Cantor, compositor, multi-instrumentista e professor de canto, Danilo Martire tem uma carreira prolífica, sempre a lançar novidades como singles e álbuns completos em alternância estratégica, normalmente apoiados com clips bem produzidos e disponibilizados na internet.
Danilo já foi vocalista de uma boa banda do estilo Hard-Rock e com forte influência setentista, o “Balls” e também componente, ainda que por pouco tempo, do grupo de Rock, “Delta Crucis”, além de outros trabalhos coletivos, mas é através da sua carreira solo que ele concentra a sua maior carga e o faz com bastante desenvoltura.
No cômputo geral, o Rock sob diversas nuances é o seu foco, entretanto, Danilo Martire é um artista eclético e aberto a várias tendências, portanto, as suas composições e sobretudo o estilo de sua interpretação é multifacetado, a caracterizar um artista que sofreu influência bastante diversificada a abranger além de muitas escolas distintas dentro do Rock, também as nuances da MPB e da Black Music de uma forma generalizada.
Neste álbum em específico, denominado como: “DM” (que aliás, mediante tal título eu creio que se dispensa qualquer explicação de minha parte ao leitor, pela obviedade do que se trata), eu notei toda essa riqueza musical nas suas boas composições e além do áudio bem caprichado, há de se destacar a ótima interpretação vocal de sua parte e de toda a parte instrumental excelente, da parte dele e de todos os músicos envolvidos na gravação e dois quais, eu conheço alguns pessoalmente e os recomendo sem pestanejar.
O bom gosto predomina em todos os quesitos, portanto, trata-se de uma audição agradável ao extremo e além do mais, demonstra uma abrangência salutar e esse é um trunfo do artista, devemos observar, pois Danilo pratica um tipo de Rock aberto, que pode ser classificado tranquilamente como “Aor”, ou seja, uma música bem composta, arranjada e executada em sua formatação, orientada (daí a sigla a denotar tal característica em inglês) ao público considerado “adulto” que ouve música e sobretudo vai assistir shows ao vivo com outro tipo de postura e expectativa.
A respeito do aparato gráfico, a sobriedade acompanha a predisposição do artista para se apresentar dessa forma, ou seja, com muita classe. A capa frontal é composta de uma boa fotografia a mostrá-lo sentado em frente a uma porta de madeira antiga, oriunda de algum estabelecimento comercial ou quiçá de uma igreja, a segurar o seu violão.
É uma imagem que denota uma força expressiva grande no meu entender, pois o recado é dado com muita objetividade no sentido de que o artista se mostra sem subterfúgios, a deixar claro que a sua integridade artística fala por si só.
Na parte interna da capa, a opção pela foto do “set” usado para compor a ilustração principal, mas desta feita sem a presença do artista, foi a oportunidade para que ele pudesse elaborar um pequeno texto a explanar o que acredita em seu íntimo como Ser Humano e, por conseguinte, nos legou na forma de um aforismo a sua convicção em tom motivacional a quem interessar. Acrescento que concordo com tal pensamento:
“Este álbum é dedicado aos que acreditam em seus sonhos e na capacidade de se reinventar a todo momento”
Para fechar a parte gráfica, a contracapa mostra mais um detalhe do set fotográfico, novamente vazio, sem a presença de Danilo Martire e com uma sutil desfocada nas bordas do enquadramento como fundo para abrigar a ficha técnica e os nomes das canções que compõem o álbum. Já no "silk", do disco em si, eu gostei bastante da foto com aplicação de desenho sobreposto, a mostrar o artista a caminhar com o seu violão às costas.
Senti falta das letras nesse encarte, mas eu como músico, sempre entendo a questão do encarecimento que esse tipo de adendo gera na arte gráfica de um álbum, portanto, relevo a ausência com a devida compreensão da realidade que nos cerca e nesse sentido, sei bem o quanto é oneroso lidar com a produção independente.
Se faltou a presença das letras no encarte e esse quesito na obra de Danilo Martire é muito valorizado por ele mesmo, pois até programa de internet ele tem para discutir a poesia musicada, há a compensação de existir um bom clip para cada canção, o que valorizou em demasia a produção.
Ouça a música: Eu de Ocasião”
Eis o link para escutar diretamente no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=6epOziZbIbo
A respeito das músicas que estão presentes neste disco, sobre a primeira faixa, ”Eu de Ocasião”, eu achei muito boa a escolha dessa canção para abrir o CD, dada a sua verve Rock’n’ Roll, portanto a produzir aquele impacto natural e bem colocado para se dar início à audição de um disco.
Canção com excelente apoio dos teclados, riff “ganchudo” a la Hard-Rock setentista e apoio excelente dos backing vocals a imprimir um teor Pop bem interessante, conta também com um bom solo de guitarra que em alguns trechos tem a boa companhia do som clássico proveniente do órgão “Hammond” a insinuar um duelo muito empolgante entre os dois instrumentistas. Gostei da linha de baixo, também com uma construção criativa, além da bateria firme ao extremo.
Escute “Dissonante”:
Eis o link para ver o clip no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=q-R7qH6DXKE
“Dissonante” é uma bela balada com carga R’n’B adorável. A sua introdução a conter o elemento “Blues” é um adendo de muito bom gosto e quando o balanço entra em cena, só confirma o que eu já salientei. Gostei muito do slide guitarra a pontuar com bastante felicidade, o bom arranjo do piano elétrico, violão de apoio e ótima linha de baixo e bateria.
