porém muito discreto. O segundo aspecto nessa equação musical, é a própria música em
si. Rebuscado, o som de Meat Loaf teve tudo para ser completamente descartado
no patamar da música mainstream pelo simples fato em ser considerado completamente
fora do padrão comercial vigente, mas por alguma razão até difícil para ser
explicada racionalmente, o seu trabalho atingiu uma popularidade significativa.
Talvez tenha achado um nicho no vácuo deixado pelo Queen, que atingira um
sucesso mainstream através do sucesso da canção, “Bohemian Rhapsody”, mas isso
é apenas uma conjectura minha, enquanto divagação livre.
Sobre o
filme, propriamente dito, ele usa o famigerado recurso do Flashback, um clichê
surrado ao extremo, é verdade, mas ainda bem, foi usado apenas uma vez, logo no
início e evitou-se assim o “vai e vem” excessivo, em trabalhar a edição através
de muitos “flashback/flashforward”. Dessa forma, o filme inicia-se com as
cenas de um show de Meat Loaf em uma grande arena, no auge do sucesso, em 1978,
na cidade de Minneapolis, Minnesota. Ele é ovacionado por milhares de pessoas,
e a produção mostra-se em alto padrão. A banda é muito boa e tudo parece uma
maravilha, no entanto, ao sair do palco e chegar à coxia, ele demonstra estar a
passar mal e desmaia. Chama a atenção o fato de que as pessoas envolvidas com a
sua produção, não demonstram uma maior preocupação, enquanto o atende com o uso
de uma máscara de oxigênio, ao denotar ser uma situação recorrente e não
preocupante em demasia.
Flashback. E
agora vê-se o garoto, Michael Lee Aday (no futuro, conhecido como “Meat Loaf”
um apelido a designar “rolo de carne”, literalmente), ao ser hostilizado por
diversas ações em torno do bullying, pelo fato de ser obeso e assim, um alvo
fácil para os garotos galhofeiros da escola. Mas ele não sofrera apenas na
escola, pois infelizmente foi bastante humilhado pelo seu próprio pai, que era
um sujeito alcoólatra, temperamental e ignorante.
A sua mãe tratava-lhe melhor,
mas estava a lutar contra um câncer agressivo e assim passava os seus dias, acamada.
O seu apelido na escola era: “Meat Loaf”, obviamente imputado compulsivamente
à ele, com uma intenção pejorativa a debochar do seu sobrepeso. O tempo avança
um pouco e já a adentrar a adolescência, Meat Loaf joga futebol norte-americano na
escola e o treinador reluta em colocá-lo para jogar, mesmo sendo esta
modalidade notável por exigir força física de seus jogadores, como condição
sine qua non para atuar. Em 1968, Meat entrou para o grupo de teatro da escola
e mostrou talento para ser ator, mas um dia o seu pai o flagra no ensaio e não
gosta dessa ideia, por considerar uma atividade não muito masculina. Infelizmente, a mãe
dele vem a falecer e o garoto fica desesperado. O pai o repreende por ele ter
demonstrado a sua emoção durante o velório, em demasia e a briga entre ambos
parte para um ponto irreconciliável e assim, Meat arruma os seus pertences e
anuncia a partida da casa da família, localizada em uma cidade pequena do
Texas.
Ele cai na estrada e algumas cenas o mostram a seguir, a caminhar pelas
ruas de Los Angeles, na Califórnia, já com os cabelos longos, em meio aos
hippies qua ali circulavam na Sunset Strip. Mais um salto pequeno e em 1970, observa-se Meat a
usar um uniforme de manobrista de automóveis, a trabalhar para os clientes de
um teatro onde está a ser encenada a peça teatral/musical: “Hair”. Sempre
com bom humor; a ostentar uma vasta cabeleira hippie até a cintura e a cantar
“a capela”, enquanto manobra os carros dos espectadores do espetáculo, é
abordado por uma atriz da peça e esta o convida para que ele submeta-se a um
teste para ingressar no elenco. Observo que neste ponto não houve nenhuma
licença poética para edulcorar a sua cinebiografia, pois esse fato realmente
ocorreu e ao ir além, está na história desse espetáculo/manifesto, que fora
uma prática comum dos seus produtores, estar sempre a renovar o elenco, e
convidar hippies a esmo pelas ruas para participar de testes, visto que a
montagem oficial ficou muitos anos em cartaz a excursionar, inclusive
internacionalmente.