Veja o clip da música “Pela Última Vez”:
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=2y_v-u5sjD8
“Pela Última Vez” tem a sua carga da boa MPB com sabor setentista, com todo o arranjo a pender para o som mineiro, a se inspirar no melhor do Folk-Rock com aquela pitada salutar do Rock Progressivo. Gostei da linha melódica toda, sobretudo a construção do refrão, muito bem desenhado.
Assista o clip da música: “Me Reinvento”:
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=dISlPeZPC7o
“Me Reinvento”, a quarta faixa, já entra em ação com divisão rítmica a usar o “staccato” como recurso e imediatamente tal escolha remete a muitos artistas dos anos sessenta, bem dentro daquela predisposição de fundir o Rock ao cancioneiro popular dos anos 1920 a 1940, ou seja, a conter o elemento Folk e também o Jazz de uma maneira sutil.
Música muito bem composta e interpretada, chama a atenção pelos belos timbres dos instrumentos e pela criatividade vocal da parte de Danilo, inclusive a solar com intenção onomatopaica ao simular um instrumento de sopro com a sua voz, mediante um simulador do gênero. Não se trata de um recurso inovador, mas reforçou com brilho a intenção sessentista da canção. A parte desdobrada ao final da canção é bem bonita, igualmente.
Através da letra, Danilo fala sobre o quanto é nociva a interferência externa na vida de qualquer pessoa e ao final, o recado se encerra de uma forma definitiva quando ele diz de uma forma enfática:
“Essa história que você escreveu, só o prefácio é meu”
Assista o clip de “Não Quero Sair”:
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=pSnsNkSWwxE
“Não Quero Sair”, é um som com forte influência do Blues-Rock. Faixa bem curta, quando ela acaba fica a sensação de “quero mais”, ou seja, é uma ótima estratégia da parte do artista a se pensar na produção do álbum, propriamente dita. Mais uma vez o arranjo geral se mostra muito bem concatenado com atuações ótimas de todos os instrumentistas e naturalmente da parte vocal.
Assista o clip de “O Instante que o Tempo Para”:
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=inbci5qAbMA
“O Instante que o Tempo Para”, é uma balada densa com forte pendência ao Slow Blues. Gostei muito do solo de guitarra, bem naquela disposição do Blues, ou seja, a se mostrar extremamente melódico e investir pesado no aspecto emocional, além do apoio poderoso do órgão Hammond.
Assista o clipe da canção "A Falta":
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=tKabL-nxBFs
“A Falta” tem uma condução com forte apelo da MPB mais moderna, isto é, se trata de uma música bem harmonizada e cheia de detalhes interessantes no arranjo. A linha melódica é muito rica a ofertar a oportunidade ideal para o talento vocal de Danilo Martire brilhar com intensidade e ele explora cada espaço com maestria. O solo super melódico da guitarra também é um destaque.
Assista o clip de “Virtual”:
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=GX6xwZIEafU
“Virtual” fecha o disco. Essa canção já havia sido lançada previamente como um single apoiado com clip e chamara a atenção previamente pela sua qualidade implícita.
O violão muito bem tocado, tem o apoio do piano elétrico na medida certa, além das pontuais intervenções da guitarra em seu início e com tanta sofisticação, lembra bastante o Soft-Rock “jazzy” do duo norte-americano, Steely Dan, como uma referência minha como ouvinte, que fique claro, pois na verdade eu não sei o que exatamente inspirou o artista.
A harmonia sofisticada deu respaldo para um arranjo rico desse quilate, naturalmente, e mais um detalhe, o acréscimo da percussão foi muito bem escolhido e extremamente agradável. E certamente que abriu campo para um solo tão bonito da parte do piano elétrico, com rápidas insinuações dissonantes, inclusive, e ótimo apoio da guitarra.
Foi sábia a decisão de encerrar a canção com o recurso do “fade out” tamanha a felicidade dessa parte a conter o solo final e amparado por uma linha de baixo, bateria e percussão, cheia de balanço ao estilo da Soul Music.
Na letra, Danilo Martire questiona o aspecto ruim da modernidade tecnológica na qual vivemos nos dias atuais, a estremecer as relações humanas reais em detrimento da dita “vida virtual”, tão efêmera.
Para encerrar, digo que esse álbum “DM” do Danilo Martire é uma obra plena de virtudes em todos os aspectos e que deve ser ouvida com bastante atenção.
Gravado (parte instrumental) no estúdio Equinox09 e parte vocal no Ninrod Studios.
Todas as composições por Danilo Martire
Gravação e mixagem: Neto Florêncio
Masterização: Tiago Hospede
Gravação e direção da parte vocal: Rodrigo Lacerda
Fotografia: Elen Goulart
Projeto Gráfico: Rafael Gatti
Danilo Martire: Voz, violões e guitarras
Músicos convidados:
Áureo Alessandri: Guitarras
Nuno Xavier: Teclados
Neto Florencio: Baixo
Fisher “Batera”: Bateria
Para conhecer melhor o trabalho de Danilo Martire, acesse:
Danilo Martire – Site oficial
https://www.danilomartire.com.br/
Canal do YouTube:
https://www.youtube.com/c/danilom
Página no Facebook:
https://www.facebook.com/danilomartire.singer
Spotify:
https://open.spotify.com/artist/5ZDbvyhaLkUatSJsIxHiK6
Deezer:
https://www.deezer.com/br/artist/10499217
Contato direto com o artista:
Show! Estimo sucessos contínuos para Danilo Martire e para você Mestre Luiz Domingus e banda!
ResponderExcluirMuito obrigado pelo seu prestígio ao Blog e sobretudo, pelo apoio ao Danilo Martire e sua ótima obra!
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