Bem, o tempo
avança e mostra-se Meat a atuar no espetáculo teatral, Hair, com desenvoltura.
Até que em algum momento de 1971, ele resolveu arriscar outros voos na
carreira. Ao submeter-se a um novo teste para outro espetáculo musical, conhece
o tecladista e compositor, Jimmy Steinman, que procurava uma voz ideal para dar
vazão ao seu trabalho versado pelo Rock, mas com nítida influência operística.
Nesses termos, eles forjam uma forte amizade e na contrapartida, o estilo de canções
que Steinman costumava criar, fora exatamente o que Meat também buscava para
alavancar a sua carreira como cantor. Não ficou bem explicado no filme, mas
Meat trabalhou em dois musicais escritos por Steinman: “Rainbow in New York” e
“More Than You Deserve”. Meat também gravou um disco ao estilo da Soul Music, e
pela Motown, quando entrou para a história dessa gravadora, por ter sido o
primeiro artista branco a ser lançado por esse selo especializado em Black
Music.
Uma boa
caracterização de como Meat participou do filme baseado no musical teatral,
“The Rocky Horror Picture Show”, tem até a inserção de pequenos trechos do
filme verdadeiro, intercalados com a encenação dos bastidores e isso é bastante
divertido. O advogado de Steinman assume empresariar o duo formado por pelo duo
formado por Jimmy Steinman e Meat Loaf. Os rapazes trabalham em uma demo tape e
são rejeitados por diversas gravadoras. Em uma reunião dessas, o arrogante
executivo de uma dessas gravadoras não aguenta ouvir mais do que trinta
segundos da música, e aos gritos, interrompe e questiona se a canção não
continha refrão e se esta obedeceria o padrão irritante e obsessivo em torno
dos parcos três minutos de duração. O presunçoso produtor compara o estilo de Meat com
Ethel Merman e Robert Goulet, um casal de cantores a revelar-se bem antiquados e Meat fica
furioso ao sentir o teor desdenhoso da comparação.
Mesmo
desanimados, aceitam a ideia do seu empresário para gravar um disco sem apoio
de uma gravadora, a arriscar perder dinheiro caso nenhuma companhia aceitasse
lançar o disco. Põem-se portanto a gravar em um estúdio localizado em Woodstock, a pequena
localidade próxima de Nova York e que abrigara o famoso festival, anos antes, e
o produtor do álbum é um artista significativo, o guitarrista, Todd Rundgren,
que tocara no grupo, Utopia; mantinha uma boa carreira solo e atuava como
produtor para outros artistas, há anos, caso do seu trabalho com o Grand Funk
Railroad, por exemplo. Nesse estúdio, trabalhava uma secretária que mostrava-se experiente
no meio, por ter atuado na equipe de produção de Janis Joplin e também de Bob
Dylan, uma moça chamada: Leslie Edmond.
O produtor
de um pequeno selo ouve o trabalho e decide lançá-lo, mesmo cônscio sobre o seu
caráter não comercial e pelo menos no filme, tal personagem mostra uma
confiança quase sobrenatural sobre o trabalho estar fadado ao sucesso, algo
bastante improvável nesse meio, a não ser que ele fosse ou estivesse orientado
por algum paranormal que enxergara o futuro e assegura-lhe tal previsão
privilegiada.
São boas as
cenas de Meat & Steinman, amparados por uma banda grande em tamanho e muito
boa na execução, a tocar em um circuito de casas noturnas. Meat e Leslie engatam
um romance e rapidamente casam-se, com ele a adotar a filha pequena dela,
Pearl, do primeiro casamento que tivera. A cena do casamento tem humor, pois o
juiz de paz ao empolgar-se e meio que no astral hippie, incendiou as suas vestes
ao gesticular e atingir uma vela acesa.
O disco é lançado e a pequena gravadora
tem dificuldades para promover adequadamente o trabalho, isso sem contar a
música difícil que a dupla propôs para buscar uma improvável popularidade, como eles sonhavam em alcançar. No
entanto, em um certo show realizado em Boston, Massachusetts, o espetáculo começa
frio, com a plateia a observar calada o início do espetáculo e quando
encerra-se a primeira canção, demora alguns segundos, mas a audiência explode em um aplauso
acalorado. Uma óbvia alusão alegórica ao sucesso surpreendente que o trabalho
alcançou, aliás, deve ter sido uma surpresa até para o duo, na vida real. O LP
Bat Out of Hell é o seu grande sucesso, sem dúvida alguma. Segue então o filme
a mostrar o sucesso meteórico do trabalho, com Meat Loaf a excursionar e lotar
grandes arenas e estádios esportivos para divulgar esse álbum.
Um acidente operacional
tragicômico, mostra como um vídeoclip para promover a música de trabalho foi minado
em seu lançamento. Eis que no dia da sua estreia na TV, a banda inteira e mais
agregados estão reunidos na sala de estar para assistir a exibição, quando
percebem que o vídeotape falha com o típico sinal de que a fita havia enrolado
no carrossel da máquina de projeção. Em poucos segundos a emissora cortou a execução, mediante uma
tarja a alegar problemas técnicos e pedir desculpas aos telespectadores. Esse tipo de ocorrência infeliz era rara, mas acontecia no tempo do videotape.
Meat está
rico, mas a pressão da fama o perturbou, pessoalmente. Nervoso pelo stress
recém adquirido, ele mergulhou no alcoolismo e passa a destratar a todos, inclusive a
esposa, que dá mostras de estar bastante descontente com o comportamento do seu
marido. Então o filme volta ao início, quando na primeira cena, ele sai
cambaleante do palco e desmaia na coxia. Está explicado então, o porquê da comitiva que o assistia parecer não ter ficado abalada com tal desmaio e principalmente sobre o
olhar de contrariedade de sua esposa, pois de fato, ninguém aguentava-o mais
naquele estado depressivo, movido à álcool.
Passa mais
um tempo e agora em 1980, Meat já não vive um bom momento na carreira. Leslie
anuncia estar grávida e isso ameniza parcialmente o clima ruim entre o casal.
Ao entrar em estúdio para gravar um novo disco, a sua voz falha. Anos e anos
sem cuidar da voz e com a agravante do alcoolismo, infelizmente ele teve tal
problema e isso motivou o rompimento com o seu empresário e também com o
parceiro, Jimmy Steinman. Não é explicado que o disco saiu assim mesmo, em meio
às dificuldades em torno da sua gravação. Nasce a segunda filha, Amanda Aday.
Em cenas a sugerir o ano de 1983, a
decadência de Meat não é poupada neste filme. Ele está irreconhecível, completamente
vencido pelo alcoolismo; depressivo e mergulhado em dívidas colossais. Está
prestes a perder tudo e a correr risco de prisão, se não honrar tais
compromissos e parece não importar-se em achar uma solução para evitar a
sua bancarrota. Uma cena constrangedora ocorrida com a esposa e filhas no
supermercado, mostra quando o cartão de crédito da família, é recusado no caixa
e a mulher apresenta dispor de dinheiro em notas apenas para comprar uma pasta
de dente. Tal cena é mostrada sem piedade para retratar o tamanho do abismo sociofinanceiro em que a família mergulhara. Triste, mas o filme não se furtou em revelar tal
passagem.
A esposa não
aguenta e vai embora com as filhas para a casa da sua mãe e Meat, bêbado e
agressivo, faz menção de que ainda não havia absorvido a dimensão de seu
descontrole. Concomitantemente, a residência da família é depenada por agentes judiciários, a cumprir uma
ação de justiça, ao recolher todos os bens com algum valor para amenizar as
dívidas. Passa um amplificador “Twin Fender”, novo em folha, na frente de Meat,
carregado por um funcionário público e Meat limita-se a resmungar um
impropério.
Uma cena
montada em torno de um clichê, funciona para efeito de metáfora, com Meat a
dirigir sozinho por uma estrada interiorana e a sua reminiscência materializar
a si próprio quando fora criança, sentado no banco de trás do automóvel e ele o
enxerga pelo espelho retrovisor. E a seguir, ele vê a sua mãe ao seu lado e
também vê o seu pai, a completar uma epifania. Eis que ele chega em sua antiga residência no Texas, que
está muito malcuidada, e ao entrar, vê que a sala de estar está recheada por
posters e revistas de música a conter a sua imagem, espalhadas. O seu pai
certamente acompanhara de longe o sucesso do filho e denotara ter nutrido
orgulho, enfim. O pai aparece, muito envelhecido e debilitado, em uma cadeira
de rodas e ambos se reconciliam. Esse ato fez bem ao Meat, pois dali de sua casa
no Texas, foi diretamente à residência da sogra para resgatar a a sua esposa &
filhas.
Salto para
1985, e Meat é abordado por um empresário que propõe-lhe shows na Europa. De
fato, nos anos oitenta, Meat Loaf fora redescoberto por uma nova geração de
fãs, principalmente europeus, que identificaram o seu som grandiloquente, com
certas tendências então modernas do Rock pesado em voga (leia-se Heavy Metal),
e assim, ele renasceu ao fazer muitos shows em festivais com tal característica
no velho continente e posteriormente abriu a porta para um renascimento na
América do Norte, igualmente. Rapidamente mostra-se essa retomada vitoriosa da carreira,
e agora com os nervos controlados, sem a presença do álcool e no controle
férreo da sua contabilidade, pois a lição fora aprendida. Isso também pelo fato de
sua esposa ter assumido o gerenciamento da sua carreira, certamente.
Por volta do
final dos anos oitenta, após alguns discos gravados e muitas turnês realizadas
com sucesso, é sugerido que ele procure o seu ex-parceiro, Jimmy Steinman para
que trabalhem juntos novamente e o trato para que isso ocorra, mostra-se ameno,
mesmo que na história real, eles houvessem rompido a parceria com briga, e há
anos não conversassem por conta de uma certa mágoa alimentada. Logo nesse primeiro encontro para a reconciliação,
Steimann empolga-se e diz estar com músicas novas ao afirmar que imagina Meat a
entrar no palco dentro de uma imensa gaiola, como se fosse o personagem, King
Kong e Meat empolga-se. O velho estilo histriônico da dupla está de volta, enfim.
Bem, gravam
então o álbum: “Bat Ou of Hell II” e as primeiras críticas dos especialistas
na mídia, são péssimas. Mas o público adora o trabalho e dessa forma, após
muitos anos, Meat Loaf volta a atingir o número um na parada de sucessos e no
ranking da vendagem de discos. Ele ganha o prêmio “Grammy”, mas na festa de
cerimônia, a produção do evento para a entrega do troféu, deseja apenas que ele
fale e não cante, disposição essa que o desagrada, naturalmente.
Ao final,
mesmo que tenha sido uma produção da VH1, que costumava observar a música em
primeiro lugar, o clichê a evocar o lado emotivo em quase todo telemovie,
ocorre. Em um show beneficente em prol da cura do câncer, Meat faz um discurso
emocionado a lembrar-se da sua mãe que sofrera com tal doença. Não há nada de
errado em um artista emocionar-se em uma circunstância dessa natureza, no
entanto, o filme não deveria ter se encerrado com essa cena, em minha opinião.
Em suma,
apesar de alguns pequenos deslizes, vide a cena final a esbarrar na pieguice, o
filme é muito interessante por ser bem produzido, principalmente na parte
musical e cumpriu a sua tarefa, ao contar a biografia de Meat Loaf com uma boa
narrativa.
Muito da sua
abordagem realista deveu-se ao fato do roteiro ter sido baseado no livro
autobiográfico de Meat, com título homônimo. Tirante as modificações que são
estabelecidas sempre em adaptação de livro para roteiro, e neste caso, um
“teleplay” (“telescreem”, é quando é direcionado ao cinema), manteve-se a intenção em
seguir a verdade, em pelo menos grande parte do que foi encenado.
Entre os
principais atores, destacam-se: W. Earl Brown (como Meat Loaf), Dedee Pfeiffer
(como Leslie Aday, a esposa de Meat e sim, tal atriz é irmã de Michelle Pfeiffer
e igualmente belíssima), Zachary Throne (como Jimmy Steinman), Tom Wood (como
Kevin Frears), Lisa Jane Pearsky (como Wilma Aday, a mãe de Meat), Kim
Robillard (como Wes Aday, o pai de Meat), Jesse Lenat (como Todd Rundgren) e
outros. Uma das filhas de Meat Loaf, Amanda Aday, fez uma participação singela
como atriz, ao interpretar uma escriturária.
Lançado em
2000 e sob a direção de Jim McBride, o filme passou bastante na VH1,
naturalmente e posteriormente, através de muitos outros canais de TV a cabo ao
redor do mundo, incluso o Brasil, certamente. Está disponível para a venda em
formato DVD. Encontra-se também em versão integral no YouTube e até na
Netflix.
Esta resenha foi escrita para fazer parte do livro: "Luz; Câmera & Rock'n' Roll", em seu volume III, disponível para a leitura a partir da página 13
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